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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.4 INCLUSÃO

Inclusão social se define como um processo em que a sociedade se adapta para incluir pessoas com deficiências, preparando-se para a sociedade. A prática da inclusão social possui princípios considerados incomuns, como a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação (SASSAKI, 1999).

Na educação, a inclusão passa por um processo de reforma e reestruturação como um todo, segundo Mittler (2003), para dar oportunidades educacionais e sociais a todos, oferecidas pela escola, garantindo o acesso e a participação de todas as crianças, impedindo a segregação e o isolamento.

As crianças com deficiência têm menos chances de começar na escola do que as crianças sem deficiência, com índices mais baixos de permanência. Crianças com deficiências deveriam ter acesso igualitário, porque é essencial para a formação do capital humano e sua participação na vida social e econômica (RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE A DEFICIÊNCIA, 2011).

Segundo pesquisa feita por Pinto(2006), a escola tende a ser um lugar que todos buscam conhecimentos. Entender o que significa conhecimento pode nos ajudar a compreender o fenômeno da inclusão. No ato de conhecimento, o ser que conhece, ao conhecer nasce de novo, ele tem uma nova vida ao ser reconhecido, se torna outra na medida em que entra em contato com a realidade e conhece a nova realidade.

O currículo de uma escola é organizado para um ambiente em que pessoas e fatos da cultura e objetos na natureza tenham espaços para o conhecimento. São organizados pelos educadores, pela sociedade e deve-se levar em conta que isso não é só conhecimento individual e coletivo, mas múltiplos. Pessoas que compõem as minorias da nossa sociedade, aquelas principalmente marcadas por alguma deficiência, são seres que, quando podem, não aceitam suas condições limitadas e buscam se superar.

A educação inclusiva foi vista como uma inovação de educação especial, mas foi expandindo-se como uma tentativa de educação de qualidade ao alcance de todos. Para Ballard (1997) as características fundamentais para a inclusão são a não discriminação das deficiências, da cultura e do gênero.

Conforme diz no Relatório Mundial sobre a Deficiência (2012), antigamente eram exigidos grandes esforços para prover educação e treinamento, pois eram realizadas em escolas segregadas, como escolas para cegos. Essas instituições atendiam pequenas quantidades de carentes e não eram eficazes no ponto de visto dos custos. A situação só começou a mudar quando a legislação exigiu a inclusão no sistema educacional de crianças com deficiências. As Nações Unidas, na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) reconhece que todas as crianças tem o direito de receber suporte individual que necessitar.

A inclusão de crianças e adultos com deficiência na educação é importante porque a educação contribui para a formação do capital humano, determinando bem estar e riqueza pessoal; excluir crianças com deficiência das oportunidades educacionais tem altos custos econômicos e sociais; os países não poderão alcançar as metas de Educação para Todos8ou as metas de Desenvolvimento do Milênio9 de universalização da educação primaria, garantindo o acesso à educação as crianças com deficiências e nem todos os países são capazes de cumprir com suas responsabilidades relativas ao Artigo 2410.

Para as crianças sem deficiências, o contato com crianças com deficiência num cenário inclusivo pode reduzir o preconceito, portanto, a educação inclusiva é essencial para promover sociedades inclusivas e equitativas.

A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos, espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos, utensílios mobiliário e meios de transportes e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais (SASSAKI, 1999, p.42).

8 Educação para Todos é um movimento global para prover educação básica com qualidade para todas as crianças, jovens e adultos.

9 Desenvolvimento do Milênio enfatiza atrair as crianças à escola e garantir sua capacitação para que possam prosperar num ambiente de aprendizado que permita a cada criança desenvolver toda sua capacidade.

10 A CDPD enfatiza a necessidade de os governos assegurarem acesso igualitário a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e prover instalações razoáveis e serviços de apoio individual a pessoas com deficiência para facilitar sua educação.

A história da atenção educacional para pessoas com deficiência tem fases de exclusão, segregação institucional, integração e inclusão:

- Fase de exclusão

Nesta fase, nenhuma atenção educacional foi provida às pessoas com deficiência, que também não recebiam outros serviços. A sociedade simplesmente ignorava, rejeitava, perseguia e explorava estas pessoas, então consideradas

"possuídas por maus espíritos ou vitimas da sina diabólica e feitiçaria" (JONSSON, 1994).

- Fase de segregação institucional

Excluídas da sociedade e da família, pessoas com deficiência eram geralmente atendidas em instituições por motivos religiosos ou filantrópicos e tinham pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da atenção recebida. Segundo Jonsson (1994), foi neste contexto que emergiu, em muitos países em desenvolvimento, a educação especial para crianças com deficiência, administrada por instituições voluntárias, em sua maioria religiosa com consentimento governamental, mas sem nenhum outro tipo de envolvimento por parte do governo.

Algumas dessas crianças passaram a vida inteira dentro das instituições. Surgiram também escolas especiais, assim como centros de reabilitação e oficinas protegidas de trabalho, pois a sociedade começou a admitir que pessoas com deficiência poderiam ser produtivas se recebessem escolarização e treinamento profissional.

- Fase de integração

Nesta fase surgiram as classes especiais dentro de escolas comuns, o que aconteceu não por motivos humanitários e sim para garantir que as crianças com deficiência não "interferissem no ensino" ou não "absorvessem as energias do professor" a tal ponto que o impedissem de "instruir adequadamente o número de alunos geralmente matriculados numa classe" (Chambers e Hartman, in Jonsson,1994). Nesta fase, os testes de inteligência desempenharam um papel relevante, no sentido de identificar e selecionar apenas as crianças com potencial acadêmico.

Este elitismo, que ainda é defendido com frequência, serve para justificar a instituição educacional na rejeição de mais de um terço ou até a metade do número de crianças a ela encaminhadas. Tal desperdício não seria tolerado em nenhum outro campo de atividade. (UNESCO, in Jönsson, 1994)

5.4.1 Constituição Federal - 1988

Nossa Constituição Federal, art.208, inc.III, utiliza-se o advérbio preferencialmente quando se refere ao “atendimento educacional especializado", aquilo que é necessariamente diferente do ensino escolar para atender melhor alunos com deficiência.

5.4.2 Declaração de Salamanca - 1994

Delegados a Conferencia Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, reunidos em Salamanca, na Espanha, em julho de 1994, reafirmaram compromisso em prol da Educação para Todos. Reconhecendo as necessidades e urgências, da garantindo educação para todas as crianças, jovens, adultos com necessidades especiais, fazendo com que os governos e organizações sejam guiados pelas propostas e recomendações feitas, assegurando que a educação das pessoas com deficiência faça parte integrante do sistema educativo.

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