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Importância da Avaliação

Todos os processos educativos devem assegurar um sistema de avaliação que se centre em todo o programa, desde a sua concepção, passando pela fa- se de planeamento e implementação, até aos resultados futuros.

A avaliação possibilita uma sistemática recolha de dados, perante os quais os avaliadores vão detectar os pontos fortes e fracos do programa de

formação produzido pelas entidades formadoras (De Ketele et al, 1994; Estre- la e Rodrigues, 1995). O grande objectivo desta avaliação é aferir da quali- dade da formação, através dos resultados obtidos e compará-los com os ob- jectivos que foram traçados. Este processo permite um reajustamento de todo o programa, eliminando os aspectos considerados negativos, e tomar decisões fundamentais que permitam um sistemático aperfeiçoamento do sistema de formação.

Segundo Figueiredo e Góis (1995), Rivilla e Angulo (1995) e Mediano (1996), a avaliação permite detectar as vantagens e insuficiências de qual- quer sistema, seja ele um programa, um projecto ou a aprendizagem dos alu- nos, permitindo, desta forma, a produção de um juízo de valor.

Avaliar é uma tarefa complexa e indispensável na área educativa. São as avaliações que nos informam da qualidade do trabalho e da urgência de introduzir mudanças (Stufflebeam, 1983).

Existem vários modelos de avaliação (Salgado, 1997; Pacheco e Flores, 1999), sendo o CIPP de Stufflebeam e Shinkfield (1989) um dos mais eficazes. Este modelo define quatro dimensões de avaliação: Contexto (Context), Entra- da (Input), Processo (Process) e Produto (Produt).

Tendo presente a importância da avaliação para o controlo de qualidade da formação contínua, o presente estudo tem como principal objectivo avaliar e caracterizar a formação contínua realizada pelos Centros de Formação de Associação de Escolas da Região Centro (Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Guarda, Leiria e Viseu), segundo o modelo CIPP de Stufflebeam e Shinkfield (1989).

Metodologia

Neste artigo é apenas apresentada uma parte de uma investigação mais extensa, podendo-se encontrar uma informação mais completa nos estudos de Queiroga (2002) e Queiroga e Pereira (2002).

Questões de investigação

Tendo por base o modelo CIPP de Stufflebeam e Shinkfield (1989), são consideradas as seguintes questões de investigação:

Dimensão Contexto

a) Será que os CFAEs têm como destinatários dos seus planos de forma- ção professores que pertencem a outros agrupamentos de escolas?

b) Será que o questionário foi o processo mais utilizado pelos CFAEs para o diagnóstico nas necessidades de formação?

c) Quais os motivos que influenciam os professores na procura de forma- ção contínua?

Dimensão Entrada

a) Será que os projectos educativos das escolas, servem como guia para os professores solicitarem as acções de formação a frequentar?

b) Será que os directores dos CFAEs acumulam funções com as de forma- dores?

Dimensão Processo

a) Os CFAEs têm tendência para ajustar a oferta de formação à procura? b) Os formadores utilizam nas acções de formação contínua a avaliação diagnóstica como um instrumento de orientação do processo ensi- no/aprendizagem?

Dimensão Produto

a) Os CFAEs realizam uma avaliação dos impactos da formação contí- nua?

Selecção e caracterização da população alvo e da amostra

A população alvo do estudo, abarca 54 directores dos Centros de Forma- ção de Associação de Escolas (CFAEs) da região centro, que engloba os distri- tos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

Centrámo-nos nas opiniões dos directores dos CFAEs, em virtude de estes estarem a par de todo o processo de formação contínua produzida e serem detentores de informações variadas, respeitantes aos formadores, formandos, comissão pedagógica, enfim, conhecerem de tal forma o sistema de formação contínua, sendo as suas opiniões consideradas válidas e indispensáveis para este trabalho (Silva, 2001).

Numa primeira fase, foi construída uma amostra inicial de 40 directores que, contactados telefonicamente, se mostraram inicialmente disponíveis para colaborar no nosso estudo.

À posteriori, devido à não devolução dos questionários, a amostra final fi- cou reduzida a 28 directores dos CFAEs (M=18; F=10), distribuídos da se- guinte forma: 5 directores do distrito de Aveiro, 3 directores do distrito de Castelo Branco, 3 directores do distrito de Coimbra, 7 directores do distrito da Guarda, 2 directores do distrito de Leiria e 8 directores do distrito de Viseu (quadro 1).

Quadro 1 – Caracterização da população alvo e da amostra

Distrito Número total de directores Número de directores que dos CFAEs participaram no estudo

Aveiro 10 5 Castelo Branco 7 3 Coimbra 12 3 Guarda 9 7 Leiria 7 2 Viseu 9 8 Total 54 28

Os 28 directores tinham idades compreendidas entre os 34 e os 55 anos (M = 44,79 anos; DP = 5,63). Em termos de tempo de serviço, distribuíam-se por grupos, dos 11 aos 30 anos (quadro 2).

Quadro 2 – Tempo de serviço dos directores da amostra Anos de Serviço Frequência

11-18 8

19-24 9

25-30 11

Total 28

Instrumentos de recolha de dados

Para a operacionalização deste estudo foram aplicadas duas técnicas: a entrevista por telefone e o questionário, ambas com objectivos diferenciados e aplicadas em momentos distintos.

Em primeiro lugar optámos pela realização de entrevistas via telefone, dado o facto de os directores pertencerem a CFAEs que distam muitos quiló- metros da nossa residência, evitando assim grandes deslocações.

As entrevistas por telefone são uma maneira, cada vez mais popular, de conduzir pesquisas e, uma das muitas razões da sua aplicação diz respeito aos baixos custos e à rapidez da recolha dos dados (Frey e Oishi, 1995). As- sim, este primeiro contacto possibilitou informar os directores dos objectivos do estudo e sensibilizá-los para a sua importância e relevância, tentando criar um protocolo verbal de cooperação.

Na fase seguinte, aplicámos um questionário aos directores dos CFAEs da região centro, intitulado “Questionário de Avaliação dos Centros de Forma-

ção de Associações de Escolas” (QACFAEs), no sentido de facilitar a recolha e análise dos dados, em virtude de os directores pertencerem a uma zona geo- gráfica bastante ampla.

Tendo por base o modelo conceptual de avaliação de Stufflebeam e Shinkfield (1989), Modelo CIPP (Contexto - Context, Entrada - Input, Processo - Process e Produto - Produt), que distingue e articula quatro formas de avalia- ção em função de quatro tipos de decisões, orientamos e estruturamos o nosso questionário segundo os referidos parâmetros.

Tivemos ainda em consideração, para a construção do questionário, a análise e reflexão sobre vários aspectos: trabalhos de investigação recentes na área da formação contínua, questionários construídos pelos CFAEs para ava- liar as acções de formação, regime jurídico da formação contínua de profes- sores e bibliografia sobre a temática.

O questionário, denominado Avaliação dos Centros de Formação de As- sociação de Escolas (QACFAEs), construído por Queiroga e Pereira (2002), é composto por 51 questões, 12 dizem respeito à dimensão de avaliação “con- texto”, 18 à dimensão “entrada”, 17 à dimensão “processo” e 4 à dimensão “produto”.

Procedimento

Para a realização das entrevistas via telefone, elaborámos um guião pelo qual nos orientámos quando contactámos os directores dos CFAEs.

O envio do questionário seguiu uma estratégia sugerida, aquando da realização das entrevistas, pelos directores inquiridos (email, correio e contac- to directo).

As entrevistas realizadas por telefone foram sujeitas ao processo de aná- lise de conteúdo.

Os questionários foram analisados através do programa de tratamento estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 10.0., ten- do sido para o efeito utilizadas técnicas de estatística descritiva.