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I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 7

1. E RGONOMIA 7

1.7. Iluminação 26

Segundo Lida (1997) as causas da fadiga visual devem-se a seis factores essenciais: iluminação inadequada, fixação de detalhes (grande esforço dos olhos para acomodação e convergência), pouco contraste (quando existe pouca diferença entre o objecto e o fundo), pouca definição (objectos e figuras com traços ou contornos confusos), objectos em movimento e má postura corporal.

A fadiga visual manifesta-se através de “sensações doloridas de irritações (ardência), acompanhadas de lacrimação e avermelhamento das pálpebras e da conjuntiva, visão dupla, dores de cabeça, diminuição da força de acomodação e da força de convergência e por ultimo diminuição da acuidade visual, da sensibilidade aos contrastes e da velocidade de percepção” (Grandjean, 2004).

Tendo em conta que a fadiga visual irá influenciar negativamente a produtividade, a satisfação no trabalho, a qualidade de produção e contribuir para um aumento de falhas e acidentes de trabalho, é necessário tomar medidas preventivas para evitar que tal aconteça.

De acordo com um relatório da “Safety Council dos EUA” os resultados mostraram que “5% de todos os acidentes de trabalho na indústria têm como causa directa a iluminação insuficiente e que o ambiente luminoso e a fadiga visual são participantes na origem de 20% de todos os acidentes” (Grandjean, 2004).

De acordo com estudos realizados por McCormick (citado por Grandjean 2004), existe uma relação directa entre a intensidade de iluminação e a produção, sendo que existe um aumento de desempenho com o aumento da intensidade de iluminação. A figura 5 mostra um exemplo característico de uma fiação de algodão americana.

Figura 5 - O efeito da intensidade de iluminação na produção e na rejeição de uma fiação americana de algodão (Fonte: Adaptado, Grandjean, Etienne. “Manual de Ergonomia. Adaptando o trabalho ao homem”, 2004, pp. 216)

A intensidade de iluminação corresponde ao fluxo luminoso que incide sobre uma superfície e é dada pela expressão:

Lúmen é a unidade de luz e é equivalente à quantidade de luz incidente sobre 1 m2. Segundo Grandjean (2004) “o olho humano é sensível a uma ampla gama de intensidades luminosas que vão desde alguns Lux em uma sala escura a 100.000 Lx ao ar livre, no sol no meio dia.”

De acordo com estudos realizados, o rendimento visual aumenta a partir dos 10 Lx sendo que o valor máximo não deve ultrapassar os 1.000 Lx, visto que, “a partir desse ponto os aumentos do iluminamento não provocam melhoras sensíveis no rendimento, e a fadiga visual começa a aumentar” (Lida, 1997), como se pode ver na figura 6.

Figura 6 – Variações do rendimento e da fadiga visual em função do nível de iluminamento (Hopkinson e Collins, 1970) (Fonte: Adaptado, Lida, Itiro. “Ergonomia. Projecto e Produção”, 1997, pp. 254)

Segundo Grandjean (2004), a intensidade de iluminação “acima de 1.000 Lx aumenta o risco de reflexos perturbadores, de sombras muito pronunciadas ou outros contrastes exagerados”.

Tendo em conta esta informação, o aumento indiscriminado da intensidade luminosa torna-se desnecessário pois iria aumentar os custos energéticos sem consequente aumento da

produtividade. Sendo assim, deve-se aproveitar a luz natural sempre que possível visto que além da poupança energética proporciona uma maior qualidade de iluminação.

O dimensionamento da iluminação deve ser planeado de forma a não “criar sombras, ofuscamentos ou reflexos indesejáveis” (Lida, 1997). Segundo Lida (1997) “além da iluminação adequada do objecto, a iluminação de fundo deve permitir um descanso visual durante as pausas e aliviar o mecanismo de acomodação”.

Se antigamente a preocupação primordial passava pela poupança energética, sendo “os valores recomendados até à década de 50 oscilavam entre os 10 e 50 Lx” (Lida, 1997) hoje em dia sabemos que a correcta intensidade de iluminação, traz diversos benefícios tais como: redução da fadiga visual, aumento do desempenho e consequentemente aumento da produtividade e aumento da qualidade da produção. Desta forma, existem intensidades de iluminação recomendadas de acordo com os diferentes tipos de aplicação da mesma.

Grandjean (2004) refere uma comparação entre as normas alemãs (DIN) e americanas (IES) para intensidades de iluminação dependendo do tipo de tarefa. Como se pode ver na tabela 7, as normas americanas referem valores muito superiores à média europeia.

Tabela 7 – Comparação entre as normas alemãs e americanas (Fonte: Grandjean, Etienne. “Manual de Ergonomia. Adaptando o trabalho ao homem”, 2004, pp. 223)

Na tabela 8 pode-se ver a gama de intensidades luminosas, recomendadas por Lida (1997), dependendo do tipo de local onde é aplicada a iluminação.

Tabela 8 – Níveis de Iluminação recomendadas para algumas tarefas típicas (Fonte: Adaptado, Lida, Itiro. “Ergonomia. Projecto e Produção”, 1997, pp. 225)

De acordo com a norma Bosch, modelo BVE A1035, existem diferentes tipos de intensidade de iluminação dependendo do tipo de tarefa a executar. Na figura 7 podem-se consultar esses valores.

Figura 7 – Diferentes tipos de intensidade de iluminação (Fonte: Adaptado, Modelo BVE A1035)

1.7.1. Tipo de Lâmpadas

Em 1878, Thomas Edison inventou a lâmpada incandescente contribuindo desta forma para aumentar a vida activa das pessoas. A partir desta data muitas foram as melhorias introduzidas sendo que hoje em dia é mais frequente a utilização de lâmpadas incandescentes e fluorescentes.

As lâmpadas incandescentes têm a desvantagem de irradiar calor podendo alcançar temperaturas na ordem dos “60º C provocando mau estar a dores de cabeça por radiação directa quando muito próximos da cabeça” (Lida, 1997). Este tipo de lâmpadas “fornecem uma luz que tem uma parcela elevada de tons vermelhos e amarelos […] indicada para residências […] para a criação de um certo clima de “fim de trabalho diário”” (Grandjean, 2004).

As lâmpadas fluorescentes além de serem mais eficientes na transmissão da luz, têm um rendimento três a quatro vezes superior do que as lâmpadas incandescentes. Segundo Grandjean (2004) as lâmpadas fluorescentes apresentam “uma baixa densidade luminosa do corpo luminoso, portanto, diminuição do perigo de ofuscamento. Possibilidade de composição de cores semelhante à luz do dia, através disso pode-se evitar a perturbadora mistura de luz do dia e luz de lâmpadas incandescentes”. Como desvantagem deste tipo de lâmpadas referimos a cintilação visível que pode perturbar e provocar a fadiga visual.

Em relação à posição da iluminação esta deve-se situar “acima de 30º em relação à linha de visão (horizontal) e, se possível, devem ser colocadas lateralmente ou atrás do trabalhador para evitar a luz direta ou refletida nos seus olhos” (Lida, 1997), como se pode ver na figura 8.

Figura 8 – Local recomendado para colocação da iluminação num posto de trabalho (Fonte: Adaptado, Lida, Itiro. “Ergonomia. Projecto e Produção”, 1997, pp. 260)

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