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Incidência Subjetiva

3. IVA nos PALOP: Aspetos Basilares

3.2. Estudo Comparativo Sobre o IVA

3.2.3 Incidência Subjetiva

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Quadro 8 - Análise Comparativa da Incidência Subjetiva

Fonte: Elaboração Própria.

Portugal Moçambique Cabo Verde

Artigo 2º do CIVA

(Incidência Subjetiva)

São sujeitos passivos do imposto: Pessoas Singulares ou Coletivas que:

Artigo 2º do CIVA

(Incidência Subjetiva)

São sujeitos passivos do imposto:

Pessoas Singulares ou Coletivas residentes que:

Artigo 2º do CIVA

(Incidência Subjetiva)

São sujeitos passivos do imposto: Pessoas Singulares ou Coletivas que:  Exerçam com caráter de habitualidade, atividades de

produção, comércio ou prestação de serviços;  Idem  Idem

 Ou pratiquem uma só operação (ato isolado);  Idem  Idem

 Realizem operações Intracomunitárias (nos termos

do RITI);  N/A  N/A

 Meros devedores de imposto:

 Realizem importações;  Idem  Idem

 Mencionem indevidamente IVA em Fatura;  Idem  Idem

 Realizem operações de Reserve Charge (autoliquidação):

 Adquirentes de serviços a prestadores não

sedeados no território nacional;  N/A  N/A

 Serviços de Construção Civil;  N/A  Idem

 Sucatas (Anexo E);  N/A  N/A

 Direitos de emissão de gases efeito estufa.  N/A  N/A

 Realizem aquisições e ou transmissões

intracomunitárias;  N/A  N/A

 N/A

(Estes serviços são os que constavam no nº 8 do art.º 6 do CIVA até à entrada em vigor do DL 186/2009, de 12 de agosto (alteração do CIVA e do RITI e criação de regime de reembolso do IVA a sujeitos passivos não estabelecidos no estado membro do reembolso)).

 Adquirentes de alguns serviços a prestadores que não tenham sede no

território nacional;

 Adquirentes de alguns serviços a prestadores que não tenham sede

no território nacional;  Estados e demais pessoas coletivas de direito

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O art.º 2 de todos os Códigos enumera um conjunto de situações que esclarece quem são os devedores do imposto. De acordo com a alínea a) do n.º 1, do art.º 2 do CIVA PT são sujeitos passivos do IVA todas as pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com carácter de habitualidade, exercem atividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres, e, bem assim, as que, do mesmo modo independente, pratiquem uma só operação tributável, desde que essa operação seja conexa com o exercício das referidas atividades, onde quer que este ocorra, ou quando, independentemente dessa conexão, tal operação preencha os pressupostos de incidência real do IRS ou IRC.

O estipulado, nas alíneas a) e b) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA MZ e do CIVA CV é semelhante ao definido na alínea a) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT, embora os primeiros Códigos refiram taxativamente que as atividades sujeitas podem ser exercidas com ou sem fim lucrativo. Mas, não referem as profissões livres, nos termos em que aparecem no CIVA PT.

Portugal, como Estado membro (EM) da UE, usufrui e está condicionado pelas regras comunitárias das quais se destacam a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. Por esse motivo, Portugal teve necessidade de criar o RITI e adaptar o art.º 2 e 6 do CIVA a esta realidade, sobretudo para alargar o conceito de sujeito passivo e as regras de localização. Em relação aos outros normativos estas situações não tem aplicabilidade. Assim sendo, são sujeitos passivos do imposto:

a) As pessoas singulares ou coletivas que efetuam operações intracomunitárias, nos termos do RITI (alínea d) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT);

b) As pessoas singulares ou coletivas referidas na alínea a), que sejam adquirentes em transmissões de bens ou prestações de serviços efetuadas no território nacional por sujeitos passivos que aqui não tenham sede, estabelecimento estável ou domicílio nem disponham de representante (alínea g), do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT);

c) As pessoas singulares ou coletivas referidas na alínea a), que sejam adquirentes dos bens indicados no n.º 4 do art.º 6, nas condições aí previstas, desde que os respetivos transmitentes não tenham, no território nacional, sede, estabelecimento estável, ou na sua falta, o domicílio a partir da qual as transmissões são prestadas (alínea h) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT);

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Existem também casos em que os sujeitos passivos são considerados meros devedores de imposto (Pinto, Lopes & Marreiros, 2003). De acordo com as alíneas b), c) e e) do art.º 1 do art.º 2 CIVA PT fazem parte destes devedores as pessoas singulares ou coletivas que: i) segundo a legislação aduaneira, realizem importações, ii) mencionam indevidamente IVA em fatura, e iii) pela aquisição dos serviços […] quando os respetivos prestadores não tenham, no território nacional, estabelecimento estável ou domicílio, a partir do qual os serviços são prestados. Em Moçambique e Cabo Verde as primeiras duas situações são idênticas ao normativo português, enquanto a última situação não tem aplicação nestes países.

Para além das operações já enunciadas:

a) São sujeitos passivos as pessoas singulares ou coletivas que, no território nacional, sejam adquirentes dos bens ou dos serviços mencionados no Anexo E (bens e serviços do setor de desperdícios, resíduos e sucatas recicláveis) ao Código e tenham direito à dedução total ou parcial do imposto, desde que os respetivos transmitentes ou prestadores sejam sujeitos passivos do imposto, previsto apenas na alínea i) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT;

b) São sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares ou coletivas que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e que pratiquem operações que confiram direito à dedução total ou parcial do imposto, quando sejam adquirentes de serviços de construção civil, incluindo a remodelação, reparação, manutenção, conservação e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou subempreitada, previsto na alínea j) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA PT e na alínea f) do n.º 1 do art.º 2 do CIVA CV (84);

c) São sujeitos passivos as empresas e demais pessoas singulares ou coletivas pela aquisição dos serviços (publicidade, telecomunicações, operações bancárias, financeiras, e de seguro e resseguro e entre outros serviços previsto no n.º 7 do art.º 6 do CIVA MZ e n.º 6 do art.º 6 do CIVA CV), cujo prestador não tenha no território nacional sede, estabelecimento estável ou domicílio a partir do qual o serviço seja prestado, previsto no n.º 2 do CIVA MZ e CIVA CV.

84 A regulamentação desta matéria, em bom rigor, está no Ofício-Circulado nº 30.101/2007, de 24 de maio.

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Por fim, em termos da delimitação negativa da incidência, esta é similar nos países em análise. Segundo o art.º 2 dos Códigos, o Estado e demais pessoas coletivas de direito público não são sujeitos passivos do imposto quando realizem operações no exercício dos seus poderes de autoridade. No entanto, essas entidades são sujeitos passivos do imposto quando exerçam algumas das seguintes atividades e pelas operações tributáveis delas decorrentes, salvo quando se verifique que as exercem de forma não significativa: telecomunicações; distribuição de água, gás e eletricidade; transporte de bens; prestação de serviços portuários e aeroportuários; transporte de pessoas; transmissão de bens novos cuja produção se destina a venda; operações de organismos agrícolas; exploração de feiras e de exposições de carácter comercial; armazenagem; etc.