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Aventa-se como hipóteses deste trabalho que:

● A Seguridade do Servidor Público Federal confere, em função da garantia de direitos exclusivos, um status social legal diferenciado, o que contribui para a reprodução das desigualdades sociais brasileiras.

● Os direitos de Seguridade do Servidor Público Federal foram reduzidos em razão dos efeitos da reestruturação produtiva do capital e das transformações no mercado de trabalho na administração pública federal.

● A Seguridade do Servidor Público Federal apresentou maior volume de gastos proporcionalmente aos demais gastos do Orçamento da Seguridade Social e do que os Gastos Sociais do Governo, no período de 1995 a 2010.

METODOLOGIA

Perante os objetivos e hipóteses nos dirigimos à apresentação dos pressupostos e do percurso trilhado para realizar esta pesquisa. Compreendemos que a questão metodológica é fundante no discurso científico, pois é responsável pela afirmação da linguagem científica, bem como promotora do processo de construção do conhecimento. A metodologia estabelece a maneira de se elaborar hipóteses, problemas, de como tratá-los de forma a explicar cientificamente a realidade.

Neste estudo, o referencial teórico adotado é a dialética materialista, posto que agrega e articula conceitos teóricos com a realidade empírica, fazendo com que o método seja guiado pela teoria. Segundo Bandeira (1998, p.3), “teorias que não se remetem a prática social correm o risco de serem pouco significativas, pois os homens têm demandas e problemas reais, e estes precisam de soluções, num dado espaço e no tempo.”

A dialética materialista caracteriza-se pela visão da realidade como um processo dinâmico que “relaciona e articula fatos, pessoas e coisas, que estabelece nexos, vínculos entre o conjunto de atores sociais e destes com as práticas sociais que lhes são peculiares e características” (BANDEIRA,1998, p.4). Isso está dentro de um contexto histórico-social, no qual habitam contradições, por exemplo, o antagonismo das classes.

Segundo Schaff (1991), para o materialismo é indubitável que o objeto do conhecimento, é externo e independente do pesquisador. Para este, o conhecimento não só contemplativo é uma atividade e, por isso, visa ir além da interpretação em direção à transformação da realidade pesquisada.

O método utilizado por Marx (1983) para estudar a Economia Política está fundado em uma crítica à razão dos economistas clássicos, que buscavam formular leis naturais para explicar a produção. Marx elabora uma teoria de explicação, que se propõe a captar a essência do fenômeno econômico e, para isso, lança mão de ferramentas analíticas como as

categorias totalidade e contradição. Assim, produção, consumo, circulação e troca são analisadas como relações complementares e cambiantes. Netto (2009, p.691) observa que para apreender este movimento Marx recorreu a “três categorias nucleares – a totalidade, a contradição e a mediação” o permitindo aproximar-se da essência da sociedade burguesa.

Rosdolsky (2001) buscou o sentido metodológico do plano original de Marx e o encontrou no esforço realizado por este autor caça da essência do fenômeno por meio de aproximações sucessivas, na tentativa de apreender as múltiplas determinações do concreto, na inclusão da historicidade nos processos sociais, além da totalidade do objeto investigado. Esses itens, dentre outros, constituem pontos nevrálgicos da contribuição marxiana no estudo da economia e da sociedade capitalista.

Netto (2009) defende que as formulações teóricas da perspectiva marxiana brotam da realidade e o sujeito pesquisador opera mentalmente os conteúdos e os processos capturados na realidade. Pontes (1996), neste sentido, argumenta que o materialismo histórico tenciona no seu movimento a partir de recorrentes aproximações alcançar a essência do objeto de pesquisa. Mas ainda é fundamental encontrar as ligações entre os fenômenos que os conformam no real, isto é, cabe ao pesquisador realizar uma procura empedernida das mediações. Assim, Netto (2009, p. 683) descreve as etapas do método marxiano: “começa- se ‘pelo real e pelo concreto’, que aparecem como dados; pela análise, uns e outros elementos são abstraídos e, progressivamente, com o avanço da análise, chega-se a conceitos, a abstrações que remetem a determinações as mais simples”.

A descrição de Kosik (1986, p.41 e 42) sobre a dialética materialista nos é útil para o para delinear o nosso percurso de investigação.

O pensamento humano parte do pressuposto que o conhecimento humano se processa num movimento em espiral, do qual cada início é abstrato e relativo. (...) É um processo de concretização que procede do todo para as partes e das partes para o todo dos fenômenos, da totalidade para as contradições e das contradições para a totalidade; é justamente neste processo de correlações em espiral no qual todos os conceitos entram em movimento recíproco e se elucidam mutuamente, atinge a concreticidade.

Além disso, podemos destacar a síntese de Kosik (1986, p.52) quanto às etapas metodológicas do caminho dialético materialista para descortinar a essência dos fenômenos, a saber:

● a destruição da pseudoconcreticidade, isto é, da fetichista e aparente objetividade do fenômeno, e o conhecimento da sua autêntica objetividade;

● m segundo lugar, conhecimento do caráter histórico do fenômeno, no qual se manifesta de modo característico a dialética do individual e do humano em geral; e

● o conhecimento do conteúdo objetivo e do lugar histórico que ele ocupa no seio do corpo social.

O percurso metodológico seguido pela dialética materialista baseado na decomposição do todo em suas partes, na busca pela coerência interna da realidade a partir da compreensão da totalidade que circunstância o objeto, visa a atingir a essência dos fenômenos, chegar próximo de encontrar a “coisa em si”. Para Lukács (1989), a cientificidade do método dialético reside na capacidade de estabelecer a distinção entre a aparência imediata e o núcleo interior dos fenômenos, entre as representações e os conceitos.

O referencial teórico-metodológico dialético permite ainda determinada apreensão da realidade e por isso um tipo específico de pesquisa. A construção do objeto de pesquisa se dá, de acordo com Bandeira (1998, p. 6), por meio de um processo constituído por três momentos, a saber: “ruptura com o senso-comum, constituição de um objeto com lastro teórico e a verificação /experimentação da relação teoria-método/metodologia empírica”. Parte-se da ruptura, que promove o desligamento das pré-noções, senso-comum entre outras formas de conhecimento não sistematizado. Em razão disso, levanta-se uma hipótese que servirá como pauta central da pesquisa, exigindo assim o conhecimento desse problema, por uma pesquisa bibliográfica. Na posse desse conhecimento, o objeto dantes visto repleto de preconceitos passará por um processo de reconstrução lógica. Segue-se disso o segundo momento que é a construção do objeto baseado num referencial teórico que estabelecerá um instrumental investigativo e o modo de condução deste. Por fim, há a verificação que corrobora ou rejeita a hipótese ou questão. É necessário nesse terceiro momento a posse de informação para análise e constatação da validade da hipótese.

Neste estudo, consideramos a principal referência de pensar a realidade social o materialismo dialético, contudo a presente pesquisa demandou a fusão metodológica com outras formas de conceber o conhecimento cientifico. Mesmo assim, percebemos no movimento de aproximação com o objeto de estudo, desta tese, a necessidade utilizar modelos e conceitos epistemológicos, de matriz weberiana, keynesiano, entre outros. fim de contemplar as idiossincrasias e determinações sócio-histórica dos fenômenos sociais.

Ademais, a área do conhecimento da política social, tem sua natureza interdisciplinar, o que nos fez mobilizar saberes e prismas de análise diversos.