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2 CAPÍTULO

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

2.2.1 Implementação e caracterização geral do OP em Blumenau

No ano de 1997, a coligação “Blumenau Para Todos” (PT, PSB, PC do B e PMN), assume a administração, tendo como principal plataforma de governo a participação comunitária, utilizando como canal principal o envolvimento da comunidade no Orçamento Participativo.

O Orçamento Participativo encontra-se vinculado ao organograma do gabinete do prefeito, tendo como área de abrangência toda a cidade de Blumenau. Esta foi dividida em nove (9) regiões, levando-se em consideração critérios, tais como: população total, área geográfica, níveis de desenvolvimento social, aspectos culturais, organização da população e capacidade de mobilização, facilidade de deslocamento e condições estruturais da prefeitura.

Para dar mobilidade à proposta metodológica do OP, foi nomeada uma equipe em 1997, composta inicialmente por 5 integrantes e um coordenador, que tinham as funções de coordenar todo o processo, articular e acompanhar as regiões, compondo a Superintendência do Orçamento Participativo.

Esta Superintendência foi, na época da implementação do OP, a Unidade Administrativa encarregada de elaborar o orçamento municipal de forma participativa, ouvindo a comunidade de todos os bairros da cidade através de assembléias e reuniões de delegados eleitos democraticamente pelos moradores.

No ano de 1997, a apresentação do Projeto do Orçamento Participativo para a população de Blumenau se deu no teatro Carlos Gomes, no dia 28 de fevereiro. Naquela ocasião foram convocadas pela Prefeitura Municipal todas as lideranças e entidades locais com a

finalidade de desencadear um processo de debate sobre o projeto em questão. Deu-se aos participantes um prazo referente a quinze dias para acrescentarem a inclusão ou objeção de propostas. Ao término desse período nenhuma sugestão foi feita pelos interessados, valendo, portanto, o que foi apresentado na cartilha de apresentação do Orçamento Participativo.

A estrutura do Orçamento Participativo em Blumenau é desde sua implantação dividida em instâncias de organização da população que são: a) Assembléias Populares; b) Coordenadorias Regionais de Delegados CRDs e c) Conselho Municipal do Orçamento Participativo. Este conselho é coordenado por um representante do poder público (coordenador do OP) e conta com a participação de representantes eleitos entre os delegados de cada região.

O OP de Blumenau (em 1997) desenvolveu-se em duas rodadas. Na primeira aconteceu a realização de assembléias populares; encontros da equipe técnica com a população; reuniões com os moradores em diversos bairros, com o objetivo de explicação do projeto; explicação para a população da situação financeira em que se encontrava a Prefeitura Municipal de Blumenau, assim como sua capacidade de investimento; informações sobre o orçamento municipal com relação a manutenção, custeio e investimentos; apresentação e explicação da metodologia do projeto do OP. A partir daí várias assembléias foram mobilizadas, onde a população, juntamente com o poder público, debateram quais as necessidades principais de cada bairro, estabelecendo as prioridades dentro de áreas pré-definidas que foram: Pavimentação e Drenagem; Educação e Cultura; Saúde; Saneamento Básico; Esporte e Lazer; Transporte, Habitação e Urbanismo; Iluminação Pública; Trabalho, Renda e Assistência Social. Nessa primeira rodada de assembléias do ano de 1997, pelas informações dos membros da Comissão Executiva do OP, participaram em torno de 1.858 pessoas.

A peça orçamentária foi entregue à Câmara de Vereadores no dia 16 de outubro, pelo Prefeito Décio Lima acompanhado por Secretários Municipais, pelo Coordenador do OP e

por um representante da comunidade. Outros 150 líderes comunitários, entre eles delegados e conselheiros do OP, participaram da solenidade.

Da fase de apresentação do Programa até a conclusão da elaboração da Peça Orçamentária, a equipe executiva do OP afirma que foram mais de oito meses de trabalho.

O ciclo anual do OP se desenvolveu de 1998 à 2002 praticamente em três etapas, quais sejam: 1) realização das Assembléias Regionais; 2) formação das instâncias de participação, tais como o Conselho do Orçamento e as Coordenadorias Regionais de Delegados; 3) discussão do Orçamento do município e aprovação do Plano de Investimentos pelos representantes dos moradores, juntamente com o poder público, no Conselho do Orçamento Participativo – CMOP. Este ciclo anual do OP pode ser melhor visualizado no quadro a seguir:

Quadro 01. Ciclo do Orçamento Participativo de Blumenau

Abril Rodada de Assembléias Populares Momento de apresentação da prestação

de contas do ano anterior, o Plano de Investimento para o ano vigente e eleição dos delegados que vão compor as CRDs – Coordenadorias Regionais de Delegados.

Maio/junho Reuniões com as CRDs. Instalação das CRDs; é realizado a

formação dos delegados para o processo de elaboração do orçamento; são definidas as áreas prioritárias de investimento em cada região administrativa e realizada a eleição dos representantes do CMOP – Conselho Municipal do Orçamento participativo.

Julho/Agosto/Setembro Reuniões CMOP Ato de posse dos conselheiros;

elaboração e discussão do orçamento para ano seguinte; discussões sobre obras do ano vigente.

Outubro em Diante Reuniões CMOP e CRDs São realizadas neste período em diante:

ato publico de entrega do Orçamento a Câmara de Vereadores; acompanhamento da tramitação e votação do Orçamento; Reuniões de avaliação nas CRDs da metodologia aplicada.

Fonte: Cartilha do Orçamento Participativo de Blumenau (1998).

Atualmente, algumas mudanças estão sendo discutidas para o OP de Blumenau e estão em fase de adequação e aprovação pelos conselheiros do OP, e que segundo informações da

equipe que coordena o processo, uma das mudanças significativas, e que já está sendo colocada em prática, é que o ciclo do OP passa a ser, a partir de 2003, bi anual, tendo em vista o melhor atendimento das demandas alocadas para o OP.

Por hora, para melhor entendimento do processo do OP em Blumenau, no quadro abaixo se esclarece as atividades dos delegados e conselheiros no programa, desde sua eleição, funções, até os seus impedimentos. Em anexo (anexo 01) pode-se também visualizar o organograma da experiência em Blumenau.

Quadro 02. Caracterização das atividades dos Delegados e Conselheiros do OP de Blumenau.

Delegados Conselheiros

Eleição Os Delegados são eleitos nas Assembléias Populares que acontecem em cada uma das regiões, na proporção de um delegado a cada 10 participantes presentes na assembléia.

Os Conselheiros são eleitos nas primeiras reuniões da CDRs, por votação, sendo que são escolhidos 2 conselheiros e 1 suplente para cada região. Serão designados dois representantes do Executivo, um da câmara de vereadores e um representante de cada Conselho Municipal da cidade.

Mandato Duração de um ano com possibilidade de reeleição. Duração de um ano, com uma reeleição consecutiva.

Penalidades O delegado que faltar duas reuniões consecutivas ou três alternadas sem justificativa aceita pelo CRD perderá o mandato, diminuindo o quorum absoluto da região.

O conselheiro que faltar três reuniões consecutivas ou seis vezes alternadas às reuniões do CMOP, será informado as CRDs para efeito de substituição ou justificativa.

Atribuições Os delegados tem funções como:

- multiplicar as discussões relativas ao OP na sua região, estimulando a participação popular e o surgimento de formas de organização e consulta popular;

- Fiscalizar as ações do CMOP;

- Apresentar ao CMOP a proposta de obras e serviços da sua região;

- Acompanhar e fiscalizar a execução das obras e serviços da sua região;

- Convocar representantes do poder público sempre que se fizer necessário;

- Acompanhar a votação da peça orçamentária na Câmara de vereadores;

Todas as decisões do CRD somente serão válidas se registradas em Ata e assinadas por 50% mais um de seus membros.

Os Conselheiros tem como funções:

1 -Debater e decidir sobre a proposta global do orçamento;

2 -Dividir os recursos para investimentos por áreas de investimentos;

3 -Aplicar os critérios para distribuição dos investimentos por região administrativa; 4 -Apreciar a proposta do governo para o

Plano de Investimentos;

5 -Apresentar o projeto de Lei Orçamentária, junto com o governo, na Câmara de Vereadores;

6 -Acompanhar a tramitação e votação do projeto na Câmara de Vereadores;

7 -Acompanhar e fiscalizar a execução das obras do Plano de Investimentos;

8 -Compor a comissão de licitações da PMB; 9 -Acompanhar as negociações salariais entre

os servidores públicos e a PMB;

10 -Convocar, quando necessário, o Fórum do Orçamento Participativo (assembléia conjunta dos delegados e conselheiros); 11 -Convocar representantes do poder público

12 -Redefinir, se for o caso, a metodologia do OP, para o próximo ano. O CMOP sempre discutirá a metodologia do OP para o ano seguinte, nunca para o seu próprio exercício;

-Zelar pela aplicação de seu regimento interno a ser apreciado no início de seu exercício.

Impedimentos Não consta impedimento de delegados Um conselheiro não poderá ter duplicidade de representação.