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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.2 VITILIGO: HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA

2.2.3 Incidência, Prognóstico e Alguns Tratamentos

O vitiligo é o mais comum dentre os distúrbios de pigmentação no mundo (OSMAN; ELKORDUFANI; ABDULLAH, 2009). Este achado dermatológico, adquirido, idiopático, que é o vitiligo, acomete cerca de 1% da população mundial, e pode ser visualizado em ambos os sexos e raças. Os números mostram que as mulheres são mais acometidas do que os homens, todavia, os estudos genéticos propõem prevalência igualitária para ambos (FERNANDES et al., 2001).

De acordo com Silva et al (2007), o vitiligo pode se iniciar em indivíduos de qualquer faixa etária. E, embora não se considere que o vitiligo seja uma patologia da infância, as pesquisas revelam que 50% dos casos iniciam-se antes dos 20 anos e, 25% antes dos 10 anos. O surgimento pode ser precoce e há alguns relatos de casos que iniciaram nos primeiros seis meses de vida.

Além disso, Bellet & Prose (2005) ressaltam que o percurso da doença vitiligo pode ocorrer a partir de uma rápida disseminação de manchas e momentos de estabilização a posteriori, como, também, em momentos de lenta dispersão, por longos períodos da vida do indivíduo.

Alguns procedimentos são utilizados para melhorar o prognóstico da doença, como, por exemplo, a fotoquimioterapia, denominada Psoralênico + Ultravioleta A (PUVA terapia) (STEINER et al., 2004). Machado Filho (20115) explica que “o Psoralênico é uma medicação que estimula a pigmentação. O paciente faz uso do mesmo e, após duas horas, submete-se a um banho de luz que estimulará a pigmentação, ocorrendo, assim, o procedimento de PUVA terapia”.

A PUVA terapia merece algumas considerações quanto ao seu uso. A resposta apresentada vai depender do local em que a lesão está instaurada, e a face é onde se observa os melhores resultados. Além disso, o vitiligo segmentar, por exemplo, pode não responder tão bem a esta terapia quanto o tipo generalizado; assim como pacientes

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Comunicação oral do Dr. Carlos de Aparecida Santos Machado Filho, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na qualificação desta dissertação, em 05 de agosto de 2011.

jovens e morenos, em sua maioria, respondem com maior aderência às aplicações, ante os idosos e pessoas de pele clara (STEINER et al., 2004).

A PUVA originou-se na década de 1940, por um médico egípcio, primeiramente para o tratamento do vitiligo, o que depois foi ampliado para o uso em outras afecções cutâneas (BELLET; PROSE, 2005). “A PUVA terapia é considerada, atualmente, como tratamento de primeira linha, inclusive nos Estados Unidos” (MACHADO FILHO, 20116). Segundo Roelandts (2003), apesar da dificuldade em se tratar o vitiligo, já que os diversos tratamentos disponíveis acarretam efeitos terapêuticos variáveis, a fototerapia é considerada um dos mais eficientes métodos de tratamento.

Em alguns casos, nos quais as lesões são de pequeno porte, utilizam-se alguns tipos de pomadas de uso tópico à base de corticóides, que podem ser úteis no tratamento da patologia. Porém, quando as lesões se encontram em rápido desenvolvimento, o uso de corticóides por via oral é o potencial terapêutico buscado (ROSA; NATALI, 2009).

Nos casos em que a terapia clínica não ofereceu saldos satisfatórios, há o uso de técnicas cirúrgicas, nas quais são realizados enxertos ou transplantes de melanócitos, ante o depósito de grupos de células funcionantes nos locais afetados. Todavia, essa forma de tratamento só é válida quando a doença apresenta-se estável (STEINER et al., 2004).

Segundo Sant’anna (et al, 2003), também pode ser utilizado um método para a realização de re-pigmentação. Isso pode ocorrer por meio de folículos pilosos, que originam pontilhados de cor normal nas manchas. Esses pontos vão se multiplicando e, ao se juntar uns com os outros, a lesão é fechada.

Bellet & Prose (2005) sugerem o método da camuflagem como outra forma de tratamento. Este pode ser empregado em complemento com algum outro procedimento terapêutico, como quando houver uma resistência de pacientes com relação à aderência a determinados tipos de procedimentos.

Steiner (et al, 2004) ainda esclarecem que quando estas tentativas de restaurar melanócitos não trazem bons resultados, a despigmentação pode ser utilizada com

6 Comunicação do Dr. Carlos de Aparecida Santos Machado Filho, na Pontifícia Universidade Católica de

pacientes que possuem mais de 50% de superfície corporal acometida. Essa é uma segunda linha de tratamento na qual ocorre uma destruição dos melanócitos sadios. Com a aplicação de monobenzil éter de hidroquinona, produto químico que deve ser utilizado por longos períodos, a despigmentação é alcançada. Entretanto, este tratamento é indicado apenas para adultos, pois se acredita serem estes capazes de reconhecer que tal procedimento irá alterar de maneira precisa a fisionomia e que o cuidado com o sol deverá permanecer por toda a vida desses indivíduos.

Zanini & Machado Filho (2005), verificando a não disponibilidade do monobenzil éter de hidroquinona no Brasil, optaram pelo uso de outro composto farmacológico, o fenol 88%, para a realização do procedimento de despigmentação. No entanto, os autores esclarecem que, embora seja alcançada a despigmentação total, pode haver um retorno caso não haja a proteção adequada. Caso isso venha a ocorrer, não há contraindicação para a retomada dessa forma de terapêutica.

Como foi observado, diversas são as opções terapêuticas que podem ser utilizadas no combate ao vitiligo. Todavia, a resposta a esses tratamentos vai depender do local da lesão, do tipo das hipopigmentações e do estado evolutivo em que a doença se encontra. Quanto mais precocemente for realizado o tratamento, mais provável que haja um controle na evolução da doença (NAI et al., 2008).

Além disso, diante de todos os estudos que propõem alguns tipos de tratamento para combater o vitiligo, a terapia integral vem acoplar o tratamento clínico e psicoterápico, que vai contribuir na re-pigmentação da pele (SILVA et al., 2007).

Complementando a idéia supracitada, Borelli (s.d) traz a seguinte afirmação:

alguns pacientes que fizeram uso de determinados procedimentos para o tratamento do vitiligo e que não apresentaram resultados satisfatórios, após serem submetidos aos mesmos procedimentos, acrescido de abordagens psicoterápicas, obtiveram melhores resultados. A mesma autora ainda acrescenta que “o paciente bem amado ou bem tocado do ponto de vista emocional apresenta melhores respostas aos tratamentos”.

O tratamento do vitiligo é difícil e, não raro, insatisfatório e, como doença crônica de difícil manuseio, requer o domínio de aspectos que transcendem a mera utilização dos recursos terapêuticos convencionais. Assim, o domínio dos fatores psicossociais associados interessa aos profissionais acometidos com o acompanhamento dos pacientes e com a busca de resultados terapêuticos mais eficazes, melhor prognóstico e, principalmente, melhor qualidade de vida.

Segundo Esteves (et al. 1992), apesar de a evolução da doença não ser algo que possa ser previsto, ocorrendo diversas variações quanto à idade do surgimento e quanto ao número e grau de extensão das máculas, há descrições de casos em que existiu total remoção das manchas, de forma espontânea.

De acordo com Issa (2003), pela ausência de critérios clínicos e laboratoriais, não há como prever a evolução e o prognóstico da doença. A autora aponta que embora muitos tratamentos estejam sendo desenvolvidos para combater esta doença, as terapêuticas não oferecem resultados satisfatórios para muitos doentes, o que pode ser devido ao desconhecimento da etiopatogenia da doença. Entretanto, ela ressalta que apesar das limitações, a re-pigmentação espontânea não é um evento raro.

De uma forma geral, Papadopoulos & Bor (1999) entendem que, como a etiologia e a progressão de muitas doenças de pele muitas vezes são desconhecidas, os pacientes com esse tipo de patologia podem começar a desenvolver crenças a respeito da origem de suas doenças; como aderirem a comportamentos supersticiosos na tentativa de controlar o progresso da doença, o que, de um modo ou de outro, pode interferir na vivência psíquica e social destes indivíduos.

Essa busca incessante por tratamentos pode referir o real sofrimento que o indivíduo com doença de pele vivencia, não somente pela presença das manchas, mas por estar vulnerável à estigmatização, já que se apresenta de maneira diferente do que se é esperado pela sociedade.