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A terceira e última fase do nosso percurso tem como ponto de partida uma das mais belas e movimentadas praças da cidade de Roma, local do antigo Estádio do Imperador Domiciano, a Piazza Navona (Ver Imagem 24), embelezada com a maravilhosa Fontana dei Fiume, realizada por Bernini, que representa os quatro grandes rios conhecidos na época: o Ganges, o Danúbio, o Prata e o Nilo. Esta praça sempre foi um dos centros de vida social da cidade, e hoje em dia encontra-se

invadida por músicos e artistas que dão vida e cor a este local. A razão pela qual começamos neste local é para mostrar ao leitor e visitante como a poucos passos de um dos locais mais turísticos da cidade de Roma se encontra um dos monumentos mais emblemáticos da passagem dos portugueses por esta cidade, um local de passagem obrigatória para o turista português.

Ao longo deste percurso podemos visitar os seguintes pontos de interesse turística:

 Monumento Vittorio Emanuele

 Museus Capitolinos

 Palazzo Venezia

 Igreja de Santa Maria in Cosmedin (Bocca della Verità)

 Isola Tiberina

 Igreja de Gesù

 Área Sacra di Largo Argentina

 Pantheon

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(Mapa 7) Igreja Sto. António dos Portugueses

Estamos a falar da Igreja de Santo

António dos Portugueses (Ver Imagem

25), na Via dei Portoghesi, na Zona de Campo Marzio (Ver Mapa 7). Esta igreja encontra-se ligada à fundação do hospício do Cardeal D. Antão Martins de Chaves. Esta personagem, da qual já falamos na primeira parte do nosso roteiro, como figura importante para a história de Portugal na cidade de Roma e que se encontra sepultado numa das principais basílicas da cidade, S. Giovanni in Laterano, foi o fundador da igreja dos portugueses.

Seguindo o exemplo de outras nações, o Cardeal D. Antão viu a necessidade de existir uma igreja nacional e ao mesmo tempo um hospício mais eficiente para tentar dar resposta à grande quantidade de peregrinos portugueses que chegavam à cidade, principalmente nos Anos Santos, à procura de indulgências. Em 1440 o Cardeal comprou aos Frades de Santo

(Imagem 25) Igreja Sto. António dos Portugueses

97 Agostinho um terreno nas traseiras do Convento desta ordem, hoje em dia Via dei Portoghesi, para a construção de uma igreja e um hospício para a comunidade portuguesa. Não se sabe ao certo se já existiria neste espaço uma pequena igreja ou o cardeal terá construído de raiz a actual.

A igreja que conhecemos hoje em dia é o resultado de várias obras de intervenção ao longo dos séculos, que permitiram que esta igreja seja considerada uma das mais belas na cidade, no seu estilo. D. Antão não chegou a ver o seu projecto concretizado em vida, o da união dos três hospícios portugueses para dar lugar um único hospício que prestasse os serviços necessário e tivesse melhores condições para os peregrinos e viajantes da comunidade portuguesa. O sonho do Cardeal foi concretizado pelas mãos dos seus testamentários, que através de uma súplica apresentada ao Papa, recebem no dia 9 de Agosto de 1467 a Bula Superne Dispositionis, na qual o Papa Paulo II, confirma e da aprovação papal a fundação deste hospício, através da união do Hospício do Cardeal, com o Hospício da Igreja Lisbonense e o Hospício de D. Guiomar, sendo anexas as propriedades dos três num só.

Não é necessário alongar a história da origem desta instituição. Para um melhor aprofundamento dela recomendamos a obra de Miguel de Almeida Paile Santo António dos Portugueses em Roma, uma obra de grande relevância para o estudo desta instituição.

Vamos centrar-nos principalmente na sua beleza arquitectónica e patrimonial. Embora se encontre um pouco escondida, a sua fachada imponente não passa desapercebida. Nela podemos observar, aparte do brasão da Casa de Bragança (já que a obra foi feita depois do período da restauração), na parte superior, vários elementos ligados as armas portuguesas, que conferem ao edifício um selo português e Real. O seu interior merece ser visto, apesar de não ser uma igreja monumental. Os elementos que a compõem dão ao espaço um ar opulento e majestoso. A sua planta é em forma de cruz latina e é composta de 7 encantadoras capelas (Ver Planta 1).

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(Planta 1)175 Igreja Sto. António dos Portugueses

No seu interior podemos destacar, aparte as capelas, os seguintes elementos; o enorme fresco da abóbada onde é representada a aparição do Crucifixo ao 1º Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, na altura da batalha de Ourique; a cúpula que encontramos na zona do cruzeiro, que finaliza com uma linda representação do espírito santo; o vitral da janela da fachada com uma belíssima imagem de Santo António com o Menino Jesus; e por último, ao pé do vitral, o maravilhoso órgão que brinda ao visitante com concertos semanais a maior parte do ano. Nela pregaram personalidades como o Padre António Viera e Luís António Verney. Foi palco de varias visitas apostólicas e encontram-se sepultados no seu interior importantes figuras da história portuguesa nesta cidade. Podemos conhecer mais detalhes sobre esta maravilhosa igreja através da obra de Arnaldo Pinto Cardoso, Santo António

dos Portugueses em Roma: Guia Histórico e Artístico da Igreja.

Ao pé da igreja existiu no passado o hospício dos portugueses, embora hoje em dia ficassem muito poucos vestígios da sua existência, a não ser o maravilhoso arquivo que guarda nos seus livros a memória do passado.

175 Retirada da obra: CARDOSO, Arnaldo Pinto – op. cit. P. 206.