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A HISTÓRIA VISTA A PARTIR DA VIDA

O EXTEMPORÂNEO: NIETZSCHE, A ALEMANHA E A ESCOLA DOS GREGOS

“Misterioso e difícil de compreender é o laço que une verdadeiramente o ser

profundo dos alemães e o gênio grego” (NIETZSCHE). “Tal espécie de música expressa da melhor maneira o que penso dos

alemães: eles são do anteontem e do depois de amanhã — eles ainda não tem hoje” (NIETZSCHE).

Na Alemanha oitocentista, no momento em que a filosofia de Nietzsche entra em cena, a afirmação historicista do caráter histórico da realidade, da vida humana e de seus produtos, tinha encontrado dois enfoques que, pela abrangência de sua influência, podem ser destacados como principais. De um lado, com Hegel (1770-1831) e sua filosofia da história, o historicismo transformou-se em uma reflexão sobre o sentido da história humana baseada na idéia de que a mesma possui um uma meta, obedecendo assim a um plano racional. Por outro, através do esforço de professores alemães para transformar a história em uma disciplina acadêmica a ser praticada por especialistas através de um método científico e empírico, o historicismo passou a confundir-se com a historiografia alemã que, buscando separar a história das generalizações e dos compromissos práticos e políticos da filosofia e dos filósofos, deu à luz ao que está na base do conceito de história de muitos de nossos historiadores: a história como a ciência de um passado singular e , portanto, irrepetível. Como o conhecimento de um passado que só pode ser compreendido sob a condição de tornar-se objeto de um criterioso estudo documental, assim como também sob a condição de não ter a sua singularidade dissolvida em generalizações filosóficas ou de qualquer outra espécie.

O historiador Leopold von Ranke (1795-1886) destacou-se como o principal teórico e praticante deste tipo de historicismo que, alargando a sua influência para muito além do mundo alemão, sob diferentes leituras e apropriações , acabou por produzir a história ciência. Em seu pensamento histórico, Ranke negou a idéia de progresso a partir da qual, para serem compreendidos, os eventos históricos deveriam ser inseridos em um esquema metafísico pré-estabelecido. Para Ranke, devendo separar-se dos grandes esquemas filosóficos, a historiografia deveria tratar cada época

“não como um degrau para outra época histórica”, mas como algo que “subsiste por si e tem seu próprio valor” ( CROCE, 2006, p. 125).

Devendo limitar-se a explicar os acontecimentos do passado tal como tinham ocorrido de forma imparcial e objetiva, o historicismo protagonizado por Ranke buscaria uma espécie de “história pura” (Ibid, p. 135-136), que se negando a extrair o seu olhar sobre o passado das necessidades e inquietações práticas do presente, na visão da teoria da história de Croce, sofreria mesmo da falta de problema histórico (Ibid). Ranke foi nomeado para a posição de historiógrafo real pelo rei Frederico Guilherme IV da Prússia, chegando também a receber mais tarde um título de nobreza. Essa proximidade com o poder, e o modo conservador como abordou a história prussiana, fez com que o mesmo recebesse críticas em sua época, assim como após a sua morte (HUGHES- WARRINGTON, 2002, p. 292). Para Croce, por exemplo, desfrutando de ligações privilegiadas com o poder político, o historicismo alemão teria sido “cultivado nas mentes de homens que eram dedicados serviçais do rei e do Estado” (CROCE, 2006, p. 1140), sendo o próprio Ranke “um tímido conservador subserviente ao governo prussiano” (Ibid, p.127).

Voltando a Hegel, como começamos a ver, temos a afirmação de que a história é governada pela razão. Dessa forma, a realidade humana é, para o filósofo, um processo racional na medida em que não é mais do que a realização de um princípio racional, de uma idéia que, não se importando em fazer do devir uma teodicéia, Hegel chega a qualificar como divina.

A história, de acordo com o filósofo, é a história da humanidade, ou mais precisamente, da marcha do espírito: espécie de mente universal, que revela a sua essência, princípio ou idéia, ao longo do tempo. A essência ou verdade do espírito é a liberdade, uma idéia divina que, através da saga dos povos, dos indivíduos e das nações, se concretiza progressivamente na mente e nas instituições políticas humanas, servindo-se para tanto das lutas e das contradições que, segundo Hegel, são o motor que faz a história desenrolar-se. Em suas manifestações, o espírito segue sempre negando a si próprio para poder estar sempre em conformidade consigo mesmo. A esta lógica belicosa que põe a história em movimento, Hegel deu o nome de dialética. Com a dialética, portanto, a violência, os conflitos e as guerras tornam-se as parteiras da história, de tal forma que o filósofo chega mesmo a afirmar: “A história universal não é o palco da felicidade. Os períodos felizes são páginas em branco da história, são os períodos dos acordos, das oposições ausentes” (HEGEL, 1995, p. 30)

Para Hegel, assim como uma árvore adulta já encontra-se presente na semente enquanto potencialidade que demanda tempo para se desenvolver; a liberdade, verdade e objetivo final da

história, encontra-se desde o início presente no espírito como um programa a ser cumprido. O espírito entra e se desenvolve na história apenas para tornar-se o que ele já é em sua essência, de tal modo que, não importando o que nela aconteça ou o que a ponha em movimento, a marcha da história não tem como deixar de ser manifestação e realização da liberdade. Essa idéia tornou o pensamento de Hegel especialmente perigoso, pois trouxe consigo o sentido e a noção de que toda mudança, não importando pelas mãos de quem e em direção à que, apresenta-se como necessária e benéfica do ponto de vista do sentido essencial e divino da história: o progresso da liberdade. Na visão de Hegel, através de sua dinâmica dialética e belicosa de estar sempre negando e destruindo o que em suas manifestações tornou-se anacrônico, para deste modo poder estar sempre atualizado com a sua idéia ou essência, o espírito acabaria por encontrar a sua realização plena em um Estado ideal. Nele, a idéia que constitui a essência do espírito universal — ou seja, a liberdade — encontraria realização na conciliação entre os interesses individuais e o interesse da comunidade. O Estado ideal é o momento em que toda contradição se resolve. Em que a essência do espírito toma forma efetiva. O espírito torna-se então espírito absoluto. Liberdade plenamente realizada. Verdade que enfim conhece e vivencia a si mesma.

Os intérpretes de Hegel foram divididos em hegelianos de direita e hegelianos de esquerda, dependendo, entre outras coisas, do lugar onde colocavam este Estado ideal que, segundo o filósofo, seria a realização plena do espírito universal. Os que puseram-no na modernidade germânica presente — lugar onde o próprio Hegel colocou-o — assumiram uma postura conservadora, fazendo crer que nenhum desenvolvimento significativo poderia ainda ser alcançado. Fizeram, portanto, o homem ocidental acreditar em sua velhice. Os que puseram-no no futuro, tornaram o historicismo uma forma de utopia revolucionária. Ou como nos diz Albert Camus, fizeram da história e da política modernas uma espécie de religião horizontal. Quer dizer, religião na qual busca-se salvação não no transcendente (vertical), mas sim no futuro (CAMUS, 2005) . Ambos, hegelianos de esquerda e de direita, mesmo que inconscientemente, atribuíram uma substância divina, messiânica, espiritual e religiosa ao sucesso, ao poder, ao Estado, à história e à política. Um pensamento com conseqüências nefastas para a vida política do século XX, marcada por delírios totalitários fascistas, nazistas e socialistas, e por intelectuais “progressistas” tristemente idiotizados por sua consciência histórica, e assim prontos para fornecer justificação ideológica para qualquer tipo de terror, autoritarismo e desvio ético que, no campo político, mostrou-se capaz de apresentar-se ideologicamente como promovedor do avanço da história.

Na primeira fase de sua filosofia, Nietzsche — que até então era um jovem filólogo10

Se com Ranke o uso da história ligou-se a um afastamento da vida prática do presente, e se com Hegel ele ligou-se a uma reflexão sobre o mundo moderno marcada pela idéia de progresso, uma outra tradição alemã misturou a reflexão sobre a modernidade com a reflexão sobre os gregos e sobre a arte. Autor da celebre obra Reflexões sobre a imitação da arte grega na pintura e na escultura, de 1775, Winckelmann, de acordo com Roberto Machado

catedrático da renomada universidade da Basiléia, portanto um homem familiarizado com os métodos da ciência histórica de seu tempo — rejeitou tanto a visão do historicismo racionalista de Hegel quanto a visão do historicismo cientificista de Ranke. Não sendo ele de modo algum hostil ao preceito historicista de que o olhar histórico é um princípio fundamental de inteligibilidade dos fenômenos humanos, ferramenta indispensável para a sua compreensão, sua rejeição dos modelos de abordagem histórica da realidade fornecidos por Ranke e Hegel deve-se ao fato de que, no seu entender, ambos eram formas igualmente conservadores de pensar a história e a condição moderna, apelos igualmente inaceitáveis ao culto do Estado, da ordem e dos valores existentes. Recusando as formas dominantes do histocismo germânico, Nietzsche acabou, no entanto, travando contato com um outro olhar tipicamente alemão sobre a história e a condição moderna. Um olhar que, sob diferentes arranjos, pregava a importância de uma reforma da arte e da cultura moderna através do diálogo com os valores, com a arte e a cultura dos gregos da antiguidade. Winckelmann, Goethe, Schiller, Wagner e, por fim o próprio Nietzsche, foram alguns dos grandes expoentes desta tradição que, como veremos, ligou o conhecimento do passado a busca no mundo grego de um modelo de homem, arte e cultura a partir do qual uma política de crítica e reforma cultural e estética deveria ser praticada no presente.

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Winckelmann encontrou na pintura e na escultura da Grécia clássica um ideal de beleza marcado pela grandeza serena e pela simplicidade nobre. A partir daí, atribuindo a este ideal um valor atemporal e paradigmático, ele então exortou os alemães a nele se inspirarem, não para meramente copiarem-no, mas sim para, através dele, encontrarem e expressarem a sua originalidade. Dessa , foi o pai de uma nova maneira de pensar os gregos, para a qual a imitação da cultura Grega deveria servir como base para uma política cultural orientada para a constituição da identidade nacional alemã e para a afirmação da originalidade de sua cultura ( MACHADO, 2006).

10 Em seu dicionário de filosofia Abbagnano nos fornece as seguintes definições de filologia: 1. “ciência da palavra”; 2.

“estudo histórico da linguagem”; 3. “ciência que tem por objetivo a reconstituição histórica da vida do passado através da linguagem, e portanto os documentos literários desta” (ABBAGNANO, 1970, p. 419-420).

11 Minha dívida com Roberto Machado é gigantesca. Foi através dos seus livros Nietzsche e a polêmica sobre O

Nascimento da Tragédia e O Nascimento do trágico de Schiller a Nietzsche, que eu pude entender melhor com que tipo de consciência histórica alemã Nietzsche dialoga na primeira fase de sua filosofia.

forma, criou-se então o lema de que os alemães deveriam copiar os gregos para tornarem-se inimitáveis, um lema que acabou por tornar a Grécia antiga um modelo de cultura e grandeza humana em relação ao qual todo afastamento significaria decadência e barbárie (MACHADO, 2006).

Em sua reflexão sobre a arte grega, “bem mais do que uma exposição histórica”, Winckelmann fez do olhar histórico um instrumento de crítica do presente, assim como a base de um programa cultural para o mundo germânico(GADAMER, 2002, p. 310). Assim, se como vimos no capítulo passado, o pensamento histórico de Herder, ressaltando “uma inesgotável produtividade da vida histórica”(Ibid, p. 314), chamou a atenção para o fato de que o gênio humano foi e é capaz de assumir as mais diferentes formas nas diversas culturas, sendo cada uma delas igualmente rica e significativa como expressão do seu próprio contexto, muito diferente é a visão de Winckelmann. Atribuindo a arte grega o sentido de ser um modelo atemporal e superior de beleza e cultura, Winckelmann deu ao estudo do passado e das realizações culturais humanas um caráter hierárquico e uma dimensão orientadora da vida presente que as correntes do pensamento histórico alemão que estiveram na base da formação da história ciência buscaram negar. Fazendo brilhar na antiguidade grega a luz instigante e orientadora de valores culturais e estéticos atemporais, seu pensamento possuía um forte caráter pré-historicista, mas que, no entanto, foi capaz de plantar no solo da cultura alemã as sementes de onde iriam germinar futuros questionamentos corretivos do ímpeto conservador do historicismo germânico: sua tendência para desconectar os estudos históricos das necessidades práticas do homem do presente ( historicismo de Ranke) , assim como para mitificar as instituições e arranjos políticos vigentes como sendo a mais sublime realização da grande epopéia do espírito humano ( historicismo de Hegel).

Para muitos daqueles que entraram em tal escola dos Gregos aberta por Winckelmann, a modernidade assumiu o caráter ambivalente de ser algo decadente, na medida em que afastada da grandeza helênica, e ao mesmo tempo promissora por sua capacidade de, sobretudo através da arte, e cada vez mais, do teatro, reencontrar, sob uma nova forma, a força, a vitalidade, a grandeza e a beleza que um dia brilharam no mundo através dos helenos. A grandeza, imaginou-se então, era do anteontem e será do depois de amanhã. Embora ela ainda não tenha um hoje, mediante uma arte (visão de Wagner) e uma filosofia do futuro ( visão de Nietzsche), sob a ação presente do gênio alemão, e graças a inspiração do gênio helênico, ela voltaria a existir outra vez. Em Nietzsche, esta visão alimentou uma postura filosófica para a qual, ao homem de gênio do presente, aquele com capacidade de oferecer uma meta para a sua época, caberia a tarefa de, através do diálogo com o passado, atuar contra o seu tempo a favor de um tempo e de uma cultura do futuro. Um modo de

ação, de pensar e agir no mundo, ao qual ele chamou de extemporâneo. Na atitude extemporânea, não se trata de buscar um sentido ou ideal em supostas leis da história, comportamento delirante e resignado de quem busca um Deus atrás dos eventos históricos. Mas sim, ao contrário, mediante a força plástica e a potência criadora do gênio filosófico e artístico, forjar um sentido e uma meta para um mundo eternamente indiferente aos anseios humanos por racionalidade e justiça. Um mundo que não pode ser redimido de sua dor e contradição eternas, mas apenas significado pelo mito e transfigurado pela arte. Que não pode ser corrigido, mas apenas amado.

De 1873 até 1876, Nietzsche publica uma série de quatro polêmicas contra a sua época denominadas Considerações extemporâneas12

A cultura desvitalizada como mera erudição, o pensamento tornado nocivo pela sua perda de contato com a vida, a superativação da memória através de um historicismo hegemônico, a conversão da arte em entretenimento, o domínio da vida espiritual pelo Estado, a pobreza da vida intelectual e do olhar do especialista e o massacre da espontaneidade da juventude por uma educação que com isso a impede de verdadeiramente se formar; esses e muitos outros, eram alguns dos malefícios de seu tempo contra os quais Nietzsche opunha-se através das extemporâneas. Nesta luta contra a forma vigente do moderno, uma confrontação do atual com o arcaico aparecia como prática constante por parte de uma filosofia que encontrava no mundo grego formas ideais de pensamento, cultura e sociabilidade. Na extemporaneidade, portanto, temos, como elemento intrínseco e permanente, a articulação de uma reflexão que faz incidir sobre o presente a imagem de uma saúde e grandeza perdidas através das quais um determinado passado é evocado como referência e motivo transformador para a vida.

. Nessas polêmicas, tal como no livro O nascimento da tragédia (1872), a influência que a filosofia anti-racionalista de Schopenhauer vinha exercendo sobre a vida intelectual extra e anti-acadêmica da Alemanha aparece articulada de modo singular por Nietzsche em uma espécie de manifesto crítico contra a cultura alemã vigente e o horizonte intelectual do mundo moderno. Nelas, fala o filólogo que, por ter colocado a arte moderna da interpretação filológica a serviço do programa cultural de revitalização da cultura alemã através da imitação dos gregos; por ter abraçado a ópera Wagneriana como lugar de renascimento do espírito trágico da Grécia de Ésquilo; e por ter tomado de Schopenhauer o princípio de que a vida é o problema ao qual o pensamento deve responder; se viu então forçado a romper com o espírito científico e contemplativo da academia para assumir em público a sua vocação filosófica.

12 Unzeitgemässe Betrachtungen recebeu em português duas traduções principais: Considerações intempestivas e

Na segunda de suas considerações extemporâneas, publicada em 1874 sob o título Da utilidade e desvantagem da história para a vida, como veremos a seguir, o pensamento extemporâneo idealizado por Nietzsche executa uma interessante e inusitada crítica da razão histórica de seu tempo a partir da questão dos perigos e benefícios que a história pode trazer à vida. Trata-se sobretudo de um impressionante e vigoroso manifesto através do qual, em um estilo inigualável, uma filosofia da vida procurava agir contra o que entendia ser o constrangimento e a virulência de um historicismo que ameaçava a vitalidade de toda uma nação através do caráter indiscriminado de seu exercício e de sua adoção. Em tal contexto, falar de uma crítica da razão histórica significa falar não de um empreendimento crítico de caráter epistemológico que buscaria traçar para o conhecimento histórico limites cognitivos capazes de estabelecer critérios para discernir entre o bom e o mau conhecimento do ponto de vista da verdade, da objetividade, da metodologia, enfim, da consistência cognitiva. Ao contrário, o empreendimento critico contido na segunda extemporânea, buscava traçar para a razão histórica limites do ponto de vista de seus efeitos sobre a vida e de suas implicações sobre a cultura. O que importava era traçar para o exercício e a formatação do conhecimento histórico limites para além dos quais ele seria nocivo para a vida de indivíduos, povos e épocas. Estranhamente, o filósofo crítico é aqui um médico, e seu paciente a cultura. Sua crítica do conhecimento não visa produzir critérios epistemológicos, mas sim critérios que talvez podemos chamar de éticos, políticos13 e vitais.

13 Para Nietzsche, como nos mostra Ansell-Pearson, a política só tem razão de ser na medida em que é um meio e não

um fim. Ela deve ser um meio para a produção da cultura, sendo esta última entendida pelo filósofo como cultivo da grandeza humana, como criação das condições de possibilidade de elevação do tipo homem (ANSELL- PEARSON,1997). Elevação esta que possui um sentido espiritual e não um sentido eugênico de aprimoramento biológico. Elevar o homem para Nietzsche, é basicamente elevar os seus valores.

A HISTÓRIA VISTA A PARTIR DA VIDA

“A questão de atribuir ao pensamento humano uma verdade objetiva não é uma questão teórica, mas sim uma questão prática. É na práxis que o homem precisa provar a verdade, isto é, a realidade e a força, a terrenalidade de seu pensamento. A discussão sobre a realidade ou a irrealidade do pensamento — isolada da práxis — é puramente escolástica.” (KARL MARX)

“ ‘De resto, me é odioso tudo o que simplesmenteme me instrui, sem aumentar ou imediatamente vivificar a minha atividade’. Estas são as palavras de Goethe, com as quais, sempre com um corajoso ceterum censeo, podemos começar nossas considerações sobre o valor e a falta de valor da história.” (NIETZSCHE)

O século XIX foi para a Alemanha o século dos grandes historiadores e dos grandes pensadores da história. Nele, a partir do mundo de língua alemã, grandes historiadores como Leopold Von Ranke (1795-1886), Bertolt Niebuhr (1776-1831), Theodor Mommsen (1817-1903), Jakob Burckardt (1817-1903), Karl Julius Beloch (1884-1929), Gustav Droysen (1808-1884) e Eduard Zeller (1814- 1908), entre outros, contribuíram para dar aos estudos históricos uma visibilidade e uma importância crescentes ( ANTISERI; REALE, 2003) .

Vivenciando uma grande expansão dos estudos históricos que passam a atingir e fundamentar as

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