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INCIDÊNCIA DO CÂNCER DE BOCA NA PARAÍBA NO PERÍODO DE 2014 A

RESUMO:

Os cânceres de boca, nos países não desenvolvidos, estão entre os três mais comuns. No primeiro mundo, a maior parte dos pacientes são tratados em estágio inicial, enquanto que, nos países emergentes, os tumores avançados são frequentes nos ambulatórios públicos, constituindo 80% dos diagnósticos no Brasil. Esse é o quinto câncer mais prevalente no país e tem baixa expectativa de melhora no seu tratamento. Os principais fatores de risco são o tabagismo, o etilismo e a exposição solar. Objetivou-se verificar a incidência de óbitos em pacientes com neoplasias bucais na Paraíba. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de abordagem quantitativa utilizando fontes de dados secundários. Os dados que referem a sexo, faixa etária e local de residência foram coletados da plataforma TABNET do departamento de informações online do Sistema Único de Saúde, no período de 2014 a 2017. Filtraram- se, para a captação de dados, os cânceres de lábio, outras partes da língua, gengiva, assoalho da boca, palato e outras partes da boca. Os números foram ajustados de acordo com a população brasileira de 2010. Constatou-se o número de 299 mortes a cada 100.000 pessoas. O sexo masculino foi mais incidente em casos (206) que o feminino (93). Nesses casos, homens de 50 a 59 anos foram os mais acometidos, representando 60 óbitos pela neoplasia. Assim, percebeu-se que o fim da prática tabagista, etílica e de exposição solar excessiva contribui na prevenção do câncer de boca, ocorrência mais comum em homens, cabendo então frisar tais cuidados para esse grupo.

DESCRITORES: Câncer de boca; Incidência; Epidemiologia

INCIDENCE OF MOUTH CANCER IN PARAÍBA IN THE PERIOD 2014 TO 2017 ABSTRACT:

Mouth cancers in undeveloped countries are among the three most common. In the first world, most patients are treated at an early stage, whereas, in emerging countries, advanced tumors are frequent in public outpatient clinics, constituting 80% of diagnoses in Brazil. This is the fifth most prevalent cancer in the country and has a low expectation of improvement in its treatment. The main risk factors are smoking, drinking and sun exposure. The objective was to verify the incidence of deaths in patients with oral neoplasms in Paraíba. This is a descriptive, exploratory and quantitative approach, using secondary data sources. The data referring to sex, age group and place of residence were collected from the TABNET platform of the online information department of the Brazil Unified Health System (SUS), from 2014 to 2017. Lip cancers, other parts of the tongue, gums, floor of the mouth, palate and other parts of the mouth were filtered for data collection. The figures were adjusted according to the Brazilian population in 2010. The number of 299 deaths per 100,000 people was found. Males were more prevalent in cases (206) than females (93). In these cases, men aged 50 to 59 years were the most affected, representing 60 deaths from the neoplasm. Thus, it was noticed that the end of smoking, drinking alcohol and excessive

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sun exposure contributes to the prevention of oral cancer, a more common occurrence in men, and it is worth emphasizing such care for this group.

KEYWORDS: Mouth cancer; Incidence; Epidemiology INTRODUÇÃO

Neoplasia é entendida como uma doença degenerativa a qual ocorre um crescimento desordenado das células defeituosas ou atípicas, podendo ser esse localizado ou espalhado1. Sabe-se que todo o ciclo celular tem mecanismos de regulação e quando esses ciclos sofrem algum tipo de interferência, se não houver reparação em tempo, o processo de câncer pode ser iniciado.

Os cânceres de boca, nos países não desenvolvidos, estão entre os três mais comuns2. Em países desenvolvidos, a maior parte dos pacientes são tratados em estágio inicial, enquanto que, nos países emergentes, os tumores avançados são os mais frequentes nos ambulatórios públicos, constituindo 80% dos diagnósticos no Brasil3.

Dados epidemiológicos globais indicam o Brasil como líder na América do Sul em incidência de câncer de boca, tendo uma das maiores taxas do mundo4,5. Estima-se que, no Brasil, entre os homens, essa seja a sexta maior causa de incidência de câncer e, entre as mulheres, seja a oitava6. De modo geral, esse é o quinto câncer mais prevalente no país e tem baixa expectativa de melhora no seu tratamento, o que se deve principalmente ao diagnóstico tardio, sendo considerado um grave problema de saúde pública.

Sabemos que existem fatores de risco para o surgimento da doença e destacamos os principais: tabagismo, etilismo e a exposição solar7. Entretanto, esses não são os únicos.

O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o surgimento do câncer de boca, pois além da alta temperatura, há um contato maior com mais de cinquenta potenciais carcinógenos como os hidrocarbonetos aromáticos e nitrosaminas8. O mesmo autor cita também o uso de bebidas alcoólicas como um dos fatores de risco.

Além desses, sabe-se o Papiloma Vírus Humano (HPV) também é um fator de risco para o surgimento do câncer de boca, podendo esses vírus se multiplicarem em

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células queratinizadas ou não9. O surgimento desse vírus na cavidade oral está relacionado com o sexo oral ou condições de má higiene da cavidade.

Dentre os cânceres bucais, mais de 90% desses são Carcinomas de Células Escamosas (CEC). Os 10% restantes dos tumores de boca correspondem aos linfomas, adenocarcinomas, sarcomas (de origem vascular, muscular e óssea) e tumores de glândulas salivares menores e da sublingual7.

A partir disso então, esse artigo tem como objetivo verificar a incidência de óbitos em pacientes com neoplasias bucais na Paraíba.

MÉTODOS E MATERIAIS:

Realizou-se uma pesquisa de campo, de abordagem descritiva e qualitativa. Os dados que referem a sexo, faixa etária e local de residência foram coletados da plataforma TABNET do departamento de informações online do Sistema Único de Saúde, em que através do sítio do Inca, obtivemos acesso ao Atlas de mortalidade por câncer, considerando o período de 2014 a 2017. Os números foram ajustados de acordo com a população brasileira de 2010. As informações coletadas foram reajustadas e editadas através do programa para Windows, Microsoft PowerPoint e Microsoft Word.

Para filtragem do câncer de boca, como não há um consenso nas literaturas nacional e internacional sobre quais localizações compõem a sua definição, foi considerada a distinção anatômica entre cavidade oral, que é a boca propriamente dita, constituída pelos lábios, 2/3 anteriores da língua, mucosa jugal, assoalho de boca, gengiva inferior, gengiva superior, área retromolar e palato duro; e a orofaringe, que abrange base da língua, palato mole, área tonsilar e parede faríngea posterior7.

Dessa forma, selecionaram-se apenas os cânceres de lábio, outras partes da língua, gengiva, assoalho da boca, palato e outras partes da boca, realizando então, o estudo descritivo, exploratório e de abordagem quantitativa através de dados secundários.

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Através das pesquisas realizadas, foi observado que, de 2014 a 2017, dentro de uma população de 100.000 pessoas, ocorreram 299 mortes. O sexo masculino foi acometido em maior parte entre as idades de 40 e 79 anos, totalizando 206 mortes, enquanto o sexo feminino teve destacado nível de óbito na população acima de 80 anos, havendo no total 93 óbitos. Ressalta-se o predomínio de óbitos entre homens de 50 a 59 anos, descrevendo-se 60 mortes pela neoplasia.

Devido ao estudo e à notificação escassa na população da faixa etária de 00 a 39 anos no estado da Paraíba, foi feita uma discussão de brasileiros paraibanos acima de 40 anos, que apresentam ainda uma moderada relevância. Foi verificado assim que, nos homens entre 40 a 59 anos, aumentaram-se 40 mortes (200%), enquanto, nas mulheres, aumentaram-se apenas 4 (133.3%).

Entre 50 a 69, obteve-se, nos homens, redução de 11 mortes (18,4%), enquanto nas mulheres se elevaram 9 mortes (188,57%). Entre 60 a 79 anos, nos homens, aconteceu uma outra diminuição de 1 morte (2,05%), enquanto nas mulheres, um aumento de 4 mortes (25%).

Entre 70 e 80 ou mais anos, os números dos homens diminuíram em 20 mortes (1,6%), e o das mulheres aumentou em 24 mortes (120%), desta vez com números significativamente maiores que os dos homens.

A tabela 01, retirada do site do TABNET através do Instituto Nacional de Câncer (INCA), demonstra esses dados separados por gênero e idade, sendo classificados de acordo com a população brasileira de 2010 a cada 100.000 mil pessoas.

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Fonte: Sistema de informação sobre mortalidade - SIM; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Ministério da Saúde; INCA; Conprev; Divisão de Vigilância

Considerando os dados do Censo de 2010, as populações de João Pessoa e Campina Grande (os municípios mais populosos) constituem 29,4% da população total do estado. Comparativamente, 37,1% dos óbitos por câncer de boca foram notificados em ambos. A desproporção presente pode indicar subnotificação nos municípios menores, como também atenuação dos fatores de risco entre a população.

Os dados informados na tabela ainda careciam de um maior número de comprometimento, visto que ainda não tinha entrado em vigor a Lei 8470/17, que tornava obrigatório a notificação de câncer e malformações congênitas. Sabendo disso, entende-se que esse número poderia ser ainda maior do que os informados10.

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Variação estatística em

porcentagem

250%

200%

150%

100%

50%

0%

-50%

-100%

40 a 59 anos 50 a 69 anos 60 a 79 anos 70 a 80 anos