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II – O ASPECTO BÍBLICO DA CRISTOLOGIA A – Preexistência de Jesus Cristo e as Objeções

[1] – Jesus preexistiu eternamente antes do nascimento em Belém.

Visão do Antigo Testamento.

[a] Is 9:6 – Este verso faz parte de um contexto maior (vs. 2 e 7).

Ele ocupa o centro da mensagem. Esta perícope fala do fim de uma era de sofrimento (trevas, região da sombra da morte, jugo, vara que fere, opressor, botas de guerra e vestes embebidas em sangue) e do início de uma nova era de felicidade e paz ( resplandece grande luz, alegria, fim da opressão e fim da guerra).

[1] A causa dessa transformação é o nascimento de um Rei, cujas características, só podem se referir ao Rei messiânico, que veio para governar; é um Rei de um reino futuro. Seus característicos transcendem tudo o que o homem é ou possa vir a ser.

[2] Maravilhoso Conselheiro – Ele transcende os limites comuns da humanidade (cf. Jz 13:11,18 e 22) e por isso é chamado de Maravilhoso. É Conselheiro, porque sendo ungido pelo Espírito Santo com sabedoria tem os conselhos sábios tão necessários para o exercício do ofício real. Fazer decisões sábias.

[3] Deus Forte – A execução dos seus conselhos como governante está garantida, porque unida à sabedoria está a força do seu poder divino. Este Menino é transcendente, sábio e divino.

[4] Pai da eternidade – fala de sua preexistência. Se a eternidade, que é algo que não tem começo nem fim, se tivesse começo, este Menino, este Filho seria o iniciador dela. O Messias é alguém que possui a eternidade, na qualidade

amorosa de um Pai. (Sl 90:2). Isso iguala o Messias ao Pai: Ele é transcendentemente sábio, possui poder divino, por ser chamado de Deus Forte, e é Agenétos (não nascido, sem início) por ser chamado de Pai da Eternidade.

[b] Mq 5:2 – A mensagem de Miquéias é uma advertência dirigida a Israel do Norte e do Sul, quanto ao grave risco de sofrerem os juízos de Deus, por causa de sua apostasia. Nesta segunda unidade de seu livro (3:1 a 5:15), o profeta adverte os dirigentes da nação. Apesar disso, a situação espiritual e política do reino do Norte rapidamente se deteriorou. Como eles não foram sensíveis aos reclamos de Deus, Ele permitiu que fossem levados em cativeiro pelos assírios em 722 A.C. Judá seguiu a mesma direção de Israel e em 586 A.C. Jerusalém foi, também, invadida e destruída por Babilônia.

[1] Nos anos que antecederam a estes dois juízos, Miquéias promete um Rei que trará paz ao seu povo. É o Rei messiânico, que nascerá em Belém, cujas saídas são desde os dias da eternidade.

[2] O termo é Motsa’oth, era traduzido corretamente como saídas e não origens. Esta profecia é interpretada no Novo Testamento em referência ao seu nascimento no tempo (nascimento virginal) e no espaço (em Belém). (Mt 2:5,6; Jo 7:42). A expressão “cujas saídas são desde os dias da eternidade”, se referem à preexistência do Messias, pois o termo hebraico não exclui a idéias de eternidade. Sl 90:2 é interpretado por EGW em 1º ME, 248, como falando da preexistência de Cristo.

[a] EGW, assim interpreta o texto: “declara-se Aquele que tem existência própria, Aquele que fora prometido a Israel,

‘cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”(DTN, 354).

[b] “Cristo é o Filho de Deus, preexistente... falando de sua preexistência, Cristo reporta sua mente através dos séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo que Ele não estivesse em íntima comunhão com o Eterno Deus”.

(Evangelismo, 615).

[2] – Preexistência de Cristo no Novo Testamento.

[a] Textos implícitos sobre a preexistência – vem, foi enviado. O pensamento se acha contido no texto subrepticiamente (veladamente).

[1] Lc 19:10 – Veio, de onde? Veio antes. Este é o método paciente de Cristo ensinar – “O Filho do homem veio.”

[2] Mc 10:45 – “O Filho do homem não veio para servir.” De onde?

[3] Mc 2:17 – “não vim chamar justos...” De onde?

[4] Mt 15:24 – “Não fui enviado senão...” – Mulher cananéia.

[5] Jo 3:13 – “Aquele que desceu do céu.”

[6] Jo 6:62 – “Lugar onde primeiro estava.”

Cristo expôs a verdade de sua preexistência, paulatinamente, até poder declará-la explicitamente.

[b] Textos explícitos sobre a preexistência:

[1] Jo 8:23 – “Eu não sou deste mundo, eu sou de cima”. Nunca ninguém fez tal declaração. Veio do reino superior.

[2] Jo 16:28 – “Vim do Pai e entrei no mundo.”

[3] Jo 17:5 – “Glorifica-me com a glória que eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo.”

[4] Jo 8:58 – “antes que Abraão existisse, Eu Sou.”

Os verbos não estão em relação temporal (pret. imperfeito do subjuntivo e pres. do indicativo). Ele não diz simplesmente que Ele era antes de Abraão. O verbo está no presente. E na regência de verbo intransitivo, indicando existência eterna. É ser de forma absoluta, é a existência de um Ser eternamente preexistente, cuja existência se estende para toda eternidade futura, e para toda eternidade passada do ponto de vista do momento em que Ele o declara, o presente. (Cf. Êx 3:13,14 ). Eu Sou o que Sou, Eu Sou me enviou a vós outros. Jesus existe sem referência ao tempo.

(Cl 1:17).

[5] “Desde toda eternidade esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza humana, era ainda um com Deus...” (1ME, 228). “Mas ao mesmo tempo que a Palavra de Deus fala da humanidade de Cristo quando aqui na Terra, também fala ela, positivamente, em sua preexistência. A palavra existiu como Ser divino, a saber o Eterno Filho de Deus, em união e unidade com o Pai. Desde a eternidade Ele é o Mediador do Concerto.”

(1Me, 247).

“O Senhor Jesus Cristo, o Divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai.” (1Me, 247).

[c] Declarações de outras testemunhas.

[1] Jo 1:29 e 30. João Batista eram mais velho do que Jesus seis meses. João, apesar disso, disse: “Porque já existia antes de mim. Logo João Batista cria na preexistência de Cristo.

[2] Jo 1:14 – “E o Verbo se fez carne”. Ele existiu antes de sua vida na carne, e como Verbo Ele era Deus.

[3] 1Tm 1:15 – “Jesus veio ao mundo para salvar.”

Se Ele veio ao mundo para salvar é porque Ele existia antes.

[4] Hb 7:1 e 3 – Melquisedeque é um personagem verdadeiro, pois Abraão lhe devolveu os dízimos. Por ser rei e sacerdote, tendo recebido dízimos de Abraão e o tendo abençoado, é dito ser superior a este. E por não se registrar sua genealogia na Bíblia nem anterior, nem posteriormente, é dito ser Ele sem fim, e sem começo de dias. Assim ele se torna, mesmo como personagem real, um tipo de Cristo, que não sendo da tribo de Levi, é sacerdote, mas também rei. Logo o seu sacerdócio não é levítico e sim segundo a ordem de Melquisedeque. E como tal, na realidade, não tem começo nem fim de dias, é preexistente.

[5] Fp 2:5-8 – “... Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou por usurpação o ser igual a Deus... assumindo forma de servo, tornando-se em semelhança de homem.”

[a] Em forma de Deus (Morphe Theou) – Morphe indica que substancialmente Cristo é igual ao Pai. Refere-se à natureza essencial. Possui a mesma natureza de Deus.

Igualdade de substância.

uJpavpcwn

- nom, sing, masc, Part Pres, (linear, contínua) – existindo permanentemente.

(Preexistência de Deus).

[b] Não julgou por usurpação o ser igual a Deus. Harpagmos é traduzida por usurpação. Seu sentido básico é “uma ato de pilhagem”, “um sanque”. Ou seja, não é uma injustiça Cristo ser igual a Deus, pelo simples fato de que Ele é igual a Deus. Cristo não considerou a igualdade dele com Deus como se fosse violência à verdade dos fatos.

[c] Forma de servo. De novo aparece Morphe.

Substancialmente Ele tornou-se um Escravo (doulos).

[d] Semelhança de homem – semelhança (

oJmoiwvmati

-homoioma). É o mesmo que dizer que Jesus era homem completo, sem perder sua ligação superior com a divindade.

genovmeno

" – nom, sing, masc, part 2º Aor, (pontilear) – tornou-se, veio a ser homem, nasceu como homem.

[e] Figura humana – figura (skema). O vocábulo destaca a aparência ou forma externa. Quem o via exteriormente, só o via como homem. Nada vendo, exteriormente, nele que indicasse sua substância divina, que estava velada aos olhos humanos, e que só percebiam a forma externa. (cf. Hb 2:17).

[6] Cl 1:16 e 17 – Cristo é retratado como o Criador de todos os seres e mundos e poderes. Ele é a origem da criação e também sua finalidade, porque tudo não só foi criado por, mas para Ele. A conclusão natural vem no verbo seguinte sua preexistência: “Ele é antes de todas as coisas.”

[3] – Primeira objeção, Filho Unigênito. A argumentação é que, se Jesus é Filho Unigênito de Deus, isto vem significar que Ele foi gerado pelo Pai, logo Ele teve um princípio. A palavra usada é monogenes, que é traduzida por Unigênito.

[a] Monogenes aparece no N. T. 9 vezes. Cinco delas se aplicam a Jesus, e as outras 4 se aplicam às outras pessoas.

[1] A Jesus: Jo 1:14; Jo 1:18; Jo 3:16; Jo 3:18; 1Jo 4:9.

[2] Outras pessoas: Lc 7:12; Lc 8:42; Lc 9:38 e Hb 11:17.

[3] Monos e Genos – o que significam? A tradução Unigênito (filho único) é errada, porque monos se traduz por único, e genos, por espécie. Sua tradução deveria ser: um da espécie, ou único de uma espécie.

(a) Unigênito é monogennetos (Monos e Gennao).

[4] Assim as Bíblias traduzem Monogenes como se fosse Monogennetos . o que é um erro à luz das maiores autoridades do grego: Liddell e Scott, no Greek English Lexicon, definem Monogenes como “Único membro de um título, único, singular, exclusivo.”

[5] Kittel em sua Teologia do N. T., vl. 4, p. 745-750, defende o mesmo conceito.

[6] Bruce em seu Comentário de João, p. 46, define como Amado e Filho Único.

[7] A BJ traduz, no rodapé, na página 1384, por “Deus, Filho Único. Jesus é o Filho Único de Deus, Amado pelo Pai, em intimidade perfeita e recíproca com Ele, no conhecimento e no amor.” Então nos textos onde Monogenes é traduzido por Unigênito é errado, deveria ser único de uma espécie.

[8] Na LXX e a palavra hebraica traduzida por Monogenes é YACHID, cujo sentido no hebraico é querida, muito amada.

[a] l 22:20. O Messias clama por socorro, por livramento diante do sofrimento a que é exposto. “Livra... das presas dos cães a minha vida (minha YACHID). Literalmente, meu Único – que é tudo quanto me sobra, a minha única e mais preciosa possessão.

[b] Sl 35:17 – Davi clama por socorro e refere-se a sua vida como a “minha predileta (YACHID). Refere-se, a si mesmo, como querido, predileto, único, mais amado.

[c] Jz 11:34 – Jefté, ao voltar da batalha contra os amonitas, encontra-se com sua filha a quem qualifica de filha única, YACHID, portanto, a mais querida.

Na evidência baseada neste texto podemos dizer que Monogenes significa único, mais querido, íntimo, particular.

[9] No N. T. Monogenes possui o mesmo sentido.

[a] Lc 7:112 – vendo Cristo o sofrimento da viúva de Naim, compadeceu-se dela por estar sepultando o seu filho único, Monogenes, que é assim chamado, não porque ela o gerou, mas, que depois da morte de seu marido, era o seu maior bem. Além disso era uma tragédia não ter filho. Assim Monogenes tem o sentido de mais querido, único.

[b] Lc 8:41-42 – filha de Jairo. É dito ter uma filha única, mesmo que houvesse outros filhos (homem), ela ainda era a mais querida e íntima, por ser a única daquela espécie (feminina).

[c] Lc 9:37, 38 – Os discípulos lutam com um endemoniado, enquanto ocorre a transfiguração, sem nada poder resolver.

O Pai, em desespero, suplica a Cristo por seu filho, e querendo persuadir Cristo a ajudá-lo, acrescenta ao pedido o significado que o filho tinha para ele, é o meu único, Monogenes.

[d] Hb 11:17,18 – Isaque, unigênito (único) de Abraão. É assim identificado, não apenas por ter sido gerado por Abraão, mas porque ele era o único conforme a promessa.

Ele era único, por ser da espécie da promessa.

[b] Como o Unigênito veio a ser colocado no texto bíblico? Cerca de 380 A. D. as versões latinas estavam corrompidas, então Damásio, bispo de Roma, pediu a Jerônimo que fizesse uma revisão nas versões e apresentasse uma que fosse confiável.

[1] Em 382 A. D., ele partiu para a Palestina, onde estudou o hebraico por 20 anos. Deste empenho de Jerônimo surgiu a

Vulgata Latina, que foi oficialmente, reconhecida no Concílio de Trento (1545 e 1563).

[2] As versões latinas da época traduziram Monogenes por unicus. Jerônimo, entretanto, substituiu o termo Unicus por Unigenitus. A base para a sua tradução do Pai como gerador e o Filho como gerado, é que o Filho de alguém é da mesma substância do seu pai, assim como um camelo só pode gerar outro da mesma espécie. Há uma identidade de natureza entre o gerador e o gerado. Esta tradução só ocorreu nos textos aplicados a Cristo, logo se tratou de uma tradução com intenção interpretativa.

[3] No pensamento Joanino Jesus é Único (Monogenes), Filho de Deus, exaltado em status, acima de toda criatura no céu e na Terra, por ter uma exclusiva função, que é única e singular: a de revelador do Pai e Redentor dos Homens.

[4] Cristo é ainda apresentado em seu caráter exclusivo nos escritos joaninos porque João lhe reservou o título de Filho, usando a palavra HUIOS só para Cristo (Jo 1:34,49; 5:25;

10:36; 11:4, 20:31; 1Jo 1:3; 3:7,8,23; 5:5,9,10,12,16,20) enquanto para os filhos dos homens ele usa TEKNA (1Jo 2:12;

3:1,2; 3Jo 3).

[4] – Segunda Objeção – Prototokos, primogênito. Este título é usado para Jesus com freqüência no N. T. e possui o seguinte significado:

Protos – primeiro, Tikto – refere-se ao momento da criança sair do ventre materno. Em relação a Cristo, o termo é usado 6 ou 7 vezes dependendo do manuscrito usado. O sentido literal indicava que Cristo teve um começo, como alguns interpretam Cl 1:15 “Primogênito da Criação”.

[a] Primogênito de Maria.

[1] Mt 1:25 – Texto questionável, onde Prototokos é usado nos manuscritos bizantinos (28, 565, 700, 892, 1009...).

[2] Lc 2:7 – “Deu à luz a seu Filho Primogênito.”

Ambos os textos são usados em referência ao seu nascimento.

[b] Primogênito entre os irmãos.

[1] Rm 8:29 – Designa a prioridade de Cristo entre muitos.

[c] Primogênito de toda a criação.

[1] Cl 1:15 – Designa a Cristo como a causa e a primazia da criação.

[d] Primogênito dos mortos.

[1] Cl 1:18 – causa da vida pela sua ressurreição.

[2] Ap 1:4,5 – Causa da vida pela sua ressurreição.

[e] Primogênito.

[1] Hb 1:6 – Indica a superioridade de Cristo acima dos anjos, digno de adoração.

[5] – Primogenitura – Constitui os deveres e os direitos do primogênito, o primeiro macho nascido. Sob a legislação mosaica, os privilégios da primogenitura eram: exercer o sacerdócio da família, herdar a autoridade oficial do pai, herdar uma dupla porção da propriedade paterna. Na família de Abraão se acrescentavam os seguintes privilégios: a herança da promessa da posse da Canaã terrestre e as bênçãos do pacto, a honra de ser o progenitor da semente ou descendente prometido. Depois da experiência da páscoa, o filho primogênito, depois de ser redimido pelo pagamento do resgate, era especialmente dedicado ao serviço de Deus. Gn 48:13-18; Dt 21:15-17; 2Cr 21:3; Êx 13:2,12; Nm 3:13; Êx 13:13-15.

[a] O termo primogênito tem também um sentido figurativo como em Jó 18:13, primogênito da morte, significando o principal dos males que devorará os ímpios.

[1] Em Is 14:30, os primogênitos dos pobres serão apascentados, significando o mais pobre dos pobres.

[b] O uso figurativo de Prototokos explica o seu uso, não para o primeiro nascido em ordem cronológica, mas o primeiro em importância.

[1] Isaque é o segundo filho de Abraão, mas chamado de primogênito, por ser o filho da promessa, o primeiro em importância. Gn 22:2.

[2] Efraim é chamado de Primogênito, quando Manassés é o primeiro nascido, Jr 31:9 cf. Gn 41:50 e 52, cf. Gn 48:17 e 19. A ordem, aqui, de novo, não é do nascimento, mas de importância. E apesar da intervenção de José a bênção da primogenitura foi dada a Efraim, o segundo filho.

[3] Davi, em Sl 89:20-27, é chamado de primogênito, não por ele ser o primeiro nascido, mas por ser o mais elevado, por ser o escolhido de Deus, a quem Deus conheceu de antemão, por isso foi o escolhido entre tantos irmãos mais velhos. 1Sm 16:10-12. (Davi era o mais moço).

[4] Israel, dos filhos de Isaque, não é o primeiro a nascer (Gn 25:25,26), e sim seu irmão Esaú, contudo é chamado de primogênito em Êx 4:22.

[c] Jesus é chamado Prototokos no sentido figurado. Não por ser o primeiro nascido, mas antes por ser o mais elevado, o mais importante, o mais exaltado. É Aquele que possui os privilégios, prerrogativas e direitos de sua posição como Criador e Salvador do homem. Prototokos é um título que retrata a sua importância, como o mais eminente.

[1] Ele é o Primogênito dos mortos, não porque foi o primeiro ressuscitado, pois Moisés ressuscitou antes dele, como muitos outros. Ele é assim retratado para mostrar a importância da sua ressurreição como a garantia dos benefícios já desfrutados por aqueles que foram ressuscitados e trasladados, como a garantia dos que um dia ressuscitarão.

[2] Ele é o Primogênito da criação, não porque foi o primeiro a ser criado, mas porque nele foram criadas todas, todos os seres, todas as autoridades na Terra e no céu. Ele é origem da criação universal, Ele é mantenedor desta mesma criação e sua eterna finalidade. Isto indica a sua primazia. Cl 1:15-20.

[d] Logo Mogenes e Prototokos são títulos aplicados em Jesus, não para diminuir, mas para exaltar a sua pessoa divina e humana. Ele é posto à parte, como o mais destacado, o maior em importância, o mais exaltado, o primeiro.

[6] – Terceira Objeção – Hb 1:5 “Tu és Meu Filho e hoje te gerei.”

Refere-se esta passagem a um dia do calendário em que Jesus foi gerado pelo Pai? O verbo aqui usado é Genao, que aparece três vezes no N. T.: At 13:33; Hb 1:5 e 5:5 . Todas elas são citações do Salmo 2, e especialmente do v. 7.

[a] Este é um salmo de coroação, que foi escrito para a coroação de um rei, ocasião em que Ele foi ungido. Segundo Abraham Cohen, é comum interpretar o texto em conexão com Davi, à luz da declaração de 2Sm 5:17.

[1] A entronização de um rei era sempre um momento de crise.

O novo rei era inexperiente no ato de governar. Por causa disso os povos vassalos, através de uma conspiração e motim, aproveitavam o momento para se libertar do domínio do novo rei.

O primeiro verso, e os versos 4 a 6, declaram a inutilidade desta tentativa vã. Os reis procuram escapar do domínio do rei de Israel e Deus ri-se, porque Ele dominará a situação.

[2] Neste contexto da entronização de um novo rei, o Espírito Santo coloca aspectos que são, inegavelmente, messiânicos.

Abraham Cohen declara que no Comentário Rashi é dito que os rabinos interpretam este Salmo como se referindo ao Rei Messias.

[3] Nos vv. 7 a 9, Deus está falando ao novo rei no momento da sua coroação, cujo rei está nesta posição por decreto divino.

Este rei é também declarado filho. No Sl 89:27 Deus diz que Davi é seu filho. Por que? Porque no momento da coroação o rei foi gerado por Deus, na qualidade de seu servo para guiar os destinos do seu povo. Isto se harmoniza, perfeitamente, com o momento em que Deus prometeu a Salomão o trono, nesta ocasião Deus disse: “Eu lhe serei por Pai, e ele me será por filho”. 2Sm 7:14.

[4] Quando Deus diz: “Tu és Meu Filho, Eu hoje te gerei”, não é uma referência à geração física por Deus em algum dia do remoto passado. Não. Mas refere-se à coroação do rei, quando o rei passa a ter uma nova relação com Deus, é neste momento, da coroação, que ele é gerado por Deus.

[5] Os comentaristas judeus apoiam esta interpretação. S. B.

Frehof – Sl 2:7 “hoje te gerei”, quer dizer “este dia você foi ungido rei. Portanto não é nascimento físico, mas é na colocação no trono.

COHEN – “Eu hoje te gerei”, deve ser entendido figuradamente, com respeito a sua ascensão ao trono...”.

[b] O mesmo acontece com Hb 1:5, Hb 5:5 e At 13:33. Deve ser entendido figuradamente segundo a opinião dos judeus.

[1] Hb 5:5 – Refere-se ao início do seu ministério como mediador. Nesta ocasião Ele foi entronizado para o exercício de sua obra intercessória. (Sl 24:7-10) cf. Mc 16:19 e Zc 6:13.

Jesus foi gerado pelo Pai no sentido figurado, espiritual, como o Sumo-Sacerdote. (Hb 5:7-10). O rei dos reinos da graça (Hb 4:16), e como tal foi coroado.

[2] Hb 1:5,6 – É uma clara referência à encarnação. Cristo é figurada e espiritualmente gerado no momento da sua encarnação.

[a] Lc 3:21,22 – Por ocasião do batismo de Jesus Cristo é dito: “Tu és Meu Filho amado, em Ti me comprazo”.

Contudo em alguns manuscritos como o Codex reza, em vez desta expressão, dizem: “Tu é Meu Filho, hoje te gerei”.

A tradição diz que a Igreja primitiva entendia o batismo de Jesus como um cumprimento do Sl 2:7. Cristo foi entronizado no batismo

[3] At 13:33 – Gerado na ressurreição.

[c] Portanto, não faz referência ao momento da origem de Cristo, mas ao momento da sua coroação. Trata-se assim da exaltação de Cristo na encarnação, no seu batismo, no início do seu ministério sumo-sacerdotal e na sua ressurreição. A conclusão a que chegamos é que gegenneka é para exaltar a Cristo acima da criação – Ele é Deus.

[1] Jesus é Filho de Deus, não por uma causa genética, mas porque Ele partilha da mesma natureza, da sua essência, porque Ele é consubstancial com o Pai. Isto porque a idéia da filiação envolve dizer que alguém partilha do caráter e atributos do outro: filhos do trovão, filhos da iniqüidade, filhos da ira, filhos da obediência. Do mesmo modo Cristo é Filho de Deus porque é substancialmente igual ao Pai, assim como todo filho, na natureza toda, o é.

B – Encarnação e Humanidade de Cristo

[1] – A Bíblia se refere à encarnação como um ministério: o mistério da piedade, 1Tm 3:14-16, cf. 1Co 15:51,52, cf. Ef 3:3,6,9.

[a] Em Timóteo, Paulo fala do mistério da piedade, para então declarar o que ele é. O mesmo Jesus que encarnou, que foi manifestado em carne, é o mesmo que foi justificado em espírito...

[a] Em Timóteo, Paulo fala do mistério da piedade, para então declarar o que ele é. O mesmo Jesus que encarnou, que foi manifestado em carne, é o mesmo que foi justificado em espírito...

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