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O Gráfico 6 abaixo mostra a variação do PIB americano em relação ao cenário de referência. É possível perceber que os diferentes cenários geram resultados muito próximos, visto que as curvas estão praticamente sobrepostas. Isto é, ocorre uma redução gradual do produto dos EUA em relação ao cenário de referência em todos os casos, dado que o país aplica políticas ambientais em todos eles. Nota-se que os cenários com a tarifa de ajustamento de carbono (BCA) não geram resultados visivelmente melhores, sugerindo que esse instrumento é ineficaz para reduzir as perdas de competitividade do país.

Gráfico 6 – Variação do PIB dos EUA em relação ao cenário de referência Fonte: Resultados da pesquisa

No Gráfico 7 apresentamos a situação da União Europeia para os mesmos cenários. É possível perceber que a tendência é que o grupo se comporte de forma semelhante aos EUA, com poucas diferenças entre os cenários de políticas ambientais. Também é possível observar que a tarifa de ajustamento de carbono não provoca melhorias no resultado do produto

-4,00% -3,50% -3,00% -2,50% -2,00% -1,50% -1,00% -0,50% 0,00% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA

agregado europeu, mostrando-se também ineficaz do ponto de vista de evitar a perda de competitividade do bloco.

A diferença entre o comportamento do produto americano e o da Europa é que neste último a redução é menor, ou seja, a União Europeia sofre menos impacto quando implementa políticas ambientais na mesma proporção que os EUA. Este comportamento se deve ao esforço já existente entre as principais economias do bloco, como a Alemanha, de procurar fontes alternativas da energia, bem como uma trajetória inicial mais lenta de crescimento econômico nesta região do que nos EUA, o que torna o esforço de redução em emissões em 56% até 2050 relativamente mais fácil na UE. Ainda, os EUA ainda possuem uma matriz energética mais dependente do carbono se comparado com a Europa.

Gráfico 7 – Variação do PIB da UE em relação ao cenário de referência Fonte: Resultados da pesquisa

O próximo gráfico mostra os resultados obtidos para a economia brasileira.

Gráfico 8 – Variação do PIB do Brasil em relação ao cenário de referência Fonte: Resultados da pesquisa

-3,50% -3,00% -2,50% -2,00% -1,50% -1,00% -0,50% 0,00% 0,50% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA -7,00% -6,00% -5,00% -4,00% -3,00% -2,00% -1,00% 0,00% 1,00% 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 EUA-UE EUA-UE-BCA EUA-UE-BRA EUA-UE-BRA-BCA EUA-UE-BRA-SECT EUA-UE-BRA-SECT-BCA

Os impactos das políticas climáticas no PIB do Brasil são mais diversos e cabe uma análise mais detalhada. Primeiramente, vemos que as políticas ambientais quando aplicadas somente na Europa e nos EUA alteram muito pouco o comportamento do produto brasileiro ao longo dos anos. Ocorre uma pequena redução após 2025, indicando que a redução na atividade econômica das principais economias do mundo tem um peso para o país. No entanto, a recuperação posterior indica que o país consegue, aos poucos, tanto substituir os mercados europeu e americano, quanto conquistar espaço na economia dos mesmos devido à perda de competitividade da indústria local.

Quando a tarifa de ajustamento de carbono é aplicada nos EUA e na UE, sem a adoção de políticas climáticas no Brasil, a economia brasileira apresenta resultados piores, apesar de pouco expressivos no Gráfico 8. Esse resultado indica certa dependência das exportações brasileiras para estes dois blocos econômicos. Quando o país passa a aplicar também as políticas de redução dos gases do efeito estufa, observa-se um comportamento parecido com os já vistos para as economias americana e europeia, sem diferença nos resultados na presença ou ausência das tarifas de ajustamento de carbono, já que estas só se aplicam a países que não implementam reduções em emissões de gases de efeito estufa. A queda do produto brasileiro quando são aplicadas políticas climáticas é maior, em termos relativos, do que as observadas para as economias desenvolvidas.

Esse resultado reflete a hipótese de política climática aqui simulada para o Brasil, de que os cortes em emissões são mais profundos nos períodos iniciais da política e tendem a abrandar com o tempo. Isso tende a reduzir o investimento nos períodos iniciais, comprometendo a trajetória de crescimento e o nível do produto, de forma que, mesmo com restrições relativamente mais brandas no futuro, não é possível recuperar o crescimento. Além disso, a aplicação da tarifa de ajustamento de carbono nos países desenvolvidos não muda o resultado para o produto brasileiro. Isto se deve ao fato de que neste cenário, os Estados Unidos e a União Europeia aplicam esta tarifa apenas aos produtos de países que não implementam políticas climáticas, isentando o Brasil dessa barreira comercial nos cenários em que o país adota políticas climáticas.

Finalmente, os piores resultados para o PIB brasileiro encontram-se nos cenários SECT, onde o Brasil aplica metas de emissões diferenciadas por setores, de acordo com o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, em que se determina um nível para reduções de emissões do desmatamento, outro para a agricultura e outro para o uso de energia. O resultado menos favorável deve-se à impossibilidade de comercialização de créditos de carbono entre os diferentes setores, uma vez que devem atingir níveis diferenciados de reduções, o que

impede que os setores com menores custos de abatimento contribuam com maiores reduções. Dessa forma, essa política mostra-se menos custo-efetivo que a anterior, de mercado amplo de créditos de carbono.

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