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“Occupy was like a baba”

Em “um tempo em que as corporações, que colocam lucros acima de pessoas, interesse próprio acima de justiça e opressão acima de igualdade, controlam o nosso governo”, “eles” estão por trás de diversos fatos que precisam ser conhecidos: despejos ilegais de casas; resgates financeiros a partir do dinheiro de contribuintes; desigualdade e discriminação no local de trabalho; envenenamento de alimentos e monopólio; lucro a partir de práticas cruéis contra os animais; remoção do direito de negociar melhores salários e condições de trabalho; milhares de dólares em dívidas estudantis; terceirização da força de trabalho e correlatos corte de salários e de cuidados de saúde; influência escusa sobre as cortes e as leis; comoditização da privacidade; cerceamento da liberdade de imprensa; deliberado acobertamento de produtos perigosos, vazamentos de óleo, acidentes e falsa contabilidade; controle da política econômica e doação de largas somas de dinheiro a políticos que deveriam regulá-los; perpetuação da dependência de petróleo ao invés do investimento em novas formas de energia; desinformação generalizada através do controle sobre a mídia; aceitação de contratos privados para a execução de prisioneiros sob os quais pairam dúvidas acerca da culpa; perpetuação do colonialismo no país e no exterior e tortura e assassinato de civis inocentes; criação de armas de destruição em massa visando receber contratos governamentais.

“Eles” não são “nós”. Nós, “como um povo, unido”, estamos “juntos em solidariedade para expressar um sentimento de injustiça coletiva”. Nós somos “a Assembleia Geral da Cidade de Nova York”. No momento em que nos apresentamos, estamos ocupando Wall Street na Liberty Square37. Este é, na verdade, um direito nosso, na medida em que a corrupção do

sistema pelo poder econômico não permite que este sistema garanta nossos direitos. Mandamos um recado para todos os povos do mundo, para aqueles e aquelas que se sentem injustiçados pelas forças corporativas: afirmem seu poder, exercendo o direito de pacificamente se reunirem, ocupando o espaço público, criando um processo que enderece problemas e gere soluções acessíveis para todo mundo. Àquelas comunidades que formarem grupos no espírito da democracia direta, saibam que encontram em nós um aliado.

37 Liberty Square foi o nome dado ao Zuccotti Park com a ocupação e era usado por muitos occupiers, bastante

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A apresentação acima foi adaptada da Declaration of the Occupation, aprovada por consenso em 29 de setembro de 2011 pela NYCGA (ver Anexo V). Este documento é uma das três declarações apresentados pela NYCGA nos quase dois meses de acampamento no Zuccotti Park. Constituindo-se como uma explicação, uma justificação e uma publicitação do que se passava ali naquele parque, este documento foi usado nesta pesquisa como ponto de partida para a construção de uma narrativa sobre o OWS – uma narrativa que, inclusive, possa informar o leitor sobre os traços básicos do movimento e fundamentar as questões sobre o OWS a serem discutidas ao longo dos capítulos, em especial aquelas sobre sua forma, sua estrutura de organizaão peculiar. Neste documento podem ser encontradas indicações fundamentais para a construção de uma narrativa: quem, o quê, quando, onde, como e por que. Sendo assim, elas formam um bom começo, mas certamente é preciso ir um pouco mais fundo em cada uma das tais indicações para que se obtenha uma percepção mais ampla e mais aprofundada do OWS.

Sobre os documentos selecionados e o olhar sobre os documentos

Le Goff (2003) explicou que todo documento é um monumento por ser um esforço daqueles com ele envolvidos para a construção – consciente ou não – de uma imagem para o futuro. Nesta pesquisa, a aproximação entre documento e imagem é inspiração – se pensada heterodoxamente – para a mobilização de documentos do OWS com vistas à construção de uma narrativa. Conforme é verdade para inúmeros outros movimentos sociais, recorrer aos documentos do OWS parece ser uma maneira coerente de iniciar a abordagem acerca do mesmo, na medida em que documentos trazem consigo a produção e a reflexão internas ao grupo (ou aos grupos) aos quais se relacionam. No caso do OWS, iniciar a partir dos documentos também significa, conforme será esclarecido adiante, abrir as portas para entender toda a complexidade relacionada ao movimento. Através de um olhar atento aos documentos, a imagem que emerge do movimento é uma extremamente plural, multifacetada, diversificada. Contraditória por vezes. Como se explica, enfim, tal imagem?

Quando se fala de Occupy movement em geral, o qual floresceu em todos os cantos dos Estados Unidos a partir dos acontecimentos em Nova York, Erde (2014) pontua que existem quatro categorias de iniciativas relacionadas à coleta, à catalogação e, eventualmente, à manutenção de registros. Consequentemente, existem também diversas fontes capazes de proporcionar material relevante a pesquisadores e pesquisadoras e oferecer caminhos para

entender suas manifestações específicas, como o OWS – a mais destacada delas e a única que aqui me preocupa:

1. Projetos de arquivos idealizados ou iniciados por participantes do movimento, através de um grupo de trabalho preocupado com memória e registros. Como um exemplo de projeto do tipo, cito os an-archives no OWS, onde se vislumbrava uma maneira de romper com a ideia de arquivo único do movimento e construir, por sua vez, uma rede descentralizada de inúmeros arquivos (cf. Dean, 2011a; Erde, 2014)38.

2. Instituições formais de arquivo que coletaram material do movimento por conta própria, aceitaram doações e/ou auxiliaram com conselhos para manutenção de acervos – por exemplo, o Smithsonian National Museum of American History, a New York Historical

Society, a Tamiment Library and Robert F. Wagner Labor Archives39.

3. Grupos e indivíduos com certo know-how que ajudaram ativamente no trabalho de coleta dos occupiers, como, por exemplo, os Activist Archivists.

4. Grupos que iniciaram projetos para organizar, disponibilizar e preservar virtualmente o material do Occupy movement – seja através de instituições formais, seja através de dentro do próprio movimento40.

É difícil tomar cada uma destas quatro iniciativas em isolado. Arquivistas ativistas por vezes trabalhavam em instituições formais, o mesmo grupo de trabalho podia preocupar-se com arquivos físicos e arquivos digitais etc. O importante, inicialmente, é a percepção imediata de quão variadas as iniciativas podem ser.

Através da variedade de iniciativas listadas acima, já se pode notar alguns aspectos importantes em relação ao Occupy movement e ao OWS. Considere-se, primeiramente, que ele tinha na internet um pilar fundamental. Websites, blogs e redes sociais foram importantes para divulgação, comunicação e mesmo organização interna e, por isso, figuram como importantes peças para preservação. Além disso, o Occupy movement – e, mais fundamentalmente, o OWS –

38 “Eu escrevi um e-mail para a Amy cerca de um mês atrás, mas ela só respondeu na semana passada. Nós

decidimos nos encontrar no Interference Archive e ter uma conversa informal. Eu pensei em preparar algum roteiro ou algo assim, mas (...) eu gostaria apenas de pedir a ela que verificasse o que tinha escrito [sobre os arquivos] até agora. (...) Por exemplo, sobre os an-archives, ela disse que ‘nunca aconteceu, estava tudo na cabeça dele, nunca aconteceu’.” (nota de campo, 29/08/2016).

39 O arquivo relativo ao OWS encontrado na Tamiment Library and Robert F. Wagner Labor Archives, com sede na

New York University (NYU), foi consultado para esta pesquisa. O acervo constitui-se, na verdade, do material coletado pelo Archives Working Group do OWS e posteriormente doado à NYU, cerca de um ano após o início do movimento.

40 (Um) Arquivo digital – Occupy Movement 2011/2012 – pode ser encontrado em: https://archive-

permitia uma variedade muito grande de manifestações, que se traduzia, dentre outros, nos cartazes feitos à mão por indivíduos que se juntaram aos protestos, ao acampamento etc. O caráter fugidio de tais materiais é o que explica a urgência – e também uma dificuldade – na coleta dos mesmos. Ainda, existia uma diversidade na postura frente aos documentos – por vezes mais tradicional, segundo os procedimentos teóricos e práticos mais consagrados, por vezes mais alternativo, segundo princípios defendidos pelo movimento ou parte de seus membros. Às vezes era preciso conciliar ambas posturas ao mesmo tempo (cf. Evans; Perricci; Roberts, 2014). O destino de cada uma das iniciativas também é diverso: enquanto material sobre o OWS pode ser encontrado em uma sólida instituição dedicada à história de movimentos sindicais e de esquerda como a Tamiment Library and Robert F. Wagner Labor Archives, alguns documentos terminaram no fundo de gavetas de alguns occupiers e algumas occupiers a partir do encerramento das atividades dos grupos, acabaram descartados ou migraram meio descoordenadamente para outros locais e outros projetos junto com indivíduos que vieram a encampá-los41.

Considerando os diferentes perfis das iniciativas elencadas acima, também é possível perceber que não há controle – quiçá controle centralizado – da produção de documentos, seguindo o ethos geral pretendido pelo movimento: aberto e não hierárquico. Desta forma, houve uma explosão da produção de textos, imagens, vídeos etc. e é extremamente difícil delimitar o que aconteceu dentro e o que aconteceu fora do Occupy movement/OWS. Consequentemente, é difícil definir até mesmo o que é um documento do OWS propriamente dito.

Também não há uma distinção clara entre o que é considerado um registro criado pelo movimento – um registro oficial – e o que é considerado um registro de fora criado sobre o movimento, devido ao fato de que o movimento é aberto a todos, reivindicando representar “os 99%”. Não há razão para que, por exemplo, os minutos de uma reunião da Assembleia Geral do Occupy Wall Street, publicada no site do Occupy Wall Street, sejam privilegiados em relação a, ou vistos como mais oficiais que, um vídeo anonimamente carregado no Youtube mostrando a mesma reunião (Erde, 2014, p. 2; grifos da edição original).

Um argumento central desta tese é o de que a forma do OWS, a estrutura de organização adotada por este movimento social, tem papel fundamental em sua trajetória e deve ser tomada como elemento chave para sua compreensão. Ao longo das próximas páginas e dos próximos capítulos, revelo continuamente que o OWS se constitui de fronteiras abertas, flexíveis e

41 “Migração” de documentos é o caso dos envolvidos com os Activist Archivists, conforme relatado em website –

http://activist-archivists.org/wp/ (acesso: 21/06/2016). Arquivos autosustentáveis, como o Interference Archive, também receberam material do movimento após um certo período.

indefinidas e de uma estrutura interna bastante fluida. Igualmente ao longo da exposição, reflito sobre as consequências de tal constituição aberta, flexível, fluida. A compreensão e a discussão acerca destes específicos traços do OWS é, portanto, uma tarefa a ser desenvolvida no decorrer da tese. No entanto, é preciso ter em mente a influência da estrutura de organização do OWS já neste início, pois ela também é relevante na e para a narrativa do OWS apresentada.

A questão, no caso, é como selecionar os documentos para a narrativa apresentada, sabendo que diversos são os caminhos que podem ser tomados. É preciso saber acolher o preceito de que não há uma distinção clara dentre os registros relacionados ao OWS e nem uma classificação fechada dos mesmos. A seleção não pode, por um lado, elevar algum ou alguns materiais ao status de “documento com d maiúsculo”. Por outro lado, também não pode cair no relativismo que considera qualquer coisa propagada através/pelo/com o OWS como explicativa deste movimento42. O necessário equilíbrio entre estes dois extremos foi encontrado, enfim, com

a escolha de materiais escritos que apresenta(va)m uma certa consistência – como, por exemplo, publicações com uma sequência ou websites com recorrentes atualizações (ao menos) durante o período de cerca de um ano inicialmente delimitado43. Considerar uma tal consistência visava

diminuir a possibilidade de que se analisasse materiais isolados e/ou restritos a momentos, eventos ou acontecimentos muito particulares. Dentre as publicações e websites tidos como consistentes, foram priorizados aqueles criados a partir de grupos de trabalho do OWS, como iniciativas inéditas44. Ainda, procurou-se considerar uma variedade de perfis dentre tais

publicações e websites – de modo a incluir relatos em primeira mão dos acontecimentos, mas

42 Milhares são os documentos que podem ser relacionados ao OWS e, com isso, existe outro aspecto que foi

também considerado na seleção dos documentos utilizados nesta pesquisa e que merece um breve esclarecimento. Como trabalho para obtenção do título de doutora, este é o resultado de uma tarefa primordialmente individual. Não fiz parte de grupos de pesquisa relacionados ao objeto e/ou à temática mais ampla desta tese e minha análise não é, portanto, peça de um quebra-cabeça maior, que pôde se beneficiar diretamente de esforços coordenados de investigação. Com isso, a seleção de documentos também considerou o que era mais adequado a uma pesquisa desenvolvida por uma única analista, que não possuía residência fixa em Nova York, e o que era mais alinhado, de fato, aos objetivos da pesquisa. Conforme sinalizado na Introdução, na medida em que se revelou que o segredo do OWS está na forma do OWS, confirmou-se que não fazia sentido fixar-se no conteúdo dos textos, ilustrações, vídeos etc. de forma a extrair deles uma – ou a – posição do OWS. Retomando o que já fora informado no início deste capítulo, decidiu-se que era muito mais produtivo que os documentos fossem utilizados para uma apresentação inicial do movimento ao leitor, juntamente com a introdução de questões a serem trabalhadas mais a fundo. A narrativa visualizada a partir dos documentos selecionados seria então cruzada com as informações coletadas a partir de entrevistas e observação participante.

43 A inicial delimitação considera o primeiro ano de vida do OWS.

44 Esta observação é importante na medida em que alguns grupos, coletivos, movimentos há tempos ativos em Nova

York organizaram séries para discutir o OWS e dar voz aos occupiers. Por exemplo, n+1 é uma revista digital e impressa de cunho progressista sobre literatura, cultura e política, na praça desde 2004. Entre 2011 e 2014, n+1 lançou a série Occupy! An OWS-inspired Gazzette, com vários relatos, entrevistas, análises sobre o OWS. Esta gazeta obviamente contou com toda a infraestrutura existente a partir da n+1 de todo dia e não pode ser severamente dissociada da política (editorial) da n+1. No entanto, que a gazeta em questão apresente relatos em primeira mão, dando voz ativa a diversos occupiers ao redor dos Estados Unidos, e que muitos colaboradores e mesmo editores de n+1 tenham participado e contribuído diretamente com o OWS (e com outros acampamentos no país) é mais um exemplo da dificuldade em traçar uma linha precisa e clara entre produção do/sobre/pelo movimento.

também eventuais análises mais aprofundadas. Os documentos gerados a partir da NYCGA durante o período de ocupação no Zuccotti Park, justamente por serem fruto do espaço comum e (formalmente) comunal do OWS e seus grupos de trabalho, foram também selecionados – como seria de se esperar.

Após todas as ponderações citadas, chegou-se, enfim, ao seguinte corpo de documentos: • #OccupyWallStreet: A Shift in Revolutionary Tactics: primeiro chamado para a

realização de uma ocupação em Wall Street, assinado pela revista Adbusters45.

• Declaration of the Occupation; Principles of Solidarity (Anexo VI); Statement of

Autonomy (Anexo VII): declarações aprovadas por consenso pela NYCGA durante o

período de acampamento no Zuccotti Park, estabelecendo alguns parâmetros centrais do OWS e da ocupação.

• www.occupywallst.org: website em formato blog, iniciado em julho de 2011, antes do período de ocupação propriamente dito. Como o primeiro dentre os websites relacionados ao OWS, transformou-se no canal online com o selo do Occupy

movement mais conhecido e mais acessado. Mescla chamados para as ações, informes

sobre a ocupação e os protestos, reportagens da mídia e mesmo algumas análises teóricas sobre o movimento e análises de conjuntura.

• The Occupied Wall Street Journal: seis (6) números, publicados de forma impressa (e divulgados em meio online de forma não-coordenada) dentre outubro de 2011 e “spring 2012” (ou May Day). Composto majoritariamente por textos assinados pelos respectivos autores (poemas e afins inclusos) e ilustrações, o jornal mantém o foco nos acontecimentos relacionados à ocupação, aos protestos nas ruas e desdobramentos mais imediatos do movimento, com algumas análises de temas relevantes ao Occupy

movement nas duas últimas edições.

• Metroccupied: três (3) números, publicados de forma impressa (e divulgados em meio online de forma não-coordenada) dentre abril e setembro de 2012. Usando como modelo o layout de uma publicação popular local distribuída nas ruas (Metro46), não apresenta nenhum texto assinado e concentra-se em eventos e campanhas lançadas após reintegração do Zuccotti Park.

• Tidal: occupy theory, occupy strategy: quatro (4) números, publicados de forma impressa e online no período de dezembro de 2011 e fevereiro de 2013. Em forma de revista especializada, ainda que procurando, em tese, promover linguagem acessível,

45 Apesar de peça única, fugindo dos critérios relacionados acima, o texto é fundador da ideia de se ocupar Wall

Street.

os textos assinados se propõem a refletir teoricamente sobre temas, tópicos etc. relativos ao OWS e abrir diálogo entre occupiers e quaisquer interessados ou interessadas em atuar politicamente.

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A definição do corpo de documentos configura-se como uma escolha importante, mas não é a única a ser feita com relação à análise documental. Concomitante a tal escolha, é preciso que se defina, ainda, a maneira como se aproximará dos documentos. Digo concomitante na medida em que um dado conjunto de registros não pode ser isolado dos objetivos de pesquisa e do que, afinal, se deseja extrair de cada um dos documentos por ventura considerados. Aqui, procuro refletir sobre um movimento social e construir uma crítica das representações e práticas – ideologia – do mesmo. Os materiais relacionados a este movimento apresentam-se, de fato, enquanto expressão e manifestação de um conflito, uma luta envolvendo muitas ideias e também práxis – que se desenvolvem a partir da crítica do OWS a “eles”. Porém, na medida em que podem se estender ad infinitum – ou quase – e são marcados por certas dinâmicas particulares ao modo como o movimento se organiza(va), os registros do OWS não são capazes de revelar de modo peremptório um programa ou plataforma política a ser levado a cabo. E nem é um suposto programa ou plataforma suficiente para uma compreensão acurada do movimento em questão – conforme comentado na Introdução e explicado ao longo desta tese. Dentre os documentos, pode-se perceber a coexistência de diferentes posições e explicações para suas diferenças com “eles”. A combinação de todos estes fatores explica a opção anteriormente apresentada de se aproximar dos documentos relacionados ao OWS para deles extrair uma narrativa sobre o movimento, revelando seus traços fundamentais e suas questões relevantes – uma imagem do OWS.

Se a ideia então é dar vazão a uma narrativa, o primeiro aspecto a ser tomado em consideração é o contexto no qual cada um dos documentos se encontra e faz parte – onde?

quando? Desta forma, evidenciam-se os motivos – por quê? – da emergência de um movimento

como o OWS – o quê?47 Revelam-se os significados e os sentidos dos argumentos utilizados, na medida em que são localizados dentro de um campo de embate e, por conseguinte, contrastados com as opções ou os adversários existentes – quem? Dessa forma, também é possível avaliar em que medida há e quais são os pontos de contato entre o(s) discurso(s) encontrado(s) nos

47 Ou, ao menos, evidenciam-se parte dos motivos para a emergência do movimento, na medida em que outros

documentos considerados e a ordem hegemônica vigente. Igualmente, pode-se avaliar a influência que exerce um lado sobre o outro – caso haja, de fato, alguma influência ou mesmo algum ponto de contato.

Para que pudessem ser revelados traços fundamentais e questões relevantes do movimento, optou-se por uma estratégia indutiva de leitura. Ou seja, sem que se definisse a priori tópicos, temas, categorias ou conceitos que seriam explorados em cada uma das unidades textuais, preferiu-se contemplar os próprios textos para construir o conjunto de aspectos a ser trabalhado. Mais especificamente, utilizei a Declaration of the Occupation, primeiro documento aprovado pela NYCGA, para definir as linhas gerais da narrativa do OWS – e que foram expostas na abertura deste capítulo. Conforme se avançava, foi possível explorar com maior profundidade, contrastar, nuançar, reavaliar as linhas gerais inicialmente adotadas e dar espaço a novas questões que foram emergindo da leitura e da análise do conjunto de documentos.

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