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Impactos socioambientais

No documento MINAS GERAIS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO (páginas 94-98)

Enzo Orabona e Francisco Almeida

5. Impactos socioambientais

A economia de Mariana, como de grande parte de Minas Gerais, depende da mineração e, conse-quentemente, os empregos também. O desemprego em Mariana, antes de novembro de 2015, era de 6 %, e após três anos da tragédia, o índice continua alto, chegando a 22,7 %. Tais dados apontam uma mudança muito negativa, resultante do rompimento de Fundão. Esse grande número de desempregados fez com que crescessem o número de criminalidade, moradores de rua e, dessa forma, a desigualdade social. Além da onda de desemprego que mencionamos, muitas pesso-as tiveram que mudar bruscamente de vida. Muitpesso-as delpesso-as não se adaptaram. Isso fez com que o número de pessoas sofrendo de depressão também aumentasse, de acordo com o portal de notícias R7.

Cerca de 400 famílias perderam seu lar. O trabalho de reconstrução de residências em um novo distrito, por parte da Samarco, está atrasado, tendo o prazo de conclusão somente para 2020 – mais de cinco anos após a tragédia.

De acordo com Roberto Waak, presidente da Fundação Renova, essa é a estimativa para a entre-ga do Novo Bento, com todas as obras de infraestrutura, casas, escolas e igrejas. Ou seja, todo o processo completamente terminado.

Em 2015, a Samarco transferiu ao município de Mariana cerca de R$ 37,4 milhões, relativos ao tributo da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, cuja alíquota é de 2 % sobre o valor líquido da venda do minério.

Outro fator alterado após o crime é o movimento de turistas no município de Mariana. Segundo Fábio das Dores, guia turístico da cidade, “a gente chegava a atender quatro famílias por fim de semana; hoje, se atendermos uma, a gente coloca a mão para o céu.”

De acordo com Fábio, falta informação para muitos turistas, já que acreditam que o centro his-tórico de Mariana também foi encoberto pela lama. A verdade é que a cidade ficou intacta, mas de muitos se ouve: “Você está louco?” “Vai para Mariana?”, mas a verdade é que, apesar de tudo isso, a cidade está de portas abertas para o turismo. Segundo a prefeitura, o número de turistas foi reduzido em 30%.

Assim, pode-se perceber que a economia de Mariana foi diretamente afetada pelo crime de Fun-dão. Por isso, grande parte da população quer a volta das empresas responsáveis pelos desastres, como a Samarco. “A mineração tem que continuar existindo, mas as empresas têm que mudar os métodos de lavra”, disse a repórter e moradora do local Juliana Sobrado, em relação à paralisação das atividades que as empresas fizeram. Dessa forma, é possível perceber que essa dependência entre a cidade e as empresas mineradores é muito prejudicial, já que as últimas pensam mais em lucrar do que em beneficiar a população.

6. Considerações finais

Após a escrita deste ensaio, chegamos à conclusão de que esse acontecimento foi um eufemis-mo. Ou seja, um mecanismo utilizado para atenuar o tamanho da violência praticada contra a população, os animais e o meio ambiente. Como analisado neste trabalho, o rompimento teve responsáveis e poderia ter sido, sim, evitado. Por esses motivos, acreditamos que tenha sido um crime e um eufemismo.

Esse crime evidencia um paradoxo existente no Estado de Minas Gerais. Ao mesmo tempo que precisa combater a falta de segurança e os problemas que a mineração pode causar, possui uma economia que é muito dependente dessa atividade. Isso mostra como é desafiador conciliar o desenvolvimento econômico sem causar prejuízos ao meio ambiente – e sem prejudicar vidas, causando mortes de diferentes espécies, desde animais, vegetais e até de humanos.

Referências bibliográficas

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No documento MINAS GERAIS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO (páginas 94-98)