• Nenhum resultado encontrado

5 UNIÃO HOMOAFETIVA

5.1 A homossexualidade

O vocábulo homossexual é de origem grega e latina e nos remete à idéia de atração sexual por pessoas do mesmo sexo, pois a palavra é formada da união do prefixo grego homo, o qual significa semelhante, o mesmo, e do latim sexu, que se traduz por “relativo ou pertencente ao sexo”. Então, homossexual é a pessoa que se interessa sexualmente por pessoas de sexo igual ao seu.

Inicialmente utilizava-se o termo homossexualismo para se referir à orientação sexual dos homossexuais. Entretanto, a este vocábulo foi dado um sentido pejorativo, já que o sufixo ismo significa doença, então foi preferível denominar esta orientação sexual de homossexualidade, pois o sufixo dade designa “modo de ser”. Sendo assim, podemos definir a homossexualidade como

a atração afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Da mesma forma que a heterossexualidade (atração por uma pessoa do sexo oposto) não tem explicação, a homossexualidade também não tem. Depende da orientação sexual de cada pessoa. Por esse motivo, a Classificação Internacional de Doenças (CID) não inclui a homossexualidade como doença desde 1993.32

O Conselho Nacional de Combate à Discriminação ainda define a orientação sexual como

a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. A orientação sexual existe num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade. Embora tenhamos a possibilidade de escolher se vamos demonstrar, ou não, os nossos sentimentos, os psicólogos não consideram que a orientação sexual seja uma opção consciente que possa ser modificada por um ato da vontade.

A Classificação Internacional de Doenças (CID), publicação da Organização Mundial de Saúde, anteriormente colocava o homossexualismo como um “desvio ou transtorno sexual”, dentro das doenças mentais – CID nº. 9. Sendo

32

CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem Homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania homossexual. Secretaria Especial dos Direitos

Humanos - SEDH. Brasília: Ministério da Saúde, 2004, p. 29. Disponível em:

que, como dito acima, em 1993 o homossexualismo deixa de fazer parte do capítulo das doenças mentais e passa a ser tratado no capítulo “Dos Sintomas Decorrentes de Circunstâncias Psicossociais”, tendo sido a expressão homossexualismo trocada por homossexualidade em 1995, quando foi posto no tópico dos “Transtornos da Preferência Sexual”.33

Não se sabe ao certo o porquê das pessoas possuírem orientações sexuais diversas. Nada foi conseguido provar cientificamente. O fato de a homossexualidade estar presente dentro do tema dos transtornos da preferência sexual é devido ao sofrimento causado pelo preconceito e rejeição da sociedade pela orientação sexual das pessoas. A sociedade recrimina todos que são denominados diferentes em um determinado momento, assim já foi feito com os judeus, com os negros, com as mulheres, dentre outros.

A homossexualidade ocorre tanto entre homens como entre as mulheres. A homossexualidade feminina também é denominada de safismo, lesbianismo ou tribadismo, enquanto a masculina ainda é conhecida como sodomia e uranismo.

A maneira que a sociedade lida com a homossexualidade depende de fatores culturais. Na Grécia antiga, a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo era normal e até incentivada, haja vista ser o envolvimento heterossexual considerado inferior, pois objetivava apenas a perpetuação da espécie humana. A sexualidade era livre apenas para as pessoas bem nascidas, os jovens que iam estudar com os grandes mestres tinham que ter relações sexuais com eles, sendo uma grande honra o jovem ser escolhido pelo seu preceptor. Nas olimpíadas gregas os atletas competiam nus, espetáculo considerado muito belo e por isso proibido às mulheres por estas não possuírem a capacidade de apreciar tal beleza. Esclarecedoras são as palavras de Taísa Fernandes acerca da homossexualidade na Grécia:

A homossexualidade era vista com naturalidade, uma prática recomendável, que envolvia transmissão e aquisição de sabedoria. Adolescentes buscavam o mestre para serem iniciados na arte da retórica e da oratória. Eram chamados de efebos, e ser escolhido pelo preceptor era uma honra. Em troca, os jovens aprendizes ofereciam favores sexuais, pois acreditavam

33

DIAS, Maria Berenice. União homossexual: o preconceito & a justiça. 3ª ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2006, p. 37.

39

que isso aumentaria suas habilidades políticas e militares, além da transmissão de uma educação refinada. Na antiga civilização grega, a educação de um jovem mesclava a virilidade e a homossexualidade. 34

Na Roma antiga a homossexualidade era tolerada, mas os que eram parceiros sexuais de outros homens eram considerados inferiores no meio social, igualados aos escravos. Maria Berenice afirma que esta inferioridade se dava a associação existente entre a passividade sexual e a impotência política, visto que os amantes passivos eram os rapazes, os escravos e as mulheres.

Na Idade Média as relações homossexuais eram mais comuns nos mosteiros e nos acampamentos militares. Mas foi nesta época que a Igreja, devido ao seu domínio político e ideológico, começou a combater as práticas homossexuais ditando a homossexualidade como um pecado e perseguindo os homossexuais, aplicando-lhes castigos cruéis na época da Santa Inquisição.

Atualmente os homossexuais ainda encontram grandes barreiras sociais, sendo vítimas de discriminações, embora não se possa negar que muito já se evoluiu, na maioria das culturas, a respeito da maneira de se vê-los. Este grupo já alcançou algumas conquistas referentes à aceitação social, como o Dia do Orgulho Gay.

Em 28 de junho de 1969, eclodiu uma rebelião de travestis nomeada de motim de Stonewall, no Greenwich Village, em Nova Iorque. Durante uma semana, ocorreram protestos e brigas de homossexuais com a polícia, o que ensejou a institucionalização dessa data como o Dia do Orgulho Gay.35

Documentos relacionados