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Os princípios gerais – que o leitor conhece, pois já foram desenvolvidos em outros volumes anteriores – apesar de terem suas origens nos planos da metap- síquica e mesmo da teologia, descem até no particular de nosso mundo eco- nômico, continuando verdadeiros e eficientes também para os problemas téc- nicos das trocas monetárias. Os sábios princípios e equilíbrios da vida domi- nam o próprio contingente prático, manifestando-se também neste terreno do particular, que parece isolado e destacado deles. A biologia, concebida como um fenômeno que é guiado pela lei de Deus e expressa Sua vontade e pensa- mento, abraça também todos os fenômenos da vida, desde o moral, intelectual e espiritual, até ao social, histórico e econômico, num monismo absoluto. As- sim o mundo econômico, mesmo no seu caso monetário particular, também está ligado ao todo e é reduzível à unidade universal.

O primeiro aspecto que nos aparece na economia política é o fenômeno da oferta e da procura. Ele é regido pela lei do mínimo meio, segundo a qual – assim como, pela lei da gravidade, o que menos pesa sobrenada e o que mais pesa afunda-se – o que escasseia é valorizado e procurado, sobressaindo-se e flutuando sobre as outras coisas, enquanto o que é abundante e exuberante é pouco valorizado e afunda-se. Mas o fenômeno é também regido pelo princí- pio geral da luta pela seleção do mais forte, vigente em nosso plano evolutivo, princípio que, em seu aspecto demográfico e bélico, apresenta-se na forma de luta armada (guerra) pela conquista do espaço vital e, em seu aspecto econô- mico, assume a forma da interação entre oferta e procura. Estas, no entanto, só na aparência se apresentam com roupagem pacífica. Apesar dos economistas no-las apresentarem em equilíbrio, como uma balança, elas são na realidade o resultado de uma luta baseada num egoísmo desenfreado. Na prática, a oferta é o ato com que se busca satisfazer a uma necessidade ou procura, quando, no mundo civilizado, não é mais preciso recorrer ao método primitivo de agressão a mão armada ou ao furto. Trata-se de uma forma mais evoluída que as outras para aquisição de bens, imposta num estado de ordem em que somos constran- gidos a reconhecer um direito igual em nosso próximo (inimigo, porque rival na procura dos bens). A procura é a busca declarada e direta da satisfação do desejo ou necessidade próprios, tentando combinar essa procura com a oferta, mas também procurando aproveitar, para vantagem própria, todas as fraquezas e necessidades do ofertante.

Embora os economistas apresentem o problema em forma de equilíbrio, no qual os dois impulsos se contrabalançam, há por trás de suas fórmulas sempre a mesma realidade biológica que observamos em todos os fenômenos. Revela- nos ela a dura face da luta desapiedada entre egoísmos opostos, na qual cada um deles procura desfrutar, espremer e esmagar o outro para vantagem sua. Permanece a luta no terreno da posse dos bens, a fim de se poder adquirir o máximo em quantidade, qualidade ou valor, dando em troca o mínimo. A ba- lança da procura não é igual à da oferta, e ao contrário, mas, para cada uma das duas partes, a medida “justa” pretendida é sempre ser tudo para mim e nada para o outro. Na luta, constrangidas pela necessidade de chegar à troca, a fim de satisfazer às próprias necessidades, devem, sem dúvida, as duas partes encontrar-se num ponto intermediário, mas este não é o da justiça equitativa, e sim apenas o resultante do encontro de duas forças opostas, das quais a mais forte vence a outra, fazendo a balança pender para seu lado.

Esta é a justiça econômica, que vale tanto quanto a justiça bélica ou políti- ca, e assim por diante, em que o mais forte tem razão e estabelece e impõe a justiça para sua vantagem. Assim, a procura põe a mão no prato da balança da oferta, e ao contrário. Por isso, quando a oferta abunda em relação à procura, desvaloriza-se o produto oferecido, porque a procura oferece uma compensa- ção sempre menor, correspondente ao crescimento da oferta, aproveitando-se para, da abundância do produto e da necessidade que tem o inimigo de dar-lhe saída, obter a mercadoria a um preço de troca sempre menor. Por isso, quando aumenta a procura, a oferta aproveita a necessidade e a carência do requisitan- te para pedir um preço sempre mais alto e o produto oferecido então se valori- za. Por isso, mesmo no caso mais simples de troca direta de mercadorias, sem a intermediação da moeda, temos nessa luta sempre uma instabilidade de valo- res ou preços, que é o germe das crises econômicas e monetárias, dependendo tudo da estrutura psicológica do animal humano. É precisamente esse regime de luta, derivado de tal estrutura, a primeira fonte das crises econômicas e da instabilidade monetária. Equilíbrios instáveis, porém melhor resultado não se pode obter de uma máquina baseada sobre o egoísmo e, portanto, no embate entre egoísmos, onde só pode sair vencedor o mais forte.

Baseia-se o nosso atual mundo na falta de reconhecimento das necessidades e direitos do próximo. A sociedade humana não se apoia em uma colaboração harmônica, como deveria ocorrer entre células de um mesmo organismo, mas fundamenta-se na luta entre células, atentas a suprimirem-se, para que a mais

forte esmague a mais fraca. Isto ocasiona um atrito que a coletividade deve pagar à sua custa. Assim, querendo vencer para si, cada um age de modo a que todos concordemente percam em parte, ou seja, devam pagar uma taxa co- mum, uma percentagem de perdas ou consumo para a luta comum de todos contra todos. E isto é absurdo. Mas, no grau atual de sua evolução, o homem não consegue proceder com mais inteligência.

O organismo social só pode achar a linha de maior rendimento na colabora- ção, baseada na honestidade e na confiança, filhas de um altruísmo não teórico e vão, mas inteligente e utilitário. Ora, neste nosso mundo nada disto se prati- ca, e a máquina social, por isso, funciona com esforço, sem nenhuma consci- ência coletiva, nem mesmo aquela já alcançada por algumas sociedades de insetos, como as abelhas, as formigas, etc. E, quando funciona um pouco, é um funcionamento forçado, porque só a imposição de um governo consegue obri- gá-la a isso. Está tudo desgastado e esmagado pelo peso da desconfiança e da contínua resistência do indivíduo contra o interesse coletivo. O egoísmo fecha e divide, sufocando a vida, enquanto o mundo necessita sempre mais de estra- das abertas, por onde circule a troca, já que ela é, por natureza, útil e fecunda. Acontece então que o Estado, para que tudo seja controlado, deve onerar-se com uma custosa e embaraçosa burocracia. Esta, então, torna-se uma odiosa caçadora de transgressores, e os governantes passam a ser inimigos do povo. Surge, assim, aquele natural e universal antagonismo entre o Estado e o indi- víduo, sempre em luta entre si, como ocorre entre empregados e patrões. Então os governos, para se manterem de pé, precisam armar um exército. E assim por diante. Dessa forma, grande parte da produção e do trabalho, os bens da nação, precisam ser usados com esse fim e subtraídos ao gozo de todos.

Em cada anel da cadeia das trocas, que vai do produtor ao consumidor, não se procura dar frutos para todos, tornando-se útil à função exercida, mas pro- cura-se, pelo contrário, explorar a todos, impondo aos outros, a preço de extor- são, a própria função, só porque esta serve a si mesmo, embora seja prejuízo para a coletividade. Assim, o que parece uma graciosa oferta do comerciante nos negócios é, às vezes, apenas uma luta para arrancar do cliente a maior quantidade possível de dinheiro, com uma mercadoria tomada ao produtor pelo mínimo preço possível. Nada produzindo de seu, torna-se ele indispensá- vel a ambos, procurando tirar de ambos todas as vantagens. Estas, quando a produção aumenta, são primeiro, antes de atingir o consumidor, absorvidas

pelo próprio comerciante, que também pode, se a procura aumentar, fazer su- bir o preço, sem que o produtor sinta a vantagem.

Por sua vez, o produtor se preocupa em satisfazer às necessidades dos ou- tros somente enquanto isto corresponde a seu desejo de lucro. Ele, então, ex- plora os gostos pervertidos e também os vícios (como a imprensa, que divulga fatos criminais e, em alguns Estados, onde o governo tem monopólio do taba- co, difunde a propaganda do hábito de fumar). Estabelecida, portanto, certa produção, o produtor, atento apenas a satisfazer ao seu interesse de vender e embolsar, é arrastado a conquistar, a qualquer custo, o seu cliente. Nasce então uma propaganda fictícia, dirigida a criar novos gostos, inúteis, com o único fito de dar saída aos produtos, aproveitando-se da sugestionabilidade das mas- sas. Trata-se de um assalto à boa fé dos simples. E, quanto menos vale o pro- duto, maiores despesas de propaganda pode certamente suportar e, portanto, mais apto está a invadir o mercado. E isto ainda pode ir além, como aconteceu, por exemplo, na formação de um mercado europeu a favor dos Estados Uni- dos, chegando a ponto de levá-los à guerra e, depois, a um bombardeio cerrado de grande parte da Europa, com o que, no entanto, ficou assegurado o cliente.

A oferta, portanto, sabe fabricar a procura de que tem necessidade, tornan- do assegurada a saída da produção. Tal é a natureza humana, pela qual o médi- co tende a fabricar os doentes de que precisa, por vezes até aplicando trata- mentos e operações cirúrgicas inteiramente desnecessários e inúteis. Assim, os ministros de qualquer religião são levados a criar para si mesmos o rebanho dos fiéis ou prosélitos que justifiquem sua posição ou presença. É sempre o mesmo egoísmo na luta para viver que leva o homem a impor à coletividade a sua própria utilidade exclusiva individual, em vez de oferecer-lhe suas capaci- dades para a utilidade coletiva. Por isso, tudo se torna um perigo nas mãos dos homens. No entanto o erro consiste em acreditar que o dano seja apenas para o vizinho, quando é de fato para todos e, portanto, para si próprio.

Tanto nos países livres como nas ditaduras, a realidade biológica, feita de luta desapiedada de todos contra todos, é sempre a mesma. Em qualquer parte, o peixe maior come o menor, o mais forte esmaga o mais fraco. A mesma coi- sa é feita em nome dos princípios e ideais mais diferentes. Por vezes, a liber- dade para os mais fracos, os vencidos, pode reduzir-se apenas à liberdade de morrer de fome. São gigantescas e tremendas coligações de interesses que re- gem o mundo. Acusa-se justamente o comunismo de explorar os instintos ra- paces das massas, mas isto prova que as massas já tem esses instintos em sua

alma. Eis uma qualidade em que muitos homens, tanto vencedores como ven- cidos, são verdadeiramente iguais. Eis onde está a igualdade humana para to- das as raças: ilimitada cobiça. No entanto, no mundo econômico, é possível morrer não só de fome, mas também de indigestão. O próprio aumento da pro- dução deveria produzir abundância e bem estar, oferecendo tudo a menor pre- ço, aumentando o consumo e elevando o nível de vida, mas, quando caminha- mos com tais métodos, a mercadoria se desvaloriza e a moeda se valoriza e desaparece, enquanto os produtores, para se salvarem da queda dos preços, não produzem mais. Então, para elevar os preços, eles chegam a queimar a merca- doria. E, assim, com o sistema do egoísmo e da avidez, chega-se ao absurdo de que o enriquecimento com maiores bens mediante o trabalho não é uma vanta- gem, mas sim um prejuízo. Não se chega então ao bem estar, mas à crise. No entanto não nos damos conta de quanto isto seja providencial. Se as leis da vida tendem a nivelar o homem mais num plano de miséria que de riquezas, acontece isto como consequência automática da psicologia de abuso que rege o mundo econômico, o que é um bem, porque esse homem não deve possuir o poder econômico, dado que só saberia fazer dele péssimo uso, em seu prejuí- zo.

Após estas premissas, entremos no problema particular monetário. Temos que presumir um conhecimento ao menos geral de economia política, agora que nos engolfamos no aspecto técnico da questão.

Falamos até aqui de um sistema simples, de troca direta, em que os bens funcionam não só como mercadoria mas também como moeda, e observamos a forma psicológica que rege o fenômeno econômico basilar da oferta e da procura. Para nos aproximarmos do problema monetário, temos que substituir o sistema originário e primitivo da troca direta pelo atual sistema de troca en- tre bens e moeda, em que um dos termos é a mercadoria e o outro é o dinheiro. Nas fases primitivas, a instintiva utilidade da troca limitava-se a fazer nas- cer uma economia direta, de trocas não monetárias, de simples permuta de bens, em que a moeda é a própria mercadoria. Mas a lei utilitária, sempre em vigor, do mínimo meio, levara instintivamente o homem a escolher, entre to- das, a mercadoria que mais destacadamente tivesse as qualidades que a tornas- sem apta à permuta. Devia ser mercadoria de uso e valor sobretudo universais, de modo a servir de denominador comum de troca entre todas as outras, repre- sentando o seu equivalente em valor. Devia ser então mercadoria de fácil transporte e, sobretudo, conservável, que permitisse o armazenamento, servin-

do como lastro de todos os outros bens, mais adequados à utilização direta no consumo do que para essa função de reserva econômica. Mercadoria indispen- sável e não deteriorável, independente de todas as transformações, como nas- cer, crescer e morrer, a que estão sujeitos todos os produtos da vida.

Começou-se com o “pecus”, a ovelha, unidade genérica de gado pecorino, de que se derivou mais tarde a palavra “pecúnia”. Mas ainda estamos numa forma de troca direta, à base de mercadoria não facilmente amoedável, porque ela mesma, segundo a produção, tinha quantidade variável e, portanto, valor instável, desde que não permanente em quantidades constantes no mercado, devido à lei da oferta e da procura, mediante a qual, aumentando a quantidade de dada mercadoria, seu valor diminui. Além disso, não era mercadoria facil- mente transportável nem conservável. Chegou-se, por isso, pouco a pouco, ao ouro e à prata, que correspondiam melhor aos requisitos de amoedamento, não só como aceitação universal, transportabilidade, conservabilidade (não deterio- rável) e estabilidade (não sujeita às contínuas transformações da vida), como ainda pela quantidade e, portanto, valor relativamente constante. O ouro e a prata são, ademais, bem definíveis como peso e medida, representado merca- doria que tem por si, nas joias, valor intrínseco, sempre realizável nos merca- dos.

Até aqui estamos diante de valores reais, ainda que de caráter diverso, uma vez que não é possível comer ouro ao invés de grão. Reais, pois haverá sempre quem aceite, nas trocas humanas, ouro em troca de outra mercadoria. Mas o homem não parou aqui. Esses metais preciosos foram transformados em moe- da cunhada, em que eles eram unidos a ligas de outros metais de valor menor. Depois, para subtrair essas moedas à deterioração e ao perigo dos desvios, substituiu-se-lhes o papel-moeda, ao qual, ao menos em teoria, deveria corres- ponder uma equivalente reserva de ouro. Assim, tudo se foi transformando, substituindo-se cada vez mais o primitivo valor de utilidade imediata por valo- res fictícios e convencionais. Isso tudo principalmente porque o poder político se apossou deste terreno para seu uso e consumo. Pôde chegar-se assim a valo- res nominais bem pouco correspondentes ao real. Na luta econômica universal, a intervenção estatal pôde, com isso, coagir a seu favor os equilíbrios naturais e alterar os valores reais. Desse modo, em pleno regime de tanta liberdade trombeteada, a intervenção estatal paralisou o jogo da oferta e da procura. Por isso a violação dos equilíbrios que naturalmente se formam num regime de

liberdade econômica, conduz a regimes econômicos falsos, a inflações mone- tárias, a crises contínuas, delícia de nossos tempos...

Nada pode firmar-se sobre a mentira. Em qualquer terreno, a vida, que é honesta, quer que valores reais correspondam aos valores declarados. No mundo econômico, isto é tão verdadeiro como no mundo físico ou moral. Emi- tir papel-moeda sem o equivalente lastro de ouro significa pôr em circulação moeda falsa, e comprar com semelhante moeda, sem dar pela mercadoria o equivalente ao que com ela se adquire, equivale a um furto. Mas é furto de Estado e, como tal, juridicamente protegido. Esse foi o caso da emissão do papel-moeda pelos aliados que ocupavam a Itália no fim da II Guerra Mundial, forma civil de tomar sem dar nada, ainda que de forma legalmente correta, isto é, pagando regularmente, porém com papel desprovido de qualquer valor real. Mas guerra é guerra, e apossar-se de tudo sem saquear as casas – como sempre fizeram os exércitos invasores – apresentando-se com as vestes cândidas de libertadores que espalham flores, já é um progresso, ainda que apenas na for- ma. Assim, as despesas aliadas, feitas com papel fictício, puderam aumentar a inflação, com a qual tudo foi graciosamente pago. Permaneceu, desta forma, grande quantidade de papel-moeda em circulação, com poder aquisitivo míni- mo, estando os bens e a produção, devido à destruição bélica, mais diminuídos que aumentados.

Enfrentemos agora o problema mais particular ainda da estabilidade mone- tária. É evidente que a primeira qualidade que deve possuir a moeda, como contravalor de bens, é a confiança, ou seja, a moeda deve corresponder a um valor real, e isto em forma estável. Hoje, porém, uma das características da moeda, ao invés, é especialmente a instabilidade de seu valor.

Deveria haver equilíbrio e união entre os dois termos: bens e moeda, para que fecundassem em colaboração com a vida humana. Mas, ao invés, eles se combatem e se afugentam mutuamente. Deveriam estar abraçados, no entanto, ao contrário, são rivais. Quando um precisa do outro, este o abandona. Há luta e antítese entre bens e moeda, pelo que, quando os bens abundam no mercado, a moeda desaparece e, ao contrário, esta sai a procurar desesperadamente os bens quando estes, por qualquer motivo, escasseiam. Assim, acontece que, quando os armazéns estão cheios, os bolsos aparecem vazios e, quando os ar- mazéns estão desprovidos de mercadoria, então os bolsos se apresentam chei- os.

Por que acontece isto? A economia é como um organismo vivo, movimen- tado e regido em seu funcionamento pela psicologia humana. E como pode nascer coisa diferente de uma psicologia de mesquinho egoísmo individualis- ta? Dado que cada um age apenas em seu exclusivo interesse, há luta entre procura e oferta, procurando uma aproveitar-se da outra, explorando-se reci- procamente, só para trazer a si o lucro maior. Então acontece que, logo que há aumento de oferta, os preços descem, isto é, a mercadoria vale menos e a mo- eda vale mais, portanto esta se retira, escondendo-se, de modo que, aumentan- do seu poder aquisitivo, ela se torna mais preciosa. Ao contrário, logo que há diminuição de oferta e as mercadorias escasseiam, aumentam os preços, isto é, a mercadoria vale mais e a moeda vale menos. Além disso, esta é constrangida a aparecer para adquirir os bens que, escasseando, se tornaram mais necessá- rios e procurados. Mas acontece que a moeda abunda no mercado, quando há menos que comprar, e escasseia, quando há mais que comprar. Sendo o produ- tor e o consumidor dois inimigos em luta, prontos a explorar qualquer fraqueza do adversário, esse movimento é gerado não só pela esperança de um lucro sempre maior em vantagem própria e com dano do outro, mas também pelo medo de uma perda sempre maior, com dano próprio e vantagem do outro. Nasce então, com o aumento da oferta, o pânico no produtor ou possuidor das mercadorias, ou seja, o medo que a descida dos preços continue com uma des- valorização sempre crescente dos bens possuídos. Ao contrário, com o aumen- to da procura, forma-se outro pânico no consumidor ou possuidor da moeda, isto é, medo que o aumento do preço continue, com um encarecimento sempre

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