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2 A POLÍTICA DE HABITAÇÃO EM SANTA

2.4 OS PROGRAMAS HBB EM SC ENTRE O

2.4.1 O HBB em Biguaçu

Segundo os Dados do IBGE (2000), a população de Biguaçu em 2000 era de 47.776 habitantes, sendo que 42.622 habitantes (89,21%) encontravam-se na área urbana e 5.154 habitantes (10,79%) na área rural.

O município de Biguaçu é um dos mais antigos de Santa Catarina. Teve sua origem ligada à Vila de São Miguel da Terra Firme, criada em 9 de agosto de 1747, com a chegada das primeiras imigrações açorianas. Somente em 1910 emancipou-se, surgindo o município de Biguaçu. Possui uma área de 324,521 km2 e, segundo o Censo do IBGE de 2000, a estimativa populacional para 2009 era de 56.395 habitantes. Biguaçu integra a região da Grande Florianópolis, com mais oito municípios.

Em relação à questão habitacional de Biguaçu, conforme dados extraídos da pesquisa realizada por Rogério Miranda (Habitação Popular & Favela), em 2001, o municípiopossui 08 assentamentos informais, compreendidos entre favelas, loteamentos clandestinos, áreas de invasão, habitações rústicas em lotes regulares e outros. Vivem nessas áreas 4.175 habitantes, perfazendo um número aproximado de 1.250 famílias. Isso representa, aproximadamente, 8,74% da população do município. Do montante dos domicílios constantes nessas áreas informais, 965 aproximadamente, 86% destes estão situados em áreas de risco ou de proteção ambiental, localizadas em faixas de oleodutos e linhas de transmissão, áreas insalubres, áreas de proteção ambiental e de preservação permanente.

Com relação à capacidade do município em executar a política habitacional, inexistia qualquer instrumentalidade ou órgão específico

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As informações sobre este município foram retiradas de documentos, como projeto e relatórios do programa HBB oficiais do municípioe trabalhos acadêmicos, além disso, entrevista focalizada com técnico da prefeitura.

para atendimento da demanda, principalmente, no atendimento aos segmentos mais empobrecidos da população. O déficit habitacional de Biguaçu era de 1.463 habitações, segundo dados do IBGE (2000).

Diante dessa realidade e da proposta de implementação do programa HBB, o município de Biguaçu no ano de 2002, firmou seu contrato com BID, com intuito de capacitar seu município e amenizar as demandas referentes às questões habitacionais, principalmente atender os segmentos da população mais empobrecidas da cidade. Para tal, técnicos da prefeitura dentre as comunidades que se enquadravam aos critérios do BID, escolheram a região da Foz do Rio para implementação do programa.

Esta comunidade localiza-se entre o manguezal do rio Biguaçu, a praia João do Rosa e a, aproximadamente, 1,500 metros da Praça Nereu Ramos, área central do município. O processo de ocupação desordenado nesta localização iniciou-se no ano de 1984, ou seja, há 20 anos esta área vem sofrendo com a degradação ambiental e a falta de urbanização qualificada.

Com isso, implementou-se o Projeto Regularização Fundiária e Urbanização da Região da Foz do Rio Biguaçu, que tinha como proposta criar condições para a regularização fundiária, solucionar as demandas habitacionais, saneamento básico, infraestrutura urbana, sistema viário, equipamentos comunitários, viabilizar a melhoria da qualidade de vida para os moradores da região e a integração desta com os demais bairros do seu entorno.

O Programa foi orçado em R$ 1.189.594,18, dos quais R$ 68.160,00 seriam destinados para participação comunitária e desenvolvimento social. Os prazos de execução ficaram determinados da seguinte forma: início e término das obras físicas de julho de 2002 a março de 2003, já o projeto de participação comunitária e desenvolvimento social iniciou-se em junho de 2002 com previsão de término para março de 2004.

Segundo informações contidas no Projeto Beira Rio (2002, p. 40), todas as famílias seriam remanejadas dentro da própria área. No referido projeto ainda estava proposta a urbanização, visando a recuperação da área degradada, e incluindo projetos de infraestrutura como água, estação de tratamento de esgoto, drenagem, pavimentação, energia elétrica, iluminação pública, coleta de lixo, regularização fundiária, praça pública, bem como o estímulo ao desenvolvimento social e ecológico da região.

Ainda, segundo dados do Projeto Beira Rio (2002, p. 5), deveriam ser construídas 35 unidades habitacionais e efetuadas

melhorias em 12 habitações já existentes. As novas unidades seriam individuais e teriam 32m² (trinta e dois metros quadrados) de área, compostas de 02 (dois) dormitórios, 01 (um) banheiro e 01 (uma) sala/cozinha. O Projeto tinha por objetivo:

criar condições para a regularização fundiária, bem como promover a urbanização da área para que todos tenham solucionado os problemas de habitação, saneamento básico, infraestrutura

urbana, sistema viário, equipamentos

comunitários, possibilitando melhoria da

qualidade de vida para a população beneficiária e integração do bairro com o contexto do município. (Programa Habitar Brasil/BID - Projeto Beira Rio, 2002, p. 5)

O Projeto de Participação Comunitária e Desenvolvimento Social estava estruturado metodologicamente em 4 etapas: A 1a etapa, denominada de Pré-Contratual; a 2a etapa, de planejamento das ações (pré-execução das obras); a 3a etapa, de implementação das ações (execução das obras); e a 4a etapa, de acompanhamento das ações (pós execução das obras).

A primeira etapa do trabalho foi iniciada na localidade em outubro de 2001, com um procedimento de aproximação, conhecimento da região e interpretação do Projeto. As ações realizadas nesse período foram: preenchimento do questionário socioeconômico das famílias, reuniões comunitárias, planejamento das ações, visitas às famílias, explicação do termo de adesão aos moradores, criação de comissão provisória de moradores e realização de diagnóstico socioambiental.

A segunda etapa, denominada Planejamento das Ações (pré- execução das obras), foi marcada pelo período que antecedeu as obras físicas. No primeiro semestre de 2002 começaram a serrealizadas atividades direcionadas à preparação dos moradores para o início das obras através do plantão social, com reuniões comunitárias com a população e a comissão provisória, com formação de comissões temáticas para acompanhamento do projeto, informação à comunidade por meio de Boletim Informativo, e aquisição de equipamentos previstos no Projeto Social. Esta etapa já foi concluída.

A terceira etapa referiu-se ao período de execução das obras físicas e de implantação e execução das ações do Projeto de Participação Comunitária e Desenvolvimento Social, que começou no início do segundo semestre de 2002. Esse Projeto constituiu-se de três macro-

ações: Mobilização e Organização Comunitária (MOC), em que algumas ações estão ainda estão sendo desenvolvidas; Educação Sanitária e Ambiental (ESA), aqui foi realizada a contratação da Empresa que prestará assessoria para a macro-ação ESA.As ações ambientais estavam previstas para serem iniciadas em março de 2007; Geração de Trabalho e Renda (GTR), nesta também existem algumas ações sendo desenvolvidas e outras já concluídas como, por exemplo, os cursos de Computação, Empreendedorismo e de Liderança Comunitária. As macro-ações tiveram andamento muito lento, visto que a obra só foi iniciada efetivamente em novembro de 2006 e sofreu várias interrupções desde então.

A quarta etapa de acompanhamento das ações trata da fase de pós-implantação das obras (pós-execução). Aqui as três etapas anteriores devem estar implantadas e consolidadas para que, após a saída da equipe social da área, a comunidade possa manter-se e fazer o seu gerenciamento sozinha. É o momento de focar as ações na manutenção dos equipamentos e serviços implantados, no acompanhamento do processo de regularização fundiária e na gestão comunitária dos equipamentos e serviços implantados. Esta etapa ainda não aconteceu.

Como podemos observar, as propostas deste projeto eram complexas e inovadoras com relação à política de habitação e o atendimento aos segmentos mais empobrecidos da população. Entretanto, no decorrer desta pesquisa observamos que, infelizmente, este programa se tornou mais um dado estatístico das pesquisas do setor habitacional em que a (in)capacidade administrativa do poder público e as (co)relações políticas não conseguiram concluir com êxito e dentro dos prazos acordados, ficando inacabados e esquecidas, atravessando questões administrativas que não mais interessam.

Segundo dados retirados do Relatório de Desempenho Mensal Projeto Beira Rio (outubro/2010), o percentual de obras concluídas até esse período era de 56%; os trabalhos realizados pela equipe Trabalho Social sofriam atrasos constantemente devido à morosidade das obras; e os moradores da região estavam incrédulos em relação ao término do programa.

Já com o subprograma DI, o diferencial ocorreu não com a execução deste projeto e sim com a inserção do município no Plano Nacional de Habitação de Interesse Social em 2008, que culminou com a criação do Fundo Municipal de Habitação e Conselho Municipal de Habitação, sendo que a Secretaria está vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social.

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