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CAPÍTULO 3 – MIGRAÇÕES DOS SENEGALESES PARA O RIO GRANDE DO

3.2 Migrações dos senegaleses nas cidades de Pelotas e Rio Grande: análise de

3.2.2 A importância das organizações da sociedade civil de Pelotas e Rio Grande

Neste momento, proponho analisar a importância das organizações da sociedade civil que trabalham com às demandas migratórias. O papel destas organizações são muito importantes, pois auxiliam os migrantes senegaleses nas questões jurídicas, no acesso à língua portuguesa, no compartilhamento cultural com os cidadãos nativos e na busca por oportunidades de geração de trabalho e renda. Muitas ações foram apresentadas pelas mesmas tanto na cidade de Rio Grande quanto em Pelotas. Estas visam o acolhimento dos migrantes senegaleses e também a inserção social, econômica e cultural na sociedade riograndina e pelotense. Conforme o entrevistado OSCP (2017) destaca, as principais ações que a organização realiza:

Trabalhamos com algumas questões de divulgação da cultura senegalesa. Do que eles são, o que é o Senegal. Fizemos alguns movimentos assim de levar banners no mercado público de Pelotas, mostrar para a comunidade, participar de programas de rádios falando um pouco da cultura senegalesa, do perfil do imigrante, da situação migratória deles. E principalmente a nossa principal atuação é no que diz respeito à assessoria jurídica. Orientação jurídica sobre os direitos dos migrantes, sobre como eles têm que encaminhar a documentação, Assessoramento também nesses episódios que eles foram vítimas, de algum tipo de agressão. Auxiliamos na Organização da festa religiosa dos imigrantes senegaleses. Grande Magau Touba. Conseguimos com a igreja católica um salão Paroquial que pudéssemos organizar essa festa deles. Sempre que eles têm algum problema mais pontual, mesmo que não seja direcionado, nos procuram para tentar intermediar ou descobrir onde ou qual o caminho. Tentar conseguir uma audiência Pública nós intermediamos essa conversa.

Já o entrevistado OSCR (2017) enfatiza que suas principais ações são:

Bem no começo a gente ia ao alojamento e não nos entendíamos. Bem no começo, iniciamos com jogos de futebol. Era o time deles com grupo da comunidade da Santa Tereza, Catedral e Colégio Marista. Pela questão do idioma, de não falar Português. Buscamos a Universidade para tentar a

possibilidade de um professor para ensinar português para os senegaleses. Buscamos um Centro de línguas da Universidade. Demorou um pouco, pois eles tinham um curso de línguas estrangeiras para brasileiros. Tinha que ser o inverso. Curso de Português para estrangeiros. Até construir o projeto demorou um pouco. Foi possível, pois uma professora encampou o projeto e fez o projeto. Foram 3 semestres pela FURG. O Professor que dava francês pela FURG foi pago pela Universidade para dar aulas para os senegaleses. Fizemos uma parceria entre nossa organização, FURG e o IFRS - Rio Grande. Como o alojamento dos migrantes senegaleses era mais próximo do IFRS, então o IF cedeu o espaço físico para as aulas. Ficaram 3 semestres estudando. Depois deu uma parada, pois mudou o Governo Federal. Pois o Governo cortou o recurso para pagar o professor. Não teve mais projeto. Ficamos 1 semestre sem esse projeto. Nesse meio tempo uma professora do IFRS construiu outro projeto de língua portuguesa para estrangeiros. Então ela coordenou o projeto e foi até a Secretaria do município e conseguiu uma professora de português. E o município está pagando e agora voltaram às aulas novamente. E nós incentivamos que eles participem. Além disso, o IF disponibiliza estagiária. Essas aulas são semanais. Eles também fazem oficinas, como tem professores de diversas áreas. Como tem psicólogas elas trabalham essas questões psíquicas e emocionais dos senegaleses. Oficinas sobre lei de migrações, leis trabalhistas. Tem professores na área de cultura, música que tem trabalhado com eles. Vivem em alojamentos também fora do perímetro do IFRS. No centro tem alojamentos. Tem um grupo na 4º Secção da Barra e esses nós não visitamos muito e eles também não têm muito acesso, pois eles dependem de transporte. Fica difícil deles participarem dessas atividades.

Observeique em Rio Grande as parcerias entre as organizações sociais na luta pela inserção dos senegaleses no município é intensa. São realizadas ações em conjunto visando à integração e o acolhimento destes migrantes na cidade. Mobilizam esforços e parcerias possíveis para oferecerem minimamente melhores condições de vida aos migrantes senegaleses.

A diferença que notei foi que a organização de Rio Grande trabalha diretamente com a Prefeitura Municipal, propondo ações, discutindo demandas e participando ativamente de reuniões juntamente com outras entidades, através do Comirat, onde possuem cadeira representativa. Já em Pelotas, as organizações têm dificuldade em fazer esta parceria com a Prefeitura Municipal. Contudo, apesar desse distanciamento e das dificuldades enfrentadas, a importância das organizações no que se refere à inclusão dos migrantes senegaleses é proeminente e fundamental, sendo que em alguns casos são elas que garantem direitos e ajudam nas demandas dos migrantes.

Ratificando esta premissa o entrevistado OSCP (2017) ressalta:

[...]. A partir das pesquisas que realizamos a prefeitura construiu um diagnóstico para formar um Centro de Atenção aos imigrantes que eles construíram junto à Secretaria de Justiça Social. Foi esse contato, depois foi outro contato para formar um Comitê, mas a partir daí dessa construção não tivemos mais esse contato. A partir do episódio da agressão que tentou se construir essa Política Municipal, esse Centro de Atendimento. Depois disso

a gente não teve mais contato. Aquele momento dos dados iniciais, os dados da organização, foi importante para que eles pudessem iniciar os trabalhos referentes às migrações.

Ainda para subsidiar esta dificuldade de trabalho entre Prefeitura Municipal de Pelotas e organizações da sociedade civil e até mesmo a existência de parcerias entre organizações, o entrevistado OSCP (2017) afirma:

Não temos conhecimento de outras organizações, pois assim, as pastorais vinculadas a igreja não há, relacionadas a imigrantes em Pelotas. Em Rio Grande sim, tem a Pastoral do migrante, tivemos bastante contato com ela. Aqui em Pelotas não tem vinculada igrejas católicas e nem outras igrejas, que a gente andou procurando. A gente teve um episódio de imigrantes de outras nacionalidades e a gente precisava de apoio logístico e a gente não tinha nada específico nenhum espaço, nem do Poder Público, nem uma igreja especificamente que pudesse contemplar essa demanda. Tem pessoas que pesquisam sobre as questões migratórias como o pessoal da Antropologia. Que a gente tenha tido um certo tipo de troca não tem conhecimento de outras organizações.

Em relação ao entrevistado OSCR (2017) é notada esta diferenciação:

Sim, tem trabalhado. O Comirat tem 1 ano e 3 meses. A gente começou a fazer reuniões mensais. A Prefeitura fez cadastros de senegaleses. Fizeram um esforço de realizar um levantamento. Mas 40% só de cadastro foram feitos. A Prefeitura se esforçou. Foi buscado junto a Prefeitura vagas de trabalho para os senegaleses. Alguns conseguiram emprego. Existe um Setor da Prefeitura que está acompanhando se souber alguma vaga de emprego e se propõe a levar um grupo de senegaleses nas empresas que disponibilizam vagas.

Como observado em transcrições anteriores o Comirat se reúne uma vez por mês para discutir as principais demandas e necessidades dos migrantes, refugiados, apátridas e outros. Além disso, o entrevistado OSCR (2017) ainda complementa sobre esta parceria entre Prefeitura Municipal e organizações:

Esse Comirat são várias secretarias: Secretaria do Transporte, Secretaria do Esporte, Secretaria da Educação, Secretaria da Saúde, Secretaria de Segurança, Secretaria do Desenvolvimento, Secretaria da Assistência Social e Cidadania e a Secretaria da Cultura. Acredito serem 8 ou 9 Secretarias. E as não governamentais são a Igreja Católica que está a Pastoral do Migrante, Cáritas Diocesana, A Igreja Anglicana, a Igreja Luterana, os muçulmanos aí dá Mesquita, Juventude Socialista também fazem parte; Representante da OAB, as Universidades têm representante da FURG, da Faculdade Anhanguera. O IFRS de Rio Grande não tem representante no Comirat, mas se tornou nosso parceiro.

O Comirat ainda possui a participação dos migrantes senegaleses, haitianos, refugiados. Este comitê ainda será melhor especificado em seguida quando o foco será as ações das Prefeituras Municipais para a inclusão dos migrantes senegaleses em Pelotas e Rio Grande.

3.2.3 Inserção social dos migrantes senegaleses nas cidades de Pelotas e Rio