• Nenhum resultado encontrado

O presente trabalho embasou-se teoricamente nos fundamentos da VBR que defende, como principal causa da variação de desempenho econômico das empresas, os recursos e fatores organizacionais internos, representados pelos Ativos. Neste sentido, assume-se como suposição central da pesquisa, que o desempenho econômico da firma teria associação com a Tangibilidade e Intangibilidade de Ativos.

Evidências advogam sobre a capacidade dos recursos intangíveis em gerar valor econômico e desempenho superior para as empresas (BIANCHI; LABORY, 2004; BUENO et al., 2010; CARMELI; TISHLER, 2004; COHEN, 2005; COLAUTO et al., 2009; COUTO, 2009; ENSSLIN et al., 2009; HAND; LEV, 2003; HITCHNER, 2006; KAYO et al., 2006; LEV, 2001; MALDONADO; VERA CRUZ, 2009; OLIVEIRA et al., 2010; OLSEN; ZHAO; PIZAM, 2008; PEREZ; FAMÁ, 2006; SURROCA; TRIBÓ;

WADDOCK, 2010; TEH; KAYO; KIMURA, 2008). Para a VBR, o grau de intangibilidade dos Ativos das firmas, criado pela dificuldade de negociação, substituição ou imitação, destaca-se como característica especial que dá às empresas detentoras destes ativos, vantagens competitivas e proporcionam desempenho econômico superior. Neste contexto, foi definida a seguinte hipótese:

a) H1: Há relação estatisticamente significativa entre a Intangibilidade

de Ativos e o desempenho econômico superior das empresas brasileiras de capital aberto.

Na perspectiva da VBR, a intangibilidade também estaria relacionada com obtenção de vantagem competitiva sustentável da firma. O conceito de vantagem competitiva sustentável adotado para a presente tese refere-se ao grau em que os resultados econômicos de uma empresa persistem ao longo do tempo (VILLALONGA, 2004). Neste contexto, foi definida a seguinte hipótese:

a) H2: A intangibilidade de Ativos proporciona desempenho

econômico superior e persistente nas empresas brasileiras de capital aberto

A VBR ainda suporta a proposição de que a geração da vantagem competitiva pelos intangíveis poderia estar associada à efeitos setoriais. Estudos observaram que o impacto dos Ativos Intangíveis no desempenho econômico das empresas diferiu por indústria, setores e grupos na economia (BRITO; VASCONCELOS, 2004; CARVALHO, 2009; CARVALHO et al., 2010; CHANG; HONG, 2003; CHANG; SINGH, 2000; GONZÁLEZ-FIDALGO; VENTURA-VICTORIA, 2002; HAWAWINI; SUBRAMANIAN; VERDIN,

2003; LEITE FILHO; CARVALHO, 2011; MAURI; MICHAELS, 1998; RUMELT, 1991; SCHMALENSEE, 1985). A explicação para tal fato está na concepção de que alguns ativos intangíveis são fontes de vantagem competitiva por serem de natureza heterogênea em diferentes setores, sendo importantes para alguns e irrelevantes para outros setores não correlatos. Nesta perspectiva, foi definida a seguinte hipótese:

a) H3: A influência da Intangibilidade de Ativos no desempenho

econômico superior das empresas brasileiras de capital aberto difere entre os setores da economia.

A capacidade dos recursos intangíveis criarem vantagem competitiva para as firmas dependeria não apenas de suas características intrínsecas, mas também da sua extensão estratégica na indústria específica (VILLALONGA, 2004). Assim, pressupõe-se que a Intangibilidade de Ativos impactaria a sustentabilidade do desempenho econômico das firmas de forma heterogênea nos setores de atuação das firmas. Com base nesta argumentação, foi definida a seguinte hipótese:

a) H4: A influência da Intangibilidade de Ativos no desempenho

econômico superior e persistente das empresas difere entre os setores da economia.

A presente pesquisa também investigou, além dos efeitos da intangibilidade, a influência da Tangibilidade de Ativos no desempenho econômico das empresas brasileiras de capital aberto. Trabalhos anteriores têm indicado que decisões de investimentos de capital produzem aumentos positivos no valor de mercado das ações das firmas (ANTUNES; PROCIANOY, 2003;

CARVALHO et al., 2010; CHAN; GAU; WANG, 1995; CHAN; MARTIN; KENSINGER, 1990; LYRA; OLINQUEVITCH, 2007; McCONNELL; MUSCARELLA, 1985).

Outras investigações têm demonstrado que as divulgações de planos de investimentos em Ativos Tangíveis podem gerar retornos anormais às firmas localizadas em economias consolidadas e em mercados de capitais robustos (BURTON; LONIE; POWER, 1999; CHUNG; WRIGHT; CHAROENWONG, 1999; JONES, 2000; WOOLRIDGE; SNOW, 1990). Existem também evidências que a divulgação das decisões de investimentos das firmas em mercados de baixa liquidez, acarreta efeitos no preço das ações e na realização de retornos anormais das empresas (BHANA, 2008; GAVA, 2006; LUCCHESI; FAMÁ, 2007; MARCELINO et al., 2006) gerando vantagem competitiva às mesmas. Com base nos argumentos apresentados, foi definida a seguinte hipótese:

a) H5: Há relação significativa entre a Tangibilidade de Ativos e o

desempenho econômico superior das empresas brasileiras de capital aberto.

A VBR também pressupõe que a tangibilidade proporcionaria vantagem competitiva sustentável às firmas, na qual haveria persistência de resultados econômicos ao longo do tempo (CARVALHO et al., 2010; VILLALONGA, 2004). Neste contexto, foi definida a seguinte hipótese:

a) H6: A Tangibilidade de Ativos proporciona desempenho econômico

Para a VBR, as estratégias usadas pelas empresas na gestão de recursos determinariam a heterogeneidade de desempenho entre as firmas bem como diferenças significativas de desempenho econômico entre os setores de atuação das mesmas (BRITO; VASCONCELOS, 2004; CARVALHO, 2009; CARVALHO et al., 2010; CHANG; HONG, 2003; CHANG; SINGH, 2000; ; HAWAWINI; SUBRAMANIAN; VERDIN, 2003; McGAHAN; PORTER, 1997). Partindo da concepção que, no conjunto de recursos da empresa se incluem os ativos tangíveis, definiu-se a seguinte hipótese:

a) H7: A influência da Tangibilidade de Ativos no desempenho

econômico superior das empresas brasileiras de capital aberto difere entre os setores da economia.

Para Carvalho (2009), a Tangibilidade impacta a sustentabilidade do desempenho das firmas de maneira não uniforme devido aos fatores específicos e diferenciadores nos setores de atuação das empresas na economia. Com base nesta argumentação, foi definida a seguinte hipótese:

a) H8: A influência da Tangibilidade de Ativos no desempenho

econômico superior e persistente das empresas difere entre os setores da economia.

As hipóteses H1, H3, H5 e H7 foram testadas por meio das regressões de dados em painel estático com estimações por MQG. As hipóteses H2, H4, H6 e H8 foram verificadas por meio de regressões de dados em painel dinâmico, estimações por GMM.