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IMPORTÂNCIA SOCIO-ECONÔMICA

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ABACAXI DO CERRADO

IMPORTÂNCIA SOCIO-ECONÔMICA

Dados ofi ciais sobre a produção e comercialização dos produtos provenientes do extrativismo de baru não existem, até o momento. É um mercado com muito potencial, embora a oferta encontre-se restrita a algumas cidades próximas à área de produção como Pirenópolis, GO, Alto Paraíso, GO, Colinas do Sul, GO e Brasília, DF, além de Goiânia, GO, Campo Grande, MS, Formosa, GO, Diorama, GO e Mateiros, TO. A amêndoa torrada é comercializada em feiras, ou em lojas de produtos naturais, com possibilidade de crescimento em conjunto com a expansão da indústria do ecoturismo, como tem sido observado em Pirenópolis, GO.

A amêndoa de baru como substituto das nozes é alternativa interessante, e vem sendo usado na elaboração do pesto (molho italiano para massas), podendo atender a restaurantes e ao mercado externo, grande consumidor de nozes. A amêndoa tem sido utilizada na composição de cereais matinais na forma de barras, bombons, bolos e licores.

O preço de comercialização é muito variável, dependendo da região e da produção. Em Pirenópolis, GO, a semente de baru crua foi comercializada por R$16,00/kg. Neste local foi comercializada 400 sacas de 45kg de fruto, correspondendo à uma tonelada. O preço da amêndoa torrada, em embalagens de 50 g, varia de R$2,00 a R$3,50.

Produtos derivados da semente de baru, como licor (Baruzetto), o molho pesto, barra de cereais e biscoito integral de baru (unidade de 100g) são comercializadosa R$25,00 (garrafa), R$9,00 (vidro), R$2,00 e R$3,00, respectivamente, em Brasília, DF. Outros produtos como, a semente de baru torrada (100 g) são encontrados nas lojas de produtos naturais por R$6,00, e trufa de baru, com preço no atacado de R$ 14,00 (cestinha com 10 unidades). Esses preços variam com as lojas comerciais, produção do ano e os processos de industrialização, como torragem e salgamento3.

A demanda por produtos oriundos de espécies nativas e de sabor exótico

3Informações sobre empresas que comercializam este e outros produtos do Cerra-

do na região podem ser encontrados no http://cerradobrasil.cpac.embrapa.br/ no ícone produtos.

é crescente tanto no mercado interno quanto externo. Assim, informações de Wanderley de Castro (Agrotec) relatam o interesse de importadores europeus na obtenção de grandes quantidades de sementes de baru, na grandeza de toneladas. Entretanto, a produção não atende à essa demanda, devido ao volume pequeno comercializado informalmente em vários locais da região do Cerrado. Há necessidade de organização dos extrativistas.

Para a avaliação da importância dessas atividades na geração de emprego e renda na agricultura familiar, torna-se imprescindível o estudo da cadeia de comercialização, incluindo os custos com coleta (mão-de-obra, tempo, equipamentos), processamento e transporte. Além disso, é necessário avaliar os preços no varejo, bem como a aceitação do produto, através dos canais convencionais de comercialização, como feiras livres, supermercados, centros de abastecimentos, visando o planejamento de uma estratégia de produção e comercialização de seus produtos. Esta estratégia deverá contemplar a organização da produção, benefi ciamento, embalagem dos produtos e campanha de divulgação, entre outros aspectos. É fundamental a avaliação da oferta sazonal de frutos pela natureza, bem como o seu manejo e a implantação de seu cultivo, possibilitando a expansão do mercado atual. A curto prazo, a exploração extrativa do fruto pode complementar a renda familiar através da comercialização da amêndoa e seus subprodutos, além do carvão feito de endocarpo. A médio prazo, os proprietários podem obter vantagens com o plantio em sistemas agrofl orestais, quando associado com outras árvores, com a pastagem ou com a produção de grãos, podendo usar principalmente os frutos, que podem ser comercializados ou consumidos ao longo do tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os aspectos positivos para que os produtos de baru sejam ampliados na cadeia de comercialização em escala regional, a curto prazo, são a alta produtividade, a facilidade no transporte e armazenamento dos frutos e a qualidade do produto. Como alimento, a amêndoa é rica em proteínas, lipídios insaturados, fi bras e minerais essenciais. O fruto amadurece na época seca e alimenta várias espécies da fauna do Cerrado, sendo classifi cado como uma espécie chave. Pode ser explorado como um produto que favorece a conservação da biodiversidade, quando manejado adequadamente.

Os aspectos negativos para o comércio são a irregularidade na produção de frutos, e a necessidade de uso de substâncias que retardam a oxidação dos óleos.

O barueiro é espécie promissora para cultivo, pois possui alta taxa de germinação de sementes e de estabelecimento de mudas, fruto comestível, madeira durável, ornamental e usada na medicina. Além disso, a queda de folhas, rica em nitrogênio e cálcio, promove a manutenção da matéria orgânica e nutrientes no solo, benefi ciando espécies, que possuem raízes menos profundas. A longo prazo,

o plantio do baru em áreas a serem recuperadas como reservas legais e áreas de proteção permanente de alta declividade ou ao longo das matas que margeam rios e córregos, favorece a sua conservação e a manutenção de outras espécies associadas ou que a usam como alimento. A polpa que serve de complemento alimentar do gado na seca, os frutos consumidos por vários animais silvestres, como morcegos, macacos, roedores, araras e as fl ores visitadas por várias espécies de abelhas, fazem o uso sustentável desta espécie uma das mais importantes para a conservação da biodiversidade do Cerrado.

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BURITI

Renata C. Martins

Paulo Santelli Tarciso S. Filgueiras

Figura 1.Mauritia fl exuosa L.f. Foto: R.C.Martins

NOMES COMUNS: Em tupi-guarani buriti quer dizer dembyriti – palmeira que emite

líquido (Figura 1), sendo conhecido pelos índios como um indicador potencial da presença de água. Nome que sofreu poucas modifi cações até chegar ao termo atual: buriti. Há ainda quem o conheça por miriti, carandá-guaçú, carandaí-guaçú, muriti, palmeira-buriti, palmeira-dos-brejos, mariti, bariti, meriti. Também designada como árvore da vida, servindo como fonte de sustento para antigas tribos indígenas, sendo assim até os dias atuais em muitas regiões do Brasil.

O topônimo buriti é extremamente comum em todo o Brasil. No Distrito Federal, Kirkbride e Filgueiras (1993) registram a ocorrência de 16 topônimos com esse nome, incluindo, dentre outros, córregos, fazendas e chácaras. O Palácio do Governador do Distrito Federal é chamado de “Palácio do Buriti”, como também a praça situada em frente ao Palácio. Nessa praça, um único exemplar de buriti (alusão ao poema “Buriti solitário”, do poeta Cruz e Souza) ornamenta o local.

NOME CIENTÍFICO E SINONÍMIA. Mauritia fl exuosa L.f. A espécie é freqüentemente

citada na literatura como Mauritia vinifera Mart. Entretanto, Henderson (1995) considera este nome sinônimo de M.fl exuosa, assim como Barbosa Rodrigues (1898). Segundo esses autores, as variações constatadas entre as plantas representadas por esses dois binômios formam um contínuo, sendo impossível separá-las, consistentemente, em grupos distintos, dignos de reconhecimento taxonômico formal.

FAMÍLIA

ARECACEAE C. H. Schultz-Schultzenstein, Naturliches System des

Pfl ansenreichs 317. 1832 (nome alternativo conservado). PALMAE Jussieu, Genera Plantarum 37. 1789 (nome conservado).

As palmeiras são plantas monocotiledôneas de distribuição principalmente nos trópicos e subtrópicos úmidos e uma das poucas do grupo com hábito arborescente. A família tem aproximadamente 189 gêneros e 3000 espécies (UHL e DRANSFIELD, 1999). Henderson et al., (1995) estimam a presença de 67 gêneros e 550 espécies para a América; no Brasil ainda são escassas as coleções e estudos em populações nativas. Os primeiros estudos sobre as palmeiras do Brasil são de Martius (1882) na célebre Flora Brasiliensis. De igual importância para o conhecimento das palmeiras brasileiras são os estudos de J. Barbosa Rodrigues (1903), sintetizados na obra Sertum Palmarum Brasiliensium.

As palmeiras ocorrem naturalmente em diferentes ambientes, são cultivadas em jardins, canteiros e nas avenidas das cidades. Fornecem alimento para diversos animais, como macacos, tucanos, papagaios, muitos mamíferos, peixes e insetos, representando para muitos o principal alimento de suas dietas.

Para as culturas indígenas na Amazônia as palmeiras são consideradas as plantas mais importantes (Henderson et al., 1995); na região do Cerrado não é muito diferente, indígenas, kalungas e brancos também fazem uso dos produtos das palmeiras nas suas diversas formas: construção, alimentação, artesanato, rituais e medicina (MARTINS et al., 2003a; NASCIMENTO et al., 2003).

DESCRIÇÃO

O Gênero Mauritia está representado por palmeiras muito grandes, solitárias ou raramente em grupos e contém duas espécies (HENDERSON et al., 1995); Mauritia carana A.Wallace, que ocorre nos estados do Amazonas e Roraima (LORENZI et al., 2004; HENDERSON et al., 1995) e Mauritia fl exuosa, amplamente distribuída na América do Sul.

Mauritia fl exuosa L.f. Planta dióica, inerme ou armada com pequenos acúleos nos folíolos, 2-25m alt. Estipe solitária, aérea. Folhas cerca de 14 por indivíduo com aproximadamente 3,5m de comprimento, costopalmadas. Pecíolo 0,6-2,8m de comprimento. Brácteas pedunculares numerosas, tubulares, dísticas, envolvendo

todo pedúnculo, 8-12cm comprimento. Infl orescência ramifi cada em primeira ordem (27-35 ramifi cações), interfoliar, 2,5-3,7m comprimento. Pedúnculo cerca de 29 cm de comprimento. Ráquilas estaminadas 47-56; Flores estaminadas amarelas a laranjadas, naviculares a fusiformes, assimétricas, sésseis, 0,9-1,1x0,35-0,5cm; sépalas unidas, formando tubo com três lóbulos apicais; pétalas 3, lanceoladas; estames 6, unidos na base, três longos, três curtos; fi letes espessos e curtos; anteras alongadas, basifi xas, deiscência lateral; pistilódio diminuto ou ausente.

Ráquilas pistiladas 45-47, sustentando 3-8 fl ores pistiladas, solitárias e aos pares. Flores pistiladas creme-amareladas, naviculares, assimétricas, sésseis; sépalas

unidas, formando um tubo com três lóbulos apicais distintos; pétalas unidas na base, lanceoladas, margem inteira, ápice acuminado, espesso; estigmas 3. Frutos marrom-avermelhados, oblongo-globosos, 5x4cm; epicarpo coberto com escamas sobrepostas (Figura 2); mesocarpo carnoso; endocarpo não diferenciado; sementes 1 (MARTINS, 2000).

HABITAT E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Habita veredas e matas de galeria, em locais inundados e nascentes. Amplamente distribuída na América do Sul (inclusive nos Andes), especialmente na região amazônica da Colômbia, Venezuela, Guianas, Trinidad e Tobago, Equador, Peru e Bolívia. No Brasil ocorre nos seguintes Estados: AM, BA, DF, MG, GO, CE, MA, MS, MT, PA, PI, SP, TO (REITZ, 1974; HENDERSON et al., 1991, 1995; LORENZI et al., 2004). Freqüente em baixas altitudes, nas margens de rios, córregos, lagos, lagoas e margeando nascentes; usualmente forma densas populações em áreas inundadas ou úmidas, veredas e matas de galeria. É considerada a palmeira mais abundante do país (LORENZI et al., 2004).

Figura 2. Frutos marrons avermelhados, cobertos com escamas sobrepostas. Foto: Tânia da S. Agostini-Costa.

ASPECTOS ECOLÓGICOS

Fenologia. O buriti é uma espécie dióica. As plântulas são de crescimento

lento e os indivíduos levam muitos anos para atingir a maturidade sexual, reprodutiva. Quase nada se sabe sobre a proporção de plantas femininas em relação às masculinas na natureza. Entretanto, contagens preliminares efetuadas pelos autores no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, em Minas Gerais, sugerem que as plantas masculinas são em número maior que as femininas. Na região do Cerrado, o buriti fl oresce nos meses de março a maio, mas apresenta frutos durante quase todo ano. O buritizeiro ocorre naturalmente com maior freqüência em áreas inundadas, sendo comum encontrar 60 a 70 buritizeiros femininos e 75 a 85 buritizeiros masculinos por hectare (CYMERYS et al., 2005). Prada (1994) estudou a espécie na Estação Biológica de Águas Emendadas, Distrito Federal, relacionando a produção de frutos com a ocorrência de frugívoros associados à dispersão dos mesmos. Segundo Prada (1994), a espécie representa um importante fornecedor de alimento para a fauna, principalmente pela grande oferta de frutos durante quase todo ano.

Importância ambiental. Presentes nas veredas e matas de galeria, os

buritis são indicadores ecológicos da presença de água na superfície, como também de solos mal drenados e encharcados. São freqüentemente associados com a existência de nascentes e poços d´água.

As populações de M. fl exuosa (Buriti) têm sofrido forte pressão antrópica no Cerrado, devido à expansão das lavouras de monocultura e agropecuária, com a destruição de nascentes e veredas. Todas as espécies nativas, e aqui se incluem as palmeiras, estão inseridas em um contexto ecológico, cada qual em seu ambiente de origem, com suas funções e importância em seu ecossistema específi co, relacionadas com o ambiente e a fauna da região. A procedência dos produtos do extrativismo precisa ser conhecida, a fi m de que sejam respeitadas às regras botânicas e ecológicas do desenvolvimento sustentável.

O buriti é, normalmente, coletado por profi ssionais “apanhadores” (PALLET, 2002). É fundamental que a coleta respeite o meio ambiente. Pela lei brasileira,

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