A. AGROPECUÁRIA
4.4. Incertezas Críticas
Em seguida apresenta-se uma análise de elementos incertos, tendo como ponto de partida o diagnóstico e problematizando os pontos fortes e fracos nos seguintes eixos
de contrastação:
Desenvolvimento e ordenamento do território; Dinâmicas econômicas e sociais;
Ambiente e recursos hídricos; Ambiente institucional.
Como principais incertezas críticas para a construção dos cenários A e C, destacam-se:
A evolução dos preços dos bens alimentares, das matérias-primas agrícolas e dos metais;
O nível de crescimento da população;
A vazão de retirada associada ao uso externo da transposição (em linha, ou acima dos acordos estabelecidos);
4.4.1. Desenvolvimento e ordenamento do território
Na Figura 5 apresentam-se as principais incertezas críticas para o eixo de contrastação “Desenvolvimento e ordenamento do território”.
Ocupação do solo consentânea com as aptidões e vulnerabilidades do território (e considerando as bacias críticas em termos de qualidade e quantidade), regulada por instrumentos legais e de planejamento
Desenvolvimento econômico mais
desconcentrado e diversificado Contenção da expansão da atividade agrícola, dando prioridade à
preservação dos ecossistemas naturais
Atingimento das metas de universalização dos serviços de saneamento com redução da demanda de disponibilização de água para diluição da carga remanescente de esgotos
Gerenciamento eficiente das
Unidades de Conservação, ampliação da área protegida e conservação de remanescentes
Desenvolvimento do turismo conciliando a valorização e a preservação dos ambientes naturais
Melhor repartição das cargas entre os modais de transporte, com estímulo à hidrovia do SF
Aplicação de instrumentos de planejamento integrado de recursos hídricos e avaliação ambiental
estratégica como subsídios a processos de outorga e de licenciamento ambiental dos empreendimentos
Ocupação do solo desregrada, reduzindo os recursos naturais e acentuando as vulnerabilidades presentes
Desenvolvimento econômico concentrado e pouco diversificado Forte expansão e concentração da atividade agrícola no Médio e Submédio SF em detrimento dos ecossistemas naturais
As metas de universalização dos serviços de saneamento não são atingidas, verificando-se o incremento na demanda de disponibilização de água para diluição da carga remanescente de esgotos
Degradação de áreas protegidas e dos remanescentes
Desenvolvimento do turismo sem preocupação com a preservação dos ambientes naturais
Repartição das cargas modais de transporte privilegiando o modo rodoviário, e redução progressiva da navegabilidade do SF
Processos de outorga e de licenciamento ambiental dos
empreendimentos com parca aplicação de instrumentos de planejamento integrado de recursos hídricos e avaliação ambiental estratégica
Figura 5 – Incertezas críticas por eixo de contrastação: Desenvolvimento e ordenamento do território.
4.4.2. Dinâmicas econômicas e sociais
Na Figura 6 apresentam-se as principais incertezas críticas para o eixo de contrastação “Dinâmicas Econômicas e Sociais”.
Progressiva aproximação dos preços dos bens alimentares e das matérias-primas agrícolas aos valores de 2005, com desaceleração da demanda de água para irrigação e dessedentação
Progressiva aproximação dos preços dos metais aos valores de 2005 e abrandamento da procura a nível mundial (em particular, de ferro pela China), com desaceleração da demanda de água pela indústria
Crescimento moderado da população
e da demanda de água para
abastecimento humano urbano e rural
Vazão de retirada de transposição moderada e em linha com os acordos estabelecidos
Demanda moderada de energia hidroelétrica e/ou recursos a fontes de energia alternativa (eólica, nuclear, …) Atenuação do desequilíbrio dos índices
de desenvolvimento humano entre regiões fisiográficas
Aumento do investimento em controle e soluções sustentáveis de produção pelas atividades produtivas, com poupança de água
Retorno dos preços dos bens alimentares e das matérias-primas agrícolas aos valores máximos de 2011-2012, com aceleração da demanda de água para irrigação e dessedentação
Retorno dos preços dos metais aos valores máximos de 2011-2012 e aumento da procura a nível mundial, com aceleração da demanda industrial
Forte crescimento da população
(saldos migratórios positivos e elevados) e da demanda para abastecimento humano
Vazão de retirada de transposição elevada e/ou acima dos acordos estabelecidos
Demanda elevada de energia
hidroelétrica e/ou ausência de fontes de energia alternativa significativas
Intensificação do desequilíbrio dos índices de desenvolvimento humano Redução do investimento em controle e
soluções sustentáveis de produção pelas atividades produtivas, com desperdício de água
Figura 6 – Incertezas críticas por eixo de contrastação: Dinâmicas Econômicas e Sociais.
4.4.3. Ambiente e recursos hídricos
Na Figura 7 apresentam-se as principais incertezas críticas para o eixo de contrastação “Ambiente e recursos hídricos”.
Redução do ritmo de ocorrência de mudanças climáticas face ao que preveem os modelos climáticos
Atenuação dos desequilíbrios hídricos com redução das assimetrias no acesso à água e recuperação de áreas com défices críticos de água (em particular no semiárido)
Redução da taxa de desmatamento
Melhoria da eficiência de uso da água Fixação de vazões ecológicasem
atendimento às demandas ambientais Aumento da abrangência e da importância das ações de revitalização e de recuperação de passivos ambientais na bacia
Gerenciamento de recursos hídricos efetivo e eficaz (disponibilidade de recursos humanos, institucionais e financeiros; arcabouço legal e
regulatório adaptado às necessidades e aperfeiçoado; instrumentos de gestão de recursos hídricos implantados e
integrados)
Aumento do conhecimento e da disponibilidade de informações precisas e confiáveis sobre os recursos hídricos e da sua aplicação na tomada de decisão sobre o gerenciamento dos mesmos (p.ex. na atribuição de direitos e na aplicação de restrições de uso) Convergência da Agência de Bacia, dos
Comitês de Bacia e dos órgãos gestores de recursos hídricos
Aceleração do ritmo de ocorrência de mudanças climáticas face ao que preveem os modelos climáticos globais para a bacia do SF
Intensificação dos desequilíbrios hídricos, com aumento das assimetrias no acesso à água e do défice hídrico no semiárido
Manutenção ou aumento da taxa de desmatamento
Manutenção das ineficiências de uso
da água (nos processos produtivos, nas redes de captação, tratamento e distribuição de água, na agricultura)
Fixaçãode vazões ecológicas sem atendimento às demandas ambientais
Ações de revitalização e de recuperação de passivos ambientais ausentes ou pouco expressivas Gerenciamento de recursos hídricos deficitária
Tomada de decisão sobre o
gerenciamento dos recursos hídricos
com fraca sustentação no conhecimento dos mesmos
Divergências graves entre a Agência de Bacia, os Comitês de Bacia e os órgãos gestores de recursos hídricos
Figura 7 – Incertezas críticas por eixo de contrastação: Ambiente e recursos hídricos.
4.4.4. Ambiente institucional
Na Figura 5 apresentam-se as principais incertezas críticas para o eixo de contrastação “Ambiente institucional”.
Reconhecimento da importância das políticas de recursos hídricos ao mais alto nível político
Fortalecimento da ANA, dos órgãos gestores estaduais, dos Conselhos Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos
Planejamento articulado nos setores da energia hidroelétrica, irrigação e navegação
Complementação das abordagens de baixo para cima com um processo de cima para baixo que garanta o
cumprimento das metas nacionais e de objetivos de longo prazo ao nível da gestão dos recursos hídricos
Coordenação efetiva entre a gestão dos recursos hídricos, do abastecimento de água, do tratamento de esgoto, da disposição e tratamento de resíduos, entre outros setores
Gestão efetiva das interdependências e interações das autoridades
responsáveis pela água
Engajamento dos atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos, orientado para resultados
Integração das políticas de recursos hídricos com as políticas de
desenvolvimento
Maior e mais abrangente
implementação da cobrança pelo uso da água, desencadeando maior engajamento dos usuários da água no uso racional dos recursos hídricos
Perda da importância das políticas de recursos hídricos
Enfraquecimento da ANA, dos órgãos gestores estaduais, dos Conselhos Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos
Planejamento desarticulado nos setores da energia hidroelétrica, irrigação e navegação
Implementação de abordagens de cima para baixo ou de baixo para cima, não complementares, ao nível da gestão dos recursos hídricos
Falta de coordenação entre a gestão dos recursos hídricos, do abastecimento de água, do tratamento de esgoto, da disposição e tratatmento de resíduos, entre outros setores
Insuficiente gestão das
interdependências e interações das autoridades responsáveis pela água
Falta de engajamento dos atores
envolvidos na gestão dos recursos hídricos
Fraca integração das políticas de recursos hídricos com as políticas de desenvolvimento
Défice de implementação da cobrança pelo uso da água, desincentivando os usuários da água ao uso racional dos recursos hídricos