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2.3 A poluição da Biosfera por resíduos antrópicos

2.3.2 A importância das ações pró-ambientais

Após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92, as questões ambientais ganharam maior destaque, desde então são procurados mecanismos que diminuam a pressão que a sociedade provoca ao meio ambiente (GOUVEIA, 2012).

A Agenda 21 esclarece que o consumo é o causador de diversos desastres ambientais e sociais, exigindo a necessidade de mudança na forma de consumo para garantir a sustentabilidade do planeta, diminuindo os impactos negativos causados no meio ambiente, na economia e na sociedade (BRASIL, 2012).

A preocupação ambiental das pessoas e o interesse em saber como são produzidos os produtos que consomem, tem levado as empresas a terem mais atenção às responsabilidades e compromissos ambientais (OLIVEIRA; SERRAB, 2010).

Os autores acima descrevem que, no Brasil, os resíduos sólidos passaram a ser destinados mais aos aterros sanitários do que a outros locais, esse é um ponto

20 positivo pois o manejo adequado é importante tanto para saúde humana quanto para o meio ambiente.

A Educação Ambiental têm papel importante na preservação do ambiente, nesse intuito a necessidade da certificação da norma NBR ISO 14001 (Sistemas de Gestão Ambiental - requisitos com orientação para o uso), que é uma ferramenta importante, pois vem estabelecer orientações para que a empresa possa apresentar uma gestão ambiental (MACHADO JUNIOR et al., 2013).

A reutilização, redução e reciclagem são ações que minimizam a utilização da matéria-prima e consequentemente os resíduos sólidos, essas atitudes devem ser trabalhadas na escola visando o consumo mais consciente (GOUVEIA, 2012).

Nesse aspecto, a logística reversa é fundamental, pois, trata-se do retorno dos materiais e embalagens ao ciclo produtivo ajudando na preservação do ambiente, sendo assim formidável no processo de reciclagem, pois materiais pós-consumo retornam como matéria-prima (COLTRO; GASPARINO; QUEIROZ, 2008).

Para que ações pró-ambientais sejam concretizadas é inerente que a formação dos professores abranja princípios básicos de sustentabilidade, entendam que as questões ambientais envolvem procedimentos econômicos e sociais, tenham capacidade para analisar conflitos socioambientais, entre outros (ARAÚJO; PEDROSA, 2014), pois os professores tem papel fundamental na multiplicação de ideias.

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3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado em duas escolas: Escolas de Referência em Ensino Médio (EREM) Teresa Torres e Oliveira Lima, respectivamente nos municípios de Itapetim e São José do Egito, Pernambuco (Figura 1). Os municípios estão localizados na macrorregião do Sertão pernambucano e na microrregião do Pajeú, Itapetim apresenta área territorial de 408,0 km², com população de 13.881 habitantes e São José do Egito com área territorial de 794,1 km² e população estimada de 33.365 habitantes (IBGE, 2016).

Figura 1 − Localização geográfica da área de estudo. À direita, em preto, o município de Itapetim, em cinza, São José do Egito, Pernambuco.

Fonte: Tavares, 2016.

O tamanho amostral foi estabelecida a partir do total de estudantes matriculados nas escolas (n = 336 e n = 405, respectivamente), considerando o erro padrão de 10% (ROCHA, 1997). Então, a amostragem foi de 77 estudantes concluintes da Escola de Referência em Ensino Médio Teresa Torres e 97 estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Oliveira Lima.

As informações foram coletadas no primeiro semestre de 2015 por meio da aplicação de uma escala de medida (Figura 2) adaptada de Guler; Afacan (2012),

22 constituída por 29 itens (Anexo A). Entretanto, esses pesquisadores, aplicaram esta escala para professores. Para aplicarmos aos estudantes participantes desta pesquisa, excluímos 9 itens que julgamos não serem adequados para o perfil dos estudantes, ficando 20 itens.

Os itens versavam sobre aspectos relacionados ao consumo consciente, sendo construída no modelo da escala de Likert, com 5 níveis de respostas, a saber: 1. Concordo completamente; 2. Concordo em parte; 3. Nem concordo nem discordo; 4. Discordo em parte e 5. Discordo completamente.

Figura 2 − Aplicação da escala de medida aos estudantes da EREM Teresa Torres (A) e da EREM Oliveira Lima (B), município de Itapetim e São José do Egito, Pernambuco.

Fonte: Próprio autor (2015)

Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, utilizando o software Microsoft Excel 2013. A validação do questionário, quanto a sua confiabilidade e consistência interna, foi realizada por meio do teste de α-Cronbach, utilizando o software SPSS 20.0. Para essa validação, aplicou-se o questionário para uma amostra de 35 estudantes. O α-Cronbach encontrado para a escala utilizada foi satisfatório (α = 0,780), comprovando que a escala aplicada a esse grupo amostral apresentou boa consistência interna e confiabilidade.

Também foi realizado o estudo de gênero e possíveis diferenças no perfil dos estudantes entre as duas escolas pesquisadas. Para este estudo, utilizou-se teste de Mann-Whitney, considerando um nível de probabilidade igual a p<0,05.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da pesquisa 174 estudantes, sendo 62,4% (n = 109) do gênero feminino e 37,6% (n = 65) do gênero masculino, com idades entre 15 e 20 anos. Dentre eles, 76,4% (n = 134) sempre estudaram em escola pública.

Os resultados das respostas dos estudantes entrevistados estão descritos na Tabela 1. Não houve diferenças estatisticamente significativas nas respostas dos estudantes das duas escolas pesquisadas.

Os estudantes (58,9%, n = 102) afirmaram preferir caminhar, em pequenas distâncias, ao invés de utilizar carro ou transporte coletivo. Os motivos dessa escolha não foram analisados, entretanto, uma educação que sensibilize e explique as vantagens ambientais dessa conduta proporcionaria a valorização, pelos estudantes, dessa conduta.

Esses dados poderão aumentar no futuro, com a conscientização da juventude, revelando o quanto é importante a Educação Ambiental na escola, na formação de futuros consumidores ecologicamente corretos.

A queima de combustível pelos veículos emite uma variedade de gases poluentes gerando alterações na atmosfera (TAVARES et al., 2010) e, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN (DETRAN, 2016), em Pernambuco, a frota de veículos aumentou de quase 52 mil em 1966 para 2,79 milhões em 2016, confirmando a necessidade de trabalhar para sensibilizar os estudantes sobre esse fator.

Os estudantes (52,4%, n = 91) asseguraram ter entre muito a completo interesse pela leitura sobre questões ambientais, revelando assim, que a abordagem de temas ambientais em sala de aula, por meio de assuntos atuais poderia ser bem recebidos pela maioria dos estudantes. Porém, ainda é um percentual que mostra a necessidade de maior motivação e inserção dos temas ambientais na escola para que o interesse pela informação sobre os problemas ambientais atuais sejam um hábito do cotidiano dos estudantes.

Pesquisa reportada por Oliveira (2013), traz dados menos satisfatórios, onde os estudantes afirmaram ter pouco (37,8%, n = 49) ou muito pouco (28,0%, n = 36) interesse por esse tipo de leitura.

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Tabela 1 − Frequência (%) de atitudes para cada nível da escala de sustentabilidade sobre práticas socioambientais relacionados ao consumo consciente dos estudantes da EREM Teresa Torres, município de Itapetim e EREM Oliveira Lima, município de São José do Egito, estado de Pernambuco.

AFIRMATIVAS 1 2 3 4 5

1. Em distâncias muito curtas você prefere caminhar do que ir de carro ou transporte coletivo. 58,9 31,1 4,3 1,2 4,5

2. Se interessa por revistas e jornais sobre as questões ambientais e naturais. 18,1 34,3 22,5 14,4 10,7

3. Antes de comprar um produto, você leva em conta se seus resíduos são recicláveis ou não. 5,8 19,5 26,5 22,2 26,0

4. Você se esforça para colocar o que está comprando no mínimo possível de sacolas. 32,9 27,1 22,2 10,3 7,5

5. Você compra pilhas/baterias recarregáveis ao invés daquelas que não podem ser recarregadas. 27,7 21,5 21,2 7,1 22,5

6. Assiste ou ouve programas sobre o meio ambiente na TV, rádio e internet. 24,8 30,2 20,8 14,4 9,8

7. Você compra produtos ecologicamente corretos para os cuidados pessoais (higiene pessoal). 40,7 26,1 22,6 6,1 4,5

8. Você compra aparelhos elétricos (telefone, notebooks, eletrodomésticos) que usam menos eletricidade. 30,7 26,8 23,7 12,4 6,4

9. Antes de votar em qualquer político, leva em consideração suas atitudes em relação ao ambiente. 23,0 36,1 26,2 9,6 5,1

10. Separa o lixo por categorias, tais como papel, vidro, plástico, etc. 8,3 25,1 18,1 24,6 23,9

11. Reutiliza pedaços de papel para rascunho. 47,9 28,3 13,8 6,8 3,2

12. Prefere comprar produtos ecologicamente corretos, mesmo que eles sejam mais caros. 11,4 25,1 31,6 16,8 15,1

13. Conversa com seus amigos sobre as questões ambientais. 12,9 29,5 28,5 18,4 10,7

14. Repassa mensagens ou e-mails sobre as questões ambientais para os seus amigos. 3,1 18,3 23,4 24,8 30,4

15. Você usa os dois lados do papel para impressões e fotocópias (xerox). 35,3 27,4 15,9 11,8 9,6

16. Lava suas roupas na máquina de lavar no modo mais econômico, a menos que estejam muito sujas. 43,9 22,7 21,6 5,8 6,0

17. Você compartilha mensagens e vídeos sobre o ambiente nas redes sociais (Facebook, Twitter). 12,6 23,2 27,7 15,0 21,5

18. Coloca garrafas de vidro vazias em locais apropriados para reciclagem. 26,1 27,6 21,5 10,6 14,2

19. Você guarda papel de presentes usados para reutilizar no futuro. 55,9 23,0 12,2 2,7 6,2

20. Lembra de alertar as pessoas sobre os comportamentos prejudiciais delas em relação ao ambiente. 23,2 37,1 22,2 9,3 8,2 Legenda: 1 – Concordo completamente; 2 – Concordo em parte; 3 – Nem concordo nem discordo; 4 – Discordo em parte; 5 – Discordo completamente

25 Apenas 5,8% (n = 10) dos estudantes alegaram levar em conta, antes da compra, se os resíduos do produto são recicláveis ou não, evidenciando que não compreendem o quão importante o papel da reciclagem na preservação do ambiente. Analisar fatores como possibilidade de reciclagem é indispensável durante uma compra, pois, a utilização desses materiais no ciclo produtivo contribui para a diminuição dos impactos ambientais (STRIEDER; TOBALDINI, 2012), tanto na economia de matéria prima como na geração de resíduos sólidos.

No entanto, como a geração de resíduos sólidos é contínua, é necessário exigir do poder público e privado uma gestão consciente e destinação final adequada (PASCHOALIN FILHO et al., 2014). Também existe a necessidade de novas abordagens acerca da Educação Ambiental para trabalhar os valores e conhecimentos socioambientais sobre essa temática é emergente.

Dos estudantes participantes, 40,0% (n = 70) afirmaram ter uma atitude entre a indiferença e nenhum esforço para utilizar o mínimo possível de sacolas nas suas compras. Assim, um percentual significativo dos estudantes ainda não se envolvem para minimizar esse problema ambiental.

Considerando que uma sacola plástica, como os demais derivados de polietileno, pode levar mais de 100 anos para degradar-se no meio (VIANA, 2010), faz-se imprescindível educar o aluno para sensibilização quanto a esse problema, tornando importante o trabalho de ações relacionadas à redução e reutilização das sacolas plásticas (SANTOS et. al., 2012).

Em relação ao uso de pilhas e baterias, 27,7% (n = 48) do total de entrevistados optavam pelas pilhas recarregáveis em detrimento às demais, mesmo sendo o maior percentual ainda é preocupante, pois, 22,5% (n = 39) prefere as pilhas e baterias que não podem ser recarregadas. Esses resultados evidenciam que os estudantes não estão conscientes das consequências da utilização e destinação desses produtos e enfatiza a carência da introdução da Educação Ambiental.

Os avanços tecnológicos geram um número demasiado de resíduos eletrônicos e o descarte inadequado desses materiais é prejudicial à saúde humana e animal, além de poluir solos e lençóis freáticos, pois possuem substâncias tóxicas em sua composição (VIANNA, 2015).

Xavier (2016), reportou a eficácia da inserção da Educação Ambiental na escola, onde, após esclarecimentos por meio de uma vivência didática em Educação

26 Ambiental, houve melhor compreensão dos estudantes sobre temas relacionados aos resíduos sólidos.

Para melhorar esse cenário, é preciso reconhecer que o consumismo tem afetado e degradado o meio ambiente e consequentemente diminuindo a qualidade de vida. E para a transformação das ações desses indivíduos, é fundamental a transmissão de informações que argumentem o tema.

Em relação aos produtos de uso diário, 40,7% (n = 71) dos estudantes tiveram o cuidado de escolher produtos ecologicamente corretos para sua higiene pessoal. Além disso, 30,7% (n = 53) dos estudantes preferiram aparelhos eletrônicos que consomem menos energia, enquanto 23,7% (n = 41) não emite juízo de valor a esse respeito.

O investimento de grandes empresas junto com o apelo da mídia tem influenciado na escolha dos produtos pelo consumidor. As questões ambientais estão diretamente relacionadas às vantagens competitivas para as organizações, o que está levando à diferentes modos de agir entre as organizações, desde seleção de matéria-prima, cuidado no momento de produção até a destinação pós-consumo (BERTOLINI; ROJO; LEZANA, 2012).

É preocupante saber que estudantes boa porcentagem dos estudantes não demonstraram preocupação em utilizar produtos que economizem o máximo possível de energia elétrica, e que consequentemente diminua os impactos ambientais.

Várias tragédias ambientais e sociais das últimas décadas, estão relacionadas com o uso exagerado de fontes de eletricidade, isso acontece porque a atual matriz energética mundial carece de 80,0% de combustíveis fósseis, os quais aumentam a emissão de gases de efeito estufa, além de usar abusivamente os recursos naturais (REIS; SANTOS, 2014).

Dos estudantes, 59,1% (n = 103) levaram em consideração, em algum nível, as atitudes ambientais dos políticos antes de escolher o seu voto. Percebeu-se envolvimento positivo nesse âmbito, porém 40,9% (n = 71) dos estudantes ainda se revelaram indiferentes de alguma forma, indicando o desconhecimento desses estudantes em relação ao poder dos políticos na conservação do meio ambiente.

Barros (2015) expõe, através de análises em websites de legendas, que 62,5% (n = 20) dos partidos brasileiros incluem tópicos ambientais em suas propostas. O que expõe que existem métodos para investigar a postura dos políticos antes da eleição e

27 assim escolher aquele que envolva o meio ambiente em suas propostas, pois os candidatos eleitos poderão fazer escolhas que diminua a degradação ambiental.

Constatou-se que apenas 8,3% (n = 14) dos estudantes separavam o lixo por categorias, enquanto 48,6% (n = 84) não tem essa prática como rotina habitual. Os dados reportaram que os estudantes não estão esclarecidos de suas obrigações com o meio ambiente. Então, faz-se emergente a inserção da Educação Ambiental na escola para capacitar os estudantes e possivelmente torna-los educadores ambientais de sua comunidade (BRUM; SILVEIRA, 2011), multiplicando o saber e a importância da reciclagem.

Essa ideia é confirmada por Souza et. al. (2013), onde a partir da realização de palestras e práticas sobre manejo adequado e reciclagem de resíduos sólidos em escolas públicas do município de Cruz das Almas, Bahia, observaram elevado interesse e participação tanto por parte dos estudantes quanto dos funcionários das escolas, e comprovar a contribuição positiva das atividades desenvolvidas na sensibilização de todos os entes da escola.

Os estudantes (47,9%, n = 83) garantiram reutilizar papéis para rascunho e 55,9% (n = 97) asseguraram reutilizar papel de presente em embalagem futuras. Práticas ambientalmente corretas devem fazer parte da rotina escolar (BRUM; SILVEIRA, 2011), dentre elas, está a reutilização de papel (CONTI, 2012).

Porém, de acordo com a pesquisa de Peixoto et. al. (2013), realizado com docentes e discentes em cursos universitários, os participantes apresentaram maior facilidade em falar sobre a produção de papel do que o seu reuso, reciclagem ou descarte adequado. Dessa maneira, a falta de conhecimento ou inabilidade dos docentes em discutir esse tema pode refletir em uma mediação de saber limitado ou ausente para os estudantes.

Cerca de um terço dos estudantes (31,6%, n = 55) declarou ser indiferente aos produtos ecologicamente corretos quando eles são mais caros, denotando que o fator financeiro é prioridade desde a adolescência e a preocupação com o ambiente de morada está em segundo plano.

Postura apresentada com maior amplitude por consumidores de São Paulo, pois, segundo pesquisa 70% dos entrevistados deixam de comprar um produto ecologicamente correto caso seja mais caro, confirmando que o preço influencia fortemente a decisão no consumidor, o trabalho também mostra que quanto maior a

28 renda maior o número de produtos ecologicamente corretos consumidos e aponta para uma deficiência de informação sobre o tema (BRASIL, 2008).

Sabe-se que reduzir o consumo é uma boa estratégia na conservação e/ou preservação do meio ambiente e em relação a isso, 35,3% (n = 61) dos estudantes alegaram utilizar os dois lados do papel para impressão ou xerox. É preciso focar em ações que demonstre aos estudantes que pequenas atitudes como essa é essencial e de seu dever, para que assim atinja-se o desenvolvimento sustentável.

Fidelis (2013), reportou, na categoria de resíduos sólidos, resultados diferentes aos aqui encontrados, onde apenas 4,4% dos estudantes tiveram a preocupação em reduzir a produção de resíduos.

Dentre os resíduos sólidos recicláveis 53,7% (n = 93) dos estudantes entrevistados afirmaram que buscam depositar as garrafas de vidro em local apropriado para reciclagem. Outros 46,3% (n = 81) dos estudantes são indiferentes ou não fazem essa prática.

A boa prática ambiental de dispor o vidro em local adequado para a sua reciclagem, colabora para a minimização a degradação ambiental, reduzindo o uso de energia e matéria prima (água e areia) na fabricação de vidros novos. Além disso, o vidro é um material que não se degrada facilmente, porém, é totalmente reciclável e não perde suas qualidades após a reciclagem (WWF, 2016).

A maior parte dos estudantes (66,6%, n = 116) afirmaram, parcialmente ou totalmente, usar o modo econômico na máquina ao lavar suas roupas. Esses estudantes demonstraram estarem cientes que suas práticas influenciam na manutenção dos bens naturais.

Contudo, durante o período aplicação dos questionários a região enfrentava estiagem rigorosa e escassez de água, esse fato pode ter influenciado nas respostas supracitadas. Análises entre 2003 e 2014 apresentaram que todas as regiões do Brasil (principalmente o Nordeste) sofreram desastres o ano todo, oriundos da seca e estiagem, confirmando a precisão de novas técnicas que levem a minimizar o desperdício de água (GRIGOLETTO et al., 2015).

A comunicação e divulgação é essencial na multiplicação de ideias, porém, os estudantes não exercitaram essa prática no âmbito da Educação Ambiental. Entretanto, somente 23,2% (n = 40) afirmaram alertar pessoas sobre problemas ou notícias ambientais. Poucos garantiram trocar mensagens por e-mail (21,4%, n = 37)

29 ou em redes sociais (35,8%, n = 62) sobre questões ambientais, sendo mais frequente eles assistirem/ouvirem programas (55,0%, n = 96) ou fazer alguma leitura na área (52,4%, n = 91; Figura 3) ou conversar com os amigos sobre a temática (42,4%, n = 74).

Rosado; Tomé (2015) apresentam dados semelhantes, na sua pesquisa com estudantes brasileiros e portugueses, onde os estudantes (Portugal: 91%; Brasil: 93%) afirmaram possuir perfis on line, no entanto, relataram pouco uso de tecnologias para a propagação da temática.

Figura 3 – Frequência (%) das respostas dos estudantes às afirmativas relacionadas à suas fontes de informações e maneiras que eles transmitem assuntos da área ambiental.

Esses resultados demonstram a necessidade da inserção da Educação Ambiental nas escolas, para que, a partir de intervenções metodológicas adequadas e contínuas, os estudantes possam concluir o ensino médio com uma formação crítica, mais conscientes da importância de sua participação nas questões ambientais de sua comunidade. 35,8 21,4 42,4 55,0 52,4 27,7 23,4 28,5 20,8 22,5 36,5 55,2 29,1 24,2 25,1 0% 20% 40% 60% 80% 100%

Compartilho notícias em redes sociais Envio e-mails com notícias na área Converso com os amigos Assisto/ouço programas Tenho interesse pela leitura

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5 CONCLUSÕES

Os estudantes do ensino médio de Itapetim e São José do Egito, Pernambuco, revelam comportamento socioambiental que requerem ações educativas para que se tornem mais sustentáveis quanto às suas ações relacionadas ao consumo.

Poucos demonstram ações ambientalmente mais conscientes sobre a sua produção de resíduos sólidos, especialmente em relação a compartilhar informações sobre temas ambientais. Entretanto, apresentam ações ambientalmente mais satisfatórias no âmbito de reutilização.

Torna-se imprescindível a inserção e funcionalidade da Educação Ambiental nas escolas, no intuito de proporcionar criticidade na formação dos estudantes, para que seja possível uma mudança de conduta e melhoria no desenvolvimento desses estudantes como cidadãos conscientes de seus atos.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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