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AS IDENTIDADES DOS (AS) PROFESSORES (AS) E DOS (AS) ALUNOS (AS) CONCLUINTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, E AS QUESTÕES DE GÊNERO E

ANO DE CONCLUSÃO

4.4 AS IDENTIDADES DOS (AS) PROFESSORES (AS) E DOS (AS) ALUNOS (AS) CONCLUINTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, E AS QUESTÕES DE GÊNERO E

SEXUALIDADE NA E PARA A FORMAÇÃO DOCENTE.

Nesse aspecto, o processo de identidade interagindo com os processos de representação, regulação e produção social da cultura universitária procurou analisar a questão referente ao respeito às diferenças e as discussões sobre as temáticas gênero e sexualidade no e para o curso de Licenciatura em Educação Física da UFS, a partir dos depoimentos dos professores e dos (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as), buscando compreender e demonstrar que os (as) professores (as), por meios discursivos e práticas sociais, produziram socialmente identidades e diferenças semelhantes as suas nos (as) alunos (as) durante a formação acadêmico-profissional. Contudo, é válido ressaltar que a (s)

identidade (s) e diferença (s) produzida (s) socialmente pelos (as) professores (as), por meios discursivos e práticas sociais, ocorre mediante conflitos, tensões e relações de poder, gerados por seus processos de representação e regulação, que são constituídos e delineados em seu Projeto Pedagógico, na cultura universitária.

Mas, antes de analisar o processo de identidade buscando demonstrar que os (as) professores (as), por meio discursivo e práticas sociais, produziram socialmente identidades e diferenças semelhantes as suas nos (as) alunos (as), quanto à questão referente ao respeito às diferenças e as discussões sobre as temáticas gênero e sexualidade no e para o Curso de Licenciatura em Educação Física da UFS, fez-se necessário perguntar exclusivamente para os (as) alunos (as) concluintes, porque escolheram esse curso para sua formação profissional. Nota-se que a escolha dessa profissão tem como justificativa marcante a presença de um (a) professor (a) em sua vida familiar e/ou estudantil, porém, alegam também mudar suas mentalidades ou opiniões durante a formação acadêmico-profissional, conforme se constata nos depoimentos a seguir.

Para o (a) Aluno (a) A,

[...] tinha um professor e eu achava muito engraçado [...] o cara ganhar dinheiro pra não fazer nada, dava a bola pros meninos. Rapaz!? Eu quero isso pra minha vida, mas quando eu entrei na universidade, vi que é totalmente diferente, que precisa ter um compromisso, que você tem o que estudar na verdade, eu pensei que ia pra universidade só pra brincar, pra jogar bola, pra fazer esportes, e é totalmente diferente, então, eu entrei no curso pensando nisso, mas graças a Deus eu mudei a minha ideia, minha concepção [...].

Já o (a) Aluno (a) B relata que

[...] foi um espelho que eu tive de uma professora, quando cursando [...] o ensino médio, eu conheci uma professora em que eu me identifiquei pelo trabalho dela, pela atuação com a Educação Física acabei me espelhando e era voltado pra questão do esporte, eu era atleta e me espelhei e achei que quando eu me formasse, eu ia trabalhar com o esporte, e aí eu pego a mudança da Educação Física bem quando eu entro, que é uma Educação Física mais teórica e tal, então, eu escolhi mesmo por um espelho de uma professora e aí comecei a seguir e ver uma outra educação física.

De acordo com o (a) Aluno (a) C expõe

[...] eu sempre gostei de ministrar aulas, quando eu era criança, me pegava dando aula pra minhas bonecas e na minha família a única tia que eu tenho formada no ensino superior, ela é professora, então, eu me espelho muito

nela, então, eu vejo que isso é desde pequenininha, eu tenho essa vontade de ser professora, eu me relaciono muito bem com crianças e com jovens, entendeu, então, eu acho que sempre sonhei em trabalhar em alguma coisa mais dinâmica, que não seja aquela coisa repetitiva, ser professor é enfrentar um desafio, cada dia um desafio novo, então, isso é que me motiva e me cativa ainda mais trabalhar sempre na área do magistério [...], na área de licenciatura.

E, por fim, o (a) Aluno (a) D afirma que

[...] sou um tipo de pessoa que sempre fui muito curiosa com relação a todas as práticas, então, [...] eu achava legal ser professora, sempre entrei no sentido de ser professora [...], mas eu entrei na UFS e ainda mais pra licenciatura, porque diziam, aqui é pra ser professor, o outro é pra ser treinador, mas depois quando eu entrei lá, eu descobri que todos nós somos professores, independente do caráter se é bacharel ou licenciado, mas foi por isso, pelo meu perfil mesmo.

Como se pode perceber nos depoimentos dos (as) alunos (as) concluintes, suas expectativas frente ao curso de Licenciatura em Educação Física da UFS foram alteradas e/ou reforçadas, pois alguns (mas) afirmam que mudaram suas opiniões ou mentalidades quanto à formação acadêmico-profissional, enquanto outros (as) apenas reafirmam que realizaram seus desejos nessa formação acadêmico-profissional. Nesse aspecto, é notório afirmar que as identidades e diferenças dos (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as) foram (re)produzidas socioprofissionalmente pelos (as) professores (as) no curso de Licenciatura em Educação Física da UFS, principalmente, daqueles (as) alunos (as) que possuíam expectativas diferentes, pois se “adequaram” e “aceitaram” o que estava proposto no Projeto Pedagógico, sintetizado em sua grade curricular.

Contudo, vale ressaltar que Hall (2006) considera a existência de três concepções de identidade descritas como diferentes ao longo do processo civilizatório da humanidade, que são: a do sujeito do Iluminismo (o centro essencial do eu era a identidade de uma pessoa); a do sujeito sociológico (a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade); e a do sujeito pós-moderno (assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente).

Dessa maneira, é a perspectiva pós-moderna de identidade que será utilizada para análise das identidades e diferenças produzidas socialmente no curso de Licenciatura em Educação Física da UFS, tendo em vista os sujeitos não possuírem identidade única e essencial a ser descoberta, mas inúmeras identidades para cada sujeito. Cada indivíduo traz consigo identidades sociais, culturais, étnicas e raciais, sexuais e de gênero. Na pós-

modernidade, as identidades estão em constante movimento, influenciadas por questões globalizantes, econômicas, mercadológicas, bem como por contextos locais e contingentes.

Para Woodward (2009), a complexidade da vida moderna exige que sejam assumidas diferentes identidades, mas essas diferentes identidades podem estar em conflito. É possível viver, na vida pessoal, tensões entre as diferentes identidades quando aquilo que é exigido por uma identidade interfere com as exigências de outra.

Um exemplo é o conflito existente entre a identidade como docente e a identidade como cidadão comum (senso comum). As demandas de uma interferem com as demandas da outra e, com frequência, se contradizem. Para ser um “bom professor” ou uma “boa professora”, é necessário estar disponível para os (as) estudantes, satisfazendo suas necessidades pedagógicas e suas demandas socioculturais, por exemplo, de gênero e sexuais vigentes na sociedade, mas como cidadão comum deve-se manter a heteronormatividade, como sua necessidade sociocultural aceita por meio de sistemas dominantes (tradicionais) de representação sexual e de gênero.

Diante da situação apresentada, buscou-se analisar se as demandas socioculturais de gênero e sexuais vigentes na sociedade estão em conflito com a identidade dos (as) docentes do curso de Licenciatura em Educação Física da UFS ou permanecem estáveis como sua identidade de cidadão comum, pautada na heteronormatividade. Ademais, é válido destacar que normalmente os (as) professores (as) produzem socialmente identidade e diferença de gênero e sexuais, bem como o respeito às diferenças, a partir de seus referenciais como cidadão comum, ou seja, a partir de suas experiências de vida.

Nesse sentido, quando indagados, os professores e os (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as), sobre seu entendimento em relação às temáticas gênero e sexualidade, constatou-se que suas respostas apresentam dificuldades em defini-las, bem como são evasivas, além de os professores declararem que não são temas de seus interesses, como fica perceptível nos depoimentos a seguir.

Para o Professor 1,

[...] eu vejo que dentro da Educação Física [...] é uma discussão que não deixa a desejar em torno dos debates mais atuais do ponto de vista conceitual e do ponto de vista da leitura socioantropológica que envolve esse tema na sociedade brasileira, muito embora isso não seja algo predominante do ponto de vista do exercício dos docentes nos cursos de Educação Física no Brasil. O que eu quero dizer que não significa que todos os docentes de formação de professores de Educação Física no Brasil tenham esse debate ou essa discussão de maneira que a coloque a partir de um lugar, onde a perspectiva do direito, a perspectiva da cidadania no sentido mais amplo e complexo

esteja presente. O que eu quero dizer, que de modo geral, a educação física pelo próprio movimento que fez de imersão no debate em torno da redemocratização da sociedade brasileira, ela abriu-se para inserir-se nestes debates que discutia de maneira ampla os temas importantes da sociedade, dentre eles, esse [gênero e sexualidade], agora isto não quer dizer, que predominantemente acontece nos cursos de Educação Física. A discussão está presente, se é predominante ou não, é uma outra observação.

De acordo com o Professor 2,

[...] no campo mais amplo [...] existem várias frentes e eu faço parte do [...] Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte [...], que é entidade científica [...] das mais representativas no campo da Educação Física no Brasil [...], e tem esses campos de discussão; então, por exemplo, quando eu penso gênero e sexualidade, eu penso bem como o CBCE traz essas discussões [...]. Isso eu tô falando em âmbito geral [...], é um debate bem aflorado, é um debate bem sério [...]. Agora se você for me perguntar aqui na Educação Física, eu vejo quase como um “elefante branco”, aqui a gente não vê isso, não é uma questão que tá à frente, não é uma bandeira que o corpo docente abraça [...], aqui me bote mea culpa também, a gente finda transitando transversalmente assim com algumas questões, mas assim, você sabe que a gente finda engolida pela estrutura [...] e finda dando conta da sua obrigação [...], mas aqui [...] no Departamento é uma discussão que passa batido [...].

Já o Professor 3 relata que

[...] não me ocupo destas questões, mas acho que elas são temas evidentes, cada vez mais diante das demandas atuais e acho que o esporte tem um papel importante a dialogar com isso, porque o esporte tende a estabelecer muito de modo muito mecânico essa relação, é homem e é mulher, e aí a dimensão do gênero extrapola essa questão do sexo, então, a gente tende a estabelecer no esporte, a relação de sexo e não de gênero, e aí acho que esse elemento aparece, mas não acompanho essa discussão em termos de produção, do que vem sendo escrito não, gênero acho que é uma construção histórica mesmo, como o sujeito se percebe enquanto sujeito na sociedade e a perspectiva de gênero que ele tem, e a sexualidade, é mais como ele lida com o outro, com a relação, os desejos e tal, e que isso não é determinado por uma questão de sexo, e sim por uma dimensão de gênero, do se sentir, do estar no mundo e tal.

E, finalizando, o Professor 4 afirma que

[...] na minha opinião as discussões em relação a gênero e sexualidade passam pelo corpo, então, o entendimento que eu tenho de corpo é de subjetividade, o corpo como uma representação da subjetividade, mas eu tenho aqui alunos que são de tradição religiosa as mais diversas, de posicionamentos sociais, nós temos pessoas que hoje têm uma sexualidade mais assumida em relação a como vai se colocar, o quê que predomina na sua subjetividade, [...] como os homossexuais mais afetados, quer dizer, hoje

nós temos uma liberdade maior na sociedade e esse comportamento eclodiu muito forte e eu acredito que a educação física [...] não aqui em Aracaju, mas a Educação Física em âmbito nacional tem se preocupado muito com essa temática [...], eu participei o ano passado de um Colóquio em João Pessoa (PB) [...], e fiquei muito satisfeito de ver pesquisadores na área da Educação Física, que não é o meu caso, tratando o assunto com muita responsabilidade, com muita profundidade e romper com o preconceito e discriminação, então, sexualidade e gênero é um tema hoje recorrente, necessário, mas também eu vejo uma ênfase muito política nesse aspecto, como se fosse simplesmente a defesa de uma minoria, eu acho que a gente deveria tratar isso com mais cuidado e com mais amplitude, não porque estamos defendendo uma classe LGBT que precisa se afirmar, eu acho que a sexualidade é uma coisa muito mais ampla que envolve em saber quem eu sou e me aceitar como eu sou, e não precisar necessariamente de artifícios para tentar impor uma ideia de quem eu sou para a sociedade.

A partir dos depoimentos dos professores, nota-se que as temáticas gênero e sexualidade não fazem parte de seus estudos e discussões no âmbito acadêmico, consequentemente não conseguem definir apropriadamente as categorias gênero e sexualidade; por outro lado, reconhecem que essa discussão está presente em diversos eventos científicos na área de Educação Física, abordando tais temáticas com profundida e seriedade merecida no meio acadêmico, mas no curso de Licenciatura em Educação Física da UFS essa preocupação não existe.

Desse modo, quando perguntado aos (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as) a respeito de seu entendimento sobre as temáticas gênero e sexualidade, constatam-se as mesmas dificuldades apresentadas pelos professores, quanto as suas definições na área de Educação Física, como se nota nos depoimentos a seguir.

Para o (a) Aluno (a) A,

[...] é um tema bastante amplo, gênero é a questão de masculino e feminino [...], entendo eu [...], é você mostrar as diversas possibilidades que se pode trabalhar com essa questão desse lado masculino e feminino, não negligenciar algumas atitudes como preconceituosas, da mesma forma a sexualidade [...], eu acho que deve ser a questão de provocar o aluno a entender certas coisas que são colocadas como sexualidade, eu acho que ao meu ver seja por esse lado.

Já para o (a) Aluno (a) B,

[...] gênero, vamos dizer que pode ser a posição social em que o homem e a mulher atuam na sociedade, claro que ele vai mais além, mas a princípio isso que é determinado pela sociedade como o homem [e] a mulher devem se comportar perante os outros, as suas funções exercidas tanto pro homem quanto pra mulher tem uma determinação [...] e a sexualidade são

manifestações diversas do indivíduo, desde quando ele nasce, [...] já é presente até quando ele morre, então, é uma temática ampla e complexa de definição [...]. Sexualidade [...] é a pessoa se manifestar enquanto um ser sexual, sua forma de caminhar, suas expressões, sua roupa, as músicas expressam a sexualidade, e gênero é a forma do comportamento homem e mulher na sociedade.

De acordo com o (a) Aluno (a) C,

[...] gênero [...] é um tema muito complicado, principalmente hoje [...], a sexualidade eu entendo como algo íntimo que ninguém há de opor, é algo seu intocável, e gênero, você ser o que realmente você quer ser, porque hoje em dia, você não pode julgar uma pessoa pelo jeito que ele é, por aquilo que ele venha deixar de ser, e sim, porque ele é um ser humano como qualquer outro, então, eu acho que essa discussão gênero e sexualidade [...] seria de extrema importância, porque é uma falta de conversa, uma falta de esclarecimento que faz com que o seu filho ou a sua filha mais tarde venha desenvolver vários problemas que poderiam ser solucionados antes, entendeu, então, eu acho de extrema importância, eu acho que sexualidade é algo mais íntimo, algo seu, de sua escolha.

E por fim, o (a) Aluno (a) D expõe que

[...] a questão de gênero, é no caso de masculino e feminino [...], por questões mesmo de características físicas e tal, onde a gente pode se enquadrar enquanto menino, enquanto menina, e aí a questão de sexualidade [...], diz respeito a, por exemplo, opção, que eu não gosto de falar essa palavra sexual, da pessoa [...] ser heterossexual, bissexual, transexual e etc. [...], são características, que pra mim não são características, são vindas de você mesmo, nato, que não são escolhidas, porque eu percebo muito, inclusive entre meus colegas professores [...]. É eu me sentir mulher no corpo de um homem, entendeu, e isso é com relação à sexualidade. A relação de gênero é menino e menina pra mim.

Diante dos depoimentos dos professores e dos (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as), é notório afirmar que o entendimento de ambos em relação às temáticas gênero e sexualidade é superficial e, em alguns casos, distorcidos ou equivocados, o que gera preocupação em sua disseminação tanto no curso de Licenciatura em Educação Física da UFS quanto na educação básica, causando mais problemas do que contribuindo efetivamente para minimizar tais injustiças, ocasionadas pela falta de compreensão e dimensão desses temas no cotidiano dos indivíduos na sociedade.

E, na busca de compreender ainda mais semelhanças de identidades e diferenças entre os professores e os (as) alunos (as) concluintes entrevistados (as), eles (as) foram indagados (as) sobre a importância de discutir as temáticas gênero e sexualidade no curso de

Licenciatura em Educação Física da UFS; constatou-se que suas respostas são unânimes em afirmar que a discussão é necessária e imprescindível no curso, conforme demonstram os depoimentos a seguir.

Para o Professor 1,

[...] não tenho dúvida, alias não é só no curso de licenciatura, eu acredito que essa discussão ela deva ser estruturante da formação de todo o ser humano, principalmente, no tocante ao contexto brasileiro. [...] Esse é um tema que nós precisamos avançar consideravelmente, em sendo um tema estruturante da formação, eu acredito que a política de educação deva estabelecer nas reflexões curriculares [...] das diretrizes curriculares nacionais e etc., essa temática de maneira presente transversalmente nos currículos, assim como tantos outros temas importantes, lá na educação básica. A universidade é o lugar de aprofundamento dessas discussões [...], infelizmente, parece que em muitas situações é o primeiro lugar onde o jovem, e aí a gente já tá falando do jovem adulto, passa a contatar com essa discussão, imagine o tempo histórico que demanda pra que você possa reposicionar essa temática para esse jovem fragilizar o entendimento que tem e fazer nascer um novo entendimento, então, vem sendo estruturante, repito, essa temática eu penso que deva acontecer na educação básica desde cedo.

De acordo com o Professor 2,

[...] claro que sim, eu acho que ainda é um tabu, principalmente aqui dentro, a Educação Física ela foi marcada por várias frentes e uma que foi extremamente delicada, que ainda hoje tem resquício, foi o militarismo dentro da Educação Física, então, [...] eu falo isso, porque o militarismo, é bem homem, é bem macho, entre aspas aqui, e propunha a formação de um sujeito hétero, macho, viril. Essas coisas ainda respinga no curso, então, às vezes a gente vê as opções, hoje a gente tá vivendo numa sociedade, extremamente, com várias tendências [...], então, eu vejo que as discussões da sexualidade, de gênero, das opções sexuais, principalmente, das opções do sujeito, do que quer ser, essas coisas ainda precisam ser melhores discutidas, então, por exemplo, ela precisa estar dentro do debate, não só essas, é claro [...], então, eu acho que ela ainda é muito pouco discutida, mas é importante ser discutida sim, porque a gente tá vivendo um momento que essas coisas não cabem mais, por exemplo, preconceito não cabe mais, discussões equivocadas com relação às escolhas, às opções sexuais [...] e assim vai [...], então, [...] isso não cabe mais, principalmente dentro da educação física [...].

Já o Professor 3 relata que

[...] isso é fundamental [...], diante dos últimos acontecimentos [...], então, acho que é um momento interessante pra você abrir o leque de discussão sobre as questões do gênero, sobre a questão da opressão sobre a mulher, a opressão sobre os transgêneros, sobre outras pessoas que por terem um perfil distinto do que se convenciona chamar de normatividade, de normalidade,

acabam sendo oprimidos com isso, e acho que esse debate é fundamental, que isso tenha [...], às vezes, jovens que tem um perfil homossexual acabam sendo discriminados, há sempre piadinhas de mau gosto, piadinhas de intimidação e tal, acho que essa discussão é fundamental, principalmente, quando a gente lida com o processo de formação professores, porque eles vão dialogar com crianças em processo de formação e acho que isso a gente tem que começar a mudar, é com as crianças mesmo.

E por sua vez, o Professor 4 expõe que

[...] sim, claro, porque isso é uma questão histórica, principalmente na minha opinião a sexualidade ela é muito desviada do seu sentido maior, porque sexualidade não está simplesmente no ato de como é que eu vou me vestir, não está reduzida a uma questão se eu vou me casar com uma pessoa do mesmo sexo, então, a sexualidade é uma coisa inerente a nossa vida, e a sexualidade sempre teve um peso de repressão na nossa sociedade. O que a gente precisa tratar a sexualidade, é como algo de uma construção social mais suave, da gente entender que não existem mais coisas escondidas, vidas paralelas, necessidade de você ter uma vida sexual promíscua, o que nós precisamos entender é que sexo é vida, que sexualidade é algo que está no dia a dia e não uma coisa que não pode ser mencionada, que é obscura, que é algo que vai trazer algum tipo de situação maléfica pra o ser humano, então, essa carga histórica da sexualidade, na minha opinião, é fruto da mentalidade de tratar o sexo como pecado, então, eu acho que a educação como um sentido laico, deve estar desvinculando sexualidade de religião ou de visão de mundo específica como proibição ou como castigo ou meramente fisiológica, agora a questão do gênero, eu vejo hoje com um pouco de preocupação a politização da questão do gênero, como se houvesse uma ideia de que a separação entre homem e mulher tá errada, que não pode mais ser assim, eu não vejo dessa maneira. O que eu percebo é que muitas mulheres sofreram amargamente por estar em uma condição socialmente não