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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O uso da rocha

2.2.1 Histórico e embasamento teórico

É importante traçar de forma condensada a história da conservação, a fim de entender os desenvolvimentos dos conceitos e as técnicas utilizadas atualmente. Desde tempos remotos o conceito de conservação já existia, embora não com este nome, devido à necessidade de permanência da matéria dos objetos que continham algum tipo de valor, seja ele estético ou afetivo, exposto por algumas culturas. A civilização egípcia já buscava, por meio da mumificação, manter o corpo físico dos líderes intactos e, na idade antiga, os romanos utilizavam métodos para a manutenção física dos bens da civilização uma vez que a longevidade física dos materiais se fazia importante. (CALDEIRA, 2005). A Igreja, com o desenvolvimento do cristianismo, passa a buscar a perpetuação de suas regras por meio da longevidade da matéria, surgindo o critério ‘devocional’ no qual era importante manter a iconografia para a identificação dos fiéis. Posteriormente surge o critério de ‘decoro’, nos quais corpos nus eram cobertos, sofrendo modificações. (ELIAS, 2002).

Nos séculos XVII e XVIII são iniciados os estudos acerca das causas da degradação como meio de evitar a deterioração em pinturas. (CALDEIRA, 2005). O século XVIII é marcado ainda por descobertas arqueológicas e pilhagens que acresceram as coleções de diversos museus, acarretando a necessidade de criar acesso a estes bens, assim como de técnicas23 para sua manutenção física. Devido à proliferação de ‘colecionismo’, nasce então o critério de ‘galeria’. (ELIAS, 2002).

O bem cultural passa a ser tratado como de interesse público nas décadas finais do século XVIII24 (‘limitação do direito de propriedade em nome do coletivo’), o que

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A primeira concepção de restauro utilizada aproximadamente até 1830 baseava-se apenas na recomposição com emprego das partes originais, ou de sua reprodução. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP. Concepts and problems of the conservation of historical monuments. [1994?].).

24A acepção moderna dada ao termo ‘restauração arquitetônica” teve início no decreto do ano de 1794, com a qual a “Convenção Nacional Francesa” proclamava o princípio da conservação dos monumentos. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP. Concepts and problems of the conservation of historical monuments. [1994?].).

propicia o aprimoramento das técnicas com a criação da conservação de bens culturais e, com ela, a conservação preventiva. (ELIAS, 2002).

As ciências naturais no século XIX, como física e química, passam a fazer parte do corpus do conhecimento25 necessário à manipulação da matéria, fundamentais para a compreensão da natureza e da estrutura dos artefatos antigos. (CALDEIRA, 2005). Concomitante a essa junção de disciplinas, teorias acerca da restauração começam a surgir. Eugène Emmanuel Viollet-Le-Duc (1814 - 1879) 26 propõe o restauro como “imitação” onde deve acontecer uma reconstrução no ‘estilo original’ (“restauro estilístico” 27) – retomada do projeto original com suposição daquilo que o autor faria -, propondo partes que talvez nunca tenham existido, e um estado de arte jamais alcançado. (ELIAS, 2002; CHOAY, 2006).

William Morris (1834 - 1896) 28 e John Ruskin (1819 – 1900) 29 criam o manifesto anti-restauração no qual defendem que a complementação estrutural e construções adjacentes destroem o espírito original dos edifícios antigos30. Se o bem sofrer as ações periódicas de manutenção e conservação, este jamais precisará ser restaurado. Ruskin (2008) defende ainda a aceitação da ‘morte’ do bem, visto que todas as coisas terrenas estão fadadas a isso, e as intervenções visam apenas prolongar a vida das edificações, mas nunca o tornando eterno. Morris destaca que apenas uma sociedade organizada e conscientizada poderia tornar eficiente uma política preservacionista. (ELIAS, 2002; CHOAY, 2006).

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Louis Pasteur, cientista, foi convidado pela academia de Belas Artes de Paris, no ano de 1864, para dar um curso sobre química e física aplicada à arte. CALDEIRA, Cleide Cristina. Conservação preventiva em bibliotecas públicas da cidade de São Paulo. 2005.

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VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. 2000.

27Entre os anos de 1830 e 1870, o monumento é visto como possuidor de uma “unidade estilística”, e o restauro tinha por finalidade restituir esta unidade. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP. Concepts and problems of the conservation of historical monuments. [1994?].).

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MORRIS, William. Manifesto of the Society for the protection of ancient buildings. 1996. P.319-321. 29

RUSKIN, John. A lâmpada da memória. 2008. 30

A partir da segunda metade do século XIX, o restauro estilístico é sobreposto pelo romântico em que há um absoluto respeito ao monumento. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP. Concepts and problems of the conservation of historical monuments. [1994?].).

Em defesa do ‘restauro histórico’ (utilizado principalmente entre 1880 e 1890), Lucas Beltrami (1854-1933) afirma que, mesmo inovadora31, a intervenção deve ser sustentada por profundas pesquisas históricas do objeto. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP, 1994; ELIAS, 2002).

Já Camillo Boito (1836 - 1914) 32 enuncia princípios fundamentais do restauro moderno: os monumentos são documentos da história e dos povos; o restauro é necessário para prolongar a vida do bem; priorização da consolidação sobre a restauração; os acréscimos indispensáveis devem ser distinguíveis; reversibilidade; e os acréscimos de diversas épocas devem ser considerados, exceto quando há mascaramentos e alterações. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP, 1994; CHOAY, 2006).

Alois Riegl (1858 – 1905) introduz o critério de seleção do patrimônio a partir da noção de valor com respeito ao original, em que o conservador/restaurador deveria conhecer a história (perspectiva história e interpretativa do monumento) para evitar erros, excessos e ações que danifiquem a qualidade estética ou documental dos bens. (RIEGL, 2006).

A Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) gera grandes estragos no patrimônio existente, exigindo maiores habilidades para tratar dos bens culturais, ressaltando a importância das práticas adequadas para a salvaguarda dos bens culturais. (CALDEIRA, 2005). No ano de 1930 ocorre o 1º Encontro Internacional para tratar dos princípios científicos da restauração, como estudos e métodos científicos para o exame e a preservação de objetos, indispensabilidade dos laboratórios de pesquisa, tanto quanto dos estudos de história da arte e museologia, pautada por estudos laboratoriais e pelo conhecimento dos materiais e das tecnologias construtivas. Pela primeira vez é usada a expressão método científico com respeito ao ofício da restauração. (FRONER; ROSADO, 2008).

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Há a possibilidade de reintegração de partes faltantes para restituir a unidade e a continuidade da obra, entretanto sem ‘inventar’.

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Neste contexto Gustavo Giovanonni (1873 – 1947) apoia o uso da ciência na conservação (restauro científico ou filológico), além do estudo documental e arquivístico, e da tentativa de normatizar as operações de restauro em um código de procedimentos - é observado o início do uso de tecnologias como o infravermelho, dendrocronologia e o carbono 14. Giovanonni cita que a obra de restauro deveria unir três critérios: razões históricas que não deve cancelar nenhuma ‘fase’ existente na obra, nem falseá-las; divulgação do material das pesquisas analíticas; e o critério deve partir do sentimento dos cidadãos, dos espirito da cidade, das recordações, entre outros. (BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP, 1994; ELIAS, 2002; CHOAY, 2011).

Em 1931, Edward Forbes cria o ‘Department of Conservation and Tecnical

Research’, cujo foco é a investigação dos materiais e técnicas de artes, bem como

questões relacionadas à procedência. No mesmo ano, começam a surgir as cartas patrimoniais, como a Carta de Atenas (1930). (CALDEIRA, 2005). A Carta de Atenas propõe determinada conduta em relação à preservação e conservação de edificações. As cartas surgidas posteriormente também não detalham acerca do restauro e outras intervenções em monumentos, o que ocorre apenas em 1964 com a elaboração da Carta de Veneza. Entre as cartas, é interessante citar a Norma de Quito (1967) que faz referência à necessidade de existir uma política de planejamento urbano que valorize o patrimônio, e o uso do monumento em função do turismo; a Carta de Restauro (1975) oferece orientações técnicas acerca do processo de restauro; as Recomendações de Nairóbi (1976) define conjunto histórico ou tradicional, sua importância como ‘patrimônio universal insubstituível’, medidas de salvaguarda, e ainda recomendações acerca da função dos conjuntos na vida contemporânea; a Carta de Burra (1980) introduz, em resumo, o conceito de entorno para os monumentos; e a Conferência de Nara (1994) discute os valores e autenticidade do patrimônio cultural. As cartas devem ser complementadas por normas e recomendações, embasada por conceitos e políticas preservacionista, até chegar a uma ação efetiva. Todas as cartas patrimoniais estão disponíveis no IPHAN. (IPHAN. Cartas Patrimoniais. 2000a).

Com a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), um número considerável de obras de interesse cultural é destruída e, a partir de tal fato, a sociedade torna-se consciente

da importância cultural universal, em que cada obra tem importância para a unidade, e a ela é pertencente. Para garantir tal proteção várias associações são criadas, até que em 1956 Philippot e Brandi criam o International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property (ICCROM). As décadas de 1950 e 1960 têm intervenções baseadas na teoria destes cientistas, ancoradas ainda nas ciências humanas e exatas, mas, até a década de 1970, a teoria interdisciplinar ainda não seria difundida. (FRONER; ROSADO, 2008).

Referente ainda aos estragos gerados pela Segunda Guerra Mundial, as teorias até então existentes tornam-se insuficientes para a realização das intervenções necessárias, visto que a obra arquitetônica não é um mero documento, mas matéria que exprime um valor afetivo, de identidade, referencial, e de significados diversos, muito além dos anteriormente discutidos. O restauro é tratado então como um processo crítico e criativo, em que o primeiro passo é identificar o valor do objeto para só então recuperá-lo, devendo toda a operação subordinar-se ao valor expressivo daquele bem33. As primeiras formulações coerentes frente a esse novo quadro, denominada de ‘restauração crítica’, consideram os aspectos histórico e estético da obra, desenvolvidas inicialmente por Roberto Pane, e aprofundadas por Renato Bonelli, Pietro Gazzola e Cesare Brandi. (ELIAS, 200-).

Roberto Pane considera prioritário que, antes de qualquer intervenção, seja realizada uma análise crítica visando determinar se o monumento pode ou não ser considerado artístico. Somente após esse reconhecimento deve-se recuperá-lo eliminando todas as partes adicionadas ao longo de sua história, libertando, assim, sua verdadeira forma. (ELIAS, 200-).

A princípio, como citado por Elias (200-), a restauração crítica parece permissiva, porém possui posicionamento teórico restritivo com limite para as intervenções a fim de não incorrer em falso histórico, e não permitindo restauro de obras “cujo valor artístico deu lugar ao valor documental”, como é o caso das edificações destruídas durante a guerra. Bonelli afirma veementemente a impossibilidade de recriar o passado.

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A reconstrução do Campanário de São Marcos na Itália, após este ser atingido por um raio, e do centro de Varsóvia após a segunda guerra mundial, são exemplos icônicos de intervenções em que o valor expressivo do bem determinou toda a ação.

Anos mais tarde, em 1963, Cesare Brandi (1906 - 1986) 34escreve a ‘Teoria do Restauro’ 35 pertencente à teoria do restauro crítico, na qual propõe que a

relatividade, parcialidade e transitoriedade caracterizam toda e qualquer restauração (é impraticável generalizar as posturas de restauro) e, por mais competentes, sempre guardam as marcas do clima cultural no qual se encontram instaladas. (FRONER; ROSADO, 2008). É parte ainda dos princípios de Brandi a tentativa de tornar o restauro um ato científico, com conceitos e métodos cientificamente determinados, com restabelecimento quanto seja possível da obra sem cometer o ‘falso histórico’ ou ‘falso artístico’ (‘restauro de fantasia’), ou mesmo cancelar e/ou apagar os traços da passagem da obra no tempo (‘restauro retroativo’).

Pertencente também aos teóricos da restauração crítica, Paul Philippot36 defendia a interdisciplinaridade do ato de intervir em monumentos, contribuindo para a escrita da Carta de Veneza (1964). Propõe ainda que uma lacuna, dependendo da situação em que se encontra e sua história, pode não ser reintegrada visto que o ‘estado fragmentário’37

pode ter conquistado seu valor.

Entre as décadas de 1970 e 1980 os museus criam seus próprios laboratórios de pesquisa, e as universidades implementaram pesquisas acerca da origem e tecnologia dos materiais de composição do patrimônio. Nas duas últimas décadas do século XX é iniciada a tendência à especialização, já que não é possível dominar todas as técnicas. Química e física são disciplinas introduzidas mais adequadamente no campo da conservação com Georgio Torraca (1982) e Paul Coremans (1961). Ainda na década de 1980, Torraca escreve o livro ‘Química

aplicada à restauração’ em que conhecimentos químicos são analisados a partir da

prática ou do uso na restauração. Apenas na década de 1990 há espaço para a conservação preventiva com a introdução de métodos científicos de exame, preservação e controle do ambiente com conhecimentos da engenharia civil e mecânica, conceitos da elétrica, meteorologia, biologia, e ciência dos materiais.

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BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. 2008. 35

Dá origem à Carta de Restauro de 1972. (ELIAS, Isis Baldini. Aspectos históricos da conservação e restauro de objetos de caráter cultural a partir do século XIX. 200-.).

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PHILIPPOT, Paulo. Historic Preservation: Philosophy, Criteria, Guidelines. 1996. 37

BRAZILIAN-GERMAN WORKSHOP. Concepts and problems of the conservation of historical monuments. [1994?].

Atenta-se para o fato de que a conservação preventiva é menos custosa e mais adequada que grandes restaurações em que já há perda significativa da matéria do bem, e situações muitas vezes irreversíveis. (CALDEIRA, 2005; ELIAS, 2002; FRONER; ROSADO,2008).

A conclusão de que não é possível pensar sobre a conservação sem a sustentação das ciências naturais é obtida apenas no século XXI. Trabalhos de arte38 não têm somente valor estético e histórico, mas também uma natureza física que deve ser considerada, devendo existir a compreensão das propriedades dos materiais, o estado de preservação, os processos da deterioração com o desenvolvimento de materiais e de métodos de conservação, e individualidade de cada caso.

Surge ainda, no século XXI, os conceitos 39 da ‘conservação integral40’ (ou ‘conservação pura’ ou ‘pura conservação’), ‘restauro crítico-conservativo’ e ‘hipermanutenção-repristinação’. As três linhas defendem o “respeito absoluto pelos aspectos documentais das obras” (KÜHL et al., 2010, p.213), excluindo a reconstrução que é vista como um falseamento. As ações devem ser fundamentadas e adequadas, com o objetivo de “transmitir o bem da melhor maneira possível ao futuro, respeitando seus aspectos materiais, formais, documentais, memoriais e simbólicos”. (KÜHL et al., 2010, p.213). Cunha (200-) informa ainda a provisoriedade e parcialidade da história, dado que é uma visão do presente em relação ao passado, sendo esta uma constante reconstrução, tornando-a precária e sujeita à visão do ‘pesquisador’ (ou historiador).

No restauro ‘crítico conservativo’ (teoria defendida por Carbonara e Miarelli

Mariani41) as teorias são prudentemente conservativas mas, ao não propor o congelamento, indica o uso de recursos criativos para abordar questões como adições, remoções e reintegração de lacunas. A postura é fundamentada no juízo

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Elias (200-) revela que, ainda no século XXI, surge uma tendência que visa separar o restauro arquitetônico das demais obras de arte, mas ainda não é possível elaborar formulações teóricas suficientes e coerentes.

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Conceitos interpretados por Carbonara e Miarelli Mariani. (KÜHL, Beatriz Mugayar; et al. Temas recentes no restauro na Itália. 2010.).

40O termo é teórico e ‘materialmente impossível’, já que qualquer intervenção, a priori, gera alterações sobre a matéria. (CUNHA, Cláudia dos Reis e. Restauração e referenciais teóricos. 200-.).

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histórico-crítico, com análise da relação entre a estética e história de cada obra, caso a caso, que elimina a relação causa-efeito (os aspectos são “coexistentes e paritários”). O ‘juízo’ deve ser embasado, e não um ato arbitrário, com total consciência que o ato é fruto do conhecimento presente, e ‘possui pertinência

relativa’. (KÜHL et al., 2010).

Para a ‘conservação integral’ a instância história deve ser privilegiada (as instâncias

são indissociáveis, uma vez que a conformação estética da obra é fruto de sua evolução no tempo42), e esta não é conciliável com as ações de restauração e de conservação. As ações de remoção, adição e reintegração de lacunas são repudiadas, pregando ainda a distinção entre conservação e restauro (devem ser mantidas todas as estratificações da obra, mesmo que a leitura da obra torne-se fragmentada ou descontínua43). A manutenção do objeto é essencial, bem como a eliminação das causas da degradação e remoção das patologias. Já quanto ao projeto, há uma fase de “conservação, que respeita, integralmente, os aspectos materiais da obra, tal como chegou a nossos dias” (KÜHL et al., 2010, p.212), e a fase do “projeto de inovação” que é desenvolvido tal qual o projeto arquitetônico que um novo objeto. Além disso, a conservação integral e a teoria crítico conservativa excluem as ‘possibilidades de imitação ou mimetismo’, valorizando a diversidade. (KÜHL et al., 2010). São expoentes de tal teoria Marco Dezzi-Bardeschi (FIGURA 28), Amedeo Bellini, Anna Lucia Maramotti e B. Paolo Torsello.

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Questionam as correntes que afirmam que existem testemunhos mais relevantes do que outros para a história já que, para tal hierarquização, seria necessário existir um juízo-histórico e um total conhecimento da história. É sabido que os ‘juízos são sempre relativos, e o passado uma construção

de um presente histórico’. (KÜHL, Beatriz Mugayar; et al. Temas recentes no restauro na Itália. 2010.p. 212.).

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Figura 28 – Detalhe da restauração da Catedral de ‘Pozzuoli’, Napoli, por Dezzi-Bardeschi

Fonte: LENTO, 2014.

Por fim, a ‘manutenção-repristinação’ (ou hipermanutenção’) 44 que “propõe o tratamento da obra por meio de manutenções ou integrações, retomando formas e técnicas do passado”, com “tendência a trabalhar por analogia”. (KÜHL et al., 2010, p.212).

O século XXI oferece, portanto, inúmeras reflexões teóricas que podem nortear a atividade profissional do restaurador, apesar de muitas delas ainda não utilizadas ou mesmo compreendidas. A intervenção em qualquer monumento é uma escolha que deve ser feita, apesar do teor subjetivo e até mesmo pessoal, baseada em metodologias e referenciais teóricos, visando exclusivamente manter determinado bem para as gerações futuras, com a preservação das características históricas, arquitetônicas, estilísticas, técnico construtivas, afetivas, memoriais, simbólicas, e demais valores que o objeto possa ter. É certo que conhecer a obra e reutilizá-la (uso adequado à seu estado de conservação e à contemporaneidade) são os princípios que devem, segundo a pesquisa que aqui é apresentada, ser os primórdios de qualquer intervenção. Acredita-se ainda que, com base em todos os conceitos e metodologias existentes, os profissionais que escolheram tal área (preservação) devem apropriar-se do conhecimento existente propondo novos meios

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de abordagem e proteção dos monumentos, sempre de forma consciente, responsável e respeitosa. É tal postura que é defendida nesta pesquisa.

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