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- HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO: DIÁLOGOS COM A BIBLIOGRAFIA

Neste capítulo realizaremos um diálogo com a historiografia do Liceu, exercitar uma breve crítica historiográfica apenas, sem percorrer toda a história do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo ou a história da educação profissional em São Paulo. A história do Liceu não é a propostas central da investigação, mas sim o estudo das disciplinas da área das ciências humanas na instituição durante os anos de 1992 até 2012. No entanto, compreender, ainda que brevemente, sua história, sobretudo antes do recorte da pesquisa, auxilia na compreensão da identidade da instituição e do lugar historicamente ocupado pelas ciências humanas na formação profissional do Liceu, dando maior sentido ao entendimento das transformações pedagógicas que ocorreram dentro da instituição e principalmente na área de ciência humanas a partir de 1992.

O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo é uma instituição educacional filantrópica que foi fundada em 1873 com a finalidade de proporcionar cursos de alfabetização gratuitos a uma parcela da população carente da cidade de São Paulo e que, a partir de 1883, passou a oferecer, também, cursos profissionalizantes gratuitos aos seus alunos, mesmo que apenas em 1893 é que tenha conseguido efetivamente oferecer esses cursos. Mais de um século depois, a partir de 2002, também passou a ofertar, além dos cursos técnicos gratuitos, o curso de ensino médio, porém, este curso era, e continua sendo pago por seus alunos. Mesmo após essa implementação de cursos pagos, a instituição continuava sendo filantrópica, uma vez que ainda oferecia cursos profissionalizantes gratuitos aos alunos ingressantes no ensino técnico, que eram a maioria dos alunos da escola e o lucro obtido com o ensino médio é, até os dias atuais, revertido para a melhoria da própria instituição.

A filantropia, assim como a oferta de cursos técnicos que atendam a demanda das empresas da cidade de São Paulo são características da instituição que são perenes, mantiveram-se ao longo da trajetória do Liceu, mesmo contando com o curso de ensino médio pago.

Verificando o número de alunos que estudam no Liceu, através dos diários de classe, a maioria de seus educandos cursa o ensino técnico integrado ao ensino médio e o curso técnico de Desenho de Construção Civil.

Atualmente, de acordo com dados de registros de matrícula acadêmica dos alunos, 201 alunos, aproximadamente 40%, pagam mensalidade e 310 alunos, aproximadamente 60%, estudam gratuitamente na instituição, comprovando sua identidade filantrópica na educação profissionalizante. Esse número de alunos pagantes varia de ano para ano, de acordo com o número de alunos matriculados por série, podendo aumentar ou diminuir ano a ano, já o número de alunos bolsistas tem pouca variação, uma vez que sempre são ofertados 105 vagas para o ensino técnico integrado ao ensino médio, sendo que poucos alunos são reprovados e, pelo regimento da instituição, os alunos reprovados nos cursos de ensino técnico não podem continuar em seus respectivos cursos, além dos alunos que desistem durante o curso, os quais são poucos, e os alunos bolsistas do ensino médio, que sempre são três alunos por série. Ainda são ofertadas 35 vagas por ano para cada um dos cursos profissionais concomitantes ao ensino médio.

A exceção deste número de abertura de vagas para os cursos do ensino técnico integrado ao ensino médio ocorreu entre os anos de 2009 e 2012, quando foram ofertadas o dobro de vagas para os cursos técnicos - 210 vagas nos três cursos de ensino técnico integrados ao ensino médio-, porém, a partir de 2013, essa oferta voltou ao número de 105 vagas por ano, 35 vagas por curso técnico (Eletrônica, Multimídia e Edificações).

Nos dias atuais (2017) os cursos técnicos são integrados ao ensino médio, com exceção do curso de Desenho de Construção Civil, que depois de ser extinto em 1998, voltou a ser oferecido em 2016, porém para alunos do ensino médio da rede pública de ensino, os quais cursam o ensino médio pelo período da manhã em suas respectivas escolas e, posteriormente, o ensino técnico no período da tarde e início da noite no Liceu, também é necessário destacar que em 2017 será ofertado o curso técnico de Automação Industrial que será concomitante ao ensino médio. O curso de Desenho de Construção Civil possui em sua grade curricular apenas as disciplinas relacionadas à área técnica, uma vez que em suas escolas os alunos estudam as disciplinas de competência do currículo da base nacional do ensino médio, assim também será o curso de Automação Industrial.

Os cursos técnicos concomitantes ao ensino médio, no Liceu, têm a duração de um ano e meio, seus ingressantes têm, por regimento da instituição, de estarem cursando a segunda série do ensino médio da rede pública de ensino e o aluno selecionado somente recebe o certificado do ensino técnico se completar no mesmo período o ensino médio regular em sua escola de origem. Nesses cursos, os alunos recebem todo o material e o uniforme escolar, além de refeição na própria instituição. Além disso, os demais alunos carentes (dos demais cursos do

Liceu) podem requerer ajuda da instituição, como material escolar ou vale-refeição que, mediante comprovada a dificuldade econômica de seus responsáveis civis, a escola fornece - mais uma demonstração da perenidade no ideário de filantropia do Liceu.

Em sua fundação, o colégio chamava-se Sociedade Propagadora de Instrução Popular de São Paulo, a qual “constituiu-se como projeto educacional da iniciativa particular, assumindo importante papel social e suprindo uma carência do Estado.” (GODINHO, 2000, p.21). Mais tarde, esse projeto se tornaria o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, que além de manter um ensino voltado para a alfabetização também ofertava cursos profissionalizantes para seus alunos, os quais, em seu início, tinham as mais variadas idades nos cursos ofertados, inclusive era oferecido também para mulheres e escravos, estes teriam que possuir uma autorização escrita de seus possuintes.

Antes do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, porém, surgiram alguns Liceus pelo Brasil, como o Imperial Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, Liceu das Ciências Industriais, em Pernambuco e mais duas escolas técnicas, uma no Rio de Janeiro e outra no Rio Grande do Sul.

Mais tarde, com o Decreto Lei número 7.566, de 23 de setembro de 1909 do presidente do Brasil Nilo Peçanha, foram criadas 19 Escolas de Aprendizes e Artífices, uma por Estado,

“formando uma rede federal de escolas técnicas que vinha somar-se às escolas já existentes, de iniciativa privada ou aquelas patrocinadas pelo poder municipal” (CARDOZO, 2013, p.106).

Assim, começaram a popularizarem-se as escolas de ensino técnico em alguns centros urbanos do país e também a ideologia de assistencialismo para uma parcela da população carente de alguns centros do Brasil. O ensino técnico tinha esta função assistencialista, já o ensino propedêutico era destinado a uma pequena parcela da população, era destinado para a os filhos das elites econômicas ingressarem, se prepararem para o ensino universitário.

Em São Paulo, destacaram-se duas escolas de ensino técnico, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e a Escola de Aprendizes e Artífices, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, mais conhecido como Instituto Federal de São Paulo. O Liceu contava com oficinas de marcenaria, carpintaria, fundição, serralheria, entre outros: “No período noturno funcionavam oficinas de carpintaria, marcenaria, ebanisteria, escultura ornamentarista, forja, ...” (GODINHO, 2000, p. 31). Já a Escola de Aprendizes e Artífices investia em cursos voltados para a indústria: “Em suas dependências, foram oferecidos os cursos de tornearia, mecânica e eletricidade e algumas oficinas de carpintaria e artes decorativas (marcenaria, modelação e entalhação.)” (FONSECA, 1993, p.324). Nesse período, cursos como

marcenaria ou carpintaria eram chamados de artes decorativas, pois eram cursos voltados para acabamentos, geralmente, de interiores das edificações paulistas, públicas e privadas.

O surgimento dos Liceus no final do século XIX e início do século XX demonstra como era necessário, em alguns centros urbanos, a formação de mão de obra especializada para alguns setores da economia, fosse por uma iniciativa do Estado ou uma iniciativa público/privada, como o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em seu início, já que depois o Liceu se tornou uma instituição apenas privada.

Diferentemente da Escola de Aprendizes e Artífices, atual Instituto Federal de Educação, o Liceu surgiu, não apenas para ser uma instituição assistencialista amparada pelo governo, mas também com o objetivo de atender aos interesses, à demanda de mão de obra dos empresários paulistanos do final do século XIX e, para isso, na visão destes, era necessário que o povo se sujeitasse aos princípios morais da sociedade “a vacina civilizadora, o sagrado dever higiênico de que depende diretamente o destino das coletividades humanas.” (O Correio Paulistano, Editorial,1873). Ficava explícita a intenção de formar uma mão-de-obra que atendesse as necessidades da elite, ao mesmo tempo que formasse um cidadão que fosse controlado moralmente, através da educação profissional, por esta mesma elite.

Carmen Sylvia Vidigal, em sua tese de doutorado “A Socialização da Força de Trabalho:

Instrução popular e qualificação profissional no Estado de São Paulo”, demonstra que o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo era uma escola voltada para a formação de um operário ligado ao setor de mobiliário e da construção civil, quando compara a educação proposta pelo Liceu com a educação profissional proposta pelas escolas profissionais do estado de São Paulo:

“Dirigidas à mesma população, aos operários e filhos de operários, atendiam a diferentes segmentos do mercado de trabalho industrial. Enquanto o Liceu formava, basicamente, mestres para o setor da construção civil e mobiliário, os cursos das escolas oficiais eram mais diversificados, dirigindo-se a vários ramos da indústria. Neste sentido, as iniciativas de controle do Estado sobre o mercado de força de trabalho vêm complementar as realizações da iniciativa privada. Apresentavam a mesma concepção de qualificação profissional, organizando-se como escolas profissionais completas, nos moldes propostos por Victor Della Vos, visando a formação do trabalhador integral.”

(MORAES, 1990, p. 225)

Carmem Sylvia traz o relato de um diretor da Escola Profissional Masculina de São Paulo sobre a utilização do ensino profissional, a qual deveria ser um ensino voltado não apenas para uma formação profissional, mas também deveria realizar uma formação moral do aluno,

facilitando assim a dominação da elite econômica sobre o operário, pois este seria educado a respeitar as hierarquias sem questioná-las, “(...) o obreiro educado e consciente de seus deveres e direitos, unido ao patrão, no trabalho comum, será a base do progresso e da prosperidade em que assentará a Pátria a grandeza de suas instituições.” (MORAES, 1990, p. 222). O Liceu poderia continuar assistencialista, mas, a partir de 1893, também passou a ter o papel social de não somente possibilitar ensino de uma profissão para atender as necessidades da sociedade paulistana como também o papel educacional de disciplinar esse futuro operário nos diversos ramos fabris de São Paulo.

O projeto original previa o ensino primário, secundário e de nível superior em algumas áreas, porém nos primeiros anos de existência, a escola não trabalhou o ensino de ofícios aos seus alunos, ofertou apenas aulas noturnas de ensino primário e algumas aulas de ensino secundário. De acordo com o estatuto da Sociedade, em seu artigo 23, o ensino seria ministrado para adultos e crianças, homens ou mulheres, estrangeiros ou brasileiros, livres ou escravos, e estes deveriam ter uma autorização por escrito de seus donos. As aulas ocorreriam no período das 17:00 horas às 21:00 horas. É necessário destacar que embora houvesse a intenção da implantação de um ensino de cursos superiores, este tipo de ensino nunca foi implantado pela instituição.

Todos esses interesses, mesmo contando com aqueles que não conseguiram se realizar, demonstram que o colégio, desde seu início, tinha uma intenção diversa das demais instituições educacionais de sua época, pois, além do assistencialismo, a Sociedade Propagadora, futuro Liceu, pretendia a formação de mão de obra necessária e que fosse do interesse dos diretores dos projetos e que não existiam em larga escala ou até em nenhuma escala na cidade.

“A escola da Propagadora tinha objetivos mais largos, o de preencher o vácuo da formação de um tipo de profissional cada vez mais requisitado por um mercado de trabalho que, com o desenvolvimento das atividades econômicas, tendia a crescer e a diversificar-se. Os setores priorizados serão justamente aqueles onde os grupos sociais envolvidos detinham maiores interesses.” (MORAES, 2003, p. 17)

A ligação com as “Belas Artes” estava, em algumas das instituições de ensino técnico, nas artes decorativas, desde suas fundações, exemplo disso foram as palavras de Ramos de Azevedo, presidente da Escola Politécnica e do Liceu, sobre os cursos do Liceu: “Procurei transformar aquele estabelecimento em uma grande escola noturna para ilustração dos operários e seus filhos no curso preliminar das letras e no curso prático das belas artes.” (GODINHO, 2000, p.28). Esse é um exemplo do ideal pedagógico do Liceu em seus primeiros anos de

existência, o qual inclui a formação profissional e a alfabetização para as camadas populares da cidade de São Paulo.

No final do século XIX, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo realizou sua primeira exposição de trabalhos produzidos por seus próprios alunos. O evento teve grande repercussão e êxito, recebendo a visita de figuras ilustres da sociedade paulistana e nacional, como a princesa Isabel e seu marido, o conde D`Eu. No ano de 1906 foi inaugurada uma Gipsoteca na escola, a qual consistia em uma galeria de arte que continha peças conhecidas da estatuária europeia, produzidas em gesso; eram reproduções autorizadas de obras de alguns museus renomados como o museu do Louvre ou o Vaticano, entre outros museus europeus.

Ressalta-se, ainda, que o avanço no processo da economia industrial e cafeeira proporcionou à sociedade brasileira, e em especial à paulista, novos hábitos e costumes que reverberaram nos currículos dos cursos de artes e ofícios oferecidos pelo Liceu. As produções de artefatos mobiliários e decorativos produzidas pelos alunos e mestres dessa escola, assim como da escola de aprendizes e artífices, disseminaram-se na arquitetura urbana paulista em ambientes públicos - como em prédios, museus, bancos, igrejas ou praças - e ambientes privados - como os casarões paulistas, símbolos da oligarquia cafeeira e da burguesia industrial de São Paulo.

Em 1920 os trabalhos realizados pelos alunos do Liceu eram reconhecidos internacionalmente e suas obras se espalharam por várias capitais do Brasil. Eram obras de artes em ferro, constituídas por mobiliários, acessórios de decoração de interiores, que eram vendidos para as mais variadas instituições, públicas ou privadas, de São Paulo, além de adornarem também os casarões da elite paulistana, com destaque para obras estatuárias e luminárias conforme figuras1 a seguir. É necessário destacar que o lucro obtido com estas vendas, era revertido para o pagamento dos professores e para a manutenção da própria escola como compra de máquinas ou instrumentos utilizados nas oficinas da escola para o aprendizado de seus alunos das profissões que ali eram ministradas e ensinadas aos alunos, embora em vários períodos do início de sua existência, a instituição contou com o apoio financeiro do governo do estado de São Paulo e principalmente de empresários paulistanos, ligados ou não à maçonaria de São Paulo.

Esta prática, de vender obras realizadas pelos alunos do Liceu para ajudar no custeio da manutenção da instituição durou por algumas décadas, pois era uma maneira de manter economicamente a instituição através dos trabalhos realizados pelos próprios alunos do colégio.

1 Fonte: Álbuns de Fotografias Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo

Na década de 1920, o estado de São Paulo tornou-se o grande centro industrial do Brasil, num contexto em que era necessária uma readequação do ensino profissional, “o Estado de São Paulo se torna o maior produtor industrial do país” (CUNHA, 2000, p.9). Em 1926, ocorreu outro marco do ensino profissional, com a Consolidação dos Dispositivos Concernentes às Escolas de Aprendizes e Artífices, que trazia um novo currículo na educação profissional, acrescentando dois anos complementares - até então eram quatro anos na formação, mesmo na formação profissional, nos cursos de ensino profissionalizante. Sendo assim, deveriam formar-se operários e contramestres por meio de conhecimentos práticos e teóricos. Nesformar-se momento havia o ensino da língua nacional e é possível perceber indícios de um ensino de História e de Geografia voltados para um ensino nacionalista.

Nas décadas de 1930 e de 1940, ocorreram as reformas educacionais de Francisco Campos, em 1931, e de Gustavo Capanema, em 1942, que regulamentaram a rede federal de ensino industrial, criando as escolas técnicas e industriais. Essas reformas educacionais atingiram não somente as escolas da rede federal como outras escolas de ensino privadas, como o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Elas tiveram por base o desenvolvimento, por parte dos alunos, para uma educação que cumprisse a função social de atender aos interesses do país em relação a todas as classes existentes. Sendo assim, a reforma de Francisco Campos era tida como uma reforma mais liberal, pois atendia aos interesses de uma educação mais voltada para as áreas científicas, mais tarde a reforma Capanema trouxe a volta do destaque educacional das disciplinas clássicas, uma certa volta ao conservadorismo educacional, porém ambas, mesmo com suas diferenças pedagógicas, acabaram por não diferenciarem o lugar do ensino técnico no sistema educacional.

Em São Paulo, tanto o Liceu de Artes e Ofícios quanto a Escola de Aprendizes e Artífices aderiram a essas reformas e reformularam seus currículos, oferecendo principalmente cursos voltados para a indústria e para a construção civil. Mesmo com essas reformas educacionais, de 1931 e de 1942, o ensino secundário continuou destinado às elites condutoras do país, e o ensino profissional para as classes menos favorecidas. O ensino profissional tinha a finalidade de preparar o aluno para uma força de trabalho específica, aos setores produtivos ou burocráticos, sendo visto por muitas famílias como uma chance de ascensão social e econômica para seus filhos, ao contrário do ensino propedêutico, que tinha a finalidade de preparar os filhos das classes elitizadas do país para o ensino superior, no Brasil ou na Europa.

Percebe-se que as disciplinas da área de ciências humanas, quando ofertadas, serviam apenas para reforçar o nacionalismo, como já dito na introdução deste trabalho, por isso esses cursos

não percebiam a importância do ensino dessas disciplinas em seus respectivos currículos, não havia o entendimento de alguma importância, por parte da maioria dos alunos e até mesmo dos professores, da área de ciências humanas na formação dos alunos do ensino técnico.

Em 1945 ocorreu um grande incêndio no edifício do Liceu, que nesse período encontrava-se na Avenida Tiradentes. Grande parte das obras que estavam na Gipsoteca, gravuras e reproduções de obras europeias que eram utilizadas para fins de instrução pedagógica e exposições, foram destruídas. Em 1946 o governo do Estado de São Paulo desapropriou o prédio do Liceu situado na Avenida Tiradentes e, em troca, foi doado um terreno para a construção de um novo prédio na Rua da Cantareira. O prédio ficou pronto apenas no final da década de 1950, e a escola permanece nesse endereço até os dias atuais.

A partir da década de 1950 o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo recebeu uma licença do governo para funcionar em duas vertentes, a primeira denominada de Escola Elementar e a segunda de Escola Ramos de Azevedo. A Escola Elementar oferecia o ensino primário de quatros anos e mais dois anos de ensino em suas oficinas, e tratava-se de uma linha de ensino vocacional proposto pela Nova Escola que logo foi cancelado. A Escola Ramos de Azevedo oferecia os cursos preparatórios de desenho arquitetônico e desenho de máquinas, além das oficinas especializadas em madeira, ferro e outros materiais. Essas oficinas ofereciam cursos livres para a formação de profissionais, contudo não emitiam diplomas, o que mostra que eram um ensino prático voltado para a criação rápida de mão de obra especializada.

Com a retomada das obras públicas na área da construção civil na capital paulista, a demanda por hidrômetros aumentou muito, assim como os serviços de marcenaria e serralheria, o que gerou grande demanda para as oficinas do Liceu, que vendia as obras e produtos feitos

Com a retomada das obras públicas na área da construção civil na capital paulista, a demanda por hidrômetros aumentou muito, assim como os serviços de marcenaria e serralheria, o que gerou grande demanda para as oficinas do Liceu, que vendia as obras e produtos feitos

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