• Nenhum resultado encontrado

4.2 – Da aprendizagem ao exame: os saberes

“Em todos os officios mechanicos havia mestres e officiais examinados, e os officios tinham regimentos especiaes que limitavam as obras próprias de cada um, não se permitindo que uns se intromettessem nas obras dos outros. Nos regimentos designava- se o tempo de aprendizagem, o modo como devia ser feito o exame e os predicados que deviam concorrer no examinado […].”82 O ofício de alfaiate, como todos os outros, e como atrás ficou dito, tinha um regimento próprio que, desde a aprendizagem do ofício à fiscalização das oficinas, procurava garantir a qualidade do vestuário, assim como proteger os compradores.

Segundo o regimento dos alfaiates, jubeteiros, calceteiros e aljabebes um alfaiate era um profissional especializado.

Assim, todo o processo de aprendizagem passava por determinadas fases até poder alcançar a graduação de mestre. Segundo António Cruz “Por ordem descendente a hierarquia de qualquer ofício ou profissão, nos termos do modelo para a reforma dos seus regimentos estabelecido em 1572 por Duarte Nunes de Leão, era esta: mestre de tenda, oficial examinado, obreiro e aprendiz.”83

HIERARQUIA DO OFICIO

Há também que ter em consideração o período de tempo necessário à aprendizagem.

82

Idem, ibidem, Vol.V, p. 558. 83

CRUZ, António, “Aprendiz”, Dicionário de História de Portugal, Vol. I, Dir. Joel Serrão, pp. 164-165.

MESTRE DE TENDA

OFICIAL

OBREIRO

38 Tendo em conta que se tratava de um ofício altamente exigente e que estes profissionais confecionavam o sofisticadíssimo vestuário de reis, rainhas e da nobreza em geral, a aparente simplicidade da profissão esconde importantes conhecimentos que estes profissionais tinham que possuir para confecionar autênticas obras de mestria na arte da alfaiataria e que eram: conhecimentos de aritmética, de geometria e das proporções do corpo humano.

Os conhecimentos de aritmética eram necessários para se poder fazer cálculos das medidas e os de geometria para se poder desenhar os moldes no tecido ou em cartões baseados no método circular onde, a partir de pontos geométricos, se traçavam arcos de circunferência com raios proporcionalmente definidos, cruzando-se entre si.

O conhecimento das proporções do corpo humano tem a ver com as suas dimensões, ou seja, com a sua configuração, particularidades e relação entre elas, tais como: dimensões da grossura e altura do pescoço, saliência do peito, inclinação dos ombros, aprumo ou curvatura das costas, largura ou estreiteza do tórax, maior ou menor descaimento dos ombros, etc.84 A partir do conhecimento destas proporções e da capacidade de estabelecer a respetiva relação entre elas e da utilização de rudimentares instrumentos de trabalho, como as agulhas, linhas, régua, compasso e tesoura, o alfaiate estava pronto para executar as suas tarefas.

Daí o longuíssimo período de aprendizagem necessário a que o candidato era submetido para poder exercer a profissão e que era de “[…] quatro, cinco ou seis anos […]”.85 Depois de ter concluído o período de aprendizagem era submetido a um exame para poder ascender à categoria de oficial examinado.

No referido exame, pelo qual pagava 3$360 réis86, o candidato teria então que demonstrar que “[…] todo o allfaiate que temda ouver de por de obra de homens será visto e examinado primeiro pelos examinadores do oficio se sabe bem cortar e fazer hu pelote de quallquer feição e capa de capelo e hu gibão estofado de dous forros e gizar bem hu gabão sangrado de toda a fralda e hu capote de toda a fralda e hua loba e hu capuz de toda a fralda; e pelos examinadores dos calceteiros sera examinado se sabe

84 OLIVEIRA, Fernando Baptista, Método Universal de Corte, Vestuário de Senhora e de Criança, Lisboa, Bertrand, 1945, p.9.

85 CRUZ, António, ob. cit., p. 164-165.

39 cortar a fazer huas calças justas e outras de imperiais pela ordenaçam permitidas e hus calçois fframçeses se quiser examinarse pêra poder fazer calças e os ditos calçois; e assi será examinado de tabardo e capuz atabardado como era obrigado examinar se pelo velho regimento posto que se não costumar o tal capuz no tabardo; e asi dirá quanto pano he necesario pera cada hua das ditas obras e sabendo bem gizar cortar e acabar as ditas obras a proveito do povo e quanto pera ela lhe necesario como dito he ao tal examinado será pasada carta da dita examinação e aprouaçam asinada pelos examinadores […]”87 que era escrita pelo escrivão do ofício.

Quanto ao vestuário feminino todos os oficiais “[…] que obras de molheres ouverem de talhar e por temda destas obras se sabê bê cortar e fazer hu abito de molher de quallquer feicão que lhe for mãdado e hu coz de vestir e hua fraldilha com avamtagem na traseira e hua cota sainho e mãto e hu saio a dous debrus; e gizar hua cota de cavallgar e hu saio de mãgas e gibão de seda sem pedaço; e dirão quanio de pano seda e chamalote he necesario pera cada hua destas obras de molheres e pela mesma maneira q dito he serão pasadas as certidois e carta aos ditos allfaiates de molheres como aos dos homens.”88 Relativamente ao conhecimento de tecidos, ao corte dos mesmos e aos acabamentos, teria que demonstrar habilidade em trabalhá-los como por exemplo talhar “[…] veludo

cinzelado a duas alturas e veludo lavrado à navalha, e no mais simples dos bordados da espécie. Os cetins constituíam outro dos tecidos com que teriam que saber trabalhar, tal como respeitar as regulamentações em uso para o corte de seda. Saber costurar as consistências dos forros e chumaços, não usar fios de má qualidade […] Ainda […] era exigido que soubessem as quantidades de pano necessárias a cada peça.”89

Associados aos alfaiates, que executavam qualquer peça de vestuário, havia mais especialidades como os jubeteiros, calceteiros e aljabebes os quais também estavam sujeitos a exame. A designação do ofício estava relacionada com o tipo de vestuário que faziam.

87 Livro dos Regimentos dos oficiais mecânicos da mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa, (1572), pref. Do Dr. Virgílio Correia, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926, p. 242.

88Idem, ibidem, pp. 242-243.

89 OLIVEIRA, Fernando José Cunha de, O Vestuário Português ao Tempo da Expansão, Séculos XV e XVI, Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para os Descobrimentos Portugueses, Lisboa, Editorial do Ministério da Educação, p. 88, [s.d].

40 Os jubeteiros teriam que demonstrar que sabiam “[…] cortar fazer hu gibão estofado com dous forros e de qualquer outra ffeição que lhes for mãdado. Quanto aos calceteiros era-lhes exigido no exame que soubessem “[…] fazer huas calças iustas e outras de imperiais que não forem defesas.”90 Portanto, os “[…] jubeteiros talhavam e costuravam gibões com dois forros podendo usar para o efeito algodão e nunca lã velha. Os gibões, não podiam ser vendidos em panos manchados, marcados ou picados. Os

calceteiros deveriam saber cortar qualquer par de calças ou calções com talhe justo. As

calças imperiais, confeccionadas com muito pano, deveriam respeitar as limitações do seu uso, sob pena de multa. Para o povo, não podiam executar calças largas ou sequer com forros. As braguilhas das calças e calções eram forradas a algodão ou pano bom, sem ser o da Índia.”91

Resumidamente, as atividades que faziam parte da profissão e dos saberes do alfaiate, para além dos conhecimentos específicos, atrás citados, que deveriam ter, eram: tirar as medidas ao cliente, traçar os moldes rigorosamente no tecido com giz, cortar o tecido segundo os mesmos, alinhavar as peças, provar no corpo do cliente para efetuar os ajustes necessários, costurar as peças e fazer os acabamentos. E tudo isto somava muitas horas de trabalho manual para fazer uma peça de vestuário única.

No século XVIII, os nossos alfaiates lisboetas dominavam muito bem todos estes saberes que foram sofrendo transformações ao longo dos tempos devido à necessidade de construir novos modelos de vestuário em conformidade com a moda da época. Por isso, terá o seu interesse recuar no tempo, mais ou menos três séculos, para se conhecer onde tiveram lugar as grandes transformações que se deram na arte da alfaiataria e que tiveram repercussões por toda a Europa nos séculos seguintes.

Os grandes avanços técnicos, nomeadamente nas técnicas de corte, começam aquando da publicação, em Madrid, do primeiro livro sobre as técnicas de alfaiataria, o “Libro de Geometria pratica y Traça” de Juan de Alcega (1589) (Figura 4), autêntico manual sobre o método de corte com moldes para fazer vestuário sob medida.

90 Livro dos Regimentos dos oficiais mecânicos da mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa, p. 243. 91

41 Figura 4 - Libro de Geometrya Pratica e Traça de Juan Alcega de 158992

Trata-se duma obra composta de 190 páginas estruturada em formato de paisagem. É considerada o primeiro tratado sobre alfaiataria publicado em Espanha e é estruturada em três partes, através das quais o autor transmite o seu conhecimento sobre a arte de tirar medidas e construir moldes.

A primeira parte explica a origem da “vara para medir que usamos nestes reinos de Castela”, (Figura 5) que é dividida em “décimo segundo, oitavo, sexto, quarto, terceiro e metade de uma vara”. Em seguida, ele menciona como se reduz a medida do tecido de “duas varas de largura” para qualquer outro tamanho.

Figura 5 - Barra de medidas / Medidas da vara de medir93

92 http://www.wdl.org/pt/item/7333/ (12.1.2012) (Biblioteca digital mundial) 93 Ibidem

42 Usando frações, Alcega dedica 22 capítulos a este tema, de modo que qualquer um pode pedir corretamente o traje, a seda ou outro tecido necessário para confeccionar roupas masculinas e femininas sem qualquer desperdício ou falta de pano.

Na segunda parte, Alcega apresenta 135 traças (padrões) usadas para fazer roupas para homens, mulheres, sacerdotes, comandantes de ordens militares, trajes para combates e jogos de lança e até mesmo para bandeiras de guerra.

Na terceira parte, Alcega especifica a quantidade de tecido necessária para produzir cada item do vestuário, utilizando tabelas que combinam três possíveis comprimentos dos itens e 14 possíveis larguras de tecidos que podem ser usados.

Em relação à obra de Juan Alcega apresenta-se a seguir a reprodução gráfica de moldes de alguns modelos de roupa os quais demonstram bem o seu conhecimento de construção de moldes e técnicas do corte a aplicar aos tecidos para a confeção do mais variadíssimo tipo de peças de vestuário.

43 Figura 7 – Jubão de seda para mulher – bbm |tt

Figura 8 – Capa de pano – bbb |bb|

44 Figura 10 – Capa só de pano – bbbtt |bb|

Figura 11 – Capa de racha – V. m. |btt|

45 Figura 13 – Capa e saia de pano – Vt. |bb|

Figura 14 – Manto de pano para clérigo – V |bb|

46 Figura 16 – Roupa de letrado em seda – xbbbm tt

Figura 17 – Adereço de cavalo em seda para justa Real – xb |tt

A avaliar pelos moldes apresentados, a extraordinária variedade das formas de vestuário impunha, como se pode imaginar, um considerável desenvolvimento técnico e grande destreza no manuseamento da régua e da tesoura para cortar os tecidos e habilidade para construir acabamentos finais perfeitos ao nível da costura.

Cada molde tem a explicação dos procedimentos a seguir para executar a peça de vestuário. Juan Alcega utiliza o seguinte sistema de representação gráfico para a realização de peças de vestuário: diante da cruz que acompanha o nome da peça ele utiliza a letra b para assinalar o número de varas de tecido necessárias à largura do tecido. Uma vara indica-se com um b, duas varas com dois b (bb); se a seguir à letra b

47 aparece entre parêntesis a letra o, indica uma oitava e se aparece um s indica a sexta

parte. Cada peça maior define-se por uma linha continua “________” que indica por onde se deve cortar o tecido. Cada peça mais pequena assinala-se com traçado intermitente “---“. As letras maiúsculas que se repetem noutras peças dentro das linhas servem para informar que essas peças são para ficar juntas, isto é para se unirem.94

Este livro foi o primeiro manual sobre o método de corte e daí por diante a modelagem irá passar, mais tarde, por um longo processo de transformação e aperfeiçoamento da sistematização do método geométrico de modelagem que se caracteriza por desenvolver a superfície tridimensional do corpo numa superfície plana bidimensional.

No entanto, segundo Ruth de La Puerta Escribano, da Universidade de Valência, no seu artigo intitulado Los Tratados del Arte del Vestido en La España Moderna,95 para além do Tratado de Juan Alcega, existem outros tratados sobre alfaiataria tais como o de Diego de Freyle intitulado Geometría y traça para el Oficio de los Sastres, publicado em 1588, o de Baltasar Segovia, Geometría y traças96, (Figura 18) publicado em 1617, o de Francisco de la Rocha, Geometría y traças97, (Figura 19) publicado em 1618 e o de Martín Andújar, Geometría y traças, publicado em 164098, tendo muito provavelmente alguns deles circulado entre nós.

Figura 18 – Tratado de Baltazar Segóvia Figura 19 – Tratado de Martín Andújar

94 http://archivoespañoldearte.revistas.csic.es (15.09.2012). 95 Ibidem, (15.09.2012) 96 Ibidem, (15.09.2012) 97 Ibidem, (15.09.2012) 98 Ibidem, (15.09.2012)

48 É de salientar o facto de todos estes tratados terem praticamente o mesmo título. Conforme refere esta autora, no mesmo artigo isto serviu para “[…] codificar los saberes existentes en la Edad Media en provecho de la mejora en la calidade de la enseñanza y aprendizaje de quienes pretendían llegar a ser Maestros de sastre”99.

Ainda segundo a mesma autora não existe diferença nenhuma entre todos estes tratados. Em relação ao século XVIII só se conhece o tratado de Juan de Albaycetta, El libro de

Geometría y trazas de 1720, em Zaragoza. Contudo, também este tratado segue “[…] el modelo de exposición de los patrones iniciado en el Renacimiento. […] Respecto a los caracteres y figuras com que J. de Albayceta identifica cada traza, éstos son exactamente los mismos que usaran Juan de Alcega y F. de la Rocha.”100

Até ao século XVIII não há grandes modificações na construção de moldes. De acordo com Diego de Freyle há “[…] necesidad de elaboración de un nuevo tratado que contenga los cortes esenciales, que son casi siempre los mismos, aunque el tiempo los haya alterado.”101

O autor fala ainda das diferentes varas usadas em Portugal, Castela, Andaluzia, Estremadura e Valência.

Mas, ainda dentro deste período, é relevante a influência que este alfaiate teve em Portugal.

A figura 20 mostra Catarina de Áustria, rainha de Portugal, num quadro pintado por Antonio Mor em 1552, usando uma manga feita com os moldes da figura 21 e um vestido solto cujos moldes estão representados na figura 22.102

99 Ibidem (15.09.2012). 100 Ibidem (15.09.2012). 101 Ibidem (15.09.2012).

102ARNOLD, Janet. Patterns of fashion: the cut and construction of clothes for men and women c1560 – 1620, New York, Drama Book, 1985, pp.6-9.

49 Figura 20 Figura 21 Figura 22

Tal como tudo está sujeito a uma evolução, aperfeiçoamento e adaptações consoante as necessidades das épocas, também a alfaiataria irá passar por esse processo de evolução. No método geométrico circular, desenvolvido por Alcega, pontos geométricos eram definidos por arcos de circunferência com raios estabelecidos proporcionalmente, cruzando-se entre si como se pode verificar nos moldes das figuras anteriores. As principais figuras utilizadas como se vê eram o círculo médio, o quarto de círculo, o trapézio e o cone. Essas proporções eram alcançadas pela capacidade do alfaiate de relacionar grandezas, trabalhar com escala visual e com os rudimentares e pouco eficientes instrumentos de medições.

Quanto à fase de passar as medidas ao tecido, os alfaiates poderiam utilizar moldes de cartão com as medidas do cliente ou traçar as medidas diretamente no tecido. Também isto tinha uma técnica que poderia ser cortar ao correr do fio do tecido, à largura do tecido ou em viés consoante a necessidade de cair do tecido.

50 Contudo, na passagem do século XVII para o século XVIII, a transformação da nova moda vinda de França determinou alterações no vestuário. Consequentemente, impôs-se também na modelagem o aperfeiçoamento do método geométrico circular a partir de diagramas em ângulos retos (figuras 26 e 27) que facilitaram a criação de roupa com um bom corte e uma boa adaptação ao corpo.

Reforçando mais uma vez a ideia, a modelagem geométrica parte de uma relação de medidas que se constituem de medidas diretas, proporcionais e de referências. A modelagem geométrica exige um excelente domínio de conhecimentos de medidas e morfologia do corpo (comprimento, largura, profundidade), de geometria (linhas retas, círculos, circunferências) e da capacidade de relacionar estes conteúdos para se chegar à construção tridimensional da peça de vestuário que veste o corpo, ou seja, da capacidade de criar numa superfícies plana bidimensional a forma da roupa. A modelagem é um processo de construção que se desenvolve em três fases: modelar em base plana em cima do tecido ou de papel, cortar os materiais a utilizar e, finalmente unir as partes, costurando-as e fazendo os acabamentos.

Figura 23 – À esquerda um alfaiate da corte de Luís XIV. À direita aspetos da nova moda masculina. Casaca aberta, ricamente bordada, segundo a moda francesa do século XVIII vista de vários ângulos.103

51 As alterações do vestuário, ou seja, da nova maneira de vestir, vieram de França. Foram os alfaiates da corte de Versailles (figura 23) que criaram o novo modelo de vestuário masculino composto por três peças: uma espécie de casaca longa, colete longo e o cullote, unificando as três peças daí a designação em português de terno e fazendo-as com tecido da mesma cor e padrão. Também a moda feminina mudou com a criação de novos modelos.

Nos periódicos franceses, distribuídos por toda a Europa, começaram a ser publicadas notícias sobre a nova moda. Estavam lançadas as bases da imprensa de moda. O jornal

Le Mercure Galant, era lido em Viena, Berlim, Madrid, Londres e Bruxelas.

O século XVIII, pode ser considerado a era da roupa bordada para homens com fios de ouro e prata o que distanciava, cada vez mais, a aristocracia do povo. Portugal não ficou para trás ao adotar a moda francesa. Compare-se a indumentária dum nobre português do século XVIII da figura 24 e o painel de azulejos da figura 25 com o modelo de casaca da figura 23 e verifica-se que a semelhança é total, o que significa que os nossos alfaiates seguiram a moda francesa.

Figura 24104 – Nobre do século Figura 25 – Painel de azulejos existente na XVIII da corte de D. João V escadaria do Paço dos Arcebispos de Lisboa, Santo Antão do Tojal com figuras trajando vestuário do século XVIII105

104http://historicando.blogs.sapo.pt (20.7.2012) 105http://www.instituto-camoes.pt/. (28.7.2012)

52 Na passagem do século XVII para o XVIII, Luís XIV foi o impulsionador da nova maneira elegante e refinada de bem vestir e Versailles foi o centro da moda francesa, a partir do qual se expandiu por toda a Europa, influenciando a maneira de vestir dos estratos sociais elevados e médios.

A transformação da moda com as consequentes alterações do vestuário dariam obrigatoriamente origem a novos moldes.

Esta técnica, designada modelagem, consiste, como já ficou entendido, em transformar o desenho duma peça de vestuário em moldes que, depois de cortados em tecido e costurados, dão origem a uma peça de vestuário com um novo modelo adaptado ao corpo humano.

As figuras 26 e 27 são um exemplo dessa modificação no vestuário e da nova moda francesa, bem como do aperfeiçoamento do método geométrico circular. Mais uma vez fica clato que o método geométrico de modelagem do vestuário se baseia em desenvolver a superfície do corpo humano numa base plana seja para que modelo de vestuário for.

Figura 26106- Modelo de casaca Figura 27107– Representação geométrica do século XVIII de 1725 (molde) da casaca da figura 26.

Por isso, até chegar a mestre e ter a sua loja destinada à confecção de vestuário masculino ou feminino teria que percorrer um longo caminho de aprendizagem e estágio.

106 DALMAU, R., JANER, J. Mª. Soler, Historia del Traje II, Barcelona, Dalmau y Jover, S.A., 1947, p. 346 e 355.

53 Os juízes examinadores consideravam o candidato a mestre alfaiate apto se este desse boas provas dos seus conhecimentos e capacidades.

Documentos relacionados