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Identificação da formação de um grupo de empresários voltados para o fomento da Economia da Experiência como forma de diferenciação no

6 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA DOCUMENTAL

6.1 FATORES RELACIONADOS À OFERTA

6.1.1 Identificação da formação de um grupo de empresários voltados para o fomento da Economia da Experiência como forma de diferenciação no

mercado local

De acordo com as repostas aferidas, contatou-se que o Projeto Economia da Experiência na Região Uva e Vinhos conta hoje com 73 participantes11, dentre os quais mais da metade está envolvida na área de gastronomia. Outras grandes áreas de participação são: hotelaria, entretenimento e vinícolas, com percentuais de 29%, 25% e 15 % de representatividade, respectivamente, como será observado no gráfico 3.

Este dado é relevante para os objetivos deste trabalho porque vai ao encontro das premissas de regionalização e consolidação de um destino turístico que foram

11 A pesquisa da Competittive entrevistou 48 empresários do membros do Projeto Economia da Experiência.

mencionadas no referencial teórico. Os empreendedores deste projeto estão espalhados por diversos municípios componentes da Região Uva e Vinho, mas se aglutinam em um modelo de programa voltado para o estabelecimento de critérios básicos de promoção de experiências que pretende caracterizar toda a região como um destino de atividades memoráveis. Assim, também propõe a regionalização, não importa portanto buscar somente o desenvolvimento de um negócio, mas atrelá-lo ao planejamento dos demais empreendimentos e, conseqüentemente, ao planejamento do destino turístico como um todo.

Figura 10: composição dos empreendedores do Projeto Economia da Experiência

17 13 15 25 29 58 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 *Outro Produção associada Vinícolas Entretenimento Hotelaria Gastronomia

Fonte: Pesquisa de empreendedores – Competitive, 2007

Grande parte destes negócios são microempresas, em sua maioria geridas pelos próprios donos. Ao serem perguntados sobre a relação entre as vendas para turistas a lazer e turistas em viagens de negócios, os empresários responderam que, em média 62% das vendas turísticas se concentram em viagens de lazer, mas com alto percentual

Interessante observar a superposição de viagens corporativas ou a lazer, apontando a dificuldade de distinguir os dois grupos e mostrando uma oportunidade de valorização desse tipo de turista, sensibilizando-o a cogitar o destino Uva e Vinho para suas futuras viagens com a família.

A gestão familiar é uma característica peculiar dos empreendimentos regionais brasileiros. O dia-a-dia da pequena e média empresa turística interfere diretamente nas propostas de gestão para um destino turístico, corroborando com a necessidade do estabelecimento de um clima de cooperação regional e gestão voltada para o bem comum. Segundo o MTur, mais de 70% dos empreendimentos turísticos brasileiros são geridos por seus próprios donos em modelo de administração familiar. Segundo dados do Sebrae Nacional12, dentre as empresas que sobrevivem aos cinco primeiros anos de criação, os fatores condicionantes de sucesso estão ligados basicamente ao conhecimento do mercado que atua e à composição de boas estratégias de vendas e posicionamento.

Importa para este trabalho a relação destas informações com a proposta de promover um modelo diferenciado de promoção da atividade turística voltada para a surpresas do cliente por meio de experiências memoráveis. A adoção do Projeto Economia da Experiência na Região Uva e Vinho caracteriza justamente um dos FCS para pequenas e médias empresas locais que buscam boas estratégias de mercado.

Além disso, pode-se observar que a junção da teoria sobre estratégia com a gestão do pequeno negócio proposta no capítulo sobre Estratégia deste trabalho encontra um ponto de conexão nestes resultados. A adesão a um projeto regional de busca por desenvovlvimento, o planejamento voltado para a promoção conjunta dos empreendimentos e o conhecimento do mercado são indicativos de uma boa relação

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técnica e teórica entre a gestão do pequeno empreendimento turístico e a necessidade aquisição de vantagem competitiva no mercado de atuação.

Figura 11: estrutura familiar entre os empreendimentos do Projeto Economia da Experiência

Fonte: Pesquisa de empreendedores – Competitive, 2007

Os estabelecimentos entrevistados atestaram que, seguindo os princípios da Economia da Experiência, têm se esforçado para promover experiências memoráveis, buscando implantar um clima mais próximo e familiar voltado, por exemplo, para o resgate da cultura imigrante italiana. Como pode ser comprovado na Figura 12, observa- se também um refinamento do serviço para atender uma gama mais diversificada de clientes. A tematização também é um tópico freqüente, acompanhada de pequenos shows performáticos em variadas formas de apresentação.

Este dado é indicativo de que os empresários não só entenderam a necessidade de domínio do tema a ser trabalhado, como buscam a adequação de seus empreendimentos à promoção de experiências realmente surpreendentes para seus clientes.

Não se constataram referências aos Campos de Experiências propostos pela teoria original da Economia da Experiência, o que pode ser indicativo de necessidade de maior aprofundamento no tema e nas atividades correlatas de promoção de momentos

Não tem 13%

Tem 87%

Figura 12: promoção de experiências memoráveis

Gastronomia Hotelaria Vinícolas

Atendimento com estilo familiar, direto com proprietários Café colonial (produção artesanal, cultivo na propriedade) Bar junto as videiras Visitação com acompanhamento dos enólogos na cantina

Garçom com traje típico italiano

Estilo da construção (rústico no meio do mato, casa de pedra) Espaço temático (museu com utensílios da colonização italiana, feira de carros antigos) Apresentação temática surpresa (coral, música italiana, gaita) Hospedagem em vinícolas Show folclórico, italiano, música ao vivo, piano bar Café colonial Eventos especiais (Ceias de Natal, Ano Novo, Páscoa)

É narrada a história da imigração italiana, de como iniciou a

vitivinicultura no Rio Grande do Sul e Brasil Visitação na propriedade italiana (temática) Museu na propriedade Degustação de vinhos com os olhos vendados para estimular as sensações Apresentação de coral italiano (agendamento) Degustação das uvas diretamente no parreiral Castelo medieval, visitação dos cenários com releitura da época Vindima italiana (roteiro igual ao realizado pelos imigrantes italianos)

Este resultado é importante porque serve como balizador e prova de que os empresários envolvidos no projeto já estão minimamente preparados para as demandas por uma experiência memorável para seus clientes. Porém, os fatores levantados pela pesquisa não são suficientes para conclusões precisas sobre o grau de preparação dos participantes para atuação no mercado almejado. Alguns serviços propostos pelos empresários podem ser classificados como diferencial mas não necessariamente como

promotores de experiências diferenciadas para seus clientes, segundo os modelos da Economia da Experiência.

Especificamente relacionada a atividades da vinícola, observa-se também uma convergência na prestação de serviços, que transcendem sua vocação principal. A variação no preço de produtos oferecidos pelos diversos setores é indicativo de diversidade na prestação de serviços e pode ser utilizado como forma estratégica para atingir públicos variados. Por outro lado, observa-se a inexistência de preços voltados exclusivamente para públicos de maior exigência qualitativa de serviços e predispostos a pagar caro por experiências memoráveis.