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2.3 A IMPORTÂNCIA DA LINHA FÉRREA

No documento LUCELIA SANTOS DE LIMA (páginas 47-50)

Taborda (1994, p.21) comenta a importância que teve a linha férrea para a formação de inúmeros povoados, atraindo fluxos de pessoas para a região. “Em 1943, quando passaram os trilhos da linha férrea, a população aumentou. Os trilhos da estrada de ferro eram pertencente à linha São Paulo - Rio Grande do Sul”.

A estrada de ferro proporcionou crescimento para Inácio Martins, através dela o município foi ponto de comercialização de diversos produtos, como madeira, grãos, etc. Sabe-

se que a população pioneira de Inácio Martins transformou a região, que antes era formada por densas florestas, num campo aberto, no qual se formou um vilarejo que deu origem a cidade (LIMA, 2008, p.16).

A linha férrea, além de permitir o aumento populacional do município, com a vinda de imigrantes alemães, italianos, poloneses e ucranianos. Também proporcionou a instalação de indústrias madeireiras na cidade e grande fluxo para a região.

Com a Revolução Industrial, as ligações da cidade com o mundo exterior a ela ampliaram-se qualitativa e quantitativamente. Nessa ampliação, as ferrovias tiveram um papel de destaque, tornando-se, a partir da segunda metade do século XIX, o mais importante meio de transporte inter-regional. Numerosas empresas e linhas foram criadas pelo capital privado, sendo elas razoavelmente dependentes uma das outras. (CORRÊA, 1989, p.28)

A estrada que atravessou a região pertencia à Rede Ferroviária Federal S/A que ligava de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Afirma-se que os trabalhos de construção da ferrovia, [...] se deram entre os anos de 1902 e 1904 (CAMPIGOTO, 2010, p.77).

Taborda (1994) revela também que a colonização do município deu início às atividades econômicas desenvolvidas no município, e afirma que: Os primeiros fundadores do município foram às famílias Stresser e Sheleder, além de outras como Martins de Campos e Orives. As famílias Stresser e Sheleder eram de origem inglesa e alemã, que haviam imigrado para o Brasil em 1860, fixando-se em Serro Azul e Curitiba, por volta do ano de 1875, receberam do imperador uma gleba de terras no município de Guarapuava.

Sendo assim, os imigrantes alemães, ingleses, foram os primeiros a fixar-se em Inácio Martins e iniciar a agricultura de subsistência, atividade que ainda permanece em suas comunidades rurais. A cidade era chamada de “Guarapuavinha”, justamente por pertencer aos domínios do município de Guarapuava7, do qual teria se desmembrado em 1960. No período em que se manteve como distrito do município de Guarapuava, dependia de serviços de saúde e jurídicos. Alguns serviços, tais como: bancos, universidades e alguns setores de saúde (oftalmologia, ginecologia, etc.) são ofertados pelo município de Guarapuava e outros municípios da região a Inácio Martins até os dias atuais (LIMA, 2008).

Alguns fatos foram primordiais para o desmembramento do município de Inácio Martins de Guarapuava, já que o crescimento deste só foi visível a partir do momento em que se tornou independente. Dentre os principais fatos que possibilitaram o desmembramento do

7 Inácio Martins foi desmembrado do município de Guarapuava em 25 de Julho de 1960, pela Lei 4.245, porém o município teve sua instalação oficializada em 25 de novembro de 1961 (TABORDA, 1988, p.25).

município de Guarapuava, a construção de casas em torno da estação ferroviária foi o mais relevante, como enfatiza Rebello (2001, p.8), [...] “surgem os primeiros loteamentos urbanos efetuados por Rozendo da Costa Cristo, em uma área de aproximadamente 10 alqueires. Posteriormente com a expansão no quadro urbano, houve um segundo loteamento, efetuado por Dallegrave Moreira”.

A partir desse momento, década de 1960, podemos ressaltar que a economia do município começou a se desenvolver, impulsionada principalmente pela fixação dos imigrantes que encontram aqui a possibilidade de uma atividade econômica rentável, explorando as riquezas vegetais, principalmente madeira de lei. Inácio Martins também recebeu alguns migrantes de regiões próximas, que tinham o intuito de explorar as matas com a extração de madeira e, principalmente, erva-mate. Essas atividades de extração deram origem à construção das comunidades rurais presentes hoje no município.

Portanto, consideramos ser um município que apresenta muitas belezas naturais, como a bacia hidrográfica, sendo os principais rios: Rio Potinga, Rio Claro, Rio D’Areia e Rio Iratim, entre outros. Ao longo dos quais estão instaladas as comunidades de faxinais.

Atualmente o município conta com 48 comunidades rurais, das quais segundo Marques (2004), 12 comunidades de Faxinal, ou que mantêm a vegetação de Faxinal. Há ainda outras comunidades que foram projetadas pelo poder público como a Vila Rural. Há outras que são comunidades de serraria como a comunidade de Leonópolis, Beto Bazia, Gavasoni, Manaza, Pinheira, Santini e Justus. Outras são assentamentos como Santa Rita, Evandro Francisco, Assentamento Bom Retiro, Assentamento Terra Cortada. Há ainda a Aldeia Indígena Rio D’ Areia.

Rebello (2001, p.12) comenta as principais atividades que movimentavam a economia do município há muitas décadas: Indústria madeireira: serraria, laminadora, fábrica de pasta mecânica; Indústria de erva-mate: cancheada; Indústria de carvão vegetal; Indústria de esquadria; Indústria moveleira; Viveiros comunitários. Tais atividades provocam no município problemas ambientais, principalmente pelo uso de produtos químicos necessários para o beneficiamento da madeira, degradando as áreas que ainda contam com remanescentes de floresta nativa.

Soares e Melo (2005, p.16), salientam que, em localidades com menos de 20 mil habitantes, o urbano e o rural são muito próximos. A cidade tem ligação com o todo municipal no sentido espacial concreto. Sendo assim, não se pode deixar de considerar o estudo do município visto por meio das interações entre o mundo rural e a cidade.

é que verificamos há também muitos moradores da área urbana que tem fortes ligações com a área rural, pois apesar de morarem na cidade, muitos trabalham no campo.

Como podemos perceber, a maioria dessas atividades estavam e ainda permanecem ligadas ao extrativismo ou, ainda, ao reflorestamento, destinado a abastecer a indústria madeireira. Quando recorremos à história, percebemos que a forma como estava estruturada a economia do município no passado não difere muito do formato que tem hoje. Porém, a própria retomada histórica nos revela que é difícil para o município, enquanto pequeno centro, ser uma área de fixação da população, afinal a oferta por empregos é escassa. Assim, a partir de 1960, o município passou a abrigar duas principais atividades econômicas, erva-mate e madeira, destinadas a exportação. Atualmente a erva-mate está menos expressiva, já a madeira ainda é a base da economia do município.

Nesse sentido, destacamos as imensas dificuldades encontradas no município, desde a carência de vias pavimentadas as altas taxas de pobreza que ocorrem tanto na área urbana quanto em áreas rurais.

O crescimento populacional e econômico, traduzido nas expressivas taxas de urbanização verificadas nos últimos anos no centro- sul paranaense, somado à crescente demanda habitacional, acaba incrementando problemas de naturezas diferentes facilmente observados na paisagem urbana (VESTENA & SCHMIDT, 2009, p.68).

A partir dessas considerações, destacamos o avanço das madeireiras sobre as áreas de mata nativa do município como uma das maiores ameaças a territorialidade dos faxinalenses. Como os Faxinais tiveram sua origem já no processo de ocupação do Paraná Tradicional, relacionados principalmente pela fase da erva-mate, consideramos a preservação da floresta com Araucária um dos fatores que está diretamente relacionado a manutenção do criadouro Comunitário, uma vez que sem ele o Sistema Faxinal enfraquece.

2.4- A RELAÇÃO ENTRE A INDÚSTRIA DA ERVA-MATE E OS

No documento LUCELIA SANTOS DE LIMA (páginas 47-50)