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Histórico do planejamento urbano em Campo Grande

No documento LETÍCIA BARBOSA DA SILVA CAVALCANTE (páginas 71-76)

CAPÍTULO II − CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA REGIÃO URBANA DO

2.1 Aspectos antropoculturais e econômicos do município de Campo Grande

2.1.7 Histórico do planejamento urbano em Campo Grande

Durante toda sua história a cidade de Campo Grande apresentou grande

crescimento demográfico:

A partir da década de 40, a população urbana de Campo Grande passa a dobrar de tamanho a cada 10 anos. Em1950 eram 31.708 habitantes; em 1960, dobrou para 64.934; em 1970 passa para 131.110 habitantes; em 1980, já havia 283.653 habitantes em Campo Grande [...] e o crescimento médio geométrico anual que era de mais 8% nas décadas de 70/80, passa para 6% de 80/90 e agora para pouco mais de 2% (ARRUDA, 1997, p. 5).

Em poucas décadas (século XXI), as áreas das fazendas foram

transformadas em parcelamentos, sendo necessário por parte do poder público

regulamentar a ocupação do espaço urbano. Apresenta-se a seguir um breve

histórico do planejamento urbano do município de Campo Grande baseado em

Arruda (1997, p.3-10).

Da primeira lei municipal, o Primeiro Código de Posturas de Campo

Grande de 1905, resultou a primeira planta urbana projetada e aplicada na

cidade, com um plano de alinhamento de ruas e praças da vila. O Segundo

Código foi aprovado em 27 de abril de 1921, por meio da Resolução n. 43,

―contendo requisitos urbanísticos importantes, tais como, a continuidade de

vias com a mesma faixa de domínio e implantado o primeiro bairro de Campo

Grande, o Amambaí, criado para interligar o sítio urbano aos quartéis do

Exército que se instalaram na parte oeste da cidade‖ (ARRUDA, 1997,p. 3-4).

Em 1937 é editada a primeira lei de loteamentos do país - Decreto-lei n° 58, de 10 de dezembro de 1937 – que em seu artigo 1, inciso V, parágrafo primeiro diz que ―tratando-se de propriedade urbana, o plano e a planta do loteamento devem ser previamente aprovados pela Prefeitura Municipal ouvidas, quanto ao que lhes disser respeito, as autoridades sanitárias e militares‖ (ARRUDA, 1997, p. 4).

Em 1938, Saturnino de Brito desenvolve nova Planta Urbana de Campo

Grande, desta vez com o levantamento topográfico e cadastral dos imóveis.

Nessa planta, observa-se a cidade crescendo para o norte, leste e oeste, já

com os bairros Amambaí, Boa Vista, Vila Alba e Cascudo e a definição dos

quartéis, hipódromo, curtume, matadouro e espaço onde hoje é o Belmar

Fidalgo e a Praça Newton Cavalcanti (ARRUDA, 1997, p.4) .

Esse plano culminou no Decreto Lei n. 39, de 31 de janeiro de 1941,

assinado pelo Prefeito Eduardo Olímpio Machado, que trouxe grandes

novidades para a cidade: ―dividiu a cidade de Campo Grande em zonas de

construção, criou a Zona Central ou Comercial, a Industrial, a Residencial, e as

Zonas Mistas‖ (ARRUDA, 1997, p. 4).

Em 1965, a cidade passa a ter um novo Código de Obras, que trata de

zoneamento, uso do solo, loteamento e posturas municipais (Lei Legislativa n.

26, de 31 de maio de 1965).

No final da década de 60, a cidade contrata seu primeiro Plano Diretor,

elaborado pela empresa Hidroservice Consultoria. O Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado – PDDI − foi uma evolução, apesar de burocrata e

de ter sido elaborado sem a participação popular. Todas essas propostas se

transformaram em leis municipais como a de nº 1.429, de 24 de janeiro de

1973

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, que trouxe a execução obrigatória de infraestrutura para os

loteamentos urbanos (ARRUDA, 1997, p.6).

Com o processo de urbanização, surgiam os problemas sociais, como

desemprego, baixos salários, falta de infraestrutura social e básica, fatos

esses, que, somados às crises do campo e à falta de investimento no sul de

Mato Grosso por parte do governo de Cuiabá, geravam grande

descontentamento local e contribuíam para a campanha divisionista de

emancipação do sul de Mato Grosso apregoada desde 1889. A criação de um

novo estado, o Mato Grosso do Sul, cuja capital seria Campo Grande, foi

concretizada em 11 de outubro de 1977, pela Lei Complementar n. 31,

assinada por Ernesto Geisel.

No mesmo ano (1977), ocorre a elaboração do Plano de

Complementação Urbana de Campo Grande, por Jaime Lerner, que priorizava

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Alteradas consecutivamente, pela Lei n. 1.514, de 6 de junho de 1974, Lei n. 1.589, de 29 de dezembro de 1975 e Lei n. 1.276, em 21 de dezembro de 1976.

o uso do solo combinado com um sistema viário e de transporte urbano por

meio de corredores. O plano foi aprovado pela Lei n. 1.747

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de 29 de maio de

1978.

No ano de 1987, foram criados a Unidade de Planejamento Urbano de

Campo Grande – PLANURB – e o Conselho Municipal de Desenvolvimento

Urbano – CMDU.

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Em dezembro de 1988, a Câmara de Vereadores aprova a

Lei n. 2.567 que ―modernizava os conceitos urbanísticos e entregava à

sociedade uma norma legal moderna e mais realista, em relação às

necessidades do Município‖ (ARRUDA, 1997, p.8)

Respeitando determinações da Constituição Federal de 1988, foi criado

o Plano Diretor, por meio da Lei Complementar n. 5, de 22 de novembro de

1995, este concebido de forma participativa.

A Lei Complementar n. 74, de 6 de setembro de 2005, criou 74 bairros

que serviram de base para o planejamento da cidade, a composição dos

Conselhos Regionais, de sistema de informações e elaboração de projetos

urbanísticos.

Por meio da revisão obrigatória da Lei Complementar n. 05, a Lei

Complementar n. 94 de 6 de outubro de 2006 instituiu a política de

desenvolvimento e o Plano Diretor de Campo Grande. Atualmente, a Lei

Complementar nº 94/2006 ampara o Plano Diretor vigente e o prazo para sua

revisão se esgota em 2016.

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Visando a modificar o zoneamento e os coeficientes urbanísticos sem critérios urbanísticos, esta foi sendo alterada pelas Leis n. 1.749 de 16.6.78, Lei n. 1.759, de 06.7.78, Lei n. 1.896 de 10.7.80, Lei n. 2.095, de 8.10.82, Lei n. 2.149, de 4.10.83, Lei n. 2.156, de 21.10.83, Lei n. 2.162, de11.11.83, Lei n. 2.186, de 16.12.83, Lei n. 2.187, de 26.12.83, Lei n. 2.224, de 9.10.84, Lei n. 2.252, de 4.01.85,Lei n. 2.273, de 24.07.85, Lei n. 2.339, de 10.09.86, Lei n. 2.346, de 16.10.86, Lei n. 2.458, de 22.12.87.

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“É importante registrar que em 1948, pela Lei Municipal n. 24 de 06 de abril, assinada por Fernando Correa da Costa, é criada a Comissão do Plano da Cidade de Campo Grande com várias atribuições, dentre elas, ―elaborar o Plano Diretor para o desenvolvimento e melhoramento da cidade‖ e ―fixar as condições de loteamentos de terrenos para a formação de vilas‖. Nascia o embrião do PLANURB e do CMDU de hoje, juntos num só órgão municipal‖ (Ibidem p.4). Em 1997, o PLANURB passa a ser responsável, além das questões urbanas, pelas questões de meio ambiente, transformando-se em Instituto Municipal de Planejamento Urbano e de Meio Ambiente.

Apesar das medidas tomadas ao longo do processo de urbanização da

cidade, este não se deu de forma ordenada. No mapa a seguir, recorte do

mapa elaborado pela SEMADUR sobre a evolução dos parcelamentos

aprovados até o ano de 2013, é possível observar como se deu a ocupação da

região urbana do Imbirussu.

Fonte: SEMADUR, recorte da autora.

No centro da cidade há predominância da ocupação até 1950; a oeste,

ainda na década de 1950 nota-se a ocupação dos bairros mais próximos da

área central. No entanto, a partir da década de 1960, há a explosão do tecido

urbano, momento em que surgiram os grandes parcelamentos afastados do

centro comercial, destinados, na sua maioria, a abrigar a população de baixa

renda que se dirigia em fluxos cada vez maiores para a cidade, frutos do êxodo

rural característico da época.

Em decorrência dos bloqueios representados pelas grandes áreas institucionais situadas à Oeste − Ministério do Exército, Base Aérea de Campo Grande, Aeroporto Internacional a expansão da malha urbana não se deu de forma contínua, pelo contrário, áreas loteadas foram surgindo entremeadas de glebas não loteadas e desligadas da trama urbana. [...] O acesso a esses bairros se dava praticamente por meio de uma rua ou avenida. Normalmente, as rodovias, designadas como saídas desempenhavam o papel de eixo de ligação entre o centro e os bairros. Consolidou-se assim uma configuração urbana radial onde praticamente todos os acessos convergem para o centro, reforçando a centralidade comercial e de serviços que caracterizam a cidade de Campo Grande desde a década de 60 (Instituto Municipal de Planejamento Urbano, 2014, p.56).

Figura 12 − Mapa da evolução dos parcelamentos aprovados até 2013 − Região

Urbana Imbirussu

Com a implantação do Núcleo Industrial em 1976 e a introdução de

áreas para a construção de conjuntos habitacionais em 1980, a região do

Imbirussu se expandiu ainda mais. No período compreendido entre os anos de

1982 e 2012, a área intraperimetral aumentou em 25,98%, enquanto o

povoamento sofreu expansão mais lenta. A densidade populacional na área

urbana passa de 10,44 hab/ha, em 1980, para 22,43 hab/ha em 2012.

Corrobora-se que o estudo dos fatos que permearam a história

político-administrativa da cidade facilita o conhecimento do seu inventário toponímico,

corpus desta dissertação, bem como os elementos motivadores para a

denominação dos espaços urbanos.

No capítulo 3, são expostos os procedimentos metodológicos adotados

nesta pesquisa e as leis que ordenam o espaço urbano da cidade de Campo

Grande.

No documento LETÍCIA BARBOSA DA SILVA CAVALCANTE (páginas 71-76)