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Importância atribuída às visitas para as crianças versus Importância atribuída

3. ABRIR AS PORTAS DA SALA PARA CONHECER E APRENDER: A CONSTRUÇÃO

3.5. Apresentação e discussão dos dados

3.5.3. Importância atribuída às visitas para as crianças versus Importância atribuída

crianças

Foi com o objetivo de compreender melhor as opiniões de cada criança, como ser único e individual sobre as visitas, que realizei um inquérito por questionário a cada família,

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no fim de cada uma das visitas, de modo a perceber não só as conceções das crianças sobre as visitas e a sua visão sobre a importância das mesmas para o seu desenvolvimento e aprendizagem, como as conceções das famílias sobre a importância das visitas para os seus educandos, de forma a poder avaliar assim o meu plano de ação e, perceber se tinha conseguido cumprir com os meus objetivos da investigação.

Assim, de modo a analisar o conteúdo das respostas aos questionários, procedi novamente à análise de conteúdo, realizando um processo de análise indutivo, na medida em se realizou uma análise global de todas as visitas, isto é não foi descriminada a análise feita para cada visita, mas sim foi realizada uma análise global de todos os inquéritos realizados. (cf. anexo Q)

Sendo as crianças que dão sentido à sua aprendizagem, a escuta das suas vozes permite ao/à educador/a compreender as suas “interpretações, intenções e culturas.” (Azevedo, 2015, p. 139). Assim, a tabela apresentada em seguida (cf. Tabela 2) resulta da organização da informação recolhida junto dos familiares das crianças, através dos seus relatos sobre as visitas e, é a partir da mesma que será realizada uma análise das potencialidades identificadas, complementando-os com bibliografia especializada, de modo a responder a outra das questões orientadoras da investigação, nomeadamente, “Quais as potencialidades que o contacto com a comunidade local e o meio envolvente podem oferecer para o desenvolvimento grupo?”.

Tabela 2.

Subcategoria: Importância das visitas para as crianças Indicadores Unidades de Registo

(exemplos) Freq.

Nº de sujeitos

Contactar/Conviver com novas pessoas

“Comentou que pôde conviver com outros meninos” (I22) 5 5

Contactar com realidades desconhecidas

“Ficou a saber que existe um centro de poder local que

decide pela população onde o próprio se insere” (I14) 4 4

Conhecer novos lugares

“Disse que não precisava de ir mais ao Pingo Doce comprar coisas boas para comer, pois no mercado era melhor e mais fresco” (I20)

5 5

Explorar o espaço “Contou que a Filipa leu uma história sobre um tigre e que

no final fizeram uma brincadeira de fugir do tigre” (I23) 4 3 Análise de conteúdo da importância das visitas para as crianças

49 Nota. Elaboração Própria, no âmbito da PPS II, 2018/2019.

Da análise das respostas das crianças referidas nos questionários, há dois indicadores que se destacam dos demais – o contactar/conviver com novas pessoas – e o – conhecer novos lugares – referidas por 5 sujeitos, de facto, de acordo com as vozes das crianças, as visitas foram importantes, principalmente, para “conviver com outros meninos” (I22) e com outras pessoas que habitam/trabalham na comunidade, considerando que com estas aprendiam coisas: “ (…) Comentou que a Sra. Peixeira lhe ensinou muita coisa sobre o choco” (I8) e, ainda para “passear e conhecer lugares diferentes” (I9). De acordo com Roberts (2004) as saídas ao exterior são um meio de as crianças aprenderem não só mais acerca delas próprias, como “das outras pessoas que as rodeiam” (p. 156).

Focando agora o olhar nas respostas das famílias, foi por as considerar como o primeiro suporte de desenvolvimento e crescimento das crianças, e a “primeira instância educativa do individuo” (Homem, 2002, p. 36) que decidi incluí-las na investigação e, na avaliação do meu plano de ação, tentando compreender as suas conceções sobre a importância das visitas realizadas, assim como o grau de importância que consideram que as mesmas tiveram para as crianças.

De acordo com a análise dos dados realizada através das respostas dadas aos inquéritos, foi possível constatar, tal como apresentado no gráfico 1, que a maioria das famílias (56%) considera que as visitas foram muito importantes para as crianças, atribuindo- lhe o grau número 5. Isto deve-se ao facto de, tal como apresentado nas justificações dos inquiridos, estas promoverem às crianças inúmeras aprendizagens e potencialidades para o seu desenvolvimento, nomeadamente ao nível: do contacto e aproximação com o meio envolvente, sendo referida por 4 sujeitos, sendo que um deles refere este fator mais que uma vez, na medida em que “ajudam à introdução à sociedade local” (I14) e “reforça[m] a ligação delas [crianças] com o mundo” (I21). Em concordância, Vale (2013) também assume que a articulação com o meio envolvente e a comunidade se constitui como um recurso essencial para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças, na medida em que permite não só que as crianças entrem em contacto direto com a sociedade, como aprendam com a sua ação.

Adquirir novo vocabulário

“Mostrou bastante vontade de verbalizar o que viu e aprendeu, (…) usando vocabulário que também é novo”

(I13)

1 1

Partilha

“Ficou bastante contente por terem ido dar a outros meninos os presentes de natal. Valorizou bastante a iniciativa” (I3)

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De seguida, destaca-se o indicador Promover a relação com os intervenientes da comunidade local, referida por 6 sujeitos. Segundo os sujeitos, este indicador consiste noutra vantagem das visitas, na medida em que só ao contactarem com a comunidade e, com outras pessoas se pode conviver com “pessoas diferentes” (I7) e promover-se a “sociabilidade das crianças com a comunidade” (I21). Só através deste contacto com a comunidade e, conhecimento do outro é possível, de acordo com as famílias, que as crianças enriqueçam as suas competências. Por este motivo, Enriquecer o desenvolvimento das crianças e das suas competências foi outra das vantagens das visitas para as crianças mais referidas, por 6 sujeitos, sendo que esta articulação com a comunidade “enriquece o desenvolvimentos das crianças a nível social e emocional” (I23), permite o “auto-conhecimento e o desenvolvimento pessoal” (I5) e, possibilita a “observação individual da criança e as elações que daí retira” (I8). Por fim, as famílias destacaram ainda três vantagens que foram importantes ao longo das visitas, entre eles está: promover novos conhecimentos, promover aprendizagens significativas e promover novas vivências e experiências na sociedade. De acordo com os inquiridos, em contacto com a comunidade, as crianças puderam não só “ (…) aprender muito mais…e melhor! [De] maneira divertida e entusiasmante” (I12), adquirir “novas experiências e conhecimentos” (I9), “conhecer outras realidades e também partilhar” (I22) e, ainda, aprenderam a “vivenciar experiências do dia-a-dia e o dia-a-dia da sociedade à sua volta” (I23) e “experienciar sítios e situações que nos são conhecidos mas que ainda não foram explorados” (I18).

De forma a concluir a análise e discussão dos dados, apraz-me afirmar que as técnicas e os instrumentos de recolha de dados – notas de campo, entrevistas semi-diretivas e inquéritos por questionário – e a sua análise, me permitiram efetivamente adquirir um leque de conhecimentos acerca da problemática em estudo e, alcançar evidências que respondem tanto às minhas questões iniciais, como suportam a minha convicção de que o contacto com a comunidade/ meio envolvente traz inúmeros benefícios para a aprendizagem e para o desenvolvimento das crianças, nomeadamente, ao nível das dimensões cognitivas, sociais, culturais, físicas e emocionais.

Gráfico 1. Grau de importância das

visitas para as crianças pela voz das famílias. Dados recolhidos

através de um inquérito por

questionário aplicado às famílias do

grupo de crianças, 2019.

56% 32%

12%0%0%

Grau de importância que as Famílias consideram que as visitas tiveram para as

crianças

51 Resumindo, pude constatar através da análise dos dados que as crianças ao contactarem com o seu meio sociocultural constroem não só aprendizagens sociais, como aprendizagens relativas às diversas áreas do seu desenvolvimento, sendo estas contextualizadas com a vida em sociedade. O que me leva a considerar assim, que o contacto e envolvimento da OE com a comunidade é determinante, dado que permite ampliar e enriquecer situações de aprendizagem, promover a partilha de saberes e sentimento de pertença a essa mesma comunidade, uma vez que as crianças "pertencem a uma família, a uma comunidade, a uma sociedade e a uma cultura" (Oliveira-Formosinho, 2013, p. 98) e, ainda, promover um clima de comunicação e cooperação, que facilita a “aprendizagem empírica sobre o mundo que as rodeia” (Hortas et al., 2011, p. 51).

4. CONSTRUÇÃO DA PROFISSIONALIDADE COMO EDUCADORA