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2.3 INCENTIVOS À EXPORTAÇÃO

2.3.3 Incentivos financeiros

Segundo a classificação de Garcia (2001) os incentivos à exportação são subdivididos em incentivos fiscais e incentivos financeiros. Os incentivos financeiros são caracterizados por Garcia (2001) como as diferentes linhas de financiamento que objetivam conceder às empresas exportadoras recursos para a produção e comercialização de seus produtos ao exterior, possibilitando condições mais adequadas de competitividade no exterior. Sendo assim os financiamentos podem ser divididos, decorrentes de suas finalidades, em: financiamento à produção e financiamento à comercialização.

Em uma operação de financiamento à exportação o crédito pode ser concedido na fase de produção da mercadoria, denominando-se crédito pré-embarque. Se, por outro lado, o crédito se der na fase de comercialização da mercadoria, denomina-se de crédito pós- embarque.

Para o financiamento à produção enquadram-se os recursos destinados a financiar o ciclo de fabricação do produto a ser exportado. Dentre as linhas de financiamento destinadas à produção disponibilizadas oficialmente estão:

ACC – Adiantamento sobre contrato de câmbio - o objetivo é antecipar, total ou parcialmente, os valores em reais equivalentes à quantia em moeda estrangeira, resultante das vendas efetuadas no exterior, como meio de financiar o capital de giro para sustentar o processo produtivo da mercadoria a ser exportada.

BNDES-Exim Pré-embarque – linha de crédito instituída pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Financiamento ao exportador, na fase pré- embarque, da produção de bens a serem exportados (BNDES, 2004).

Segundo Golfette (1994, p. 77) o ACC e o ACE são incentivos cambiais, pois o autor compreende os mesmos como “linhas de crédito, na forma de adiantamento em moeda nacional, resultantes da compra a termo de moeda estrangeira por instituições autorizadas, amparadas em direitos provenientes de exportações já realizadas ou a realizar”.

No financiamento à comercialização o crédito se dá na fase de comercialização da mercadoria, denominando-se também crédito pós-embarque. Conforme Resende; Garcia (1978) o financiamento à comercialização tem por finalidade financiar o comprador estrangeiro. Dentre as linhas de financiamento destinadas à comercialização disponibilizadas oficialmente estão:

ACE - Adiantamento sobre cambiais de exportação ou sobre cambiais entregues. O ACE é um adiantamento feito por uma instituição financeira ao exportador, tendo em vista o efetivo embarque de mercadorias exportadas. Reduz os custos financeiros para o exportador brasileiro, possibilitando competitividade na negociação junto ao importador estrangeiro, na medida em que concede melhores prazos e reduz custos, em condições compatíveis com as praticadas pelo mercado internacional.

BNDES-Exim Pós-Embarque: linha de crédito instituída pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES financia a comercialização de bens e serviços no exterior, através de refinanciamento ao exportador, ou através da modalidade buyer's credit (BNDES, 2004).

PROEX – Programa de financiamento às exportações - criado pelo Governo Federal em 1991 tem com objetivo proporcionar às exportações brasileiras condições de financiamento equivalentes às do mercado internacional. O Programa apóia a exportação de bens. O Programa opera por meio das modalidades de financiamento e de equalização de taxas de juros. Em qualquer das modalidades o exportador recebe, à vista, o valor da exportação, porém o PROEX só está disponível na fase Pós-Embarque (MOREIRA; SANTOS 2001).

Maluf (2000) classifica os incentivos financeiros como benefícios creditícios, os quais são considerados mecanismos provenientes da política brasileira objetivando tornar os produtos mais competitivos e assim o aumento da participação dos produtos no cenário internacional. Dentre os benefícios creditícios, assim denominados por Maluf (2000), enquadram-se os incentivos financeiros: BNDES-Exim, PROEX, ACC e ACE, e outros mecanismos como: seguro de crédito à exportação, APEX – Agência de Promoção às Exportações, CCR – Convênio de Crédito Recíproco, securitização de exportações vinculadas ao pagamento de importação, letras de exportação – export notes, e garantias bancárias.

Dentre estes mecanismos citados, foram abordados neste trabalho somente os incentivos financeiros, o seguro de crédito à exportação, bem como REDEX e EADI que são recintos aduaneiros, assim como o drawback que é um regime aduaneiro especial.

O quadro 04 relaciona os mecanismos de fomento postos pelo Governo à disposição das empresas, como forma de incentivar suas exportações.

Alguns mecanismos de fomento às exportações Incentivos Fiscais Restituição de PIS/COFINS Desoneração de IPI Desoneração de ICMS Incentivos Financeiros

ACC – Adiantamento sobre contrato de câmbio ACE – Adiantamento sobre cambiais entregues BNDES – Exim (exportação / importação)

PROEX – Programa de Financiamento às exportações Benefícios creditícios

Seguro de crédito à exportação Recintos e Regimes Aduaneiros

REDEX – Recintos especiais para despacho aduaneiro de exportação EADI – Estação Aduaneira de Interior ou Porto Seco

Drawback

Quadro 04 - Alguns mecanismos de fomento às exportações Fonte: Elaboração própria.

Dentre os benefícios creditícios está o seguro de crédito à exportação, que consiste em ser uma apólice de seguro que garante ao exportador indenização por perdas que sofrer pelo não recebimento do pagamento de seus clientes no exterior. Cabe ao SBCE – Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação a administração dos seguros de crédito à exportação no Brasil. O seguro cobre os riscos comerciais, que engloba situações de insolvência do importador de bens e serviços e mora de pagamento da operação, e os riscos políticos e extraordinários, que abrange guerras, revoluções, embargos de exportação e importação, intervenção governamental, restrições às transferências de divisas e desastres naturais (MALUF, 2000).

Outro mecanismo de fomento à exportação são os recintos aduaneiros. O REDEX - Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação foi instituído pela Receita Federal, através da Instrução Normativa n° 124/1998. O recinto não-alfandegado de zona secundária,

onde se processar o despacho é denominado REDEX - Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação. O REDEX pode estar localizado no estabelecimento do próprio exportador ou em endereço específico para uso comum de vários exportadores. A prestação de serviços aduaneiros, no Redex, fica condicionada ao cumprimento do disposto nas normas gerais estabelecidas para o despacho aduaneiro de exportação (UNAFISCO, 2004).

Os portos secos, que são recintos alfandegados de uso público nos quais se executam operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, procedentes do exterior ou a ele destinadas, compreendem as Estações Aduaneiras de Fronteira - EAF, Estações Aduaneiras Interiores - EADI e Terminais Retroportuários Alfandegados - TRA, não estando localizados em área de porto ou aeroporto (UNAFISCO, 2004).

O REDEX é um recinto não-alfandegado e, portanto, não está submetido às exigências requeridas aos recintos alfandegados, como o caso das EADIs – Estações Aduaneiras de Interior. A semelhança entre eles é que em ambos existe a prestação de serviços aduaneiros relativos ao processamento do despacho aduaneiro de exportação. Os principais benefícios de ambos, REDEX e EADI são a agilização dos despachos aduaneiros de exportação e possível redução nos custos logísticos (UNAFISCO, 2004).

A utilização dos incentivos à exportação contribui às empresas exportadoras uma melhor condição de competitividade no mercado internacional, cabe às empresas o conhecimento destes mecanismos e a sua correta utilização para que possam beneficiar-se destas condições e utilizá-las de forma estratégica, pela alavancagem das vendas e redução de custos.

Percebe-se o apoio do governo brasileiro às exportações através destas concessões. As regulamentações e controles por parte do governo brasileiro aos incentivos são realizados por distintos órgãos. Cabe discorrer sobre estes órgãos diretamente relacionados aos incentivos às exportações brasileiras.