Impacto da Pandemia do Covid-

Diante da pandemia mundial do Covid-19, a Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou em sua página virtual15 no dia 19/03/2020 algumas medidas para tentar conter o contágio do coronavírus na capital fluminense. Com relação às feiras de produtos convencionais, a periodicidade foi alterada e passaram a funcionar de 15 em 15 dias. Já as Feirartes, feiras de ambulantes e feiras de artesanato do Circuito Carioca de Economia Solidária foram suspensas até o dia 31 de março. Contudo, as feiras orgânicas foram mantidas, porém os agricultores deveriam seguir as medidas de proteção, inclusive limpando com álcool gel as máquinas de cartão.

De acordo com a página de notícias do G1 publicado16 em 28/04/2020, o decreto de suspensão das feiras convencionais revoltou os feirantes que não foram avisados previamente e já haviam comprado legumes e verduras e estavam prontos para trabalhar, o que desencadeou um protesto realizado por eles no Ceasa de Irajá. Ao todo, 162 feiras livres que são montadas em dias e locais fixos, por toda a cidade do Rio de Janeiro, seriam suspensas.

Diante do aumento dos casos de coronavírus na cidade e para conter ainda mais o contágio entre os habitantes, a prefeitura resolveu suspender, por tempo indeterminado, também as feiras do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas. Com isso, de acordo com o site do CiOrganicos17, para ajudar no escoamento da produção, evitar o desperdício da colheita e incentivar a receita dos produtores, a ABIO desenvolveu um sistema para entregar produtos orgânicos em domicílio. A instituição recomendou diversos cuidados para os feirantes ao realizarem as entregas, dentre eles: orientação para pagamento por meio da internet para evitar manipulação de dinheiro, higienização das máquinas de cartão e das mãos com álcool em gel, sistema de entrega direto ao consumidor evitando contato físico, e higienização do veículo a cada entrega, com o uso de álcool nas áreas de contato manual.

15_{Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro. Disponível em: http://prefeitura.rio/saude/coronavirus-veja-} aqui-as-medidas-adotadas-pela-prefeitura-do-rio-para-conter-a-pandemia-na-cidade/. Acesso em: 20 fev. 2020.

16_{Fonte: Globo. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/04/23/feirantes-} protestam-no-rio-apos-suspensao-de-feiras-livres-por-10-dias-pela-prefeitura.ghtml. Acesso em: 20 fev. 2020.

17_{Fonte: CiOrgânicos. Disponível em: https://ciorganicos.com.br/noticia/feiras-organicas-} entregam-de-alimentos-em-domicilio-no-rio-de-janeiro/. Acesso em: 20 fev. 2020.

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Também havia medidas de orientação para os consumidores, dentre elas: orientação para pagamento online, evitar contato físico com o entregador mantendo distância, utilizar máscaras de proteção para receber as entregas e higienizar as mãos e os produtos após a entrega, além disso, exigir a apresentação dos certificados pelos fornecedores para a comprovação da qualidade orgânica dos produtos.

Outra ação de promoção de venda dos alimentos orgânicos se deu por meio da página oficial das feiras no Facebook que divulgou os contatos dos agricultores para a venda direta, incentivando os consumidores a comprarem diretamente com os produtores. A entrega domiciliar é uma estratégia dos feirantes orgânicos para distribuírem os produtos que já foram colhidos e abastecer a população.

Diante da insatisfação por parte dos feirantes de feiras convencionais, a Prefeitura publicou18 no Diário Oficial a revogação da suspensão das feiras. As feiras voltarão a acontecer no Rio de Janeiro, porém com regras as quais contemplam que os feirantes devem usar luvas e máscaras e manterem distanciamento entre as barracas.

Para entender mais profundamente a situação da Prefeitura do Rio foi feito contato com a coordenadora da Economia Solidária, que explicou que o órgão está enfrentando um dilema: o primeiro é relacionado com os gestores das feiras (os organizadores pensam na atividade econômica dos agricultores) e o segundo, com a contenção da transmissão do vírus. Ela informou que mesmo com a autorização para a realização das feiras, os gestores tiveram livre arbítrio para escolherem se gostariam de participar delas ou não. O grupo da Essência Vital, com o cuidado de preservar a saúde desistiu de fazer feira, enquanto a ABIO decidiu mantê-las adotando medidas protetivas, como utilização de máscara e álcool gel. Para escoar a produção e abastecer a cidade a Essência Vital criou vários grupos de consumo e páginas no Facebook para divulgar informações dos feirantes que entregam em domicílios.

Uma reclamação da Prefeitura foi de que a organização das feiras orgânicas é responsabilidade da Subsecretaria de Desenvolvimento Econômico e que são tratadas como sem importância. “A gente vai na aba das feiras livres e suspende as

18_{Fonte: G1. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/04/28/feiras-} livres-voltam-a-funcionar-na-quarta-feira-diz-prefeitura.ghtml. Acesso em: 20 jun. 2020.

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feiras livres e acaba resvalando nas feiras orgânicas e a gente não tem como fazer uma defesa: “não pera aí... aqui o trabalho é diferenciado o controle é diferenciado porque elas são fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, existe comissões estaduais e federais que cuidam dessa política dos orgânicos.”

Ao ser questionada sobre o posicionamento da Prefeitura em relação ao futuro, caso a pandemia se prolongue, foi informado que as demandas da SMDEI são sempre urgentes e as respostas imediatas. Diante do cenário, medidas de médio e de longo prazo precisam ser tomadas para minimizar ou solucionar os danos para os produtores, porém ela afirma o seguinte: “a gente não tem muita possibilidade de fazer um debate a longo prazo porque é ano eleitoral e sabemos que provavelmente a gestão vai mudar a partir do próximo Janeiro.”

Anteriormente à pandemia mundial, a representante da prefeitura (E1) informou que o planejamento da Prefeitura era, para esse período de possível mudança, consolidar o ambiente institucional:

Encaminhar um projeto de lei para consolidar esse circuito de economia solidária, com essas modalidades de feiras orgânicas feiras de artesanato e gastronomia. A gente estava tentando consolidar esse ambiente institucional, mas isso demanda encontros presenciais, audiência pública é inviável agora. (E1)