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Por vezes, aparece na Terra um tipo biológico de exceção, com índices ca- racterísticos estranhos, se o considerarmos em relação às leis normais da vida, seguidas pela maioria. Estudamos sua figura e função no capítulo “Os Guias do Mundo”. Vejamos agora como se comporta ele quando é colocado em con- tato com a realidade do mundo animal, e como este se comporta em relação àquele tipo biológico. No capítulo citado, vimos como os ideais sustentados pelas forças do Alto descem à Terra. Troquemos agora a perspectiva, ou seja, vejamos como são eles acolhidos, modificados, contorcidos e sufocados pelas forças do ambiente terrestre, com as quais eles se encontram para nelas se en- trosarem. Trata-se de uma luta entre dois tipos e dois planos biológicos. Ob- servemos como se comportam os representantes de cada um deles, armados de forma tão diferente, e como vencem ou perdem na luta pela vida. Perscrutemos tudo isso com a psicologia positiva, objetiva e desapiedada de Maquiavel, par- tindo dos princípios positivos de que, no mundo, tudo é luta para viver e para subir e de que a vida é sempre utilitária. O problema é ver a forma que essa luta assume e quais os alvos que o utilitarismo da vida quer atingir nos planos mais altos. Não queremos dizer que esse tipo biológico se nos apresenta sem- pre em seu ponto máximo, como santo. É mais comum ele se apresentar de forma mais ou menos alta, aproximando-se do santo. Apresenta-se como ho- mem simplesmente honesto, moral, evangélico, que procura tender à perfeição da santidade. O problema interessa, portanto, a mais pessoas do que se pensa e às próprias massas, porque são elas que estão envolvidas nele, o que se pode ver na veneração que tributam ao santo, exprimindo dessa forma, inconscien- temente, uma aprovação, o que é uma exigência das leis da vida.

Quando vem viver na Terra algum exemplar raro do tipo biológico do san- to, ou de alguém que tende a isso, verifica-se um espetáculo que relembra a descida dos mártires inermes à jaula dos leões. Ele desce ao mundo que Ma- quiavel pôs a nu com cruel verdade, como vimos nas páginas precedentes. Observemos. O que acontece com o cordeiro quando ele se coloca entre os lobos? Estes, naturalmente, começam a rodeá-lo, farejando a presa. Num mun- do cuja maior atividade consiste em viver dilacerando o próximo, porque esse é o trabalho que a seleção impõe no plano animal, a primeira manifestação da vida é representada pela agressão. Em vista dessa psicologia básica, os lobos começam a farejar, a fim de conhecer a força do inimigo, para calcular se con-

vém realizar o esforço de agredi-lo, de maneira que seja compensado pela se- gurança da vitória. Esta é a principal forma de atividade no plano em que vive hoje o homem, tanto como indivíduo quanto como povo. Inútil, pois, pensar na abolição da guerra, enquanto a maioria humana continuar a pertencer preva- lentemente ao mundo animal.

Começa então a espoliação do homem evangélico. Aproxima-se o primeiro lobo e dá uma dentada, arrancando um pedaço de carne. Visto que a cobiçada festa foi iniciada impunemente, apressa-se um segundo a imitar o primeiro, e, com outra dentada, abocanha outro naco de carne. E assim por diante. Encora- jados pelo êxito dos mais fortes, adiantam-se então os fracos, mascarados de fortes e com armas ocultas. Com suas astúcias e mentiras, enganam o homem evangélico, todos fascinados pela grande miragem de poder tirar tudo do pró- ximo “impunemente”, ou seja, escapando à sua reação punitiva, única coisa que eles temem e que os pode deter. É por isso que só se pode conseguir or- dem num povo pela imposição da lei, e só se pode obter a paz entre as nações pela imposição da mais forte. O sonho e voluptuosidade do macho reside nessa impunidade de poder, sem esforço nem perigo, superar o obstáculo que o im- pede de obter a vitória sobre o próximo. A satisfação consiste em achar, nesse caso, o caminho mais rápido e mais fácil de satisfazer seu instinto de conquis- tar e dominar, para evoluir. Mas, para obedecer ao que a vida ordena ao ma- cho, é de pouca valia satisfazer apenas uma vitória que é mais fruto da fraque- za do vencido do que da superioridade do vencedor. As leis sociais, como o equilíbrio dos povos e seu assalto nas guerras, baseiam-se no princípio de ob- ter o máximo e, arriscando o mínimo, apoderar-se de tudo. Que isto, no plano humano, signifique vitória, mesmo não o sendo num plano mais alto, compre- ende-se, quando se pensa que o espírito de egoísmo e de domínio, que hoje se procura corrigir com as virtudes do altruísmo e obediência, formou-se no ho- mem justamente porque só os indivíduos que o possuíam conseguiram sobre- viver melhor na universal luta pela vida.

Assim, o homem do Evangelho fica reduzido apenas a seus ossos. Estes só lhe são deixados, porque de nada servem ao agressor, que se contenta em des- pojá-lo, não o matando apenas porque isso representa um trabalho que nada lhe rende, única razão para deixá-lo vivo. O que faz então o homem do Evan- gelho? Descido ao inferno terrestre, olha sua pátria longínqua e se deixa des- pojar e matar. Ele conhece outra vida, desconhecida por quem o assalta, de modo que não perde muito, mesmo se lhe tiram a vida terrena, que para os

outros é tudo. Ele se deixa despojar na Terra, pois tem pouco a perder, já que seus valores estão em outro lugar. Então, quem o despojou acredita que ven- ceu, ao passo que o homem do Evangelho sabe que, ao contrário, aquele per- deu, pois, ao invés de subir para a libertação, ele se prende cada vez mais a um cárcere infernal. Compadece-se então e chora sobre a miséria do seu próximo, que é de tal sorte e tanta, que leva este a considerar um belo lugar de perma- nência a estrumeira humana, julgando vencer quando, ao contrário, amarra-se sempre mais a seu cárcere. Ora, para o homem normal, a traição consiste jus- tamente na ilusão que o circunda e lhe faz crer que venceu, quando de fato perdeu. Entretanto isto é natural, porque a ignorância e, portanto, a ilusão cres- cem à proporção que se desce na escala da involução.

Nasce assim um estranho duelo, no qual as posições, as armas e os alvos são tão diversos, que não se sabe quem vence e quem perde. Permanece o princípio fundamental da vida, que é sempre utilitária, só que os alvos utilitá- rios são diferentes. Assim como o macho e a fêmea encontram um modo de conviver, cada um no seu perfeito egoísmo, apenas porque seus alvos utilitá- rios são opostos, também o santo e o homem normal descobrem o modo de viver juntos, porque as metas de suas vidas estão nos antípodas. O tipo normal, rei da espoliação, consegue alegrar-se ao esmagar e vencer. O tipo evangélico atinge sua alegria em outro mundo, desconhecido do primeiro, mundo em que a perda das coisas terrenas, que para o outro são tudo, representa quase nada. Sendo eles dois tipos biológicos diferentíssimos e falando duas línguas diver- sas, é natural que se considerem reciprocamente tolos. Ambos tem razão, mas cada um em seu plano. Porém, uma vez colocados nos planos a que não per- tencem, então estarão ambos errados.

Para compreender melhor a posição do evoluído – homem do Evangelho, tipo biológico do futuro – em relação à maioria, dada pelos homens normais, faremos uma comparação. Imaginemos um pássaro habituado a voar em seu mundo aéreo de liberdade, de luz, de panorama vastíssimo e rápidos movimen- tos. Esse pássaro, desce um dia para viver entre os peixes no fundo do mar, num mundo denso, escuro, com panorama mínimo e movimentos lentíssimos. Porém, seja entre animais ou, às vezes, mesmo entre homens, o primeiro modo de estabelecer conhecimento entre seres que se encontram pela primeira vez é a agressão e a defesa, isto é, a luta. Essa é a dura apresentação biológica que se faz na sala de visitas da vida, baseada num manual de educação bem positivo e objetivo, cuja finalidade é mostrar quais os meios ofensivos que cada um dis-

põe e, nessa base, julgá-lo. Isso porque, no plano animal-humano, o valor é dado pela força e pela capacidade de subjugar. Por isso os peixes agredirão o pássaro que desceu entre eles e, senhores de seu ambiente, vangloriar-se-ão de sua força e sabedoria, condenando-o, pois este, por estar no meio deles, encon- tra-se fatalmente sem razão. Impor-lhe-ão, assim, um modo de viver que é produto de seus cérebros de peixes, mas que não será aceitável para o pássaro. Quando este narrar seus rápidos e livres voos nos espaços, em vastíssimos horizontes cheios de luz, os peixes o chamarão de louco. E, se o pássaro, para que os peixes tenham mais luz, convidá-los a subir, um pouco que seja, à su- perfície, narrando as maravilhas do mundo acima das águas, eles gritarão que é utopia, dizendo: peixe sempre foi peixe, o nosso é o único mundo verdadeiro, o resto é sonho. E, se o pássaro lhes narrar tudo, falando daquilo que ele bem conhece, eles todos negarão e voltarão ao abismo.

Então o pobre pássaro exilado chorará sua bela pátria longínqua e dirá que é um crime produzir filhos, porque lhe é duro demais viver assim. No entanto, para os peixes, nascidos em seu ambiente e a ele proporcionados, a vida pode ser a coisa mais adequada e até bela. Assim, para os seres do tipo comum cor- rente, a vida terrestre, feita de mentira, luta feroz e dores contínuas, pode ser o necessário. Poderíamos perguntar, com efeito, o que tais homens saberiam fazer melhor do que isso, se não tivessem tão desgraçadas ocupações? E como tirá-las deles, se, sem elas, só saberiam morrer de tédio ou destruir-se com toda a espécie de abusos? Se não houvesse esse freio de tantas dificuldades na Ter- ra, quem moderaria sua insaciável sede de gozos? Se não houvesse o recíproco assalto contínuo, quem arrancaria o homem à sua preguiça, para obrigá-lo a evoluir?

Para o evoluído, entretanto, a coisa é muito diferente. O ambiente terrestre é para ele verdadeiramente um inferno, uma vida inaceitável. Seus instintos são diferentes, suas ideias não são compreendidas, suas mais vivas verdades são utopia. O pobre pássaro, sedento de luz e liberdade, bate em vão as asas para voar. Todos os peixes o acham ridículo. E ele, assim, estragará suas gloriosas asas, só conseguindo mover-se com dificuldade, embaraçado no fundo do mar, lá onde os peixes sabem nadar tão bem e viver confortavelmente.

No entanto ocorre uma circunstância. O pássaro morrerá de padecimentos, isto se os peixes não o matarem logo de vez, e será tomado em vida como lou- co, todavia ele contará coisas estranhas e novas, que nenhum peixe jamais soube ou disse, e alguns o ouvirão, sendo suscitada então alguma curiosidade.

Assim, também no homem comum, há um desejo indefinido de progresso, dado pelo instinto de evolução, que se desperta nesses casos, porque todos anseiam subir, ainda que muitos parem no primeiro esforço. O pássaro perderá as asas, viverá e morrerá dilacerado, mas sua descida ao mundo inferior era o único meio para fazer chegar um pouco de luz até lá embaixo, luz que, de ou- tra forma, seria ignorada para sempre. A descida do pássaro de seu mundo superior era o único meio para que alguém do mundo inferior dos peixes se movesse e tentasse subir um pouco mais para cima. E o pássaro, ou o evoluí- do, continua sendo o mensageiro enviado por Deus como vítima, saindo de um mundo superior para iluminar com seu sacrifício um mundo inferior e ajudá-lo a subir. É assim que se pode compreender essa parábola do pássaro e dos pei- xes. Ela é verdadeira porque se baseia em três leis fundamentais da vida, às quais correspondem três instintos que são vivos em nós: 1o) a fome, para con-

servar o indivíduo; 2o) o amor, para conservar a raça; 3o) a evolução, para

progredir. Biologicamente, todos os seres, mesmo os inferiores, possuem tam-

bém esse terceiro instinto. Há para todos na vida humana uma necessidade de subir, que constrange os evoluídos a descerem e os involuídos a subirem. O encontro é o choque doloroso. Mas é dor genética. A subida só pode ser reali- zada através da dor.

Vimos que Maquiavel nos descreve o mundo inferior dos peixes, mas sem conhecer o dos pássaros. Ele tem razão entre os peixes, porém, entre os pássa- ros, erra. Quando nos diz que é mister nos mostrarmos externamente virtuosos, mas que é perigoso sê-lo de fato, permanece fechado nos limites de um mundo inferior. É necessária muita ignorância das leis da vida para errar tanto, e mui- ta insensibilidade para suportar as reações da Lei ao erros que são assim perpe- trados. Mentir é esforço, sendo indispensável sermos dotados do instinto da mentira, isto é, sermos ignorantes e involuídos, para suportá-la. Tudo sacrificar em troca de vantagens efêmeras de um mundo inferior é coisa triste, e só al- mas ignorantes, capazes de se iludirem, podem fazer tão mau negócio. É muito triste viver e agir assim, sem uma meta mais alta e mais segura, que nos garan- ta a conquista de valores que não sejam falsos, como na Terra. Logo que pro- gride um pouco, o homem precisa de um pão mais nutritivo. Chegar a ser exí- mio na arte de enganar o próximo não pode satisfazer nenhuma consciência bem formada. O homem fica imensamente mais satisfeito e consegue resulta- dos muito maiores quando, ao contrário, consegue compreender uma lei com- pletamente diversa do princípio de Maquiavel, segundo a qual: “quem faz o

bem aos outros o faz a si mesmo, e quem faz o mal aos outros a si mesmo o faz”. Aqui já saímos do mundo dos peixes e entramos no dos pássaros. Mas tudo na Terra quer ficar no primeiro desses dois mundos, e todo o universo é visto, na Terra, desse ponto de vista e reduzido aos termos desse ambiente.

Assim pode haver duas formas de santidade: a íntima, que Deus vê em se- gredo, reconhece e recompensa; e a exterior, oficialmente declarada diante do mundo, perante o qual a primeira pode passar despercebida. Nem sempre as duas chegam a se sobrepor e coincidir, porque o julgamento de Deus não pode ser igual ao dos homens. A santidade é, antes de tudo, um fato privado entre a alma e Deus, único que pode julgar o mérito. A satisfação humana é outra coi- sa. Aqui estamos na Terra, e a lei da luta invade tudo. Aqui, enquanto o santo está vivo, muitas vezes o perseguem e até o matam. Só quando ele foi de todo embora, havendo plena certeza que a sepultura encontra-se bem fechada e que ele não fala mais, então nasce o grupo que o santifica. Falamos do santo no sentido amplo, isto é, do homem excepcional que, mais tarde, um grupo esco- lhe como bandeira, para que muitos medíocres possam tornar-se um pouco maiores à sua sombra. Assim, cada religião, cada partido político, cada perío- do histórico têm seus eleitos, porque o instinto de deificação é fenômeno bio- lógico desde as fases primitivas da evolução humana. Ele se inclui no instinto de progresso, pelo qual se procura, através dos homens de exceção, criar mo- delos para imitar, evoluindo com eles. Seja Lenine para os comunistas ou o chefe de uma ordem religiosa para esta, seja um general para o exército ou um mártir para uma ideia, o princípio utilitário para a vida é sempre o mesmo: o grupo escolhe um chefe ideal para sua glória, mas sobretudo para seu poder e defesa. O grupo gosta de criar para si um modelo, para sobretudo mostrar o que os seguidores pretendem parecer. Que de fato o sejam, isto é outra ques- tão. Há, porém, um ponto comum a todos eles: o santo escolhido está bem morto e, portanto, impossibilitado de voltar a se ocupar de coisas terrenas, que os seguidores gostam que sejam deixadas exclusivamente em seu poder. En- tramos aqui no terreno de Maquiavel. Ter que suportar o controle direto por parte de um santo vivo, justamente nesse terreno em que se apaga todo princí- pio superior, seria um contraste e um empecilho.

Os homens da Terra, pelo instinto de progredir, têm mais ou menos a intui- ção de que, nesses casos, existe um ser superior. Mas eles continuam a ser práticos no terreno positivo, limitando-se apenas a usar este ser. Imitá-lo é muito difícil. Bem sabem eles que assim é e pouco pensam nisso. A santidade

não é comida para todos os dentes, mas alardeá-la é vantajoso. O homem pre- ga e faz muitas coisas bonitas, mas, se quisermos compreender por que as diz e as faz, acharemos que a verdadeira e última razão quase sempre é apenas uma utilidade sua. Só os ingênuos podem acreditar no que dizem os astutos, isto é, que se possa fazer algo sem tirar vantagem. Todos têm o alvo “útil”. E isto não constitui culpa: é a lei da vida. É erro pensar que isto, como princípio, seja uma culpa. O defeito reside na baixeza da utilidade que queremos alcançar e, por isso, desaparece no ser superior, que põe a sua utilidade no amor ao pró- ximo, no amor a Deus.

Não nos escandalizemos deste utilitarismo da vida. Em sua sabedoria, ela consegue extrair utilidade de tudo, até mesmo dos instintos elementares do homem. Explora-se o santo, mas assim se alardeia a virtude, e as massas que só sabem pensar com a cabeça de quem as guia, aprendem regras melhores de vida, assimilam alguma coisa por sugestão e aplicam também algumas delas, fazendo tudo por imitação. Como ensinar gente que não sabe e não quer pen- sar, porque isso cansa, senão com a repetição mecânica de máximas simples, axiomáticas, que não requerem nenhum esforço mental? No entanto assim se progride. Deste modo é atingido o alvo da vida, ainda que apenas na forma permitida pelo estado de involução humana: a imitação. Nisto tudo vemos, mais que o defeito do homem, a sabedoria da vida, que sabe tirar partido de tudo, até dos defeitos. Que poderiam as massas assimilar do super-homem, se tivessem contato direto com ele? Quando isso aconteceu, elas perderam a oca- sião, por absoluta incapacidade de compreendê-lo. Se não houvesse essa ex- ploração utilitarista por parte dos grupos, quem desempenharia a função de intermediário entre o mais e o menos, para torná-lo acessível a todos? Quem funcionaria como redutor de potencialidade do gênio que queima, até à tepidez dos cérebros pequenos da maioria? Quem fixaria no concreto prático o relâm- pago evanescente de um pensamento que atravessa o mundo como um meteo- ro? A vida é uma construção orgânica, onde cada indivíduo tem a sua respecti- va função útil. Os involuídos também fazem parte dela e devem executar o seu trabalho. No seio da vida nada é fátuo, mas tudo é sábio, até mesmo aquelas manifestações mais elementares, que podem parecer tolas aos mais orgulho- sos.

Assim, o instinto do progresso leva os primitivos a imitar os mais evoluí- dos, porque a lei de evolução é fundamental e impera soberana. Vimos que as necessidades básicas impostas pela vida são: a fome, para a conservação indi-

vidual, o amor, para a preservação coletiva, e a evolução, para que tudo isso não signifique trabalho inútil, mas sirva, ao invés, para progredir. As formas materiais da vida são revestimentos que servem de aprendizado para os princí- pios espirituais nelas decaídos, e a meta suprema desses princípios é remontar a Deus. Assim as três supracitadas leis: fome, amor, evolução, são três degraus consecutivos, o primeiro dos quais serve para passar ao segundo, e o segundo para alcançar o terceiro. A fome para conservar o indivíduo, a fim de que este, amando, conserve a raça, para que esta, experimentando por sua conta e aprendendo dos mais evoluídos, progrida. A meta final de tudo é a subida. E, na vida, o trabalho é dividido: os involuídos tendem a permanecer servos, pois

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