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5.1 Diagnóstico

5.1.5 Identificação das rotas tecnológicas existentes

O processo de execução das obras, fator essencial para o entendimento das rotas tecnológicas existentes, pode ser representada na Figura 34:

Fonte: Autor (2019).

As ordens de serviço (OS) relativas às obras podem ser originadas de duas formas: a partir da solicitação da própria população através de sistema de teleatendimento, como também após a realização de serviços corretivos e preventivos nas redes e ramais. De forma geral, serviços como consertos em caixas e poços de visita, assim como novas ligações de esgoto, podem ser solicitados através do usuário via teleatendimento. Os serviços ditos anteriormente, mais os serviços de conserto em tubulações de redes e ramais coletores de esgoto, são gerados a partir da realização de serviços de desobstrução e limpeza preventiva a partir do processo de hidro jateamento das equipes de Manutenção e Operação de Redes.

No caso das OS abertas via teleatendimento, é realizado o processo de diagnóstico em campo, de forma a identificar a real necessidade do serviço, como para também prover os recursos necessários à realização da intervenção. Para as OS provenientes dos processos das equipes de Manutenção e Operação de Redes, as informações de diagnóstico já são previamente enviadas.

Tendo as informações necessárias diagnosticadas, é realizada a programação de execução dos serviços, provendo os equipamentos, materiais e mão de obra necessários. Em seguida a equipe é direcionada para o endereço no qual foi solicitada a realização da obra.

Estando a obra devidamente sinalizada, são iniciados os processos de demolição de pavimento, onde os pavimentos das vias incluindo suas respectivas camadas de base, sub-base e subleito são removidas, assim como os pavimentos localizados das calçadas, em caso de obras localizadas nas mesmas. Em seguida é realizado o processo de escavação da vala ou cava, de forma mecânica ou manual, retirando o solo contaminado com esgoto ou não, de forma a se atingir a profundidade necessária para realização da atividade.

Posteriormente são executados os processos de recuperação, substituição ou construção dos dispositivos (tubulações, caixas de inspeção e poços de visita), onde no caso de substituição ou recuperação há a presença de material contaminado com esgoto, de forma a reestabelecer o bom funcionamento das redes e ramais coletores de esgoto.

Os resíduos gerados na obra, como pavimentos demolidos, solo não reaproveitado e restos de dispositivos, são coletados e transportados (Figura 36).

Fonte: BRK Ambiental (2019).

A coleta pode ser feita de forma mecanizada ou manual e o transporte é realizado por caminhões basculantes, veículos leves ou caminhões carroceria aberta de forma misturada, sendo em seguida transportados para as áreas de transbordo, localizadas nas unidades de elevação e tratamento de esgoto, na Região Metropolitana do Recife. Os resíduos da área de transbordo são transportados periodicamente para os aterros sanitários, para que tenha sua devida disposição final como resíduo de Classe II B.

No caso da possibilidade de reaproveitamento do material escavado, após a conclusão do processo de recuperação, substituição ou construção de dispositivos, a vala ou cava é preenchida e compactada com o material escavado anteriormente. Contudo, nem sempre é possível realizar o aterro desta forma (Figura 37):

A B

C D

Figura 36 - Coleta, transporte e transbordo dos resíduos nas obras de redes e ramais coletoras de esgoto. A. Coleta de forma mecanizada e transporte dos resíduos em caminhão basculante. B. Coleta de forma manual e

transporte dos resíduos em veículo leve. C. Coleta de forma manual e transporte dos resíduos em caminhão carroceria aberta. C. Área de transbordo de resíduos na ETE Ignez Andreazza.

Fonte: Autor (2019).

Devido às características do solo local, geralmente argiloso, a vala ou cava é aterrada e compactada com pó de pedra proveniente do almoxarifado, geralmente localizado numa unidade, como por exemplo a ETE Ignez Andreazza. Após o reaterro da vala ou cava é realizado o processo de reposição do pavimento anteriormente demolido, de forma a reestabelecer as características da pavimentação local. Por fim, é realizada a limpeza final da obra, onde eventuais materiais não coletados das etapas antecedentes, são transportados para a área de transbordo.

Com o conhecimento do processo de realização das obras, assim como o processo de gestão dos resíduos gerados durante as etapas de execução, foi elaborado um modelo para a rota tecnológica existente, contando com os processos e tecnologias existentes da geração até a destinação final dos resíduos (Figura 38).

A B

Figura 37 - Depósito de material para reaterro de valas e cavas na ETE Ignêz Andreazza. A. Material para reaterro de valas e cavas (pó de pedra). B. Aterro da vala em obra com pó de pedra.

Figura 38 - Rota tecnológica da coleta e destinação final dos resíduos de execução de obras de redes e ramais coletores de esgoto.

Fonte: Autor (2019).

Segundo Oliveira et al (2016) para conhecimento dos processos de gerenciamento de resíduos é preciso se aprofundar na identificação das características qualitativa e quantitativa dos resíduos gerados e tratados, entender o nível de cooperação e educação ambiental no local, assim como aferir os resultados das rotas tecnológicas existentes.

O fluxograma apresentado demonstra que os resíduos de pavimentação e escavação possuem duas rotas tecnológicas bem definidas: reaproveitamento in loco e disposição final em aterro sanitário.

Entre os tipos de solo encontrados durante o processo de escavação, o solo do tipo arenoso não contaminado com esgoto é o único com possibilidade de reaproveitamento na obra, sendo usado para a realização de reaterro da vala ou cava. Contudo, em função das características do solo local, esse tipo de solo nem sempre é o mais comumente encontrado.

Em relação aos resíduos de pavimentos que possuem viabilidade de reaproveitamento

in loco, se tem o paralelo demolido, pedra portuguesa demolida e paver demolido. Devido ao

fato de no processo de demolição do pavimento não sofrerem grandes alterações físicas em sua estrutura em função de suas características de resistência, principalmente no concerne à forma e tamanho dos materiais para compor o pavimento, os mesmos conseguem ter viabilidade de reaproveitamento nas obras.

O solo argiloso é o tipo de solo mais encontrado durante a realização das obras em redes e ramais coletores da RMR. Em virtude de suas características, sendo considerado um solo colapsível e expansivo, não possuindo em seu estado natural boa capacidade de suporte e resistência, acaba não sendo possível o seu reaproveitamento imediato no reaterro de valas e cavas.

Em muitas obras de conserto de rede ou ramal coletores de esgoto, onde em virtude de a tubulação estar danificada e haver o vazamento de esgoto através da fissura ou danificação, há a ocorrência de solo contaminado com esgoto durante o processo de escavação do solo, que não tem aplicação para o reaterro de valas e cavas.

Os pavimentos do tipo asfáltico, lajota, concreto e cerâmica, diferentemente dos pavimentos do tipo paralelo, pedra portuguesa e paver, não mantém a forma de seus componentes construtivos após o processo de demolição, o que impossibilita o reaproveitamento dos mesmos na obra.

Os resíduos gerados no conserto ou substituição de dispositivos das redes e ramais e coletores de esgoto, por terem contato direto com o esgoto, são considerados como resíduos

contaminados e, por isso, não possuem viabilidade para reaproveitamento na obra.

Os resíduos que no caminho de sua rota tecnológica têm como disposição final o aterro sanitário, com exceção dos dispositivos e solo contaminados, todos possuem viabilidade para serem beneficiados ou receberem tratamento de forma a serem reaproveitados nas obras de redes e ramais coletores de esgoto, como também em outros segmentos da construção civil.

Contudo, ao traçar as rotas tecnológicas existentes, se vê que o fato de não haver uma segregação dos resíduos de escavação e pavimentação na fonte de geração, já diminui consideravelmente a gama de possibilidades de encaminhamento destes materiais para processos de beneficiamento e tratamento, de forma a reaproveita-los posteriormente nas obras (Figura 39).

Fonte: Autor (2019).

Atrelado à situação da não segregação, há um fator muito mais preocupante, que acaba por inviabilizar não só parte das possibilidades de beneficiamento, tratamento e o consequente reaproveitamento dos resíduos, mas sim acarretando na inutilização de todo o material para fins de reciclagem. A junção de resíduos contaminados com esgoto com resíduos não contaminados durante o processo de coleta não diferenciada em caminhão basculante, inviabiliza a definição de rotas tecnológicas distintas à da disposição final em aterro sanitário, uma vez que misturados aos resíduos contaminados, os demais passam a dispor das mesmas

Figura 39 - Exemplo de obra onde não há a segregação dos materiais, com o processo de reaterro sendo realizado com pó de pedra.

Reaterro com pó de pedra

Material de escavação e demolição misturados

características, inviáveis aos processos de reciclagem.

Morais e Colesanti (2014) preconizam que para criação de rotas tecnológicas para reciclagem dos resíduos, se faz necessário que os mesmos tenham coleta diferenciada, assim como não sejam aterrados, ou seja, estejam disponíveis e em condições favoráveis à realização dos processos de reciclagem.