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Impactos do PROMASE nas escolas municipais de Amparo

Após consultarmos a equipe gestora da rede municipal de ensino de Amparo; estabelecer contato com a equipe das escolas selecionadas, por meio de conversas informais, e-mails, questionários, entrevistas gravadas e observações de aulas ministradas, o momento é oportuno para refletirmos sobre as informações encontradas para, por fim, responder ao nosso problema de pesquisa.

Neste capítulo, portanto, os dados obtidos serão retomados e analisados com o objetivo de identificarmos quais foram os impactos gerados pelo PROMASE no cotidiano das escolas municipais de Amparo e no trabalho pedagógico das docentes.

O Trabalho Pedagógico Desenvolvido: do discurso as ações praticadas.

Para conhecer a proposta oficial de trabalho pedagógico da rede municipal de Amparo, construímos o Capítulo III, tendo como fundamento a leitura do Plano Municipal de Educação. Neste documento, encontramos que a rede municipal adota o método PROEPRE (Programa de Educação Pré – Escolar e Ensino Fundamental) tanto para a educação infantil como para o ensino fundamental. Dessa forma, segundo o P.M.E. (2007), dentre os princípios destacados, deve-se levar em consideração que:

O conhecimento se adquire por um processo de construção e não por absorção e acumulação de informações vindas do mundo exterior. Conseqüentemente, os métodos diretos de ensino não são usados no PROEPRE, pois as explicações elaboradas verbalmente ou as demonstrações são ineficientes quando se trata de ajudar a criança a descobrir ou reinventar o conhecimento. Assim sendo, o(a) professor(a) deve encorajar a criança a fazer suas próprias perguntas e a respondê-las por sua própria iniciativa e capacidade de invenção, e realizar intervenções oportunas suscitando problemas úteis às crianças para que as mesmas possam refletir sobre suas próprias conclusões e até mesmo para duvidar delas. [...] As atividades do PROEPRE foram organizadas de maneira a propiciar atividades reais e trocas sociais que possibilitem a conquista da lógica operatória. (grifos nossos).

A mesma descrição e argumentação são encontradas nos Projetos Político- Pedagógicos das escolas.

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O programa de educação que desenvolvemos tem a metodologia composta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e pelo Programa de Educação Pré – Escolar e Ensino Fundamental (PROEPRE), e fundamenta-se na concepção do homem como ser livre, capaz de se auto-construir; é compreendido como um ser no mundo, comprometido com a construção de si mesmo, ou seja, de sua história individual; sendo atuante e engajado na sociedade da qual participa, construindo sua história social. Exercendo, portanto, a cidadania e fornecendo-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (PPP Escola Rosa).

Além do trabalho cotidiano, os princípios do PROEPRE, de acordo com os PPPs consultados, devem nortear as práticas avaliativas, fazendo destas, um trabalho voltado ao diagnóstico das dificuldades dos alunos.

A avaliação é um trabalho contínuo e permanente. É através dela que os professores podem diagnosticar as causas das dificuldades encontradas pelos alunos e rever o que for necessário, dando-lhes uma nova oportunidade. Sendo assim, garantir uma postura de permanente indagação do professor perante suas propostas de ensino. Dentro da proposta do PROEPRE a avaliação do aluno é um componente importante do processo educativo e tem por finalidades principais: promover o progresso do aluno e melhorar os procedimentos pedagógicos utilizados pelo professor (PPP Escola Rosa).

Diante dos pressupostos pedagógicos descritos, a avaliação externa implementada apresenta-se, também, como parte integrante do cotidiano, para a qualificação do ensino na rede. Assim, ao adotar um sistema próprio de avaliação, a intenção da SME, conforme apontado pela Secretária de Educação em entrevista, foi criar um sistema de avaliação que contemplasse, em sua construção, as concepções de trabalho da rede.

Na pesquisa de campo, ao estarmos constantemente em contato com as escolas selecionadas, as práticas pedagógicas e avaliativas nos chamaram atenção. Ao realizar a leitura do Plano Municipal, e também dos PPPs das instituições, imaginávamos que, o trabalho cotidiano nas instituições fosse realizado conforme o descrito nos documentos e, ainda, que tais práticas fossem aceitas e dialogassem com as avaliações efetuadas pelo PROMASE. Isso porque, de acordo com o discurso oficial, ao debater ações voltadas à área da educação, buscou-se elaborar o Plano ―coordenando, planejando e executando, de maneira ampla e democrática, abrindo espaço para todas as concepções, culturas, etnias, princípios, respeitando os conteúdos expressos nas legislações de base‖ (P.M.E., 2007, grifos nossos).

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Se, a princípio, houve um espaço destinado ao debate das ações voltadas a educação, considerando todas as concepções, esperávamos que as propostas descritas nos documentos oficiais fossem concordadas pelos integrantes do corpo docente da rede, não em sua totalidade, mas ao menos, em sua maioria. Entretanto, muitas foram às queixas das professoras em relação à concepção de trabalho pedagógico da rede, principalmente quando relacionadas à existência do PROMASE. Sete das oito professoras afirmaram que há uma incoerência entre proposta metodológica da rede municipal e proposta de avaliação do PROMASE. Na perspectiva dessas docentes, enquanto a rede trabalha com a construção do conhecimento a partir da troca entre os pares, como o trabalho em grupo, o PROMASE acontece pontualmente, medindo o conhecimento individual dos alunos.

Acredito assim que a proposta adotada na rede, ela... Pela proposta não teria esse PROMASE, não teria uma avaliação padronizada, porque veja bem, a proposta nossa, já leva em conta, já é uma.... é construtivista, leva em consideração o desenvolvimento do aluno e tudo, então como que eu vou padronizar uma avaliação? (entrevista Professora A).

Eu acho que não. Eu vou te falar mais, eu acho que a rodada, ela é uma coisa... ela é uma metodologia que ela ta fora da realidade da escola né? [...]Não dá para você ficar falando que todo dia você vai dar assim uma hora de coletiva e depois o resto do dia vão ser as diversificadas, isso pra uma aula bem dada não existe. A gente vai dar o conteúdo, por exemplo, verbo, pra construir o conteúdo verbo, tempo verbal, isso demanda um tempo muito grande se for pra construir, e a proposta da rede é o construtivismo. Eu vejo isso um paradoxo entendeu? De um lado você quer que o conteúdo seja de qualidade e de outro você tem essa obrigatoriedade da rodada

(entrevista Professora B).

A rodada na minha sala de aula ela praticamente não existe, porque eu trabalho muito pouco a rodada. Eu acho que a rodada com o PROMASE são duas coisas divergentes (entrevista

Professora D).

Porque aqui nós trabalhamos a rodada e é totalmente o oposto da proposta do PROMASE, que é realmente trabalhar os conhecimentos mesmos que o alunos traz, aquilo que ele construiu

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mas assim, não no grupo, e sim por ele só, pelo que eu vejo é para medir mesmo os conhecimentos (entrevista Professora F).

Eu acho assim, eles cobram muito rodada, rodada, mas eles esquecem que a prova é individual, que tudo é individual. Na hora do PROMASE eles não vão sentar em grupo e fazer a prova, eles vão sentar individual, então eu acho que eles têm que aprender também a trabalhar individualmente (entrevista Professora G).

Mesmo fazendo referência ao trabalho em grupo, proporcionado pela rodada, a maior parte das aulas, que presenciamos, eram expositivas, sem que os alunos se agrupassem, para solucionar problemas propostos. Em questionário, todas as professoras afirmaram abordar o conteúdo, através de aulas expositivas e todas afirmaram, ainda, trabalhar com grupos e com a rodada. Nas entrevistas, novamente, as docentes disseram trabalhar os conteúdos do Plano Referência, instituído pela SME após os primeiros resultados do PROMASE, propondo atividades dinâmicas, considerando o conhecimento prévio dos alunos. Ao acompanhar as aulas, presenciamos muitas aulas expositivas e poucos momentos destinados à rodada. Com exceção das Professoras G e H, que raramente realizavam atividades em que os alunos deveriam se agrupar, as demais proporcionaram aos alunos momentos em duplas e em grupos para a resolução das tarefas propostas, entretanto, não necessariamente eram atividades da rodada.

Algo que devemos analisar diz respeito à quantidade de alunos por turma. Com exceção da turma do 2º ano da Professora G, que iniciou o ano com 30 alunos, as demais eram compostas por 20 a 26 estudantes e, ainda, no 1º ano da Professora C, somente 18 alunos estavam matriculados. Sabemos que com classes lotadas, o trabalho a ser realizado fica mais comprometido. As turmas acompanhadas demonstram que as condições de trabalho, nas escolas da rede de Amparo, são favoráveis. A formação das professoras também deve ser levada em consideração em nossa análise. As oito docentes que participaram de nossa pesquisa apresentam formação em nível superior e cinco delas possuem pós-graduação. São professoras experientes com no mínimo seis anos de exercício do magistério.

A quantia de alunos por turma, o nível de escolaridade e o tempo de experiência dessas docentes pode contribuir para que as aulas sejam elaboradas assim como sugere a

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metodologia adotada pela rede, de forma a estimular a participação das crianças, na resolução de situações problema, que contribuam para o processo de ensino-aprendizagem, com vistas à formação integral. Contudo, não encontramos aulas constantemente planejadas com tais características.

Quanto à avaliação, o mesmo aconteceu. De um lado, os PPPs afirmam que as avaliações são ―instrumentos de diagnóstico, de intervenção e reflexão sobre a prática para garantir aos alunos vivenciar experiências de sucesso‖ (PPP Escola Jasmim), e de outro, provas com data marcada, tendo nos testes, principalmente os modelos do SARESP e Prova Brasil, o fundamental instrumento utilizado pelas docentes, na elaboração das atividades e avaliações. Se, como dizem as professoras, o PROMASE não é coerente com a proposta metodológica da rede por ser pontual, padronizado, individual e não considerar a construção do conhecimento em grupos, o que dizer das práticas avaliativas adotadas a partir do PROMASE? Se a rede possui uma proposta construtivista e a avaliação é entendida como diagnóstico, para a reflexão sobre a prática, porque o SARESP e os testes são frequentemente utilizados?

Ao refletirmos sobre tais questões, evidenciamos um tensionamento entre o discurso e a prática. Enquanto a proposta construtivista, utilizada pela rede, faz com que gestores e professores, ao menos no discurso, sejam favoráveis a práticas avaliativas na perspectiva diagnóstica, contínua e permanente, na prática, evidenciamos o freqüente uso de testes e provas no modelo SARESP.

Ao assistir as aulas, nossa intenção não foi analisar se as professoras seguem ou não a proposta metodológica da rede. Essa questão emergiu, pois ao acompanharmos poucos momentos destinados a atividades que, de acordo com os documentos oficias, deveriam ser uma constante nas aulas ministradas, nos questionamos se esse fato apresentaria correspondência com nosso tema de pesquisa. Dessa forma, indagamos as docentes, se consideravam coerentes a proposta do Programa de Avaliação e a proposta metodológica da rede e obtivemos as respostas acima apresentadas.

Duas são as hipóteses sobre a opinião das professoras de incoerência entre os princípios propostos pela rede e o PROMASE. A primeira relaciona-se à própria falta de compreensão, por parte do corpo docente, dos propósitos do Programa Municipal de Avaliação. A ausência de informações impossibilita um processo de construção da

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avaliação, como dito pela Secretária de Educação, do qual todos os professores da rede se sintam integrantes, e, portanto, a relação de desconfiança, apontada pela gestora como algo que necessariamente precisava ser superado, com a implementação do PROMASE, ainda não foi solucionada. Para algumas das professoras, o PROMASE avalia a escola e, em especial, se os professores estão cumprindo o estabelecido pela Secretaria de Educação.

A fundo, não conheço... nós educadores não tivemos a oportunidade de conhecer muito (entrevista Professora F).

Bom, o que eu entendo que o PROMASE é uma avaliação do município que ele analisa o rendimento dos alunos, mas também das professoras. Eu acho assim que ele vê o geral da sala, mas também como aquela professora trabalha, se trabalhou o conteúdo.... pelo menos conforme veio o resultado a gente ficou sabendo mais ou menos no ano passado (entrevista Professora G). Bom, eu acho que as informações estão muito vagas, no meu ponto de vista, porque o PROMASE é discutido na época que vai ter no PROMASE, depois no decorrer do ano que a gente fica esperando, naquela expectativa de como os alunos foram no ano anterior, até agora a gente não tem nem... não se sabe nada de como eles foram no ano passado. Então assim, muito distante da realidade da gente. [...]Deixa eu ver, que forma que está sendo... eu acho que o PROMASE ta sendo assim, somente para vir avaliar o aluno no final do ano, o trabalho do professor também, que eu acredito que seja avaliado e depois esquece do PROMASE, aí no ano seguinte, no final do ano vem de novo com PROMASE, e nós não temos nenhum retorno disso, até o presente momento (entrevista

Professora H).

Outro aspecto ainda não claro para as professoras, e até mesmo para as gestoras, diz respeito às questões das provas do PROMASE. Em entrevista, a Secretária afirmou que houve a intenção de se construir o Programa de Avaliação da melhor maneira possível, proporcionando momentos de diálogo, entre corpo docente e especialistas da área de avaliação, a fim de se estabelecer uma imagem benéfica da avaliação, na rede. Para isso, os docentes foram convidados, no primeiro ano do Programa, a enviarem atividades para compor o banco de questões das avaliações. Como vimos, tanto na entrevista com a Secretária como em conversa com um dos membros da Equipe de Gestão em 2010, a SME

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passou a elaborar as provas com o auxilio de assessores das áreas de Língua Portuguesa e Matemática.

Em HTPC, durante divulgação dos resultados de 2008, a Coordenadora da Escola Jasmim respondeu a pergunta das docentes, quanto às questões das provas, dizendo que foram enviadas pelas escolas, compondo um banco de questões. O mesmo foi identificado na fala de outros entrevistados:

A gente mandou no ano passado. É feita a Prova Global aqui na escola e é pego algumas atividades nossas também. Pegam o livro da sala, pegam os critérios de avaliação para se montar a prova, que existe uma avaliação interna chamada Avaliação Global, e a gente que mandou, durante se não me engano dois anos nós mandamos as matrizes para ser feito isso (entrevista Professora E). [...] a gente tem momentos onde os professores fazem, elencam né as habilidades, competências. A gente planeja atividades até pra estar enviando como sugestão, então a gente sempre tem os momentos aonde a gente ta trabalhando sobre o PROMASE

(entrevista Coordenadora Escola Violeta).

Quando questionada sobre momentos de discussão relacionados ao PROMASE: Só quando temos os resultados fora disso ou quando

elas pedem pra gente alguma sugestão de atividades (entrevista Coordenadora Escola Margarida).

A segunda hipótese refere-se à incompreensão da própria metodologia na rede, como apontado no Projeto Político-Pedagógico da Escola Margarida e da Escola Rosa. Não entender as concepções da metodologia conduz os professores a criticá-la e, além disto, não utilizá-la em suas aulas. Como vimos, das oito docentes, apenas a Professora F (Escola Jasmim) demonstrou trabalhar de forma mais constante com a rodada e com trabalho em grupos.

Assim, questionamos: A que objetivo as práticas avaliativas, desenvolvidas pelas professoras, estão servindo? Mais enfaticamente: as ações realizadas desencadeiam formação ou, apenas, instrução?

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Instrução X Formação: a preocupação com resultados

A preocupação com os resultados obtidos no PROMASE foi um dos elementos presentes nas falas e nas ações dos sujeitos acompanhados. Essa preocupação não era explicita, na verdade, a intenção em transmitir que ela não existia acompanhava o depoimento de professoras e gestoras. A justificativa para implementar determinadas ações, ou agir de forma diferenciada, estava na busca por melhores resultados e pela progresso da aprendizagem. Em alguns casos, a ordem das palavras era justamente esta: primeiro os resultados eram mencionados e em seguida a aprendizagem.

[...] nós temos discutimos bastante o resultado em cima das competências das habilidades e discutindo a atuação da gente em sala de aula, então o que fazer pra melhorar os resultados e principalmente garantir a aprendizagem né se o resultado vai melhorar se houver aprendizagem então a gente tem discutido bastante a partir desse resultado (entrevista Diretora Escola Rosa).

Outras falas eram enfáticas e sinalizavam a necessidade de ações voltadas para a melhoria dos resultados.

[...] o PROMASE ele vem como um indicador mostrando onde a gente precisa atuar pra estar melhorando aí os resultados das nossas crianças (entrevista Diretora Escola Violeta).

[...] parece que é uma rede completamente diferente e é única, acho que a rede deveria ter mais unidade nesse sentido, talvez uma ação pra melhorar esses números, esses resultados (entrevista

Professora D).

O desconforto com os resultados também apareceu associado às atividades. Dessa forma, na tentativa de melhorá-los, o uso de exercícios presentes em provas externas e ―não perder tempo‖ com determinadas aulas, foram ações realizadas, na busca por resultados maiores.

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[...] então eu tenho certeza que elas comentam, elas falam, elas até guardam atividades que foi aplicada pra aplicar novamente na criança sabe, há sim comentários (entrevista Coordenadora Escola

Rosa).

Igual o CTC29, ele chegou e nós estávamos preocupadas com o PROMASE, ai vem essa cobrança do CTC (entrevista Professora

A).

Estou trabalhando ultimamente com o SARESP, sem produção, não tem produção mesmo no PROMASE (entrevista Professora B).

No dia da realização do PROMASE: Ela é minha única esperança

para a média não ficar menos que 5,0 no ano que vem (Conversa

informal Professora B).

Com certeza, (risos). A gente fala muito né... sobre o PROMASE, tipo que atividade que vai cair na prova? Pra ser algo assim que realmente esteja... seja aplicado em sala de aula, sabe?[...]

(entrevista Coordenadora Escola Margarida).

No C.T.C. demora muito para a gente conseguir dar uma aula. Dá muito trabalho, aí chega no final do ano, o PROMASE cobra Língua Portuguesa e Matemática, a sala não vai bem e dizem que foi o professor que não ensinou (Sala dos Professores Escola Rosa).

As principais modificações efetuadas, nas escolas e no planejamento das aulas, diz respeito à utilização de testes. A justificativa para a utilização de questões de múltipla- escolha, na maioria dos casos, é familiarizar as crianças com esse tipo de avaliação. Seis professoras afirmaram fazer uso de provas baseadas no SARESP, Prova Brasil e PROMASE para elaborarem suas avaliações.

Acho que eu não mudei o jeito de avaliar depois do PROMASE, acrescentamos algumas coisas assim, bem... como que eu te falei de alternativas, o que eu achei mais foram às alternativas (entrevista

Professora A).

[...] Assim, os testes que eu dou para eles se habituarem com essas avaliações de final de ano, eles são colocados mais na lição de casa, que na lição de casa que eu mando todos os dias um texto

29 CTC – Ciência, Tecnologia com Criatividade, material adquirido pela rede municipal para ser utilizado nas

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com múltipla escolha com varias questões, mas assim tentar fazer uma coisa mais inteligente assim, tentar pegar os mesmos modelos de prova Brasil dos anos anteriores e da SARESP também, agora para avaliar eu prefiro que disserte (entrevista Professora B). [...] então eu marco uma semana de prova, conteúdos que vão cair na prova pra eles estudarem, até o sistema de alternativa, de X, que traz o PROMASE, eu não fazia prova assim, agora eu faço, pra eles irem se familiarizando (entrevista Professora D).

Porque era assim a gente não trabalhava questões alternativas. A gente trabalhava assim no dia a dia com algumas questões alternativas, mas isso geralmente não era trabalhado porque era considerado um pouco, vamos dizer assim entre aspas, meio tradicional. Quando a gente percebeu que tanto a Provinha Brasil como o PROMASE vieram com alternativas, a gente fez o que? Começou a trabalhar com essas crianças de uma forma diferente

(entrevista Professora E).

Mudou. Eu acho assim.... antes era escrito, escrito, escrito, agora a gente procura dar mais testes, para que eles leiam e consigam interpretar. Acho que a maior dificuldade é interpretação

(entrevista Professora G).

Arcas (2009), em seu trabalho, também identificou a intensificação do uso de testes após a implementação do SARESP. Para os participantes da pesquisa, os alunos não obtinham êxito no SARESP, porque não sabiam responder aquela forma de prova. Assim, as questões do Sistema de Avaliação do Estado de São Paulo passaram a servir de modelo para outras provas. Entretanto, mesmo com os alunos já familiarizados como as questões no formato SARESP, as provas em tal modelo continuaram e se tornaram uma constante. O mesmo observamos em nossa pesquisa. A utilização dos testes e modelos de provas baseados em avaliações externas permaneceram, substituindo outros procedimentos existentes, para acompanhar a aprendizagem do aluno.

Dessa forma, pelo relato, o SARESP passou a nortear procedimentos de avaliação da aprendizagem. A princípio, a aplicação de provas, seguindo o modelo do

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