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2.3 CLOUD COMPUTING

2.3.3 Histórico de CC

Segundo Capurro (2011) há três grandes fases na história da TI. A primeira seria a fase dos mainframes, ocupando as décadas de 1960 e 1980. Nesta fase, o processamento concentrava- se numa unidade de processamento principal e era usada por grandes organizações para aplicações críticas de uso intensivo de processamento de dados. A segunda fase corresponde a da Computação Distribuída (décadas de 1990 a 2000). Nesta fase, o processamento passou a ser descentralizado além de se ter a existência de um conjunto de computadores interagindo um com o outro em estruturas de rede. A terceira fase, a atual, (a partir da década de 2000) são os estágios iniciais de uma nova era, a era da Nuvem (ou Cloud Age). Nesta fase, de acordo com o autor, tem-se o processamento das atividades na Internet com recursos computacionais compartilhados com oferta de serviços sob demanda.

Cloud Computing passou então o termo a ser utilizado para referir-se a um modelo em que o cliente interage com um provedor de serviços. De acordo com Bhardwaj e Jain (2010) trata-se de uma mudança de paradigma, onde o cliente pode escolher o serviço que ele precisa (dentre opções de infraestrutura, plataforma e aplicativos) e utilizar-se deles sem precisar ter conhecimento, experiência ou controle sobre a infraestrutura tecnológica que os suporta. Diversas empresas passaram a utilizar o termo Cloud Computing para referir-se ao ambiente computacional disponibilizado e utilizado por elas. Empresas como a Amazon que também em 2006 lançou seu serviço EC2 – Elastic Cloud Computing, baseado em uma série de inovações introduzidas na gestão de seu próprio ambiente. (Armbrust et al, 2010).

De acordo com essa definição CC é um modelo, pois se trata de um modelo computacional resultante da evolução e convergência de uma série de outras tecnologias. Da computação utilitária tem-se a disponibilização de recursos computacionais de forma prioritária e sob demanda. Da computação distribuída tem-se a comunicação entre diferentes máquinas e a busca por eficiência e desempenho. Grid Computing permitiu o compartilhamento, seleção e agregação de recursos num conjunto específico de máquinas. A economia de energia, consolidação de servidores, automatização da operação e redução de quedas nos servidores (que poderia levar a perda de faturamento) foram oferecidos por meio das tecnologias de virtualização. E a arquitetura orientada a serviços levou a uma evolução do conceito de serviços de TI e a uma padronização nas formas de acesso e comunicação entre diferentes sistemas e plataformas. O que torna CC diferente é basicamente o fato de que incorpora todo esse conjunto de tecnologias (Temitope, 2010).

De acordo com Youseff, Butrico e Silva (2008) CC trata-se de uma coleção de alguns conceitos antigos de diversas áreas de pesquisa, como SOA – Service Oriented Architecture ou Arquitetura Orientada a Serviços, computação distribuída, grid computing e virtualização. Esse modelo computacional permite acesso conforme a conveniência e a demanda de um consumidor a um conjunto de recursos computacionais. Ou seja, um cliente desses serviços pode usar esses recursos no dia e horário que melhor lhe convier, conforme a sua própria necessidade. Ou mesmo caso precise de um uso intensivo de recursos computacionais em horário de alta demanda tal como num website em que o pico de demanda ocorre durante determinados períodos do dia. Nesse momento em específico o cliente pode usar mais recursos computacionais e libera-los quando não forem mais necessários (Jeffery, 2010, Shimba, 2010, Mell, & Grance, 2011).

A rede de computadores é que possibilita essa comunicação com o provedor de serviços. Ou seja, o cliente não possui no seu próprio local esses recursos. Eles precisam ser acessados de algum outro local. E esse local é provido pelo fornecedor desses serviços. Essa oferta será na forma de recursos computacionais configuráveis e compartilhados. Configuráveis porque o cliente pode escolher o tipo de recurso que melhor atende a ele naquele momento. Por exemplo, ele pode escolher um servidor dentre opções de memória, de armazenamento em disco ou velocidade de processamento. Compartilháveis porque esses mesmos recursos poderão ser utilizados por vários clientes, ou seja, quando um recurso deixar de ser utilizado ele passará a atender a outros clientes (Jeffery, 2010, Shimba, 2010, Mell, & Grance, 2011). Esses recursos podem ser provisionados e liberados com um mínimo de esforço de gerenciamento ou de interação com o provedor de serviços. O cliente não precisará manter um corpo técnico altamente qualificado para interagir com esses provedores. A forma de interagir com o provedor ocorre através de serviços disponibilizados para o cliente. Serviços estes que permitem consultar ou liberar um determinado recurso, sem interação humana, e com agilidade. Ou seja, tratam-se de recursos autoconfiguráveis (Mell, & Grance, 2011).

Para Armbrust et al (2010), CC refere-se tanto a aplicações entregues como serviços através da Internet quanto ao hardware e ao software existentes em centros de dados que proveem esses serviços.

Esse movimento encontra-se bastante forte nos Estados Unidos. São de lá as principais empresas que atuam nesta área. Misturam-se empresas tradicionais e outras com menor tempo de vida: Apple, Amazon Web Services, Google, IBM, Microsoft, Oracle e Salesforce, dentre outras. A expansão deste modelo nos Estados Unidos ocorreu tão rapidamente que o governo americano produziu regras explícitas para que todos os projetos de TI tenham o uso de CC como alternativa. De preferência, que seja a primeira opção: política do Cloud First, ou o uso da nuvem em primeiro lugar (Kundra, 2011).

Em outros países o assunto já é também bastante discutido. Outro exemplo são as ações tomadas em torno do GCloud na Inglaterra, uma arquitetura baseada no modelo CC, para a disponibilização de serviços aos cidadãos ingleses (Cabinett Office, 2011). China, Índia e países europeus têm incentivado empresas que atuam nesta área e/ou projetos de CC.

No Brasil o assunto tem adquirido cada vez maior interesse das empresas e também em setores do governo, sendo que já existem iniciativas visando ao uso de CC em vários setores governamentais. Em CONSEGI (2010) fala-se sobre iniciativas do governo brasileiro voltadas

para CC, tais como a criação de um modelo de referência, as iniciativas relacionadas a TV digital e aspectos de segurança.