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Importações e exportações – setor Outros

4.6 Importações e exportações – setor culturas

4.6.4 Importações e exportações – setor Outros

Os Gráfico 36 e 37 mostram a evolução das importações e exportações do setor Outros para a economia americana. É curioso observar que as importações caem com as políticas ambientais, diferentemente do observado para os demais setores. Dois efeitos estão por trás dessas mudanças. O primeiro deve-se ao aumento da produção que este setor experimenta em relação ao cenário de referência, como observado na Tabela 3, consequência da migração de fatores produtivos dos demais setores da economia para este, que é o menos intensivo em emissões, e portanto, o menos afetado pela cobrança de permissões às emissões. O segundo efeito, predominante mais ao final do período analisado, reflete a queda do consumo interno americano e menor crescimento desta economia como um todo.

As tarifas compensatórias reduzem ainda mais as importações, uma vez que representam maiores custos na importação. As exportações, por sua vez, aumentam um pouco e se mantém assim, por boa parte do período quando não há tarifas de ajustamento de carbono. O efeito se deve ao direcionamento de recursos para este setor, que possui baixo conteúdo de carbono. A queda, a partir de 2040, reflete a queda na produção deste setor, consequência do menor crescimento da economia americana, bem como da perda de competitividade provocada pela necessidade de redução de emissões, mesmo de um setor de baixo conteúdo de carbono.

-14% -12% -10% -8% -6% -4% -2% 0% 2% 4% 6% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA

É possível observar também o quanto as tarifas de ajustamento de carbono distorcem o mercado americano. Apesar de melhorar o resultado dos setores com alto conteúdo de carbono, a piora nos setor de outros produtos industriais é visível, pois não só as exportações aumentam menos inicialmente, como também a queda posterior é mais rápida e acentuada. Isso reflete que as tarifas compensatórias revertem a competitividade relativa dos setores de acordo com a intensidade de carbono dos mesmos, favorecendo aqueles setores mais poluidores.

Gráfico 35 – Importações do setor Outros (EUA) Fonte: Resultados da pesquisa

Gráfico 37 Gráfico 36 – Exportações do setor Outros (EUA) Fonte: Resultados da pesquisa

Os Gráficos 38 e 39 apresentam os resultados de mudanças em importações e exportações para o mesmo setor para a Europa. Predomina um efeito de queda nas

-6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA -6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA

importações deste setor, consequência do efeito de redução na demanda e no crescimento da região. As distorções causadas pela tarifa de ajustamento de carbono permitem inicialmente um pequeno aumento nas importações quando são implementadas, revelando uma menor proteção relativa que essas tarifas proporcionam a este setor, já que o mesmo possui baixa intensidade de emissões.

Contudo, esse efeito se reverte no decorrer do horizonte de análise, sugerindo que o encarecimento das importações em termos absolutos pela aplicação da tarifa, bem como a queda no consumo do bloco, predomina sobre o efeito relativo de menor proteção. Nas exportações, a política climática também tem o efeito de provocar quedas, que são bem maiores na presença da tarifa compensatória. A queda nas exportações acompanha o decréscimo em produção, que é mais acentuado na presença de barreiras comerciais baseadas no conteúdo de carbono, uma vez que essas barreiras privilegiam os setores intensivos em emissões em detrimento daqueles menos intensivos, que perdem recursos produtivos para os primeiros.

Gráfico 37 – Importações do setor Outros (Europa) Fonte: Resultados da pesquisa

Gráfico 38 – Importações do setor Outros (Europa) Fonte: Resultados da pesquisa

Os Gráficos 40 e 41 mostram os resultados do setor de Outros Setores Industriais para a economia brasileira. No cenário onde EUA e EU implementam políticas sozinhos, percebe- se um pequeno aumento nas importações brasileiras. Esse resultado revela que o aumento na produção e nas exportações norte-americanos desse setor devem contribuir para uma queda no preço mundial e aumento nas compras brasileiras. No entanto, quando a tarifa de ajustamento é posta em prática, a perda de competitividade da economia americana neste setor faz com que as importações brasileiras sejam menores.

Quando o país passa a implementar políticas climáticas, ocorre queda nas importações, uma vez que este setor é menos intensivo no uso de energia e em emissões, e portanto, tende a atrair recursos produtivos de outros setores e aumentar sua produção. Nota-se ainda as mudanças nas trajetórias de queda nas importações. Quando a política climática brasileira é

-4% -4% -3% -3% -2% -2% -1% -1% 0% 1% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA -7% -6% -5% -4% -3% -2% -1% 0% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA

implementada através de um mercado de carbono abrangente, o setor Outros mostra uma recuperação nas importações, indicando uma perda de competitividade no Brasil, enquanto que sob políticas setoriais de corte em emissões o país mantém a queda em importações por maior tempo. Esses resultados revelam a importância dos efeitos das políticas climáticas sobre a competitividade relativa dos setores, uma vez que indicam que os setores industriais, sejam intensivos ou não em energia, perdem competitividade em relação aos setores agrícola e de alimentos sob um mercado amplo de carbono, enquanto o efeito contrário é observado sob metas setoriais de cortes em emissões como as definidas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

No Gráfico 41 percebe-se um aumento das exportações, refletindo o aumento na produção deste setor, o que por sua vez contribui para as quedas observadas nas importações. Observamos que as tendências de recuperação das importações e de queda nas exportações a partir de meados do período analisado refletem a participação de outros países na produção mundial. A princípio, o Brasil, junto dos EUA, têm aumentos na exportações deste setor tanto porquê a Europa reduziu sua produção quanto porquê, com as políticas afetando os outros setores, ocorre um redirecionamento de recursos para aqueles que têm baixo conteúdo de carbono.

Com o aumento dos preços no mercado internacional, passa a ser mais atraente para os outros países ingressarem neste mercado e, aos poucos, irem reduzindo a participação dos EUA e do Brasil nas exportações mundiais do setor Outros. Finalmente, podemos observar que as políticas setoriais para o país melhoram os resultados da balança comercial neste setor, ao contrário do que aconteceria na agricultura.

Gráfico 40 – Importações do setor Outros (Brasil) Fonte: Resultados da pesquisa

Gráfico 39– Exportações do setor Outros (Brasil) Fonte: Resultados da pesquisa

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