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2.2. Caracterização do Campo de Investigação

2.2.1. História da Organização

O centro pedagógico onde vai decorrer o estudo é um de muitos que pertencem a uma associação, que iniciou o seu percurso pedagógico, em 1882, por iniciativa do mecenas Casimiro Freire, com as Escolas Móveis.

Quando 80% da população portuguesa era iletrada, tornou-se urgente combater esse analfabetismo. Assim, e utilizando um Método próprio de ensino. Conseguiu-se alfabetizar, desde a sua fundação até 1920, vinte e oito mil adultos e crianças.

Este movimento foi acompanhado por diversas personalidades, como Bernardino Machado, João de Barros, Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz, Ana de Castro Osório, Homem Cristo, entre outros. A propósito da mesma escrevia Jaime Cortesão “O culto de... esse, é mais íntimo, mas não menos fecundo. Em volta do nome do grande Lírico, autor da Cartilha Maternal, juntaram-se muitos professores, intelectuais, artistas e construtores que lançam os verdadeiros alicerces da Pátria”.

Em 1908, passou a designar-se “Associação de Escolas Móveis pelo Método Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escola”.

Decorria o ano 1911, foi aberto em Coimbra o primeiro Jardim-Escola. Uma vez, que sentia a necessidade de espalhar e tornar duradoura a obra de instrução. E esse modelo vingou. Até 1953, foram criadas 11 Jardins-Escola.

Em 1917, foi inaugurado o Museu com o nome do Poeta-Educador, projecto de Escola-Monumento (da autoria de Raul Lino e hoje classificado património nacional), ao qual se congregaram copiosos intelectuais e artistas, entre os quais João de Barros e Afonso Lopes Vieira.

A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escola avolumou o número de alfabetizados através do seu Método com mais cento e trinta e cinco mil, seiscentas e quarenta crianças. Esse ano fica marcado pelo início da formação de Educadores de Infância, mas só em 1943 seria fundado, com carácter sistemático, o primeiro Curso de Didáctica Pré-Primária.

Duas décadas mais tarde, dá-se início aos Curso de Auxiliares de Educação Infantil (que viria a ser extinto em 1980), com o objectivo de dotar os estabelecimentos com pessoal qualificado, para que as crianças não estivessem entregues a vigilantes sem qualquer tipo de qualificação especializada.

Foi durante o Estado Novo, mais propriamente em 1936, com a ordem de encerramento da escola do Magistério Primário, que ficou bem patente a grandiosidade e respeito pela obra desta Instituição (hoje Instituição Particular de Solidariedade Social – IPSS), dedicada à Educação e à Cultura. O ministro Carneiro Pacheco, não se atreveu, dado o peso e o reconhecimento públicos desta Instituição, a encerrá-la, reconhecendo, no Decreto-Lei n.º 26893, de 15 de Agosto de 1936, o respeitoso projecto de responsabilidade e honestidade dessa instituição.

Foi este o reconhecimento público do trabalho do seu fundador, que de si próprio dizia ironicamente: Depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis aqui o João Sem-Nome. Era nesta modéstia, que se revia o pedagogo que já à época defendia: “É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar os políticos para a execução desses princípios. Eleito deputado por duas vezes (em 1913 e 1915), o nosso mecenas exerceu ainda os cargos de Governador Civil, de Ministro da Instrução Pública e de Ministro do Trabalho. Mais tarde verificou-se um novo ponto alto da história da instituição, decorria o ano de 1988, através de um diploma legal, o Decreto-Lei n.°408/88, de 9 de

Novembro, entrou em funcionamento a Escola Superior de Educação da mesma instituição, onde era ministrado os cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico – 1.º Ciclo.

A Escola Superior é uma entidade sem fins lucrativos. É propriedade da Associação de Jardins-Escola (Instituição Particular de Solidariedade Social – IPSS). Com origem da reconversão do Curso de Didáctica Pré-Primária, este foi o primeiro e durante muitos anos, o único a formar Educadores de Infância em Portugal, emprestando um contributo indubitável no desenvolvimento da Educação Infantil. Foram criados os cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico 1.o Ciclo, elaborados por um conjunto de doutores em Ciências da Educação, aos quais se juntaram os Cursos de Estudos Superiores Especializados, CESE em Investigação em Educação, Gestão Escolar e Desenvolvimento Pessoal e Social.

A atenção que dedica à pesquisa e à formação permanente dos alunos (e antigos alunos) é notória, não só na criação dos Cursos de Estudos Superiores Especializados, designadamente o de Investigação em Educação, como nas disciplinas desta área ministradas em todos os cursos, e nas 41 publicações e vídeos editados pela Escola, divulgando os trabalhos de investigadores nacionais e estrangeiros.

São convidados todos os anos, personalidades nacionais e estrangeiras ligadas às Ciências da Educação, para trabalharem com os alunos.

A partilha de ideias, o conhecimento de novas experiências, sempre com o objectivo de contribuir para a formação permanente, faz com que se realize, por norma, todos os anos, pelo menos três viagens de estudo a centros educativos, em Portugal e no estrangeiro, abertas a professores, alunos e antigos alunos.

Outro desafio se encontra em curso: a colaboração no desenvolvimento nas áreas das Ciências da Educação com a África Lusófona. Por solicitação de governos dos PALOP, nomeadamente, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe, tem sido possível dar formação a professores, em Língua Portuguesa, em Matemática e em Gestão e Administração Escolar, dos referidos países.

A Associação de Jardins-Escola e a Escola Superior de Educação têm ao seu serviço 973 pessoas, entre educadores, professores, auxiliares de

educação e outros colaboradores, cuja actividade se reparte pela ESE e por 34 Jardins-escola, distribuídos pelo País.

Desde a fundação das Escolas Móveis pelo seu Método próprio e posteriormente dos Jardins-escola com o mesmo nome, foram matriculadas aproximadamente 200 mil crianças.