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Importância da Natureza para a Educadora Cooperante

PARTE III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

1. Apresentação e análise dos dados

1.3 Importância da Natureza para a Educadora Cooperante

Para além da perspetiva das crianças, decidiu-se perceber, através de uma entrevista (Apêndice IV), a perspetiva da educadora cooperante, relativamente à importância que atribui ao contacto do grupo, com a natureza. Desta forma, pretendia- se saber se a Educadora Cooperante criava ou não barreiras entre as crianças e a natureza.

Relativamente à primeira questão: na sua prática educativa costuma proporcionar o contacto das crianças com a natureza? Porquê?, a educadora cooperante refere que na sua prática educativa, proporciona momentos de contacto com natureza “sempre que possível”. Além disso, justifica que o contacto com o meio natural e os diferentes elementos são uma mais-valia. Assim, conclui-se que esta privilegia o contacto com o meio natural e tudo o que este propicia para o desenvolvimento das crianças. Porém, através das observações, não foi isso que se constatou, dado que as crianças estavam não só restringidas quanto a circunstâncias temporais, mas também pelo facto das portas da sala que davam fácil acesso ao exterior, permanecerem fechadas.

No que respeita à pergunta: nas saídas ao exterior que espaços privilegia?, permite-nos interpretar que a educadora cooperante privilegia o espaço exterior presente na instituição, ao referir que é um espaço rico em experiências. Além deste espaço, acrescenta que realiza saídas, com as crianças, a locais como “o Parque Verde, o Parque da Cidade e o Choupal”. Refere ainda que permite a exploração livre, a realização de jogos e piqueniques. Assim, pode constatar-se que a educadora não só valoriza espaços com grandes áreas verdes, como também tem possibilidade e facilidade de se deslocar até lá com as crianças. Para além disso, ao referir que permite a exploração livre, conclui-se que a educadora possui um conceito de criança como autónoma nas suas descobertas e decisões, quando se encontra em meio natural. Contudo, ainda que reconheça o espaço exterior como um local de descobertas e rico em experiências, ou seja um espaço de aprendizagens, observou-se que não permitia que as crianças brincassem espontaneamente em todo o espaço e com os elementos disponíveis na natureza. De facto, a educadora refere que privilegia o espaço exterior da instituição e observou-se que as crianças vão diversas vezes ao outdoor, no entanto

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ao analisar esse espaço, constatou-se que este não permite oportunidades desafiantes na natureza, pois não existem relevos acentuados (imagens do exterior da instituição no Apêndice VII) possibilidades de escalar árvores, água disponível, elementos naturais (arbustos, árvores, entre outros). Dadas estas características, surge então a possibilidade de realizar saídas de campo até ao Parque Verde, que possam oferecer experiências reais e consequentemente, aprendizagens significativas. Importa referir que o espaço exterior da instituição é público e por isso, torna-se impossível modificá- lo.

Quanto à questão num dia de chuva, proporcionaria às crianças uma saída ao exterior? Porquê?, a educadora cooperante afirma ter proporcionado diversos momentos em dias chuvosos, indicando alguns, tais como: dançar à chuva, saltitar nas poças e tocar em granizo. Com esta resposta, permite deduzir que esta não cria barreiras quando chove, aproveitando esse facto para proporcionar aprendizagens e experiências, ao grupo de crianças. No entanto, a observação feita não permitiu constatar este facto, pelo que, na realidade, parecem existir algumas barreiras. As observações sistemáticas revelaram que, quando chovia, as crianças permaneciam na sala, bem como quando a relva estava molhada. Além disto, não existia roupa apropriada na instituição para envolver as crianças em todos os momentos no exterior.

No que respeita à questão quatro: perante uma situação em que as crianças se sujam (por exemplo nas mãos ou na roupa) como reage?, a educadora reflete sobre a sua reação ao ver as crianças sujas durante as explorações, afirmando que demonstra normalidade perante uma situação semelhante. Menciona ainda, que a sujidade é “sinal de felicidade e experiência”. Além disso, refere que nesse tipo de situações é possível trocar a roupa e colocá-la a lavar. Da resposta, pode concluir-se que a educadora leva com tranquilidade circunstâncias como esta, dando liberdade à criança de explorar criativamente o meio. No entanto, refere que “tenta agir” neste tipo de situações, não referindo de que maneira? No imediato? Ou espera que a exploração termine?

A questão cinco com base na sua prática educativa pode referir como é que as crianças interagem com os elementos naturais e, ainda como se relacionam umas com as outras? , é sobre as observações que a mesma faz em momentos de interação entre

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as crianças e os elementos naturais, bem como a relação entre pares, no espaço natural. Segundo a interpretação realizada, a educadora refere que a relação das crianças com os diversos elementos naturais acontece de forma natural, sendo espontâneo o envolvimento com a natureza. Para além disto, explica que o contacto com o meio natural permite que as crianças sejam mais criativas nas suas brincadeiras, aludindo a diversas situações reais, tais como: a terra, as folhas e os paus tornam-se comida; um pau transforma-se numa espada, numa tenda ou até numa fogueira; criam caminhos para os carros e ainda, constroem casas para os animais. Revela também, que estar lá fora “dá asas à imaginação”, tornando os momentos mais ricos, apenas com a utilização dos elementos presentes na natureza. Por conseguinte, acredita que estar lá fora possibilita novas aventuras imprevisíveis entre as crianças.

Por último, a educadora cooperante foi questionada sobre a criação de um projeto sobre este mesmo tema, onde a criança é agente principal: considera importante o desenvolvimento com as crianças de um projeto de contacto com a natureza? Porquê?. Voltou a referir, que a construção de um projeto que envolva o contacto com a natureza é crucial, uma vez que o espaço exterior é um “ambiente mais saudável”, para a criança estar e ser. Ainda menciona, que estar lá fora significa que tudo é possível, tornando as aprendizagens mais espontâneas e significativas.