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Hidrologia e recursos hídricos superficiais

No documento PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (páginas 66-72)

1. INTRODUÇÃO

3.2.7. Hidrologia e recursos hídricos superficiais

A parte norte do município de Lençóis Paulista, está inserida na sub-bacia do Rio Lençóis, com exceção de uma pequena área que pertence à sub-bacia do Ribeirão dos Patos (44 km2).

A parte sul do município está inserida nas sub-bacias dos rios Claro (237 km2) e Palmital (27 km2), afluentes do Rio Pardo.

A sub-bacia do Rio Lençóis apresenta maior importância sob o ponto de vista do saneamento básico devido à captação de água para o sistema de abastecimento público da sede municipal e como corpo receptor dos esgotos sanitários e efluentes industriais.

60 FIGURA 3- 17: BACIA DE DRENAGEM DO RIO LENÇÓIS A MONTANTE DA CAPTAÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO

O Rio Lençóis nasce na Fazenda São Benedito, Serra da Jacutinga, município de Agudos e desemboca no Tietê, no município de Igaraçu do Tietê. A sub-bacia do Rio Lençóis é de 3ª ordem, com padrão da drenagem superficial sub-dendrítico e de treliça e sua área total é de 992 km2, dos quais 496 km2 (50%) pertencem ao município de Lençóis Paulista (Figura 3-16).

A sub-bacia que constitui a área de drenagem na altura da captação utilizada no abastecimento público é representada na Figura 3-17 e equivale a 321 km2, dos quais 171 km2 (55%) pertencem ao município de Lençóis Paulista. Em 2009, a vazão média captada foi de 151,5 L/s.

61 Na área urbana, na margem direita do Rio Lençóis, estão presentes as micro bacias de drenagem do Córrego Marimbondo e Ribeirão da Prata e, na margem esquerda, os córregos do Corvo Branco e Lageado.

AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE QUANTITATIVA DE ÁGU A

SUPERFICIAL

O balanço entre a disponibilidade e demanda hídrica na sub-bacia do Rio Lençóis foram estimadas, por (CPTI Tecnologia e Desenvolvimento, 2008), para dois cenários socioeconômicos quantitativos de referencia para as demandas: o Cenário Socioeconômico Tendencial (CSET) e o Cenário Socioeconômico Alternativo (CSEA):

Cenário Tendencial (CSET): supõe que não ocorrerão mudanças substanciais nos padrões históricos de evolução das variáveis socioeconômicas e dos parâmetros tecnológicos intervenientes ao uso da água.

Cenário Alternativo (CSEA): os padrões históricos de evolução das variáveis socioeconômicas e dos parâmetros tecnológicos podem ser alterados para projeções futuras. As taxas de variação adotadas são extraídas das projeções da narrativa A1F proposta pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, 2000), citado por (CPTI Tecnologia e Desenvolvimento, 2008). Logo, esse cenário equivale à situação mais crítica, combinando um maior aumento da demanda por água, por efeito do aumento da atividade produtiva, com uma maior diminuição da disponibilidade hídrica, por efeito da maior redução nas precipitações.

Os dados apresentados por (CPTI Tecnologia e Desenvolvimento, 2008), para a sub- bacia do Rio Lençóis, para o ano 2025, são reproduzidos a seguir:

Disponibilidade hídrica (m3/s):

Cenário socioeconômico tendencial

62 Vazão com 95% de permanência (Q95%) 5,67

Vazão característica (Q7,10) 4,54 Cenário socioeconômico alternativo

Vazão média de longo período (Qlp) 8,69

Vazão com 95% de permanência (Q95%) 4,48

Vazão característica (Q7,10) 3,59

Demanda hídrica (m3/s):

Cenário socioeconômico tendencial

Abastecimento Público 0,28

Diluição de esgotos domésticos 0,33

Irrigação 2,96

Pecuária 0,01

Indústria 0,38

Diluição de efluentes industriais 0,05

Total uso não-consuntivo 0,38

Total uso consuntivo 3,64

Cenário socioeconômico alternativo

Abastecimento Público 0,23

Diluição de esgotos domésticos 0,25

Irrigação 4,82

Pecuária 0,02

Indústria 0,63

Diluição de efluentes industriais 0,05

Total uso não-consuntivo 0,30

Total uso consuntivo 5,70

Portanto, segundo CPTI Tecnologia e Desenvolvimento (2008), para o cenário socioeconômico alternativo a demanda supera a disponibilidade, considerando-se a

63 vazão média com 95% de probabilidade de excedência e, portanto, indica uma situação preocupante de escassez decorrente do uso predominante da água superficial para irrigação supondo uma eventual expansão da produção de etanol, se for adotada a irrigação das lavouras de cana-de-açúcar.

A localização dos usuários de recursos hídricos superficiais autorizados pelo DAEE na Sub-bacia do Rio Lençóis é indicada na Figura 3-18.

A estimativa de Q7,10 da bacia de contribuição no ponto de captação do SAAE é de

3.900 m3/h.

FIGURA 3- 18: LOCALIZAÇÃO DOS USOS DE RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL

O relatório “Qualidade das águas superficiais do Estado de São Paulo” (CETESB, 2009) apresenta os resultados do controle de qualidade natural da água em dois pontos de controle do Rio Lençóis:

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 LENSO3950: Localizado 400 m a montante da foz

Os indicadores de qualidade da água utilizados por (CETESB, 2009) e a classificação dos valores são apresentados na Tabela 3-8 e Tabela 3-9, respectivamente.

TABELA 3-8: APLICAÇÃO E VARIÁVEIS MEDIDAS NOS ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA

índice aplicação e variáveis de qualidade

IQA indica o lançamento de efluentes sanitários

Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez

IAP indica além do lançamento de efluentes sanitários alterações de qualidade causadas por fontes difusas. Calculado apenas nos pontos de captações para abastecimento público

Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez, Ferro Dissolvido, Manganês, Alumínio Dissolvido, Cobre Dissolvido, Zinco, Potencial de Formação de Trihalometanos, Número de Células de Cianobactérias (Ambiente Lêntico), Cádmio, Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel.

IET índice do estado trófico devido ao crescimento excessivo das algas ou infestação de macrófitas aquáticas

Clorofila a e Fósforo Total

IVA indicador de qualidade da água para a vida aquática

Oxigênio Dissolvido, pH, Toxicidade, Cobre, Zinco, Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel, Cádmio, Surfactantes, Fenóis, Clorofila a e Fósforo Total

TABELA 3-9: CLASSIFICAÇÃO DOS VALORES DOS ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA

classificação IQA IAP IVA IET ótima 79< IQA <100 79< IAP <100 IVA <2,5 <= 47,5 Ultraoligotrófico boa 51< IQA <79 51< IAP <79 2,6< IVA <3,3 47,5 – 52,5 Oligotrófico regular 36< IQA <51 36< IAP <51 3,4< IVA <4,5 52,5 – 59,5 Mesotrófico ruim 19< IQA <36 19< IAP <36 4,6< IVA <6,7 59,5 – 63,5 Eutrófico péssima IQA <19 IAP < 19 6,8< IVA 63,5 – 67,5

Supereutrófico > 67,5 Hipereutrófico

65 Os valores dos índices calculados para os dois pontos de controle do Rio Lençóis são apresentados na Tabela 3-10, onde se verifica que, mesmo a montante da cidade de Lençóis Paulista a água do Rio Lençóis já apresenta alteração da qualidade natural com IAP e IET ruins, em média, chegando, em alguns meses, a apresentar valores péssimos de qualidade. Esses dados indicam a necessidade de controlar e promover a melhoria da qualidade natural da água na bacia de drenagem a montante da captação.

TABELA 3-10: CLASSIFICAÇÃO DOS VALORES DOS ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA NO RIO LENÇÓIS

ponto de controle

IQA IAP IVA IET min máx min máx min máx min max LENSO2500 59 31 3,9 59,38 53 69 4 62 3,2 4,2 57,31 62,18 LENSO3950 52 5,1 62,71 38 56 4,2 6,4 59,96 65,31

O ponto de controle localizado a jusante da cidade de Lençóis Paulista apresenta valores de IVA e IET ruins evidenciando o lançamento de esgoto doméstico sem tratamento e rebaixando esse rio para Classe 3, até a confluência com Rio Tietê. O início da operação da ETE de Lençóis Paulista deverá melhorar significativamente a qualidade da água do Rio Lençóis a jusante.

No documento PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (páginas 66-72)

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