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O aluno surdo aprendendo uma LE na escola inclusiva

3.4 Instrumentos de pesquisa

3.4.5 Histórico escolar dos sujeitos-participantes

Na escola, com a permissão da diretora, foi realizada junto à secretaria, uma análise do histórico escolar dos sujeitos de pesquisa para se conhecer melhor a trajetória educacional de cada um deles. Não foi possível fazer a cópia dos históricos por que a máquina copiadora estava estragada e os documentos não podiam ser retirados da secretaria. Fizemos, então, algumas anotações conforme o objetivo dessa análise, que era determinar o início da vida escolar deste aluno surdo, em quais instituições e escolas ele estudou, o tempo de permanência em cada uma delas, quando teve o primeiro contato com a língua inglesa no contexto escolar e, por último, saber quando a inclusão escolar começou a fazer parte desta trajetória.

A necessidade desta leitura surgiu após a aplicação do questionário e da entrevista, quando constatamos que todos eles tinham idade entre 21 e 24 anos e, com exceção de ‘G’98, disseram nunca terem sido reprovados e que começaram a freqüentar a escola antes dos quatro anos de idade. Precisamos checar tais informações uma vez que onze anos é o tempo médio gasto para a conclusão da Educação Básica. Sendo assim, teriam concluído o 3º ano do Ensino Médio com idade aproximada de dezesseis ou dezessete anos.

3.4.6 Procedimentos

“Se a pesquisa envolve pesquisadores e pesquisados – ou pesquisadores e participantes -, é importante que a ética conduza as ações de pesquisa, de modo que a investigação não traga prejuízo para nenhuma das partes envolvidas”. (Menezes (2005, p.44)). Seguindo esse raciocínio, alguns aspectos como a privacidade e preservação da identidade dos pesquisados foram levados em consideração. Também procurou-se ao máximo não alterar a rotina da sala de aula pesquisada. Nenhum dado foi coletado sem autorização prévia, concedida verbalmente.

A coleta de dados seguiu 13 passos. Não foi informado aos participantes que eu sabia LIBRAS, uma vez que acreditamos que tal fato favoreceria a manutenção da naturalidade do contexto pesquisado. Aparentemente os alunos ouvintes não se preocuparam

com a pesquisadora porque sabiam que não eram os principais sujeitos da pesquisa. Os alunos surdos não viam a câmera filmadora, a menos que olhassem para trás porque estavam sendo filmados do fundo da sala de aula, o que minimizou o desconforto de serem filmados. Os sujeitos de pesquisa se mostraram curiosos e no final da primeira gravação pediram para ver a filmagem. Foi mostrado a eles parte do que havia sido filmado e como todos estavam de costas, aparentemente fazendo nada, demonstraram desapontamento e falaram /que não acontecia nada/99. Após esse dia, somente uma aluna surda perguntou sobre a pesquisadora em um outro momento. A intérprete, de frente para a câmera, parecia não se importar com o fato de ser filmada e sentia-se “protegida” pela língua de sinais. Por fim, a professora demonstrou naturalidade diante da presença da pesquisadora, embora alguns pesquisadores acreditem que “a presença do pesquisador pode provocar alterações no comportamento dos observados” (GIL, 1999, p.111)

A seguir descreveremos os 13 passos da coleta dos dados:

1º passo: Pedir autorização à diretora da escola para realizar a pesquisa.

2º passo: Pedir autorização à coordenadora do turno da manhã para visitar as aulas.

3º passo: Pedir autorização à professora de língua inglesa para pesquisar a sala de aula dela.

4º passo: Permissão dos alunos surdos. Não foi pedida a permissão aos pais destes alunos porque todos são maiores de dezoito anos.

5º passo: Aplicação do questionário. Todos os questionários foram respondidos e entregues antes do início da observação das aulas. (O 5º passo corresponde ao 1º momento da coleta de dados. Vide quadro página TAL)

6º passo: Observação, gravação e anotações da pesquisadora sobre as aulas.

Uma pessoa ficou responsável pela filmagem, assim fizemos as anotações sem nos preocuparmos com o manuseio da câmera filmadora. Os procedimentos de filmagem,

98

‘G’: um dos quatro sujeitos de pesquisa descrito no capítulo IV.

99

Tradução livre da pesquisadora para o sinal /NADA/+ mostrar desapontamento/decepção com o rosto .

gravação e anotações foram feito do fundo da sala. A filmagem foi feita utilizando uma única câmera, mas de tal forma que a professora pudesse ser filmada em qualquer ângulo da sala de aula, e principalmente focando o grupo dos alunos surdos e a intérprete. A intérprete aparece de frente e os alunos aparecem de costas. O fato de não estarem vendo a câmera (a menos que olhassem para trás) os deixou mais confortáveis. (Somente uma aluna pareceu atenta às gravações já que de vez em quando fazia alguns comentários sobre a pesquisadora com a intérprete). (O 6º passo corresponde aos momentos 2º, 5º, 8º e 9º da coleta de dados).

7º passo: Transcrições das aulas. A transcrição das aulas foi feita sem nenhuma correção nas falas, mantendo as características do discurso oral.

8º passo: Entrevista com a professora.

(O 8º passo corresponde ao 10º momento da coleta de dados).

9º passo: Entrevista com os alunos. Todos os alunos foram entrevistados no mesmo dia. Uma outra intérprete auxiliou na entrevista mediando a pesquisadora e os alunos. (O 9º passo corresponde ao 10º momento da coleta de dados).

10º passo: leitura e análise do histórico escolar.

11º passo: Entrevista com a intérprete.

(O 11º passo corresponde ao 10º momento da coleta de dados).

12º passo: Entrevista com as mães dos sujeitos de pesquisa. Cada uma foi entrevistada em sua respectiva casa e em dias distintos. (O 12º passo corresponde ao 10º momento da coleta de dados).

13º passo: Transcrição das entrevistas. A transcrição das entrevistas foi feita sem nenhuma correção nas falas, mantendo as características do discurso oral.

No próximo capítulo apresentaremos a análise dos dados feitos de acordo com a metodologia aqui explicitada.

CAPÍTULO IV

A REALIDADE DO SURDO QUE APRENDE UMA LE (INGLÊS) NA