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Imposto Municipal Sobre Imóveis

No documento Apoios fiscais às fundações portuguesas (páginas 61-65)

Capítulo III Incentivos e Benefícios fiscais

3.3. Imposto Municipal Sobre Imóveis

Perante o n.º 1 do artigo 1.º do Código do IMI (CIMI), este imposto incide sobre o valor patrimonial tributário20 (VPT) dos prédios21 rústicos e urbanos, situados no

território português, constituindo receita dos municípios onde os mesmos se localizam.

As Fundações que se apresentem como entidades públicas podem beneficiar da isenção de IMI prevista no artigo 11.º, n.º 1 do CIMI.

Se, se apresentarem sob a forma de pessoa coletiva de utilidade pública administrativa, pessoa coletiva de mera utilidade pública, IPSS ou pessoa coletiva legalmente equiparada a IPSS, podem usufruir de isenção de IMI nos prédios ou parte de prédios destinados diretamente à realização dos seus fins, nos termos previstos no artigo 44.º, n.º 1, alíneas e) e f) do EBF. Esta isenção tem início a partir do ano, inclusive, em que se constitua o direito de propriedade, como definido no artigo 44.º, n.º 2, alínea b).

Também beneficiam de isenção de IMI, quanto aos prédios ou partes de prédios destinados diretamente à realização dos seus fins, as Fundações que se assumam como instituições de segurança social e de previdência, associações sindicais e associações de agricultores, de comerciantes, de industriais e de profissionais independentes, estabelecimentos de ensino particular integrados no sistema educativo, associações desportivas e associações juvenis legalmente constituídas, segundo as alíneas b), d), h) e i) do n.º 1 do artigo 44.º do EBF.

As entidades que assumam a forma de associações ou organizações de qualquer religião ou culto às quais seja reconhecida personalidade jurídica, quanto aos templos ou edifícios exclusivamente destinados ao culto ou à realização de fins não económicos com este diretamente relacionados e de coletividades de cultura e recreio, organizações não-governamentais e outro tipo de associações não

20 O VPT é o valor dos prédios para efeitos fiscais, apurado com base nas regras previstas no CIMI,

conforme referido no artigo 7.º do CIMI.

21 O conceito de prédio encontra-se definido no artigo 2.º, n.º 1 do CIMI: “é toda a fração de território,

abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com carácter de permanência, desde que faça parte do património de uma pessoa singular ou coletiva e, em circunstâncias normais, tenha valor económico (…)”.

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lucrativas, a quem tenha sido reconhecida utilidade pública, relativamente aos prédios utilizados como sedes destas entidades, e mediante deliberação da assembleia municipal da autarquia onde os mesmos se situem, também beneficiam da isenção de IMI, conforme alíneas c) e m) do n.º 1 do artigo 44.º do EBF.

Relativamente à isenção prevista na alínea m), esta pode ser atribuída pela assembleia municipal, como prevê o artigo 16.º, n.º 2 do Regime Financeiro das Autarquias Locais e das Entidades Intermunicipais (Lei 73/2013, de 3 de setembro).

As isenções previstas nas alíneas b), c), d), h), i) e m), referenciadas anteriormente, têm início no ano, inclusive, em que o prédio ou parte do prédio for destinado aos fins referidos nas respetivas alíneas, como previsto no artigo 44.º, n.º 2, alínea a) do EBF.

Segundo a alínea n) do n.º 1 do artigo 44.º do EBF, caso as Fundações possuam prédios classificados como monumentos nacionais e prédios individualmente classificados como de interesse público ou de interesse municipal, nos termos da legislação, estes estão isentos do IMI. Esta isenção inicia-se no ano, inclusive, em que ocorra a classificação, como determina o artigo 44.º, n.º 2, alínea d).

Podem ainda beneficiar da isenção de IMI, as Fundações que se enquadrem com o exposto no n.º 11 do artigo 44.º do EBF, que estabelece que, estão isentas de IMI quaisquer pessoas, de direito público ou privado, cujas isenções resultem de acordo com o Estado, nos termos da respetiva lei.

Como é sabido existem profundas relações históricas entre a Igreja Católica e Portugal. Nesse sentido foi fundamental a criação de um quadro legal estável para as relações entre o Estado Português e a Igreja Católica, sendo assim assinada, em 1940, uma Concordata entre Portugal e a Santa Sé. Neste documento ficou definido um conjunto de privilégios e benefícios para a Igreja Católica. Posteriormente, em 2004, foi assinada uma nova Concordata que veio a ser ratificada através da Resolução da Assembleia da República n.º 74/2004 da Assembleia da República de 16 de novembro, nos termos da alínea i) do artigo 161.º e do n.º 5 do artigo 166.º da CRP.

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Desta forma, as Fundações que sejam pessoas jurídicas canónicas, constituídas para a prossecução de fins religiosos também podem usufruir da isenção deste imposto, consoante o disposto no n.º 2 do artigo 26.º da Concordata de 2004.

Para uma melhor aplicação dos benefícios consagrados nesse artigo foi publicada a Circular 10/2005, de 21 de novembro, com informações e esclarecimentos sobre as principais implicações tributárias. Esta circular descrimina que se consideram integrados na isenção de IMI:

a) As residências dos eclesiásticos;

b) Os imóveis afetos a lares de estudantes, a casas de exercícios espirituais e a formação de religiosos, desde que, em qualquer dos casos, estejam integrados em estabelecimentos destinados à formação eclesiástica ou ao ensino da religião católica;

c) Os imóveis pertencentes a pessoas jurídicas canónicas e cedidos gratuitamente a IPSS ou a estabelecimentos de ensino.

Perante o n.º 9 do artigo 66.º-A do EBF as Fundações que se apresentem sobre a forma de cooperativas podem beneficiar da isenção do IMI, relativamente aos imóveis destinados à sede e ao exercício das atividades que constituam o respetivo objeto social, como previsto no n.º 8 desse artigo.

No ano 2015, 286 em 414 Fundações obtiveram isenção de IMI, que totalizou € 4.962.876,74. A Universidade do Porto foi a fundação que obteve benefícios com o valor mais elevado, no montante de € 754.889,41, correspondendo a 15,21% daquele total. Salientamos que a FIP - Fundação Islâmica de Palmela foi a única fundação que beneficiou de uma isenção temporária (ver anexo 3).

Conforme apresentamos no quadro 3, a maioria das Fundações obtiveram benefício fiscal em sede de IMI fundamentado apenas num artigo ou num diploma legal, sendo que 88% dessas entidades enquadram-se nas alíneas b), c), e), f), h) e n) do n.º 1 do artigo 44.º do EBF, com destaque para as alíneas e) (pessoas coletivas de utilidade pública administrativa e as de mera utilidade pública) e f) (IPSS e as pessoas coletivas a elas legalmente equiparadas). Outra curiosidade prende-se com 4 Fundações usufruírem da isenção apenas com base no artigo 11.º

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do CIMI, mas cujo valor da redução fiscal corresponder a cerca de ¼ do total dos benefícios fiscais em sede de IMI. Tal significa que o maior volume de isenção deste imposto por uma entidade pode justificar-se pelo valor patrimonial tributários dos imóveis e/ou pela quantidade de imóveis destinados à concretização da sua missão.

Quadro 3 - Distribuição das Fundações pela legislação que propiciou o direito ao benefício fiscal em IMI

Enquadramento N.º de

entidades Total

Peso face ao total do BF do IMI

Artigo 44.º, n.º 1, al. e) do EBF 55 1.117.605,05 € 22,63% Artigo 44.º, n.º 1, al. f) do EBF 99 632.340,36 € 12,80% Artigo 44.º, n.º 1, al. h) do EBF 6 123.714,10 € 2,50% Artigo 44.º, n.º 1, al. n) do EBF 4 20.853,74 € 0,42% Artigo 44.º, n.º 1, al. b) do EBF 2 4.195,01 € 0,08% Artigo 44.º, n.º 1, al. c) do EBF 1 2.592,14 € 0,05% Lei 73/2013 de 3/9 1 1.587,38 € 0,03% Artigo 11.º do CIMI 4 1.230.544,80 € 24,91% Concordata de 2004 16 92.508,56 € 1,87%

Sub-Total 188 3.225.941,15 € 65,32%

Benefício com mais do que uma origem 98 1.713.043,91 € 34,68%

Total 286 4.938.985,06 € 100,00%

Fonte: Elaboração Própria

Nota final, para a criação de um novo imposto para imóveis ou de um complemento ao IMI, designado de Adicional ao IMI (AIMI), aprovado pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro, LOE para 2017, que constitui receita do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, conforme artigo 1.º do CIMI.

O n.º 1 do artigo 135.º-A do CIMI define que são sujeitos passivos do AIMI as pessoas singulares ou coletivas que sejam proprietários, usufrutuários ou superficiários de prédios urbanos situados no território português. Nos termos do n.º 1 do artigo 135.º-B do CIMI, o AIMI incide sobre a soma dos valores patrimoniais tributários dos prédios urbanos, situados em território português, de que o sujeito passivo seja titular. Contudo, segundo o n.º 3 do artigo 135.º-C, não são contabilizados para a soma referida o valor dos prédios que no ano anterior tenham estado isentos ou não sujeitos a tributação em IMI. Constata-se, portanto, que as Fundações são sujeitos passivos do AIMI relativamente aos prédios tipificados, não

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estando, porém, sujeitas ao seu pagamento se esses imóveis não geraram, no ano anterior, receita de IMI para o Estado português.

3.4. Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

No documento Apoios fiscais às fundações portuguesas (páginas 61-65)