• Nenhum resultado encontrado

Localização das Operações

3. IVA nos PALOP: Aspetos Basilares

3.2. Estudo Comparativo Sobre o IVA

3.2.4 Localização das Operações

Ao nível da localização das operações, atente-se ao quadro seguinte:

53

Quadro 9 - Análise Comparativa da Localização das Operações

Fonte: Elaboração Própria.

Portugal Moçambique Cabo Verde

Artigo 6º do CIVA

(Localização das Operações) Localização das transmissões de bens:

 Regra geral:

 Princípio da origem;

Artigo 6º do CIVA

(Localização das Operações) Localização das transmissões de bens:

 Regra geral  Idem

Artigo 6º do CIVA

(Localização das Operações) Localização das transmissões de bens

 Regra geral  Idem  Regra especial:

 As transmissões feitas pelo importador;

 Regra especial  Idem

 Regra especial  Idem

 A bordo;  N/A  N/A

 Energia elétrica, gás, calor, frio e similares.  N/A  N/A

Localizações das prestações de serviços:

 Regras gerais:

1. Efetuados a sujeitos passivos – o lugar da sede,

estabelecimento estável ou domicílio do adquirente (business to business B2B);

2. Efetuados a não sujeitos passivos – o lugar da sede,

estabelecimento estável ou domicílio do prestador (business to consumer B2C).

Localizações das prestações de serviços:

 Regra geral:

 Princípio da origem

Localizações das prestações de serviços:

 Regra geral:

54

A globalização possibilitou a abertura de novos mercados para as empresas. Mas, em contrapartida, dificultou e criou dúvidas sobre quem e onde se deve liquidar o imposto. Segundo Palma (2011) “localizar uma operação para efeitos fiscais, significa determinar o território onde vai ser tributável, ou seja, o ordenamento jurídico que lhe será aplicável” (p. 79). Assim sendo, os Códigos do IVA em análise, no art.º 6, dispõem de um conjunto de regras que permitem identificar onde são localizadas as operações, com intuito de determinar a sua tributação.

De acordo com o n.º 1 do art.º 6 de todos os Códigos, como regra geral, são tributadas as transmissões de bens que estejam situados no território nacional no momento em que se inicia o transporte ou expedição para o adquirente ou, no caso de não haver expedição ou transporte, no momento em que são postos à disposição do adquirente. O n.º 2 institui uma regra especial para as transmissões de bens, evidenciando que é tributável a transmissão, feita pelo importador e as eventuais transmissões subsequentes de bens transportados ou expedidos de um país terceiro, quando as referidas transmissões ocorrerem antes da importação.

O CIVA PT contempla ainda regras específicas para as transmissões a bordo e para as transmissões de energia elétrica, gás, calor, frio e similares, que ainda não são regulamentadas no CIVA MZ nem no CIVA CV. Em relação às transmissões a bordo de um navio, de uma aeronave ou de um comboio são, de acordo com o n.º 3 do art.º 6, tributados em Portugal quando o lugar de partida se situar no território nacional e o lugar de chegada no território de outro EM. Por seu turno, nas transmissões de energia elétrica, gás, calor frio e similares, as suas regras de localização estão previstas nos n.ºs 4 e 5 do art.º 6, e a determinação do local de tributação é mais complexa, visto que, deve-se ter em conta: i) a sede do fornecedor; ii) a sede do adquirente; e iii) a qualidade do adquirente, como se evidencia no quadro seguinte:

55

Quadro 10 - Regras Específicas de Localização das Transmissões de Bens

Sede do Fornecedor Sede do adquirente Qualidade do adquirente Lugar de tributação

Portugal Portugal SP ou Não Portugal

Portugal Outro EM SP (revendedor ou não) Outro EM Portugal País Terceiro SP ou não Não tributado

Outro EM Portugal SP (revendedor) Portugal

Outro EM Portugal SP (não revendedor) Portugal

Outro EM Portugal Não SP Portugal (1)

País Terceiro Portugal SP ou não Isento (2)

(1) O devedor do imposto será o vendedor, que terá de nomear representante no território nacional; (2) Nos termos da alínea i) do art.º 13 do CIVA PT.

Fonte: Elaboração Própria.

Relativamente à localização das prestações de serviços, em Portugal existem duas regras gerais. Por sua vez, em Moçambique e em Cabo Verde existe apenas uma regra geral (o princípio da origem) que difere em relação às de Portugal.

Conforme o disposto na alínea a) do n.º 6 do art.º 6 do CIVA PT, como primeira regra: são tributáveis as prestações de serviços efetuados a um sujeito passivo cujo sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicilio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se situe a sede, estabelecimento estável, ou, na sua falta, o domicilio do prestador. A segunda regra geral de tributação está prevista na alínea b) do n.º 6 do art.º 6, que menciona que são tributáveis as prestações de serviços efetuados a uma pessoa que não seja sujeito passivo, quando o prestador tenha no território nacional a sede da sua atividade, um estabelecimento estável, ou na sua falta, o domicílio, a partir do qual os serviços são prestados.

Em relação a Moçambique e Cabo Verde a regra geral está estabelecida no n.º 3 do art.º 6 do CIVA MZ e do CIVA CV que nos diz que são tributáveis as prestações de serviços cujo prestador tenha no território nacional sede, estabelecimento estável ou domicílio a partir do qual os serviços sejam prestados. Deste modo, podemos tirar a seguinte ilação: os legisladores destes países optaram pelo princípio da origem independentemente de o adquirente ser ou não sujeito passivo, o que não acontece em Portugal.

56

A estas regras gerais, todos os Códigos em análise preveem um conjunto de exceções (regras especiais) ligadas a prestações de serviços sobre imóveis, transporte de passageiros, serviços de alimentação e bebidas, serviços de acessos a manifestações de caráter cultural, artístico, científico, desportivo, recreativo, de ensino e similares, locação de curta e longa duração de meios de transporte, entre outros. Como poderemos observar no seguinte quadro:

57

Fonte: Elaboração Própria.

Quadro 11 - Análise Comparativa das Exceções às Regras de Localização

Portugal Moçambique Cabo Verde

Exceções:

1 - Regra aplicadas a sujeitos passivos e não sujeitos passivos (art.º 6):

Exceções

1 - Regras aplicadas a sujeitos passivos e não sujeitos passivos (art.º 6):

Exceções

1 - Regras aplicadas a sujeitos passivos e não sujeitos passivos (art.º 6):

 Imóveis  Idem  Idem

 Transporte de passageiros  Idem  Idem

 Serviços de alimentação e bebidas  N/A  N/A

 Serviços de acesso a manifestações culturais  Idem  Idem

 Locação de curta duração.  N/A  N/A

2 - Regras aplicadas aos serviços prestados a não sujeitos passivos:

2 - Regras aplicadas aos serviços prestados a não sujeitos passivos:

2 - Regras aplicadas aos serviços prestados a não sujeitos passivos:

 Trabalho sobre bens móveis corpóreos;  Idem  Idem

 Prestação de serviço de intermediários;  N/A  N/A

 Prestação de serviço de carácter cultural, artístico, científico, desportivo, recreativo, de ensino e similares;

 N/A  N/A

 Locação de meios de transporte, que não seja de

curta duração.  N/A  N/A

3 - Regras aplicadas a residentes fora da UE.  N/A  N/A

4 – Regras aplicadas aos serviços cuja utilização ou

exploração efetivas ocorrem em território nacional.  N/A  N/A

5 - Localização das aquisições intracomunitárias de bens.  N/A  N/A

58

O CIVA PT apresenta um conjunto de exceções à regra geral, das quais a regra do ponto 1 (regra aplicada a sujeitos passivos e não sujeitos passivos) do quadro das exceções, coincide com as que se aplicam em Moçambique e Cabo Verde. Segundo Palma (2011) esta regra, em princípio, aplica-se aos serviços que são tributáveis onde são materialmente

executados, onde se englobam as seguintes prestações de serviços:

a) Relacionadas com um imóvel, são tributáveis no território onde se situa o imóvel, incluindo também os serviços prestados por arquitetos, por empresas de fiscalização de obras, por peritos e agentes imobiliários, de acordo com art.º 6 de todos os Códigos. O CIVA PT e o CIVA CV incluem ainda outros serviços como a concessão de direitos de utilização de bens imóveis e a prestação de serviços de alojamento efetuadas no âmbito da atividade hoteleira ou de outras funções análogas, tais como parques de campismo;

b) O transporte de passageiros é tributado pela distância percorrida no território nacional, de acordo com a alínea b) do n.º 7 e 8 do art.º 6 do CIVA PT. Em comparação com o CIVA MZ e CIVA CV estes Códigos não referem se é transporte de passageiros ou de mercadorias, apenas referem “serviços de transporte” e é tributado da mesma forma, de acordo com a alínea d) do n.º 4 e 5) do CIVA MZ (85) e CIVA CV;

c) As prestações de serviços relativas ao acesso a manifestações de carácter cultural, artístico, científico, desportivo, de ensino e similares são tributados no local onde se realiza o evento, de acordo com art.º 6 de todos os Códigos;

d) Serviços de alimentação e bebidas executados a bordo de uma embarcação, de uma aeronave ou de um comboio, durante um transporte intracomunitário de passageiros, quando o lugar de partida do transporte se situe no território nacional, apenas previsto no CIVA PT na alínea c) e d) do n.º 7 e 8 do art.º 6. Claramente que em Moçambique e Cabo Verde esta disposição não se aplica;

e) Locação de curta duração de meios de transporte: é tributável no lugar da colocação do meio de transporte à disposição do destinatário. Disposição apenas previsto no CIVA PT, na alínea f) do n.º 7 e 8 do art.º 6;

85 Em Moçambique, é considerada distância percorrida no território nacional o percurso efetuado fora do

mesmo, nos casos em que os locais de partida e de chegada nele se situem. Para este efeito, um transporte de ida e volta é tido como dois transportes, um para o trajeto da ida e outro para o trajeto de volta (n.º 6 do art.º 6 do CIVA MZ).

59

f) Trabalho sobre bens móveis corpóreos: em Moçambique e Cabo Verde é aplicado a regra prevista no ponto 1 (regra aplicadas a sujeitos passivos e não sujeitos passivos) e em Portugal, por seu turno, aplica-se a regra que consta no ponto 2 (regra aplicada aos serviços prestados a não sujeitos passivos). Mas a tributação é feita da mesma forma: no local onde é realmente executado, previsto na alínea d) do n.º 10 e 9 do art.º 6 do CIVA PT, alínea b) do n.º 5 do art.º 6 do CIVA MZ e do CIVA CV.

Relativamente às outras regras existentes no CIVA PT, estas não têm aplicabilidade em relação a Moçambique e Cabo Verde. Por seu turno, o CIVA MZ e o CIVA CV apresentam um conjunto de serviços de natureza empresarial: publicidade, serviços de telecomunicações, serviços de consultores, engenheiros, advogados, contabilistas, entre outros (86). De acordo com o n.º 6 do art.º 7 do CIVA MZ e n.º 6 do CIVA CV estas operações são tributadas no território nacional quando o prestador não tenha sede, estabelecimento estável ou domicílio no território nacional e o adquirente seja um sujeito passivo de imposto dos referidos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do art.º 2. Segundo Palma (2011) para estas prestações de serviços a regra especial de localização prende-se com a localização não do prestador mais sim do adquirente.