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CP V ARI Cimento Portland de alta resistência inicial C10, ,C80 Classe de resistência à compressão

LISTA DE SÍMBOLOS

1.2 Importância e justificativa do tema

O início da tecnologia do concreto no Brasil remonta ao final do séc. XIX, com a instalação, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, do Gabinete da Resistência dos Materiais, em 1899. Em 1905, foi publicado, pelo Grêmio Politécnico, o Manual de Resistência dos Materiais resultante das atividades laboratoriais empreendidas pelos Engs. Willhem Fischer e Hyppolyto Gustavo Pujol, no qual constavam resultados de ensaios em cimentos e cales, além de metais e madeiras (HELENE; TERZIAN, 1993).

A inexistência de um consenso nacional sobre os procedimentos e parâmetros de dosagem levou vários pesquisadores a proporem o seu método de dosagem, como o método de dosagem do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), proposto por Ary Torres em 1927; o método de dosagem do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), proposto por Lobo Carneiro; o método do Instituto Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul, proposto por Eládio Petrucci; o método dos engenheiros Ary Torres e Carlos Eduardo Rosman, baseado nos trabalhos anteriormente publicados, cujos princípios foram posteriormente incorporados às recomendações do projeto de revisão da NB-1 em 1958, entre outros. Várias publicações acadêmicas e livros editados nas décadas seguintes contribuíram para a disseminação de estudos de dosagem de concretos para estruturas, por exemplo, o de Helene; Terzian (1993). Esta evolução culminou recentemente no fato de que vários especialistas endossaram a simplificação e a uniformização dos procedimentos de dosagem do concreto pelo recém- batizado Método de Dosagem IBRACON, divulgado em ISAIA (2005).

Já nas últimas décadas, diversos trabalhos acadêmicos procuraram contribuir para o entendimento de que as variáveis de dosagem, expressas por natureza e teor dos componentes do concreto, bem como a espessura de cobrimento das armaduras, afetam a carbonatação e o ingresso de íons cloreto no concreto, por exemplo: HELENE (1993), CASCUDO (1996, 2001), BAUER (1995); DIAZ (1997) REGATTIERI (1998); TULA (2000); CUNHA (2001); GOMES (2006); SILVA (2007) e MEIRA (2004).

Assim, as normas brasileiras de projeto e execução de estruturas de concreto armado já incorporaram grande parte da evolução tecnológica no campo da durabilidade, nas últimas décadas, a partir da ABNT NBR 6118 (2003). Mas ainda falta a evolução correspondente para

4 os procedimentos de controle tecnológico pela ABNT NBR 12655 (2006), pois os concretos passaram a ser dosados por critérios de relação água/cimento máxima além da resistência à compressão, enquanto o controle de recebimento continua sendo feito, na prática, apenas por critérios de abatimento e de atendimento à fck,est− resistência característica à compressão.

Especialistas americanos e canadenses, como Hooton et al. (2006) vão além e enfatizam ser necessário incorporar melhores métodos e critérios de desempenho e controle às especificações e à produção do concreto estrutural, com vistas à durabilidade das estruturas, e consideram insuficientes os limites prescritivos de relação água/cimento.

Mehta; Monteiro (2008) são de opinião semelhante, pois enfatizam que: “O porte das estruturas de concreto projetadas e construídas atualmente e a velocidade da construção moderna exigem que a tomada de decisão para aceitar ou rejeitar a qualidade do concreto não seja deixada para o ensaio de compressão aos 28 dias, que continua a ser a base na maioria das especificações dos projetos de estruturas”.

BAUER et al. (2006), estudando os concretos produzidos no Distrito Federal, também atestam a necessidade de evolução nos procedimentos de controle tecnológico:

A definição e especificação e comercialização da maioria dos concretos utilizados nas obras do Distrito Federal é feita em cima de parâmetros como resistência característica (fck) e abatimento (slump). Na maioria das vezes os

clientes (empresas construtoras), tendo por referência somente os parâmetros estruturais, não se atêm a outros aspectos, fundamentais na definição da durabilidade das estruturas de concreto. Assim pode-se mencionar como fundamentais: relação água/cimento; consumo de cimento; teor e natureza de adições (BAUER et al. 2006).

Esta visão também é compartilhada pela ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, que no ano de 2008 formou um Comitê com especialistas, entre os quais, projetistas de estruturas, representantes de centrais dosadoras e consultores com o objetivo de discutir a qualidade dos concretos estruturais fornecidos em função da conformidade da resistência do concreto estrutural, pois essa qualidade interfere na segurança e durabilidade das estruturas (ABECE, 2008).

Assim, há perspectivas para novos trabalhos, através da retomada do tema, por eventos e publicações mais recentes, como a de Fusco (2008) e documento da ABECE (2008).

Destaca-se, por fim, que o problema da corrosão de armaduras do concreto armado tem sido objeto de grande número de levantamentos e estudos sobre. A seguir, encontra-se descrito um breve cenário sobre a ocorrência desse problema na cidade onde se realizou o programa experimental deste trabalho.

5 Em João Pessoa-PB, Silva et al. (2003) fizeram uma breve análise da incidência das manifestações patológicas mais freqüentes ocorridas em 14 edifícios residenciais de múltiplos andares, com idade média de 7,1 anos e resistência característica de 15 MPa, localizados em bairros litorâneos daquela cidade. Foi verificado que a corrosão das armaduras chegou a 78% das manifestações patológicas presentes nas edificações estudadas, conforme a Figura 1. A sua incidência está relacionada ao uso de concretos permeáveis e/ou à falta de cobrimento, permitindo a entrada dos agentes agressivos no concreto. Dois aspectos importantes foram observados no citado levantamento:

a) Em alguns casos, foi observada a presença de umidade constante ao redor do concreto, nos pontos onde se manifestou a corrosão;

b) Os edifícios analisados não dispunham de certificados de recebimento do concreto, nem de projetos estruturais e complementares.

0 20 40 60 80 100 1 Manifestação patologica fr e q u e n c ia n a a m o s tr a ( % ) infiltrações fissuras corrosão de armaduras destacamento de revestimento

Figura 1 - Incidência de manifestações patológicas mais freqüentes em edifícios com média de 7,1 anos e fck 15 MPa, na cidade de João Pessoa/PB (SILVA et al. 2003)

Em Pernambuco, Andrade (1997) realizou pesquisa em estruturas de concreto armado, verificando que a maioria das edificações estudadas localizava-se sob a ação da névoa salina, e que 64% das manifestações patológicas eram corrosão das armaduras.

No Rio Grande do Sul, com análise principal dos dados em obras de Porto Alegre, Dal Molin (1988) observou que a corrosão de armaduras chegou a 40% das ocorrências então levantadas.

6 Nince (1996) pesquisou a incidência de manifestações patológicas em estruturas de concreto na região Centro-Oeste de Brasília-DF, encontrando que 30,1% de incidência das anomalias eram de corrosão das armaduras. No caso de cidades urbanas e não marítimas, o mecanismo preponderante que desencadeia a corrosão de armaduras é a carbonatação do concreto em presença de umidade.