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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Construcionismo

2.1.1. Histórico da Informática no Brasil

A era da informática na educação iniciou-se por volta da década de 70, no Brasil e em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas foram os principais investidores deste tipo de tecnologia, com a criação inicial de softwares instrucionais, como do tipo CAI (Instrução Auxiliada por Computador)15, pois os computadores tinham grandes portes e estavam apenas nas universidades. Com o desenvolvimento do microcomputador nos anos 80, as escolas tiveram mais acesso e seu uso cresceu, assim como os programas CAI (Valente; Almeida, 1997).

No Brasil, o princípio da disseminação do computador foi a partir de 1971, quando se realizou um evento na Universidade de São Carlos sobre informática no ensino da Física (MORAES, 1993).

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Estas ideias de Edith Ackermann foram compartilhadas por ela, em um seminário realizado na PUC-SP em maio de 2013.

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Os softwares do tipo CAI (instrução auxiliada por computador) são baseados na perspectiva instrucionista de Skinner, por ser um ensino programado caracterizado pela transmissão de informações.

35 Em 1973, surgiram alguns experimentos em outras universidades, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É importante salientar que o investimento governamental de informatização da educação tinha o objetivo de informatizar a sociedade para os setores produtivos, com vistas para o progresso econômico do país (Andrade, 1996; Almeida, 2005).

Em 1981, foi realizado na Universidade de Brasília (UnB), o primeiro Seminário Nacional de Informática em Educação, composto por pesquisadores que tinham interesse por esta temática, o que os incentivou para a elaboração de diversos experimentos. O segundo Seminário aconteceu em 1982, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Estes seminários foram a base para o surgimento do projeto EDUCOM, patrocinado pelo Ministério da Educação (MEC), mas idealizado pelos pesquisadores das universidades públicas16. O EDUCOM também foi fruto do governo, pelo reconhecimento que teve da importância da informática na educação, e como ferramenta para o setor industrial (Andrade, 1996).

Realizado em cinco universidades públicas, o projeto EDUCOM buscava mudanças pedagógicas, tornando o computador um recurso que facilitasse a aprendizagem dos alunos (Valente; Almeida, 1997). Segundo Almeida (2005),

Foram implantados centros-piloto de informática em educação em cinco universidades públicas, os quais dedicavam-se a desenvolver pesquisas e metodologias sobre o uso do computador como recurso pedagógico. Cada centro adotava uma abordagem pedagógica especifica identificada como o desenvolvimento de software educativo ou com o uso do computador como instrumento para o desenvolvimento de projetos e a resolução de problemas (ALMEIDA, 2005, p. 10).

Estes centros formavam os professores multiplicadores por meio de um curso de especialização que visava tanto a parte técnica, como a teoria e a prática. Com resultados satisfatórios, o EDUCOM fomentou o desenvolvimento de várias ações governamentais em relação ao uso da informática na educação.

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As universidades públicas com centros do Projeto EDUCOM foram: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

36 Em 1989, o MEC criou o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe), com o objetivo de formar professores, técnicos e pesquisadores de forma contínua, para o uso dos computadores na educação (Andrade, 1996). Além deste, houve o Projeto Formar (1987, 1989 e 1992) e outras iniciativas de políticas públicas que foram fundamentais para a formação e o incentivo do professor para o uso da informática em sala de aula.

No ano de 1996, foi criada pelo MEC a Secretaria de Educação a Distância (SEED) com o objetivo de promover a integração das TIC às práticas educacionais e desenvolver a educação a distância no país. Neste sentido, alguns programas, projetos e ações foram realizados e se referiam a formação do professor e a introdução de tecnologias nas escolas

Uma destas ações resultou no Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), que a partir de 1997 criou laboratórios de informática nas escolas públicas, das zonas urbanas e rurais. O Programa, mesmo encontrando dificuldades para uma implantação satisfatória, pela falta de infraestrutura (rede elétrica, internet banda larga, local para os laboratórios, sistemas de segurança, entre outros), de suporte técnico e de formação dos profissionais da escola, continuou investindo e acreditando, suprindo as necessidades com vistas a uma mudança pedagógica.

Outros programas e projetos se consolidaram ao longo dos anos, incorporando diferentes tecnologias na escola e preparando os professores para o uso pedagógico. Dentre os programas, podemos destacar Programa TV Escola, Rádio Escola, DVD Escola, RIVED, Mídias na Educação, entre outros (ALMEIDA, 2008).

Ainda neste contexto, encontra-se o Projeto Um Computador Por Aluno (UCA). Em 2005, durante o Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, foi apresentado para o ex-presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva, o projeto OLPC17 – One Laptop Per Child. Desenvolvido pelo MIT Media Lab, o projeto visa a inclusão digital em países carentes por meio de laptops de baixo custo

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Fundado pelo pesquisador Nicholas Negraponte, o OLPC possui na equipe o Dr. Seymour Papert (criador do Logo), Mary Lou Jepsen e outros pesquisadores importantes.

37 (US$100,00 cada), porém com uma tecnologia para fins educacionais (MENDES, 2008).

No Brasil, o projeto passou a se chamar UCA – Um Computador por Aluno, mas apresenta o mesmo objetivo: levar a inclusão digital e a utilização da tecnologia no dia a dia para a sala de aula. Cerca de 300 escolas públicas receberam, num primeiro momento, os laptops educacionais para os alunos e professores, além de uma infraestrutura para acesso à internet wi-fi e formação para os professores e gestores das escolas para o uso da tecnologia18.

Em 2010, o projeto passou a ser Programa UCA – PROUCA e as escolas públicas interessadas adquirem os laptops pelo crédito para financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Os laptops educacionais trouxeram consigo o conceito da mobilidade, ou seja, a possibilidade de uso em qualquer lugar e a qualquer tempo. Imbricam um novo jeito de aprender, por meio da conectividade sem fio e da convergência tecnológica, o que resulta na viabilidade de um acesso maior à informação (VALENTE, 2011), ou seja, da mobilidade da informação, da aprendizagem e da educação.!

O novo projeto do governo federal para a inserção das TDIC no processo educacional percorre os caminhos da mobilidade. Foi anunciado, no início de 2012, o Projeto Educação Digital, que visa a distribuição de tablets e computadores interativos para professores do ensino médio, num primeiro momento, e depois para professores do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras. Essa nova iniciativa do MEC traz embutido um projeto de formação de professores.

Diante deste panorama, vimos o crescente investimento que o governo federal tem desenvolvido para suprir os desafios da integração das TDIC ao currículo escolar, assim como para expandir a inclusão digital por meio da educação.

As escolas privadas também têm realizado um movimento frequente de atualização das tecnologias digitais em seus espaços escolares. Buscam investir nas TDIC por meio de laboratórios de informática, lousa digital, netbooks, tablets, projetores, redes sem fio e outras TDIC e mídias digitais que potencializam o !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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38 aprendizado de seus alunos. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2011, 21% das escolas privadas possuem computadores instalados em sala de aula, uma proporção cinco vezes maior que os 4% das escolas públicas. Diante deste dado, percebe-se o grande investimento das escolas privadas em alinhar as TDIC com o currículo.

Estes passos refletem uma nova cultura da sociedade, marcada pelas tecnologias digitais e suas convergências, pelas constantes mudanças, além da profusão de informações. O próximo tópico apresenta algumas especificidades desta nova cultura, que chamamos de cultura digital.