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Identificação e caraterização das oportunidades de melhoria

Neste subcapítulo, são apresentadas as oportunidades de melhoria que foram o objeto da realização desta dissertação. O subcapítulo está dividido nos dois tipos de produtos existentes: supermercado e loja.

Supermercado

Inicialmente foi realizado um estudo do supermercado existente (armazém WIP), tendo sido cruzada a lista de artigos que estavam definidos no sistema como supermercados com os produtos existentes nas prateleiras. O supermercado continha 628 artigos, com um consumo médio anual de 1075 peças e um preço médio de 2,38 euros. Verificou-se que alguns dos artigos não estavam expostos nas prateleiras, contrariamente à informação inserida no sistema informático, e outros já não eram geridos como supermercado (Tabela 3). Ou seja, 14% dos artigos estavam mal sinalizados no sistema informático, o que poderia levar a problemas aquando do aviamento das máquinas e, aproximadamente, 2% dos artigos estavam mal classificados.

Tabela 3: Artigos definidos no sistema como supermercado

Artigos Ocorrência (percentagem)

Supermercado (SPM) 528 84%

Armazém 90 14%

Não é SPM 10 2%

Total 628 100%

Para desenvolver o estudo, partiu-se do consumo anual em 2016, extraído do sistema informático. O consumo anual apenas diz respeito ao consumo dos artigos na construção das máquinas e não engloba o serviço pós-venda.

Do estudo feito, constatou-se que havia artigos que estavam a ser descontinuados e não iam ser usados na produção das máquinas, correspondendo a 7% dos artigos de supermercado. Artigos que não tinham registado qualquer consumo no ano transato totalizavam 2% do total. De acordo com Pinto (2010), estes artigos constituem desperdício para o processo, pois acumulam stocks desnecessários. Dos restantes artigos que estavam sinalizados como supermercado, calculou-se a quantidade que deveria ser encomendada.

Numa segunda fase, analisaram-se todos os artigos das BOM de duas quinadoras, três guilhotinas e duas máquinas laser e respetivos modelos. Depois, juntaram-se todas as BOM numa folha de cálculo devidamente organizada por nível de artigo, referência do artigo, descrição do mesmo, respetivo pai e configurador a que pertence. Partindo da lista anterior dos artigos de supermercado, identificaram-se os artigos supermercado e os artigos que tinham potencial para ser de supermercado, ou seja, os artigos que respeitavam os critérios de preço de compra menor do que 50 euros e consumo elevado. Depois de estar identificado o tipo de gestão, analisou-se onde cada artigo era gasto. De início, começou-se por separar os artigos em dois tipos de montagem: customização e super pré-montagem. A super pré-montagem é comum a um mesmo conjunto de máquinas, ou seja é o tronco comum de cada máquina. A customização é diferente de máquina para máquina, sendo feita de acordo com as opções escolhidas pelo cliente. De seguida, também se classificou o centro de trabalho de cada artigo: pré-montagens, linha standard, linha laser, oxicorte, jobshop, quadtel, serrotes ou soldadura. De notar que cada artigo pode ser usado em mais do que um centro de trabalho.

Extraindo os artigos de supermercado e com potencial para o ser, fez-se uma nova folha de cálculo. Antes de prosseguir com outra operação, pesquisaram-se as dimensões de todos os artigos com potencial para serem supermercado, de forma a evitar que um artigo de grandes dimensões fosse considerado supermercado. Depois de ter uma lista final destes artigos, calculou-se a frequência mensal com que foram consumidos, o consumo mensal e diário, o desvio padrão mensal e semanal do consumo. Com estes dados, calculou-se o stock de segurança e a quantidade de encomenda.

Comparando a quantidade calculada anteriormente com a quantidade encomendada, constatou- se que o supermercado estava desatualizado. O critério utilizado para a classificação apresentada na Tabela 4 assenta no princípio seguinte: se a diferença percentual entre a quantidade calculada e a encomendada for inferior a -15%, a quantidade do kanban está sobredimensionada (equação 6); se a diferença for superior a 5%, o kanban está subdimensionado (equação 7). Caso contrário, a quantidade está ajustada. Este critério é baseado no histórico da empresa.

𝑄𝐶−𝑄𝐸 𝑄𝐸 < −15% (6) 𝑄𝐶−𝑄𝐸 𝑄𝐸 > 5% (7) Onde QC é a quantidade calculada, e QE é a quantidade encomendada.

Tabela 4: Classificação dos artigos em relação à sua quantidade encomendada

Classificação Nº de artigos Frequência relativa Redimensionar Kanban Sobredimensionado 293 47% Subdimensionado 184 29% Ajustado 151 24% Total 628 100%

As prateleiras no chão de fábrica estão dispostas nos dois lados das paredes. Três delas pertencem a uma empresa subcontratada que gere por conta própria essas prateleiras. As outras são geridas pela Adira com um sistema de duas caixas, que consiste no seguinte: quando a caixa da frente acaba, é lançada uma ordem de compra. A segunda caixa satisfaz as necessidades durante o tempo de reabastecimento (2 a 5 dias).

O supermercado existente não está organizado de uma forma coerente nem visual, ou seja, não permite uma fácil localização dos artigos para os colaboradores. Por isso, uma oportunidade de melhoria é a organização das prateleiras, de forma a facilitar o aviamento destes artigos. Os operários da montagem, aquando do aviamento dos artigos de supermercado, têm de percorrer as prateleiras à procura do artigo em questão. Caso não encontrem, dirigem-se ao armazém central para resolver o problema.

Todos os artigos sinalizados como supermercado devem estar neste armazém WIP. E, consequentemente, este armazém apenas deve conter artigos sinalizados como supermercado. No entanto, isto não se verifica informaticamente. O armazém WIP apenas deve conter artigos

marcados como supermercado. Informaticamente, existem mais grupos de artigos para além dos artigos de supermercado (Tabela 5).

Tabela 5: Tipo de artigos no armazém WIP

Armazém WIP Nº de artigos

SPM 575

Outros 101

Total 676

Desta forma, surgem problemas no aviamento de produtos. Informaticamente, artigos definidos como supermercado marcam stock no armazém WIP mas também marcam stock no armazém de produto acabado e alguns artigos têm stock em ambos os armazéns (Tabela 6).

Tabela 6: Divisão dos artigos supermercado por armazém

Artigos SPM Nº de artigos Armazém WIP 575 Armazém Artigos Comprados 65 Outros 50 Loja

Os artigos de loja são artigos com um preço de compra superior a 50 euros, ou de grandes dimensões. O planeamento destes artigos é feito por MRP e são classificados como artigos Make-to-order. Analisaram-se 3673 artigos, partindo-se da lista inicial, retirando os artigos de supermercado e os duplicados (Figura 12).

Figura 12: Seleção dos artigos de loja

Partindo da lista inicial BOM, fez-se uma pesquisa para aferir quais as opções possíveis para cada configurador. As opções fazem parte da customização feita de acordo com as especificações dadas por cada cliente. Portanto, a primeira etapa consistiu em identificar as opções utilizadas na lista final dos configuradores e os artigos correspondentes, usados em cada

uma. Conclui-se que há variadas opções e cada configurador pode ser equipado com uma ou várias opções. As opções variam desde apertos pneumáticos e/ ou hidráulicos do punção até ao número de eixos, passando por vários tipos de células, tipo de comandos, diversos tipos de kits, mesa bombeada ou opções de segurança (Tabela 7).

Tabela 7: Opções dos diferentes configuradores

Nível Artigo Opção

1 Artigo 1 KIT CUST ADIRA

2 Artigo 2 KIT CUST ADIRA

3 Artigo 3 KIT CUST ADIRA

3 Artigo 4 KIT CUST ADIRA

2 Artigo 5 KIT CUST ADIRA

1 Artigo 6 Permutador de Calor

2 Artigo 7 Permutador de Calor

2 Artigo 8 Permutador de Calor

… …

Outra oportunidade de melhoria é a correspondência dos lead times no sistema informático e na vida real. Alguns lead times no sistema estão, por defeito, definido como três semanas. E este tempo é um tempo irreal, muitas vezes superior ao real. Ora, aquando da atualização do MRP, é despoletada uma ordem de compra de um determinado artigo. Quando o artigo chega ao armazém, a máquina ainda não está pronta para a montagem. O artigo tem de ficar à espera, na área de aprovisionamentos. Este processo, repetido para cada configurador que está em montagem, provoca um aumento do stock na área de aprovisionamentos. À medida que a produção vai aumentando, o espaço disponível para manter stock dentro do armazém vai sendo reduzido e o chão de fábrica começa a ficar congestionado. Conforme indicado na Tabela 8, corrigiu-se o tempo de entrega de 1657 artigos.

Tabela 8: Ponto de situação dos Lead times

Nº artigos

Lead time correto 2015

Os artigos que são usados na super pré-montagem devem ter um tempo de entrega até um máximo de três semanas. Por sua vez, os artigos que são usados na pré-montagem e na customização não devem exceder o seu tempo de entrega em 10 dias (Tabela 9). A escolha entre supermercado e MRP depende do valor do artigo e da sua procura.

Tabela 9: Definição dos parâmetros de lead time

Custo >50 €

Frequência de consumo

Pontual Frequente

Lead Time <5 dias 5<LT<10 10<LT<15 >15 dias

SPMNT MRP MRP MRP SPM ou MRP (crítico) SPMNT+PMNT MRP MRP SPM ou MRP (crítico) SPM ou MRP (crítico) CUSTM MRP MRP SPM ou MRP (crítico ou slot) SPM ou MRP (crítico ou slot) CUSTM+PMNT MRP MRP SPM ou MRP (crítico ou slot) SPM ou MRP (crítico ou slot)

Com a mudança de instalações de Bessa Leite para Canelas, uma grande parte dos artigos transferiram-se para as instalações de Canelas. Os artigos que permaneceram em Bessa Leite ficaram nos respetivos locais, nas respetivas prateleiras devidamente identificadas. No entanto, como a distância entre os pavilhões é grande, a distância que o colaborador tem de percorrer e o tempo gasto para procurar um artigo constituem uma oportunidade de melhoria pois, de acordo com Myerson (2012), o movimento e o tempo gasto a transportar stock é um desperdício. Outra oportunidade de melhoria foi identificar os artigos e as quantidades que estavam presentes nesse mesmo armazém. Informaticamente, não existe a opção de registar a localização do artigo como Bessa Leite e, consequentemente, o inventário marcado informaticamente não coincide com a realidade. Desta forma, eram lançadas ordens de compra de material que podia existir no outro armazém. O armazém continha 9258 artigos, com uma quantidade média de 20 peças por artigo e um custo médio de 262 euros por artigo.

4 Apresentação das soluções propostas

Neste capítulo apresentam-se as medidas tomadas e ações feitas de forma a melhorar a organização da empresa, a sua produtividade e uma melhor interação entre o registo informático e a situação no armazém. São também apresentadas as soluções para melhorar a gestão de artigos do supermercado e dos artigos loja.

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