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Capítulo VI – Territórios e fronteiras: reflexões e conclusões Este capítulo finaliza o trabalho apresentando uma síntese sobre os principais

Nível 4 Capacitação intelectual e inserção social do usuário: promover o uso dos recursos disponíveis na Internet como fonte de conhecimento e

2.4 Hipermídia 26 e ambientes hipermidiáticos

Desde que as TIC foram disseminadas, e estão disponíveis para a apropriação pelos cidadãos, quer seja no âmbito do acesso particular ou em espaços públicos, muitos paradigmas estão sendo quebrados. Da constatada possibilidade de transcender as barreiras geográficas e os limites da relação espaço-tempo é no aspecto informacional, comunicacional e na possibilidade de estabelecer relações de aprendizagem entre as pessoas, que o avanço permitido é mais significativo.

Tecnologicamente a hipermídia costuma ser definida como um conjunto de ligações interativas multimidiáticas. Em termos de acesso à informação define Silva (2006, p. 23 e 24):

O termo hipermídia corresponde à mesma definição do termo hipertexto a diferença é que às informações textuais agregam-se outros suportes midiáticos de diferentes formatos e mídias correspondentes, como imagens gráficos, seqüências de vídeo, de áudio, animações, etc. A hipermídia é, pois, uma base de dados no qual o usuário navega de informação em informação através de links de forma não seqüencial, com total liberdade de construir seu próprio percurso de acesso e utilização da informação.

Pedagogicamente possibilita variadas formas de interação entre as pessoas podendo, além de informar, auxiliar na concretização da aprendizagem. Nesta linha de pensamento agrega Falkembach (2003) ao conceito de hipermídia a possibilidade de exercitar uma nova forma de gerenciar informações. Além de consultar conteúdos disponíveis em várias mídias a estrutura hipermidiática possibilita criar, alterar, excluir e compartilhar.

26 O conceito hipermídia, juntamente com hipertexto, também é atribuído ao filósofo e sociólogo

estadunidense Ted Nelson, idealizador do projeto Xanadu, na década de 1960. Também considera-se Vannevar Bush como pioneiro pela forma como definiu, em 1945, a ideia fundamental do hipertexto/hipermídia e o seu potencial como extensão da cognição humana.

Possuindo características próprias tais como não linearidade, possibilidade de exibição e manipulação de figuras, vídeos, áudio, textos, gráficos, animações e interatividade, que pemitem várias combinações, a hipermídia pode ser considerada uma nova linguagem (Santaella, 2004). Esta nova linguagem, “híbrida”, é aberta no que se refere às características técnicas de sua estrutura e possibilita, pedagogicamente falando, outras formas de gerenciar, mediar e representar os conhecimentos construídos.

Pensados dessa forma dispositivos que abrigam recursos hipermídiáticos, unindo em um único espaço vários tipos de mídias e conteúdos, disponibilizam uma variedade de linguagens que se complementam gerando o que Santaella (2004, p.48) confirma é chamada “convergência das mídias”.

A hipermídia mescla textos, imagens fixas e animadas, vídeos, sons, ruídos, em todo um complexo. Essa mescla de várias tecnologias e várias midias, anteriormente separadas e agora convergentes em um único aparelho, o computador, que é comumente chamada de convergencia das midias.

De acordo com a autora a arquitetura hipertextual permite ainda uma organização reticular dos fluxos informacionais. Assim a não linearidade favorecida pelos ambientes hipermidiáticos permite uma participação mais interativa e ativa do usuário e, consequentemente, favorece a aprendizagem (Santaella, 2004).

Nesta linha de pensamento, Lévy (1999, p. 27) considera que a digitalização concede ao hipertexto características distintas das que possuía antes:

O suporte digital traz uma diferença considerável em relação aos hipertextos que antecedem a informática: - pesquisa nos sumários, o uso dos instrumentos de orientação - a passagem de um nó a outro são feitos, no computador, com grande rapidez, da ordem de alguns segundos. Por outro lado, a digitalização permite a associação na mesma mídia e mixagem precisa de sons, imagens e textos. De

acordo com esta primeira abordagem, o hipertexto digital seria definido como a informação multimodal disposta em uma rede de navegação rápida e intuitiva.

Portanto, podemos pensar que a possibilidade de interação (usuários/conteúdos e usuários/usuários) por meio da utilização de diversos tipos de elementos - textos, figuras, vídeos, sons, animações, gráficos, entre outros – interligados por meio de “nós de conexão”, e gerenciados de maneira não linear (ou seja hipertextual), compõe as principais características de um ambiente hipermidiático. Reforçando esta afirmação encontramos, de forma geral, em Bonfim e Malteze (2006), uma definição de ambiente hipermídia como um sistema digital que integra diversas mídias de forma a proporcionar aos usuários uma máxima interação. Esta possibilidade favorece aos usuários destes ambientes a utilização de diversificadas formas de expressão dando-lhes a possibilidade de assumirem um novo papel: o de produtores de conteúdos nos moldes do que foi apresentado no item 2.3 Atores reais: expectadores, consumidores, produtores e interlocutores).

Respeitando esses aspectos e baseando-nos em Coll (2001), elencamos alguns aspectos técnico-pedagógicos que merecem ser observados quando necessitamos selecionar recursos e configurar um ambiente virtual hipermidiático com potencial para abrigar uma comunidade de aprendizagem. Em relação aos aspectos técnicos é necessário observar a estrutura física do ambiente no que diz respeito à:

Persistência: pessoas e recursos permanecem visíveis (e disponíveis) em todos os espaços onde os aprendizes navegam;

Transparência: o ambiente, enquanto a organização de sua estrutura e a relação entre seus componentes, é fácil de ser compreendido e utilizado; • Segurança: o ambiente é confiável e seguro garantindo a privacidade dos

• Escalabilidade: suporta o acesso concomitante de um grande número de usuários e a inserção e manipulação de diversos tipos e quantidade de conteúdos;

• Acessibilidade: permite o acesso aos recursos às pessoas de acordo com suas necessidades específicas.

Em relação aos aspectos pedagógicos é necessário garantir no ambiente a presença de ferramentas que possam apoiar a contrução do conhecimento como:

• Ferramentas de comunicação (uni, bi e multidirecional) síncronas e assíncronas com capacidade de veicular áudio e vídeo, além do texto; • Ferramentas de colaboração que possibilitem o trabalho individual

(privado) e o estabelecimento de grupos de trabalho (público);

• Ferramentas de informação/gerenciamento que possibilitem divulgar avisos, registrar as atividades desenvolvidas e seguir a atuação pública de todos os participantes.

Segundo Coll (2001) é importante observar ainda que a seleção destes recursos deve estar atrelada à necessidade de elaboração de estratégias que visem apoiar e promover: • a implicação ativa dos participantes em um processo colaborativo de

aprendizagem,

• o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e • o compromisso de participação.

Acrescentamos aos aportes de Coll (2001) um outro importante aspecto que deve ser observado quando estruturamos um ambiente hipermidiático para aprendizagem: a flexibilidade (Neris, 2010). Esse aspecto permite aos usuários apropriarem-se de forma

crítica e criativa (Feenberg, 1999) dos recursos disponíveis configurando ao espaço virtual um conjunto próprio de normas, regras e formas de expressão.

À luz das considerações teóricas aqui mencionadas planejamos o estudo que resultou nesta tese. O Capítulo III – Caminho a percorrer: planejamento da pesquisa – apresenta em detalhes os objetivos, a metodologia adotada, a população envolvida e os procedimentos definidos para a investigação pretendida.

Trame, planeje, calcule, postule, o quanto quiser. Sempre existirão surpresas à sua frente.

Conte com isso! Henry Miller

Este capítulo apresenta a estrutura da pesquisa detalhando os objetivos definidos, os procedimentos adotados para atingi-los e os aspectos metodológicos que orientaram a análise e a compreensão dos dados coletados. Está subdividido em: 3.1 Objetivos; 3.2 Contexto da pesquisa; 3.3 População; 3.4 Orientações metodológicas e 3.5 Procedimentos.

3.1 Objetivos

O objetivo geral da tese é explicitar as potencialidades e limites dos recursos hipermidiáticos, disponíveis em um ambiente que permite a EAD, via Internet, para o processo de comunicação, construção e produção de conhecimentos quando utilizados para a formação de uma CVA.

Capítulo III

Esta comunidade virtual, inserida em um contexto de Inclusão Digital, pretendia ser um espaço colaborativo, com recursos multimídia, voltada para a informação e formação continuada a distância de agentes comunitários de saúde, médicos, professores e demais pessoas vinculadas aos projetos em desenvolvimento nos espaços públicos de acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) do município de Pedreira-SP. Assim, esperava-se que a troca de informações e experiências entre pessoas de diferentes realidades e entre os mesmos e especialistas de diversas áreas fosse constante.

Especificamente pretendeu-se:

1. Disponibilizar um ambiente de EAD e recursos para gravação e reprodução de texto, foto, áudio e vídeo para que se estabeleça uma rede de comunicação, aprendizagem, produção e compartilhamento de experiências entre os participantes da comunidade virtual em formação;

2. Capacitar o público-alvo para a apropriação crítica e criativa dos recursos audiovisuais e ferramentas hipermidiáticas disponíveis

3. Avaliar o potencial do ambiente utilizado, no que se refere aos recursos hipermidiáticos disponíveis, como facilitador da interação, da comunicação e da construção de conhecimentos, entre os participantes da comunidade virtual estabelecida, apontando as potencialidades e limites para o uso efetivo destes recursos pelo público-alvo no contexto definido.

4. Investigar e documentar de que forma os recursos hipermidiáticos são capazes, ou não, de favorecer a comunicação e a construção de conhecimento, englobando as características técnicas, sociais e

metodológicas necessárias para o estabelecimento de CVA em contextos de Inclusão Digital.