• Nenhum resultado encontrado

O IDIOMA E O POVO Q’EQCHI’ EM GUATEMALA

Guatemala está situada na secção setentrional da América ístmica, limita ao norte e noroeste com o México; ao este com o Mar Caribe e Belize; e ao sudeste com a República de Honduras e El Salvador. Tem uma superfície de 108.899 km² e uma população aproximada de: 12.974.361 (Instituto Nacional de Estatística, julho 2001).

O Q’eqchi’ é um dos diversos idiomas de Guatemala, que é um país com um tecido social multi-lingüe, multi-étnico e pluri-cultural, no qual convivem quatro grandes culturas; Maya (Achi, Akateka, Awakateka, Ch’orti’, Chuj, Itza’, Ixil,

Jakalteka, Kaqchikel, K’iche’, Mam, Mopan, Poqomam, Poqomchi’, Q’anjob’al, Q’eqchi’, Sakapulteka, Sipakapense, Tektiteka, Tz’utujil, Uspantan, Chaltiteko), Garifuna, Xinca e Ladina.

Figura 2. Mapa Lingüístico.

O Espanhol é o idioma oficial, segundo o artigo 143 da Constituição Política da República de Guatemala de 1985, mas a partir do ano 2003, o Congresso da República, a través do decreto legislativo número 19-2003, estabelece a LEI DE IDIOMAS NACIONAIS, na qual reconhece aos povos o direito de utilizar suas próprias línguas. Segundo a Academia de Línguas Mayas de Guatemala (2003:8)

ARTIGO 4. Objeto. A presente Lei tem como objeto regular o relativo ao reconhecimento, respeito, promoção, desenvolvimento e utilização dos idiomas dos povos Mayas, Garifuna e Xinka, e sua observância em irrestrito apego à Constituição Política da República e ao respeito e exercício dos direitos humanos.

ARTIGO 8. Utilização. No território guatemalteco os idiomas Mayas, Garifuna y Xinka poderão ser empregados nas comunidades lingüísticas que correspondam, em todas suas formas, sem restrições no âmbito público e privado, em atividades educativas, acadêmicas, sociais, econômicas, políticas e culturais.

No marco desta lei são estabelecidas algumas definições para compreender conceitos que são usados no meio social guatemalteco, como:

a) Idioma: Língua específica de uma comunidade determinada, que se caracteriza por estar fortemente diferenciada das demais.

b) Comunidade lingüística: Conjunto de pessoas que possuem, reconhecem e utilizam um idioma comum, seja num espaço territorial, social ou cultural específico.

c) Espaço territorial: A circunscrição geográfica na qual se identificam os elementos sócio-lingüísticos comuns e/ou históricos.

Conforme a Academia de Lenguas Mayas de Guatemala (ALMG), em sua página web: www.almg.org/ (2004); O Q’eqchi’ é um dos idiomas mayas que tem maior cobertura geográfica. Conforme o Censo 2002 possui 852,012 falantes, ocupando o segundo lugar dentro das 21 Comunidades lingüísticas do Povo Maya. Comparando com os outros idiomas mayas, abrange uma grande região geográfica, diferenciando-se de outros idiomas dos quais somente se reconhecem duas variantes dialetais, isto não impede a comunicação entre seus falantes como ocorre nos outros idiomas da mesma família.

Aproximadamente faz mais de dez séculos, o povo maya Q’eqchi’ se assentou no lugar que atualmente corresponde aos municípios de Cobán, Chamelco, Carchá, Lanquin, Cahabón, Tucurú y Senahú.

A história nos indica que existem momentos de colonização, invasão, descobrimento, o contato de dois mundos, o termo a utilizar u povos mayas sofreram e continuam sofrendo, exploração, marginação e discriminação. Conforme a Guerrero, (2006; 37).

Mas, é preciso recordar que esse descobrimento não foi um fato imprevisto nem se deveu a uma eventualidade. Vários agentes ajudaram para que fosse Castilla a que iniciasse esta campanha. Um foi que desde o século XIV, quando conquistou as Ilhas Canárias, Castilla esta imersa na busca de uma nova rota às terras das espécies, temperos. Ao mesmo tempo, coexistia um encadeamento histórico na soberania peninsular com a idéia de luta contra o Islam, que seguiu até depois da conquista de Granada. Desta forma, neste empreendimento houve motivos religiosos: difundir o cristianismo/catolicismo, por exemplo… e motivos políticos – econômicos como encontrar um novo caminho para as Ilhas Especiaria.

O território Tezulutlán, conhecido atualmente como Verapaz, estava habitado por Q’eqchi’, Poqomchi’, Achi’, Itz’a’, Ch’ol e outros. A conquista do território deu-se pacificamente, devido ao trabalho dos frades dominicos, liderados por Fray Bartolomé de las Casas, durante os primeiros anos da colônia no século XVI.

As Verapaces estiveram sob o cuidado do Cacique Aj Poop B’atz’ (depois de seu batizado no cristianismo conhecido como don Juan Matalbatz), quem a administrava com o cargo de governador; além dos atuais departamentos de Alta Verapaz e Baja Verapaz, compreendia também os atuais departamentos de Petén, parte de Izabal e Belize. Segundo (Idem, 67).

A nomeação do governador vitalício da Vera paz ao Cacique de Caciques Don Juan Aj Pop’ O Batz. No documento lhe é outorgado o título de Governador e à Vera Paz categoria de Província. Ordenou-se que não fosse despojado nem retirado do cargo todo o tempo que vivesse. Sua autoridade e privilégio ficaram equiparados ao dos governadores de Yucatán, tlaxcala e outras províncias das Ilhas e Terras do Mar Oceano.

Já no final do século XIX alemães chegaram para colonizar Tezulutlán, eles fugiam, em primeiro lugar da situação política de seu país e em segundo lugar, nessa época Guatemala estava buscando crescimento econômico, razão pela qual, concede grandes extensões de terra aos alemães para seu aproveitamento e exploração agrícola. Segundo Flores Reyes (1985, apud, Guerrero, 2006; 95)

Entre 1626 y 1935, a diocese foi cancelada e anexada à Arquidiocese de Guatemala. Os bispos sucessores daqueles que não tiveram a qualidade moral e o cuidado pastoral adequados, e escudando-se na pobreza da região fecharam-na por mais de trezentos anos. Nesse período aconteceram injustiças tão grandes como a “colonização alemã”, quando o governo da República presenteou a um grupo de alemães com as terras de Verapaz para o cultivo do café. O ato de injustiça consistiu em que os territórios foram entregues com seus bosques, suas feras e seus índios…

A chegada dos Europeus trouxe consigo injustiças, emigrações, exploração, discriminação, pobreza, mestiçagem e depois de 500 anos seguimos vivendo os mesmos efeitos. Não vou entrar em detalhes sobre a situação atual, contudo posso dizer que tanto Espanhóis, Alemães, Ingleses e outros, vieram a tirar-nos a nossa riqueza e a nossa cultura.