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Houve uma discussão que se pautou pela intensificação dos cortes para a educação e saúde com a desvinculação da receita específica (determinada constitucionalmente), bem como sobre as consequências do Sistema da Dívida, que utiliza quase 50% do orçamento do Governo Federal para alimentar o capital financeiro.

1) Projeto de Lei nº 257/2016

O Projeto de Lei nº 257/2016 que prolonga o prazo para o pagamento da dívida dos estados, mas além de não resolver o problema, traz ainda uma série de ataques aos direitos dos trabalhadores, principalmente servidores públicos, impondo a uniformização entre União, Estado e Municípios de medidas contra os direitos dos trabalhadores do serviço público, contra os serviços públicos em geral e fortalecimento da lógica de privatização e precarização destes serviços. Trata-se de uma medida que utiliza a justificativa de endividamento para que os municípios, estados e união imponham um sistemático ataque aos direitos dos servidores

públicos e aos serviços públicos essenciais como, transporte, educação, saúde, segurança etc...

O PLP 257 altera dos dispositivos das Lei de Responsabilidade Fiscal restringindo significativamente os limites dos gastos públicos, criando o Regime Especial de Contingenciamento (REC) que poderá ser decretado quando a economia estiver em baixo crescimento nos termos já previstos pela LRF. Das despesas que poderão ser contingenciadas com o decreto estão a merenda escolar e o custeio das Instituições Federais de Ensino.

A união diante da crise do capital e com os caixas no vermelho tenta impor aos estados e municípios, já substancialmente endividados, uma série de contingenciamentos para prolongamento da dívida forçando uma série de medidas que direcionam para o desmantelamento do serviço público.

2) Desvinculação das receitas da união – DRU

A aprovação da prorrogação e alteração da Desvinculação de Receitas da União (DRU) – PEC 4/15, até 2023 e com percentual de 30%, diminuirá o montante de recursos disponíveis a Educação, Saúde e demais áreas sociais, inclusive para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que sustenta o pagamento do seguro- desemprego e do abono salarial. Esta é a primeira vez que a DRU é prorrogada por oito anos e que permite aos estados e municípios estabelecerem mecanismo semelhante.

As obrigações constitucionais de gastos mínimos nas áreas de saúde e educação passam a ter um provável contingenciamento na ordem de 30% dos seus orçamentos a partir de 2016 (questionável caráter retroativo da emenda constitucional “temporária”) Dados do Ministério do Trabalho indicam que as desvinculações provocadas pela DRU nos recursos do PIS/Pasep entre os exercícios de 2003 e 2014 atingiram R$ 80,31 bilhões.

A adoção da DRU combinada com o PLP 257/2016 visa estabelecer novos patamares para a remuneração do capital financeiro por meio da espoliação da força de trabalho e dos recursos naturais do Brasil. Trata-se de uma reorganização estrutural para intensificar a lógica do Sistema da Dívida Pública.

3) Sistema da Dívida Pública e a mudança de regime político na sociedade brasileira.

O sistema da dívida pública constitui-se no maior mecanismo de usupação das riquezas nacionais por meio do endividamento público. Grande parte das dívidas constituídas pelo Estado Brasileiro não possuem fundamentos em necessidades sociais da nação ou contrapartidas para o desenvolvimento econômico e social, ao contrário trata-se da maior irresponsabilidade fiscal com o patrimônio público brasileiro que é transferido para especuladores do capital financeiro internacional sem nenhum mecanismo de controle, limite ou transparência na destinação dos recursos Públicos.

A Auditoria Cidadã da Dívida tem realizado um amplo trabalho de divulgação dos impactos do Sistema da Dívida sobre o fundo público nacional. A dívida pública interna atingiu a alarmante cifra de R$ 3.936.680.800.962,35 em dezembro de 2015, cerca de 66% do PIB nacional. A dívida externa brasileira está na ordem de U$ 545.353.169.041,77. Considerando uma cotação do dólar na ordem de R$ 3,50, as dívidas internas e externas chegam a aproximadamente 100% do Produto Interno Bruto. No ano de 2015 os serviços da dívida pública consumiram R$ 962.210.391.323,00, equivalente a um custo de R$ 2,63 bilhões por dia.

A crise da dívida dos estados culmina na apresentação do plp 257/2016 que busca instituir uma modelagem de negociações institucionais semelhantes a adotada pela troika (Comunidade Européia, FMI e Banco Central Europeu) contra a Grécia. A adoção de medidas contra os trabalhadores tendo como objetivo a rolagem da dívida dos estados e municípios com a União. Além das graves consequências para o desmonte dos serviços públicos já amplamente conhecidos o plp 257/2016 transforma a União em seguradora internacional para investidores nacionais e estrangeiros. O artigo 14 do PLP 257/16, altera o artigo 40 da Lei de Responsabilidade Fiscal. União poderá dar garantias a uma empresa privada, nacional ou estrangeira, ao fazer algum investimento no Brasil ou em qualquer parte do mundo, sem qualquer segurança para os cidadãos brasileiros. Trata-se de um dispositivo que possibilita a conversão das dívidas privadas em públicas.

Trata-se de buscar uma alteração na correlação de força das classes sociais na sociedade nacional fortalecendo a dominação dos monopólios, imperialismo e latifúndio em detrimento dos direitos sociais da população. Estamos diante de uma

mudança de regime em que as forças populares estão sendo duramente combatidas no plano econômico, político e social.

O enfrentamento do SISTEMA DA DÍVIDA PÚBLICA brasileira se constitui num elemento estratégico para o enfrentamento dos interesses hegemônicos o bloco dominante no país, composto pelo imperialismo, monopólios e latifúndio. A constituição de uma alternativa ao sistema da dívida passa pela necessária auditoria da dívida e enfrentamentos dos interesses dominantes na sociedade brasileira. É urgente a constituição de um bloco de forças contra hegemônico, forças populares, capaz de realizar a auditoria da dívida e enfrentar o sistema da dívida pública e o bloco das forças sociais dominantes.

EIXO: TRABALHO E FORMAÇÃO DOS/AS TRABALHADORES DA