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Interesses internos e externos – situação futura

B. Dinamismo endógeno: equiparado ao Cenário Surfando a Marola do PNE 2030; ante um mundo instável, o Brasil se desenvolve para o mercado interno, aproveitando,

3. ARTICULAÇÃO E COMPATIBILIZAÇÃO DOS INTERESSES INTERNOS E EXTERNOS

3.3. Interesses internos e externos – situação futura

Haverá futuramente que assegurar a articulação/compatibilização com os interesses internos e externosatuais e com os novos programas e projetos identificados também na etapa de Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional do presente plano:

Expansão dos perímetros irrigados:

- Perímetro irrigado do Sertão Pernambucano (em estudo) – 71,5 m3/s; - Perímetro irrigado do Canal de Xingó (em estudo) – 36,25 m3/s; - Perímetro irrigado do Jequitaí (em implantação) – 8,46 m3/s;

- Perímetro irrigado de Jaíba (em implantação) – 75 m3/s, sendo a vazão atual de 65 m3/s;

- Perímetro irrigado do Baixio de Irecê (em implantação) – 60 m3/s, sendo a vazão atual de 10 m3/s;

- Perímetro irrigado de Jacaré-Curituba (em implantação) – 3,2 m3/s, sendo a vazão atual de 0,54 m3/s;

- Perímetro irrigado do Projeto Salitre (em implantação) – 42 m3/s, sendo a vazão atual de 6 m3/s;

- Perímetro irrigado do Pontal (em implantação) – 7,8 m3/s “Canal Oeste” do PISF (em estudo) – 30 m3/s;

Canal do Sertão Alagoano (em implantação) – 32 m³/s.

Num cenário de plena concretização destes projetos, as vazões associadas traduzir-se-ão num aumento de 88% face à vazão de retirada total de recursos hídricos estimada atualmente para a bacia.

Tal como o Canal Oeste do PISF, também se encontra em fase de estudo de viabilidade o projeto de transposição denominado “Canal do Sertão Baiano – Eixo Sul”. O Canal do Sertão Baiano prevê uma infraestrutura de 300-350 km de extensão, com o transporte de água (para abastecimento de cidades e para utilização em perímetros irrigados da região) entre o reservatório do Sobradinho e as bacias hidrográficas dos rios Itapecuru e Jacuípe, beneficiando neste percurso, as bacias dos rios Tataui, Salitre, Tourão/Poção e Vaza-Barris. Informação recolhida junto da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Dezembro de 2015) dá conta da intenção de captação adicional de 20 m³/s com incorporação no Sistema Salitre,

contudo, não existe ainda qualquer pedido de outorga para o projeto em questão, que tem vindo a ser alvo da contestação da população.

Para além disso, e como referido por RAMINA (2014a), o desenvolvimento da

agroindústria nas bacias contribuintes do rio São Francisco poderá estar a

impactar as próprias disponibilidades, principalmente durante os períodos de estiagem em que os aquíferos subterrâneos passam a ter uma importância fundamental para a manutenção das vazões. Este conflito necessita de caracterização técnica embasada, para estabelecer as relações de contribuição e dependência hídrica, bem como de uma análise das implicações de ordem política, uma vez que os afluentes se distribuem por diferentes Estados, com legislações e sistemas de gestão de recursos hídricos diferentes (RAMINA, 2014b).

Por outro lado, de acordo com a análise do setor de geração de energia realizada aquando da Caracterização dos Usos Múltiplos dos Recursos Hídricos da Bacia (no Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional), existe um potencial hidroelétrico ainda não aproveitado na bacia do rio São Francisco, que se divide em 289 MW em fase de projeto básico, 6.140 MW em fase de projeto de viabilidade, 3.883 MW em fase de inventário e os restantes 1.561 MW em fases mais incipientes de uma eventual concretização (ELECTROBRAS, 2014). Estes aproveitamentos hidroelétricos terão sido identificados sem um cenário de referência de usos múltiplos que refletisse os conflitos de recursos hídricos atuais e futuros na bacia do rio São Francisco, ou com as informações que se dispõe hoje sobre os impactos que a operação dos reservatórios tem trazido para os demais usos bem como para a biodiversidade e comunidades tradicionais que dependem do rio (RAMINA, 2015).

Mas o desenvolvimento da agroindústria e o aproveitamento do potencial hidroelétrico por explorar são apenas uma parte das tendências/percepções que apontam para

umcenário futuro de aumento significativo das demandas por água na bacia do

rio São Francisco e uma restrição cada vez maior à sua disponibilidade natural,

referidas por RAMINA (2014a) nos “Cenários de Crescimento da Demanda e Escassez de Disponibilidade” traçados no escopo da “Concepção de uma estratégia robusta para a gestão dos usos múltiplos das águas na bacia hidrográfica do rio São Francisco”:

Expansão da agroindústria na região oeste da Bahia, acompanhada do conjunto de projetos de infraestrutura composto pela FIOL – Ferrovia de Integração Oeste – Leste, a Hidrovia do São Francisco, o Porto Sul e a BR 242;

Pressão ainda maior para a redução das vazões mínimas em Sobradinho pela competição da transposição com todos os outros usos a jusante e inclusive com a geração em Sobradinho;

Ausência de uma política eficaz de comunicação entre os usuários e os órgãos gestores, reflectida por exemplo na escassez de dados sobre os consumidores de água para irrigação que captariam água entre a Usina de Três Marias e o Projeto Jaíba, evidenciada durante uma das reuniões sobre a situação de crise em Três Marias. Esse também foi um dos problemas que surgiu com frequência nas oficinas de usos múltiplos realizadas no ano de 2013.

Para além dos projetos e tendências/percepções referidos acima, identificam-se outros factores internos e externos a articular/compatibilizar com os interesses da bacia hidrográfica:

Fatores internos:

- Dinâmicas demográficas e econômicas instaladas, mais intensas no Alto e Médio São Francisco;

- Assimetrias internas de desenvolvimento regional e sua dependência face à localização ao longo da bacia: regiões mais desenvolvidas localizam-se, em geral, a montante, onde a água é mais abundante e o clima menos árido;

- Transposição interna à bacia: a água captada em determinada sub-bacia ou região fisiográfica nem sempre tem por objetivo satisfazer a respectiva demanda – veja-se, por exemplo, o caso do Canal do Sertão Alagoano em que a água captada no Riacho Seco/Talhado (Submédio) tem como destino a bacia afluente do Baixo Ipanema e Baixo São Francisco, em Alagoas;

- Desertificação: estão em áreas mapeadas como críticas de desertificação municípios como Petrolina, em Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia. Na Bahia, é referido pelo jornal O GLOBO que em

não conseguem reter água. Na região de Rodelas, no Norte do estado, formou-se, a partir dos anos 80, o deserto de Surubabel (O GLOBO, 2013);

-

Fatores externos:

- Evolução futura dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais, designadamente dos metais e dos bens agrícolas e alimentares;

- Políticas federais, estaduais ou locais que influenciam, ou podem vir a influenciar no futuro, a utilização e gerenciamento dos recursos hídricos (exemplo: aposta nos biocombustíveis, para além da pressão para a diversificação da matriz energética de um modo geral; política do governo de dobrar a área irrigada no país até 2020 [Política Nacional de Irrigação], etc.);

- Transposição de águas do rio Tocantins para o rio São Francisco; são referidos vários estudos para determinar a viabilidade do reforço da capacidade hídrica da bacia do rio São Francisco com origem na transposição de águas do rio Tocantins. No momento atual os estudos são ainda muito incipientes, mas têm dado origem a debates e artigos na mídia (DIÁRIO DA MANHÃ, 2015).

3.4. Compatibilização dos interesses internos e externos – contexto